UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – TEORIA LITERÁRIA Valdir Olivo Júnior AUGUSTO ROA BASTOS: IMAGEN(S) DO EXÍLIO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Literatura. Área de concentração: Teoria Literária. Orientadora: Profª. Drª. Alai Garcia Diniz Florianópolis 2011 Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina O49a Olivo Júnior, Valdir Augusto Roa Bastos [dissertação]: imagen(s) do exílio / Valdir Olivo Júnior; orientadora, Alai Garcia Diniz. – Florianópolis, SC, 2011. 123 p.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós- Graduação em Literatura. Inclui referências 1. Roa Bastos, Augusto Antonio, 1917-2005. 2. Literatura. 3. Cinema. 4.. Exílio. I. Diniz, Alai Garcia. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Literatura. III. Título. ATA ATA ATA ATA ATA ATA ATA ATA ATA ATA AGRADECIMENTOS: Aos meus pais, sem os quais nada disso seria possível. Por sempre terem acreditado e confiado em mim, apesar dos erros e aspirações descabidas. À profª Dra. Alai Garcia Diniz, por permitir-me voar. Também pela confiança, paciência e afeto. Mais que orientadora uma referência que levarei por toda a vida. Aos professores e funcionários do curso de Pós-Graduação em Literatura, em especial à secretária Elba Maria Ribeiro. Ao CNPq que financiou essa pesquisa. Ao NELOOL (Núcleo de Estudos da Literatura, Oralidade e Outras Linguagens), pela acolhida nestes últimos cinco frutíferos anos, bem como a todos os colegas do núcleo, especialmente à Karin Baier com quem felizmente posso ―com-sentir‖ a existência. Um agradecimento especial ao professor Dr. Luis Felipe Guimarães Soares, também professor do curso de cinema, pela inestimável ajuda e pela sempre terna prontidão em colaborar. À profª Dra. Liliana Reales, pela leitura e considerações acerca deste trabalho, pela confiança depositada desde minha graduação, além da seriedade e profissionalismo sempre demonstrados. À profª Dra. Carmen Luna Sellés que mesmo distante esteve sempre presente, disposta a colaborar para o desenvolvimento desta pesquisa e para o meu crescimento intelectual. Ao professor do curso de cinema, Henrique Finco, que também colaborou com essa pesquisa desde o início. À minha namorada Anicy. Tanto caminhei em busca de beleza e conhecimento e estava bem aqui, no toque das tuas mãos sobre meu rosto cansado. Tengo que retroceder aún, retroceder siempre. Toda huida es siempre una fuga hacia el pasado. El último refugio del perseguido es la lengua materna, el útero materno, la placenta inmemorial donde se nace y se muere. Escritura seca, rápida, vertiginosa. Engañosa transparencia. Abstracta, inmaterial. Crea un atmosfera de total opacidad semejante a la noche. (Roa Bastos,1995) El ácido más corrosivo para el ejercicio de las buenas letras es el exilio de la tierra y de la lengua natales. Pero no es preciso quejarse de él sino tomarlo como antídoto contra la enfermedad de la molicie sedentaria, más nociva aun que el exilio. (Roa Bastos, 1974) RESUMO A proposta deste trabalho é o estudo do exílio e seus desdobramentos, principalmente através da imagem originaria do baldio, em textos (Barthes) de Augusto Roa Bastos. Tem como foco central, um livro sobre roteiro, cuja edição acompanha um de seus roteiros, intitulado Mis reflexiones sobre el guión y el guión cinematográfico de Hijo de hombre (1993) e os filmes Alias Gardelito (1961) e Sabaleros (1959). Existe em Roa Bastos uma poética do exílio. O exílio é o despojamento, o abandono de categorias como povo, nação e identidade. O sujeito se lança para um mais além do já consagrado ou já sabido. O exílio é a abertura a partir da qual se estruturará uma noção de literatura, cinema e comunidade. Palavras-chave: Roa Bastos; Literatura; Cinema; Exílio. RESUMEN Este trabajo propone el estudio del exilio y sus desdoblamientos, principalmente a través de la imagen originaria del baldío, en textos (Barthes) de Augusto Roa Bastos. Tiene como enfoque central un libro sobre guión, cuya edición es acompañada de uno de sus guiones, titulado Mis reflexiones sobre el guión y el guión cinematográfico de Hijo de hombre (1993) y los filmes Alias Gardelito (1961) y Sabaleros (1959). Existe en Roa Bastos una poética del exilio. El exilio es el despojamiento, el abandono de categorías tales como pueblo, nación e identidad. El sujeto se lanza para un más allá de lo ya consagrado y ya sabido. El exilio es una apertura desde la cual se estructurará un concepto de literatura, cine y comunidad. Palabras claves: Roa Bastos; Literatura; Cine; Exilio. LISTA DE FIGURAS Figura 1……………………………………………………………….. 46 Figura 2 …………………………………………………….............… 47 Figura 3 …………………………………………………...........…….. 50 Figura 4 ………………………………………………………............. 54 Figura 5 ……………………………………………………................. 97 Figura 6 ………………………………………………………............. 98 Figura 7 ………………………………………………………........... 100 Figura 8 ………………………………………………………........... 107 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 11 2. CAPÍTULO I – A imagem exilada ................................................ 14 2.1. A história como montagem ............................................................ 14 2.2. A verdade e o fantasma .................................................................. 18 2.3. A imagem exilada .......................................................................... 26 3. CAPÍTULO II – Alias Gardelito (1961) ......................................... 40 3.1. Entre a tradição cultural e o patético .............................................. 40 3.2. Alias Gardelito: notas sobre a tradição .......................................... 41 3.3. A ferida que punge ......................................................................... 49 3.4. A existência exilada ....................................................................... 73 3.5. Poética do exílio ............................................................................. 89 4. CAPÍTULO III – Sabaleros (1959) ................................................ 94 4.1. Ruínas que relampejam .................................................................. 94 5. CONSIDERAÇÕES FINAS.......................................................... 109 REFERÊNCIAS ................................................................................ 111 ANEXO A: FILMES ROTEIRIZADOS POR ROA BASTOS ................................................................................... 120 1. INTRODUÇÃO: Este trabalho busca problematizar as incursões cinematográficas de Augusto Roa Bastos. A relação de Roa Bastos com o cinema começa anos após seu primeiro exílio na Argentina. No ano de 1958 inicia seu trabalho como roteirista e mantém uma produção prolífica de roteiros pelo decorrer da década de 1960, um período fértil para o cinema ocidental, época da eclosão dos ―novos cinemas‖, que tiveram suas manifestações por muitos países e que na maioria dos países da América Latina não se mostraram isentos de um diálogo com o cinema soviético, a nouvelle vague francesa, o cinema noir estadunidense e o neorrealismo italiano. Seu último trabalho como roteirista data de 1974. Dois anos depois um golpe de estado depõe Isabel Perón dando início à ditadura. Roa Bastos deverá empreender um novo exílio rumo à França, abandonando então seu trabalho como roteirista. Este trabalho se divide em dois eixos. O primeiro, busca problematizar a relação entre cinema e exílio, não só pelo fato de ser somente no exílio que Roa Bastos inicia sua carreira como roteirista, mas pelas propriedades do cinema em exilar blocos de imagens e criar fantasmas. Em segundo lugar, através do estudo de dois filmes, são eles: Alias Gardelito (1961) e Sabaleros (1959), busca definir como se articula o exílio nos textos roabastianos a partir da imagem recorrente do baldio. O presente trabalho parte da hipótese de que ao escrever e filmar o exílio a partir do exílio, Roa Bastos desenvolve uma poética do exílio. A partir da imagem originaria do baldio, recorrente em todo o arquivo roabastiano, cria-se um universo anacrônico, lugar do desarraigo e da fragilidade (decomposição), mas também da estruturação de uma nova comunidade (recomposição). Sendo assim a poética do exílio roabastiana reivindica o exílio, não em um sentido dialético entre expulsão e redenção, mas como autêntica condição da existência moderna. O exílio é a abertura que faz com que um novo conceito de homem e comunidade possa estruturar-se após a decomposição e profanação de categorias como povo, identidade, nação e poder. Apóio-me à teoria da imagem bergsoniana e deleuziana. Adoto a idéia da ―matéria como conjunto de imagens e de percepção da matéria 11 essas mesmas imagens relacionadas à ação possível de uma certa imagem determinada [meu corpo]‖(BERGSON, 2006, p.17). Nesse sentido, se a matéria é imagem, e nossa percepção do mundo se dá através de imagens, vejo na construção de relações e nas interações entre as imagens uma das chaves tanto para a leitura fílmica como literária. O cinema, assim como nosso cérebro na teoria de Bergson, trabalha as imagens através de cortes móveis. A imagem revela em si um movimento de dupla face, de um lado sua relação com outras imagens e de outro sua relação com um todo que é sempre aberto. A este processo, o cinema
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