A Gestão Da Inovação No Apl De Confecção De Toritama: Um Estudo Sobre a Dinâmica Produção-Comercialização

A Gestão Da Inovação No Apl De Confecção De Toritama: Um Estudo Sobre a Dinâmica Produção-Comercialização

12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354 A GESTÃO DA INOVAÇÃO NO APL DE CONFECÇÃO DE TORITAMA: UM ESTUDO SOBRE A DINÂMICA PRODUÇÃO-COMERCIALIZAÇÃO Jônia Marcela da Silva Lima (UFPE) Taciana de Barros Jerônimo (UFPE) Rennaly Patricio de Sousa (Insituição National Polytechnique de Grenoble) Carla Manoela Weber (UFPR) Resumo O município de Toritama passou a compor o Arranjo e Sistema Produtivo Local (ASPL) de Confecção do Agreste Pernambucano, a parir dos anos 1980, com o diferencial de produzir peças jeans. As altas taxas de crescimento econômico têm contribuíído para que o município desperte o interesse da realização do estudo uma vez que, mesmo sem investimentos públicos e incentivos proporcionais a sua importância, a cidade ganha destaque no cenário nacional por ser vista como uma fonte de emprego. Considera-se a inovação e o apoio de entidades públicas e privadas como requisitos importantes para dinamizar a economia de regiões e países. Neste sentido, o presente trabalho busca investigar a gestão da inovação no âmbito da dinâmica da produção e da comercialização dos artigos confeccionados pelas unidades fabris toritamenses. Para isto, foi realizada uma pesquisa de campo na feira livre de Sulanca, no Parque das Feiras e visitas nas unidades domiciliares de produção. Além da pesquisa de campo foi feita uma revisão bibliográfica acerca dos fundamentos teóricos que norteiam o fenônemo da aglomeração produtiva de Micro e Pequenas Empresas (MPEs), com ênfase a economia da inovação O resultou demonstrou que a atividade de confecção baseia-se fundamentalmente na produção doméstica de pequenas unidades fabris informais, instaladas no “fundo de quintal”, onde o ambiente de trabalho dispõe de uma infra-estrutura deficitária sem qualquer preocupação com a instalação do fabrico. Os artigos confeccionados são caracterizados como um produto de baixa qualidade e destinado a um público de baixa renda. Os produtores que não tem a preocupação no quesito VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 inovar, sendo a concorrência no arranjo voltada para uma competitividade espúria. Palavras-chaves: Palavras - chave: Inovação, ASPL, Toritama 2 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 1. Introdução A postura da política expansionista adotada no final dos anos 1990 contribuiu na proliferação de das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), constituídas sob ótica das aglomerações produtivas ou Arranjos e Sistemas Produtivos Locais (ASPLs), cuja tônica se deu através do incentivo ao desenvolvimento econômico de regiões menos desenvolvidas, como exemplo a região nordeste. É nesse contexto que o presente estudo busca analisar a aglomeração produtiva de empresas localizadas no Agreste Setentrional de Pernambuco, o município de Toritama está localizada no agreste setentrional, fica a 167 km do Recife, capital do Estado de Pernambuco, possui uma área de 34,8 km². Segundo o IBGE (2006), o município possui uma população de 35.631 habitantes, um aumento de 63,4% em relação ao quantitativo populacional do ano 2000. O censo (2000) mostrou ainda que, 29,27% da população recebe até um salário mínimo, 39,5%, recebe mais de um a dois salários mínimos, representando um total de 68,77% de pessoas que vivem com um rendimento de até 2 salários mínimos. Com relação ao nível de ensino da população, cerca de 44,5 % da população toritamense possuem apenas de um a quatro anos de estudo, ou seja, grande parte de sua população estudou apenas o ensino primário. O contingente de pessoas que tiveram menos de um ano de estudo representa 22,3%, esse resultado nos mostra que os integrantes desse grupo podem ser considerados como analfabetos ou com nenhuma instrução escolar. Já a parcela dos que estudaram até o ensino fundamental representa 23,57%. O município é visto como fonte de emprego em um raio de até 150 quilômetros, o que também o faz ter uma população flutuante formada por pessoas que diariamente se deslocam de municípios vizinhos para trabalhar em Toritama, em termos absolutos esta população é pelo menos duas vezes maior que sua população fixa, segundo estimativa do secretário municipal de Indústria e Comércio. As estimativas censitárias indicam que, os municípios de elevado fluxo de habitantes que se deslocam todos os dias para Toritama são de Vertentes e de Caruaru, sendo respectivamente seus valores percentuais de 43,3% e 36,35%. O interesse pelo estudo está associado à conjunção de vários aspectos pertinentes, dentre os quais são: 3 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 -A inovação se constitui como um elemento endógeno para a dinâmica de desenvolvimento das empresas voltadas para a confecção do jeans e consequentemente para o desenvolvimento de Toritama; - O crescimento da informalidade nas atividades de confecção; - A gestão ambiental dos resíduos da dinâmica do jeans. Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho é analisar as práticas inovativas desde o processo produtivo empresarial e as unidades domésticas até os canais de comercialização. No sentido de auxiliar os empresários do ramo, por meio de uma gestão inovativa voltada para o melhoramento da comunicação e do valor comercial das peças de roupa confeccionadas. Para o alcance de melhores resultados empresariais, é necessário o entendimento acerca dos tipos de inovações que podem ser inseridas no setor de confecção. Sundbo (1998) categoriza a inovação em vários campos, dentre eles a inovação organizacional, que é vista como uma nova forma de gerenciamento ou de organização de qualquer empresa. Entende-se, ainda, que é o desenvolvimento de estratégias laborais orientada pela busca de flexibilidade nas empresas e mudanças organizacionais na gestão de recursos humanos para o sistema de produção de jeans. Neste sentido, a educação (treinamento e capacitação) deve fazer parte de uma ação organizacional planejada de modo sistemático, que possibilita a aquisição de habilidades motoras, atitudinais ou intelectuais, assim como o desenvolvimento de estratégias cognitivas que podem tornar o indivíduo mais apto a desempenhar suas funções (Borges- Andrade, 2002). 2. Fundamentação Teórica As aglomerações produtivas são fundamentadas por quatro veretente teórica:A economia neoclássica, economia dos negócios, a economia regional, a economia da inovação. 2.1 A Economia neoclássica Essa abordagem está baseada nos pressupostos da teoria neoclássica. A análise dessa vertente admite que o surgimento das aglomerações produtivas ocorre devido às economias crescentes de escala. Segundo Campos (2004) o aumento de escala é originário das externalidades positivas geradas pelo fato das empresas estarem localizadas próximas geograficamente. Os adeptos dessa concepção analisam as aglomerações produtivas com base nos distritos industriais marshallianos O economista Alfred Marshall (1985) foi um dos 4 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 importantes e primeiros estudiosos a defender a idéia que as externalidades positivas produzem retornos crescentes de escala. Para Marshall há dois tipos de fatores que contribuem com os retornos crescente de escala, são eles: i) as economias externas, as quais são provenientes do desenvolvimento industrial; e, ii) as economias internas que estão vinculadas com a organização e a eficiência administrativa da empresa. No estudo das organizações industriais, Marshall enfatizou as principais vantagens competitivas decorrentes da concentração de empresas, tais vantagens foram destacadas por Carvalho (2008) da seguinte forma: i) a concentração de empresas em áreas próximas contribui para que haja a disponibilidade de mão-de-obra especializada, permitindo benefícios para os trabalhadores e as empresas; ii) a localização produtiva permite o surgimento de atividades subsidiárias de fomento à industria, ocorrendo ainda o fornecimento de implementos, equipamentos, materiais e organização do comércio; iii) indústrias subsidiárias que o processo produtivo é dedicado às grandes firmas podem obter a vantagem de empregar máquinas sofisticadas; e, vi) as empresas próximas geograficamente tem a vantagem de compartilhar os conhecimentos com as outras empresas ligadas à ela. 2.2. A Economia dos Negócios Um dos autores que fundamentou contribuição teórica da abordagem da Economia de Negócios ou Economia das Empresas foi Michael E. Porter (1990). A sua análise evidenciou as vantagens competitivas e as estratégias de competição para entender a unidade do negócio e o ambiente externo. Segundo Carvalho (2008) entende-se por vantagem competitiva a “capacidade de criar e aplicar conhecimento e tecnologia à competição industrial” (p.23). Porter identificou as estratégias e as relações comerciais de uma indústria através de cinco forças competitivas: i) a rivalidade entre concorrentes; ii) a ameaça da entrada de novos competidores; iii) a ameaça de produtos substitutos; iii) o poder de barganha dos fornecedores; e, iv) o poder de barganha dos consumidores. 2.3. A Economia Regional Os autores que participam da abordagem da Economia regional toma como base o processo de formação dos aglomerados produtivos das regiões da Itália e da Europa, além de tratar dos bens nontradables. Nesta vertente, as Micros e Pequenas Empresas (MPEs) atuam cooperando entre si proporcionando entre as firmas economias de escala. Segundo Andrade (2008) as diferentes 5 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 formas de cooperação são analisadas não apenas pela troca de informações entre funcionários

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