Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em História Contemporânea, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Fernando Rosas Aos meus filhos Agradecimentos Agradecimentos Em primeiro lugar devo o meu agradecimento ao Professor Doutor Fernando Rosas pela disponibilidade manifestada em aceitar orientar o meu trabalho, pela indicação de alguma bibliografia relevante para o tema em estudo, pelos profícuos comentários, sugestões e esclarecimentos, pela revisão científica do texto e pela prontidão em colaborar sempre que necessitei. Agradeço também a ajuda e disponibilidade do Professor Doutor Luís Farinha, as suas valiosas indicações em muito enriqueceram o trabalho. Estou igualmente muito grata ao Doutor Sérgio Ribeiro pela partilha da sua sabedoria e pelo apoio manifestado a esta causa, que creio ser também um pouco sua. Expresso também a minha gratidão a Artur Pinto e a Carlos Brito pelos testemunhos e vivências partilhadas, pois a História faz-se de protagonistas e sem eles ficaria certamente empobrecida. Ao Dr. Paulo Adriano agradeço a disponibilidade e prontidão em contribuir de uma forma tão generosa para este trabalho. À Dr.ª Susana Martins que, não me conhecendo, deu preciosas indicações sobre os locais de arquivo que devia seguir. Pela atenção e simpatia quero também deixar o meu agradecimento a todos aqueles que me acolheram nos vários arquivos por onde trabalhei. Aos meus amigos, sobretudo à Ana Rita, à Carla e ao Bruno, agradeço o apoio e força em todos os momentos. Ao David Fialho agradeço o profissionalismo e carinho. À minha mãe a minha reconhecida gratidão pelo apoio e encorajamento constante. À minha irmã um agradecimento especial pelas críticas e sugestões, pelo apoio incondicional e amizade de sempre. Ao Nelson, meu marido, à Catarina, à Alice e ao Simão, meus filhos, um pedido de desculpa pela ausência quando a dedicação ao trabalho exigiu mais do meu tempo e um reconhecimento especial pelo carinho, pela compreensão inestimáveis, pelo apoio e força, que ajudaram a atenuar momentos de maior impaciência e dificuldade. Acima de tudo, um agradecimento especial ao meu pai, que mesmo não estando entre nós, sempre me ensinou a nunca desistir v Resumo [RESUMO] Aljube: uma cadeia política PALAVRAS-CHAVE: Aljube, cadeia, Estado Novo, prisão política O edifício do Aljube de Lisboa está ligado, pelo menos desde a presença muçulmana em Portugal e até aos anos 70 do século XX, à história de uma prisão, muito embora o tempo lhe tenha atribuído características diferentes. No período medieval foi prisão para os delinquentes em matéria eclesiástica, vertente que se prolongou até à implantação do liberalismo no século XIX, altura em que se extinguiu o foro eclesiástico e todos os cidadãos passaram a ter uma justiça comum. Entre os finais do século XIX e inícios do século XX, o edifício do Aljube serviu de prisão de mulheres. Contudo a sua história é sobretudo marcante no período em foco neste trabalho, ou seja, entre 1928 e 1965. Nesta época, o Aljube de Lisboa serviu inteiramente os interesses do poder instituído, albergando todos aqueles que eram suspeitos de atentar contra a segurança do Estado, pondo em causa a ordem pública, fundamental e estruturante para a sociedade saudável que se pretendia criar. Embora tenha sido uma, entre outras prisões políticas criadas em Portugal, o Aljube assume uma especificidade particular no panorama repressivo, sobretudo a partir dos anos 40. Desde esta altura e até à data do seu encerramento em 1965, o Estado Novo usava o Aljube como cadeia para encarcerar os presos políticos na fase instrutória dos processos, pois nela existia um conjunto de celas individuais, num total de treze, que muito embora não correspondessem às exigências regulamentares exigidas, permitiam o isolamento dos presos. Era nos chamados curros que os presos permaneciam em regime de incomunicabilidade até ao término das investigações da polícia política, que depois os encaminhava para as outras prisões existentes quer em Portugal (Peniche, Caxias, Angra do Heroísmo), quer para os territórios coloniais portugueses (Cabo Verde, Timor, Angola…). O Aljube ficou assim marcadamente presente na memória de todos aqueles que lá passaram. Se a prisão já por si era uma pena por excelência, a incerteza do tempo que iriam permanecer na cadeia, uma vez que a polícia política tinha autonomia e autoridade para vii Resumo prorrogar esse tempo para além da pena a que eram condenados; a inércia (quase total) que o isolamento lhes trazia e a certeza que as idas à sede da polícia política, na Rua António Maria Cardoso, ali tão próxima, eram sinónimo (quase sempre) de mais torturas, faziam da passagem pela cadeia do Aljube um local non grato. Contudo e apesar de todas as arbitrariedades e iniquidades de que foram alvo, a história do Aljube também se fez de resistentes, homens que não vergaram aos interesses do Estado, mas que lutaram em nome de uma liberdade e justiça que almejaram ver instituídas no país que lhes conferia a nacionalidade. viii Abstract [ABSTRACT] Aljube: a political prison KEYWORDS: Aljube, prison, New State, political prison Aljube building in Lisbon is connected, at least since the Muslim presence in Portugal until the 70´s of the 20th century, to the history of a prison, although time has given it different characteristics. In the medieval period it was used as a prison for ecclesiastical offenders, at least until the implantation of liberalism in the 19th century, when the ecclesiastical forum was extinguished and all citizens stated to have a common justice. Between the late nineteenth and early twentieth century, the building served as a women's prison. But its history is particularly important during the period which is the focus of this work, between 1928 and 1965. At this time, the Lisbon Aljube served fully the interests of the established power, imprisoning all of those who were suspect of harming state security, undermining public order, considered fundamental and structuring for the healthy society that was intended to be created. Although it was only one, among other political prisons created in Portugal, Aljube assumes a particular specificity in repression, especially since the 40s. From this time until the date of its closure in 1965, the New State used the Aljube prison to incarcerate political prisoners during the instruction processes because it had a set of 13 individual cells, which, even though they didn’t correspond to the necessary regulatory requirements, allowed the isolation of prisoners. It was in the so called curros that prisoners remained incommunicable until the end of the investigations of the political police, who later directed them to other existing prisons in Portugal (Peniche, Caxias, Angra do Heroísmo) or for the Portuguese colonial prisons (Cape Verde, East Timor, Angola ...). The Aljube became markedly present in the memory of all those who went there. If being arrested was a sentence by itself, the uncertainty of the time that a prisoner would remain in jail, since the political police had the autonomy and authority to extend the ix Abstract sentences time beyond the condemnation period; the inertia (almost total) that the isolation brought to them and knowing that visits to the headquarters of the political police, in António Maria Cardoso street, were synonymous (almost always) of more torture, made the passage in Aljube prison an unpleasant period. However, and despite all the outrages and inequities that prisoners were subject to, the history of Aljube is also made of brave men who have not submitted to the interests of the regime, which strived in the name of freedom and justice that they aspired for Portugal. x Índice Índice Agradecimentos ................................................................................................................ ..v Resumo ............................................................................................................................. ..vii Abstract ............................................................................................................................ .. ix Lista de abreviaturas ...................................................................................................... ..xiii Introdução ........................................................................................................................... ..1 Capítulo I: .............................................................................................................................. 3 I. Objeto da tese............................................................................................................ 3 II. Âmbito cronológico ............................................................................................... 6 III. Estado da questão ................................................................................................. 7 IV. Caminhos trilhados ............................................................................................... 8 Capítulo II: «Nada contra a Nação. Tudo pela Nação» Contextualização histórica ........................................................................................11 Capítulo III: ........................................................................................................................37 História patrimonial ..................................................................................................37 Capítulo IV: «Aljube, a história de uma prisão ...........................................................49
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