WORKSHOP SOBRE O LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES MARINHAS VULNERÁVEIS AO LONGO DA COSTA ANGOLANA OS MANGAIS DE ANGOLA Manuela Pedro; Luanda, Angola Índice 1. Introdução 2. Distribuição dos Mangais no mundo 2.1. Distribuição dos Mangais em Angola 3. Espécies de Mangais em Angola e o estado de conservação 4. Importância dos Mangais 5. Avaliação do estado actual dos Mangais 6. Desafios e soluções 1. INTRODUÇÃO Os mangais são formações vegetais lenhosas (árvores e arbustos) que se desenvolvem predominantemente em zonas de transição entre ambientes marinhos e terrestres, no espaço designado entre marés (Duke, 1992). Localizados em zonas de águas salgadas ou salobras na linha de costa e foz dos rios, estes ecossistemas podem estender-se em locais de até cinquenta quilómetros para o interior, onde a influência da maré é ainda marcada (Binet, 2015; Tavares, 2020). Os mangais são a vegetação dominante nas áreas costeiras tropicais e subtropicais (Robertson & Alongi, 1992; Webber et al.,2016), ocupando cerca de1% da superfície terrestre (Saenger, 2002). Apesar da sua baixa diversidade florística, são considerados um dos ecossistemas mais produtivos do mundo (Lourenço et al., 2009). 3 1. INTRODUÇÃO compreendem diversas espécies de árvores e arbustos, sendo considerados um dos ecossistemas mais produtivos do mundo (Lourenço et al., 2009). Adaptadas a condições extremas, tais como, altos teores/concentração de salinidade, forte acção das correntes de maré, fortes ventos, altas temperaturas, solos lodosos anaeróbios (Litulo et al., 2005). 4 2. DISTRIBUIÇÃO DOS MANGAIS NO MUNDO Acredita-se que sua distribuição global seja delimitada pelas principais correntes oceânicas e a isotérmica de 20°C da água do mar no inverno (Alongi, 2009). Distribuem-se nos oceanos Atlântico, índico e Pacífico. Cerca de 123 países possuem este tipo de ecossistema. Distribuição de florestas de mangal no mundo. (adaptado de Chandra et al., 2011; https://www.bing.com/images/search). 2. DISTRIBUIÇÃO DOS MANGAIS NO MUNDO As estimativas para a sua extensão variam significativamente entre diversos estudos. Foi estimada em 8.349,500 hectares (Giri et al., 2010; Romañach et al., 2018; Spalding et al., 1997). África constitui o segundo continente com maior área de mangal, englobando cerca de 3,8 milhões de hectares, representando, cerca de 21% da cobertura global deste tipo de vegetação (Spalding et al., 1997). A Região da África Ocidental compreende cerca de 2,4 milhões de hectares, representando 13% deste ecossistema globalmente (USAID, 2014) comparativamente aos 500.000 hectares da África Oriental. 2.1 Distribuição dos Mangais em Angola Em Angola, os mangais representam cerca de 0,5% da fitocenose total (Azevedo, 1970), com aproximadamente 1.250 km² (Booth, et al., 1994), localizando-se a maior concentração no estuário do Rio Congo a norte de Angola e no estuário do Rio Cuanza. • Florestas de mangal estão bem desenvolvidas em Cabinda, nas reentrâncias profundas na Laguna de Chicamba e no estuário do rio Chiloango. Ocorrem também na pequena baía por trás da Ponta Malembo e perto da cidade de Cabinda. • A maior extensão de mangais em Angola encontra-se na margem Sul do estuário do rio Zaire. É uma faixa contínua de mangais com um comprimento de 35 Km e uma largura de 13Km cobrindo cerca de 27.300 hectares. • Nos estuários dos rios Lucunga, M'Bridge ,Sembo, Loge, Uêzo , Onzo , Lifune, Dande e Bengo/Zenze). Distribuição dos mangais em Angola ; Adaptado de Pedro2012. blogspot .com/2017/04/diversidade-biologica-aguatica-de-angola 2.1. Distribuição dos Mangais em Angola • Os mangais também ocorrem ao longo do litoral Baía de Mussulo que é protegida da influência do mar aberto pela Restinga das Palmeirinhas. • A Sul da baía de Mussulo mangais ocorrem somente nas fozes dos rios Cuanza, Longa, Cuvo e Balombo. • A formação de mangais na foz do rio Catumbela, entre Lobito e Benguela, marca o limite meridional da sua ocorrência na costa do Oeste Africano. São protegidos pela Lei de Bases do Ambiente, CDB e CZ Húmidas. Distribuição dos mangais em Angola ; Adaptado de pedro2012. blogspot .com/2017/04/diversidade-biologica-aguatica-de-angola 3. ESPÉCIES DE MANGAIS EM ANGOLA VS STATUS . DE CONSERVAÇÃO Espécies características Status de Espécies associadas Estatuto de conservação conservação Avicennia germinans (L.) L. EN Dalbergia ecastaphyllum (L.) N/A Taub. Rhizophora mangle L. EN Machaerium lunatum (L.f.) N/A Ducke Rhizophora racemosa G. EN Conocarpus erectus L. N/A Mey. Rhizophora harrisonii EN Acrostichum aureum L. N/A Leechm. Laguncularia racemosa (L.) EN Hyphaene guineenis VU C. F. Gaertner. Schumach.& Thonn. Segundo IUCN 1994 e COSTA et al, 2009. (EN-Em perigo , VU-Vulnerável, N/A - Não avaliado ). Mangais de Angola Bengo, Barra do Dande Bengo, Rio Lifune 10 Luanda, Barra do Cuanza Cabinda, Rio Chiloango Estruturas adaptativas Raízes áreas - Pneumátoforos Propágulos –germinação (Rizophora sp). Avicennia germinans Rizophora spp. 4. IMPORTÂNCIA DOS MANGAIS Bioecológica Considerados um dos mais ricos repositórios de diversidade biológica e genética do mundo, 90% dos organismos marinhos passam parte das suas vidas nestes ecossistemas e 80% das capturas mundiais de peixe são dependentes dos mangais (Sandilyan & Kathiresan, 2012). Desempenham um papel crucial na fertilização, estabilização e protecção da costa, filtração, manutenção e regulação do clima e actuam como suporte da cadeia alimentar e como viveiros para muitas espécies de peixes e invertebrados. importantes Sumidouros de carbono (Cardoso, 2017) – Mitigação as Alterações climáticas. 4. IMPORTÂNCIA DOS MANGAIS Socioeconómica e cultural Diversos serviços de ecossistemas para as populações costeiras. Fornecem uma ampla gama de produtos lenhosos e não lenhosos que suportam economias rurais e têm alto potencial para ecoturismo (Ajonina, et al., 2008; Basha, 2018), pelo que as comunidades costeiras dependem dos recursos disponíveis nestes ecossistemas (Acharya, 2002; ). 5. AVALIAÇÃO DO ESTADO ACTUAL DOS MANGAIS No entanto, a destruição de florestas de mangal tem ocorrido globalmente. De acordo com a FAO (2007), África perdeu cerca de 14% de mangais nos últimos 25 anos. Segundo Valiela et al. (2009), perturbações humanas criadas pela Construções, baía do Mussulo conversão de mangal em maricultura, agricultura, urbanização, silvicultura e outros usos, levaram a notáveis perdas recentes de habitats de mangal a nível global. Em Angola a FAO afirma que de 1980 a 2006 desapareceram cerca de 37% de hectares em áreas de mangal. Construção província do Zaire 5. AVALIAÇÃO DO ESTADO ACTUAL DOS MANGAIS Em Angola observa-se uma degradação progressiva dos mangais, causando a fragmentação e redução deste valioso ecossistema, fundamental no quadro da adaptação e mitigação às alterações climáticas. Havendo uma redução significativa deste tipo de ecossistema poderá provocar cenários climáticos preocupantes tais como: aumento de cheias e inundações, aumento de temperatura. Simultaneamente poderá provocar um declino a nível das cadeias tróficas e consequentemente a diminuição das espécies terrestres e marinhas. Derrube de mangal, Barra do Cuanza 6. DESAFIOS vs SOLUÇÕES Cenário de pressão intensa sobre estes recursos naturais. – “Estresse ambiental” Como reverter este cenário ??/É possível a mudança deste paradigma que aflige não só Angola como também outros países Sim é possível a Reversão - POLÍTICAS INTEGRADORAS e EFICIENTES. Envolvimento de todos parceiros: instituições ligadas a biodiversidade e afins, ONGS, instituições escolares, comunidades autóctones, pessoas amigas do Ambiente, etc. 6. DESAFIOS vs SOLUÇÕES Preservação/Conservação Educação para o ambiente, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável : Acções educativas; Sensibilização para a protecção ambiental e conservação da natureza. Esforços de conservação • Recuperação dos Mangais da Costa Angolana: Mapeamento do mangal– Dinâmica; Plantio propágulos; Educação ambiental/ecológica para adaptação e mitigação das alterações climáticas e sustentabilidade ambiental. Reflorestação do mangal, Ramiros-Luanda Levantamento da biodiversidade local e Entrevistas a comunidade local levantamentos da biodiversidade das áreas em estudo- Luanda REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Catarino, L. & Costa, E. (2012) Principais tipos de vegetação Lenhosa da Barra do Rio Cuanza-Angola. In Monteiro A., Gomes da Silva F., Jorge R., Gestão e Conservação da flora de Portugal e da África Lusófona. “In Honorium” do Professor Catedrático Emérito Ilídio Rosário dos Santos Moreira. ISAPress, Lisboa. P210-214. • Centro de Botânica da Universidade Agostinho neto (2020) Estudo dos Mangais da Costa Angolana – Boletim informativo. Luanda • Costa, E. & Adão, T. (2018) Recovery of the Angolan coast mangroves, -In Book of Abstracts, Eight European Botanic Gardens, People and Plants for a Sustainable World, Lisboa 7-11 Maio 2018. Lisboa, Portugal. • Costa, E.; Balsa, M.; Catarino, L & Duarte M., (2015) Estudo do estado de Conservação e Recuperação dos Mangais da Costa Angolana. In Livro de Resumo, 2º Encontro Nacional Sobre Flora e vegetação de Angola, Luanda 4-5 de Novembro 2015. Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto, Luanda. • Neto, E. (2017) Estudo das comunidades vegetais nas margens do Rio Cuanza - Barra do Cuanza. Luanda. • Neto, E., Adão, T. & Costa. E (2018) Zonamento das Comunidades Vegetais da Barra da Cuanza- Novidades sobre conservação. In Catarino L, Pedro M, Romeiras MM. Livro de Resumos, Conferência Internacional da Biodiversidade, Luanda 22-23 Maio 2018. Centro de Botânica da UAN, Luanda. • Martins, T. (2009) Contribuição para o conhecimento dos Mangais na foz do Rio Chiloango, Cacongo- Cabinda. • Monteiro, F. (2009) Estudo da Distribuição e Ecologia das Comunidades Florísticas do Mangal da Barra do Rio Cuanza-Luanda. • Pedro, M. (2009) Estudo da Vegetação Adjacente ao Mangal do Estuário da foz do Rio Cuanza-Luanda. • Pinto, N. (2012) Contribuição para o conhecimento dos Mangal no Município do Dande - Rios Dande e Lifune. Bengo. • (…) .