VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS E LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL RELATÓRIO 2020 VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS E LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL RELATÓRIO 2020 SCLRN 704 – Bloco F, Loja 20 - CEP: 70.730-536 - Brasília-DF E-mail: [email protected] www.fenaj.org.br SUMÁRIO Apresentação .................................................................................. 4 Metodologia .................................................................................... 5 A violência contra jornalistas e ataques à liberdadede imprensa no Brasil .................................................... 6 VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS A violência por Região e Estado ....................................................... 8 E LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL A violência por gênero ..................................................................... 10 RELATÓRIO 2020 A violência por tipo de mídia ........................................................... 11 Quem são os agressores .................................................................... 12 Relato de Casos ................................................................................ 14 Publicação da Federação Nacional dos Jornalistas FENAJ Assassinatos ................................................................................ 14 Janeiro 2021 Agressões físicas .......................................................................... 14 PESQUISA Agressões verbais/Ataques virtuais ........................................... 19 Márcio Garoni, Maria José Braga e Paula Zarth Ameaças/Intimidações ............................................................... 30 Padilha (com colaboração dos Sindicatos de Ataques cibernéticos .................................................................. Jornalistas) 34 Atentado .................................................................................... 35 ANÁLISE, REDAÇÃO E EDIÇÃO Censuras ..................................................................................... 35 Maria José Braga Cerceamentos à liberdade de imprensa por ações judiciais ......... 38 REVISÃO Descredibilização da imprensa .................................................... 40 Samira de Castro e Valci Zuculoto Descredibilização da imprensa por outros agressores .................. 63 EDITORAÇÃO Detenções/Prisões....................................................................... 64 Samira de Castro Impedimentos ao exercício prossional ...................................... 64 Injúrias raciais/Racismo .............................................................. 66 FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS - FENAJ Sequestro/Cárcere privado.......................................................... 66 SCLRN 704 – Bloco F, Loja 20 Violência contra a organização dos trabalhadores/sindical ......... 67 CEP: 70.730-536 - Brasília-DF E-mail: [email protected] Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ ................. 69 www.fenaj.org.br FENAJ - Sindicatos liados .............................................................. 70 VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS E LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL 3 APRESENTAÇÃO O ano de 2020 entra para a história como foram historicamente subnoticadas. aquele em que a humanidade sofreu com uma crise Foi assim também que os apoiadores do sanitária sem precedentes, que afetou a economia – presidente Jair Bolsonaro passaram a agredir jornalistas agravando a crise global do capitalismo – e as relações nas ruas e nas redes sociais. As agressões sociais. Não poderá ser esquecido para que os erros, as verbais/ataques virtuais cresceram 280% em 2020, em omissões e os verdadeiros crimes cometidos por comparação com o ano anterior. Identicou-se 76 alguns dirigentes de países não se repitam. casos e, apesar do aumento expressivo, provavelmente Para a categoria dos jornalistas, 2020 teve muitos não foram registrados, já que nem todos os particularidades. Mundialmente, houve um efeito prossionais denunciam a agressão de que foram positivo, com o Jornalismo recuperando parte de sua vítimas, especialmente quando se tratam de ataques credibilidade, mostrando-se ainda mais necessário virtuais. para as sociedades democráticas, e os jornalistas sendo T a m b é m c r e s c e r a m o s c a s o s d e reconhecidos prossionalmente. ameaças/intimidações, agressões verbais, agressões No Brasil, entretanto, registrou-se também físicas, impedimentos ao exercício prossional, particularidades negativas. 2020 foi o ano em que cerceamento à liberdade de imprensa por ações jornalistas arriscaram suas vidas (e muitos morreram), judiciais e de violência contra a organização sindical da tiveram suas condições de trabalho mais precarizadas categoria. Outras três categorias foram introduzidas e sofreram ainda mais ataques violentos, por estarem para registrar seis episódios de ataques cibernéticos, cumprindo seu papel social. um atentado, dois casos de sequestro/cárcere privado. Em 2019, a Federação Nacional dos Jornalistas Apesar de não ter havido aumento de casos de (FENAJ) já alertara a sociedade brasileira para a assassinatos em relação a 2019, dois jornalistas situação de violações à liberdade de imprensa no brasileiros foram mortos em 2020: Léo Veras, na cidade Brasil, claramente associadas à ascensão de Jair paraguaia de Pedro Juan Caballero, divisa com Ponta Bolsonaro à Presidência da República. Naquele ano, o Porã, onde o jornalista mantinha o site Porã News, e número de casos de ataques a veículos de Edney Antunes, assassinado na cidade de Peixoto de comunicação e a jornalistas chegou a 208, um Azevedo, no Mato Grosso, que atuava como assessor. aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas quando foram registradas 135 ocorrências. denunciaram, durante todo o ano, as agressões Em 2020, a situação agravou-se. Houve uma ocorridas e pressionaram as autoridades competentes verdadeira explosão da violência contra jornalistas e para que houvesse apuração célere para a contra a imprensa de um modo geral. Foram identicação dos culpados e a consequente registrados 428 episódios, 105,77% a mais do que em responsabilização/punição. 2019. A descredibilização da imprensa, como no ano Terminado o ano, a FENAJ torna público o seu anterior, foi a violência mais frequente: 152 casos, o que Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de representa 35,51% do total. Imprensa – 2020. Com grande preocupação, a O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, foi o Federação alerta para o crescimento signicativo do principal agressor. Sozinho foi responsável por 175 número de ocorrências, em relação ao ano anterior. casos (40,89% do total): 145 ataques genéricos e Esse crescimento evidencia a institucionalização do generalizados a veículos de comunicação e a desrespeito ao princípio constitucional da liberdade jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um caso de de imprensa, por meio da Presidência da República, e a ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à TV Globo e disseminação de uma cultura da violência para a dois ataques à FENAJ. relação cidadãos/veículos de comunicação/jornalistas. A postura do presidente da República, que E, mais uma vez, a FENAJ pede à sociedade inegavelmente não condiz com o cargo que ocupa, brasileira que diga não à violência, que valorize o serviu de incentivo para que seus auxiliares e Jornalismo e os jornalistas e que não abra mão das apoiadores também adotassem a violência contra liberdades individuais e coletivas, das quais o jornalistas como prática. Foi assim que a censura Jornalismo e os jornalistas são verdadeiros guardiões. institucionalizou-se na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Em 2020, houve 76 casos de censura na EBC e outros nove envolvendo outros veículos de comunicação, um aumento de 750% em Maria José Braga relação ao ano anterior. Mas sabemos que as censuras Presidenta VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS E LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL 4 METODOLOGIA O Relatório da Violência contra Jornalistas e A FENAJ, a partir dos dados gerais, extrai os Liberdade de Imprensa – 2020, publicação da seguintes dados especícos: números da violência Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), é por região/estado, divisão por gênero, por tipo de elaborado anualmente a partir dos dados coletados mídia e pelo perl/atividade dos agressores. pela própria Federação e pelos Sindicatos de Em algumas categorias ou mesmo casos Jornalistas existentes no país. individuais não se aplica a extração de dados A coleta dos dados se dá por meio de especícos. É o caso da violência categorizada como denúncias à Federação ou a um dos Sindicatos de Descredibilização da Imprensa, para a qual não Jornalistas, feitas pelas próprias vítimas da violência cabem as especicações de região/estado, gênero e ou outros prossionais da mídia, além da tipo de mídia, visto que a descredibilização visa a compilação de notícias publicadas pelos variados atingir a imprensa em seu conjunto. veículos de comunicação. O mesmo acontece nas ocorrências de Os casos são agrupados em categorias de censura e cerceamento à liberdade de imprensa por tipos de violência, que podem variar de ano para ações judiciais e nos ataques cibernéticos, às quais ano, em razão das ocorrências registradas. não se aplica a distinção por gênero, por fazerem Para a contagem do número de casos, vítimas todos os jornalistas de um determinado observa-se os episódios/ocorrências de violência. veículo de comunicação. Assim, um mesmo episódio pode resultar em mais Quando há uma categoria ou casos de uma de uma vítima, quando se refere à agressão direta a categoria aos quais não
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