FOOTBALL, ÜMA PRÁTICA ELITISTA E CIVILIZADORA - Investigando O Ambiente Social E Esportivo Paranaense Do Início Do Século XX

FOOTBALL, ÜMA PRÁTICA ELITISTA E CIVILIZADORA - Investigando O Ambiente Social E Esportivo Paranaense Do Início Do Século XX

ANDRÉ MENDES CAPRARO FOOTBALL, ÜMA PRÁTICA ELITISTA E CIVILIZADORA - investigando o ambiente social e esportivo paranaense do início do século XX Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em História, Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Ribeiro CURITIBA 2002 ANDRÉ MENDES CAPRARO FOOTBALL, UMA PRÁTICA ELITISTA E CIVILIZADORA - investigando o ambiente social e esportivo paranaense do início do século XX CURITIBA 2002 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ , „„ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES UFPR COORDENAÇÃO DOS CURSOS DE PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Rua General Carneiro, 460 6o andar fone 360-5086 FAX 264-2791 PARECER Os Membros da Comissão Examinadora designados pelo Colegiado dos Cursos de Pós-Graduação em História para realizar a argüição da Dissertação do candidato ANDRÉ MENDES CAPRARO sob o título " FOOTBALL, prática elitista e civilizadora para obtenção do grau de Mestre em História, após haver realizado a atribuição de notas são de Parecer pela fí&ZWAW.?.. com conceito sendo-lhe conferidos os créditos previstos na regulamentação dos Cursos de Pós-Graduação em História, completando assim todos os requisitos necessários para receber o grau de Mestre. Curitiba, 06 de maio de 2002. 2o Examinador BANCA EXAMINADORA Aos literatos brasileiros que dedicaram algumas de suas linhas ao mais brasileiro dos esportes bretães - o futebol. iii Todo brasileiro é um técnico de futebol frustrado. Deus é brasileiro. Logo, Deus é um técnico de futebol frustrado? Como Deus tudo pode, é provável que Ele seja o verdadeiro e eterno técnico da seleção e os mortais que assumem a função apenas suas fachadas. Luis Fernando Veríssimo, O técnico, 1999. O inglês inventou o futebol, é verdade. Mas, o brasileiro fez melhor: inventou as delícias do futebol. Armando Nogueira, As delícias do futebol, 1998. Um dos piores empregos do mundo - depois de ministro da Justiça da Colômbia e motorista de táxi em Nova York - é o de técnico da Seleção Brasileira de futebol. Certo. Técnico não ganha jogo, é crença geral; mas perde, ou ajuda definitivamente a perder. Nelson Motta, Os generais da bola, 1998. Todo esporte é um desafio que o homem lança não só aos outros homens, mas também a si mesmo. O desafio próprio do futebol, a sua marca distintiva, a sua singularidade, está em que nele se permite o uso de todas as partes do corpo, exceto as mais eficazes do ponto de vista físico. Aprender a jogar futebol é aprender a controlar a bola sem o auxílio das mãos, daquilo que, contrapondo o homem às demais espécies animais, constitui a sua força e a sua destreza. Décio de Almeida Prado, Tempo (e espaço) no futebol, 1989. Gol! A bola adormecida no fundo da rede. O goleiro, batido, esticado no gramado, olhando com tristeza a reação da torcida do seu time. O artilheiro, saltitando, recebendo os abraços dos seus companheiros, enquanto os reservas confraternizam-se com os membros da comissão técnica na boca do túnel e, nas arquibancadas, a torcida enlouquecida faz a festa. Carneiro Neto, O gol, 1988. No princípio era a bola (boa "bola"...) E a bola é a terra que no espaço rola E um bólide caiu do céu de anil, Exatamente em cima do Brasil. Era uma bola e a bola foi cercada De unânime atenção, foi adorada E ela é a deusa pagã das multidões, E, sendo um ovo, é alvo de ovações. Vital Pacífico Passos, O pé na gênese, 1951. iv SUMÁRIO INTRODUÇÃO - Considerações teórico-metodológicas e historiográficas 1 DIRETO DA EUROPA CHEGA O FOOTBALL 22 Eventos "chics", imagens registradas 30 O INÍCIO DA PRÁTICA FUTEBOLÍSTICA NO PARANÁ 38 CARTA À REDAÇÃO: contextualizando o futebol em Curitiba 41 Notas iniciais sobre a carta 41 Sobre o futebol em geral 44 Sugestões para melhorias no futebol curitibano 47 Sobre a cidade, sobre o autor 54 Notas finais sobre a carta 56 O SURGIMENTO DO INTERNACIONAL FOOTBALL CLUB: ESCRITOS MEMORIALISTAS VERSUS FONTES HISTÓRICAS 58 As "Diversas" Fundações do Internacional Football Club 59 Investigando a Fundação do Internacional 82 Aumentando a escala de observação 84 A FUNDAÇÃO DO AMÉRICA FOOTBALL CLUB 87 O(s) símbolo(s) do(s) América(s) 96 Adesão ou conflito? Uma história para o América Football Club 99 A NECESSIDADE DE UMA ENTIDADE REGULAMENTADORA 103 Breves antecedentes - ecletismo e football 107 A formação da Liga Sportiva Paranaense 112 SANTOS DUMONT E OLAVO BILAC - ILUSTRES VISITANTES - NOS PRIMORDIOS DO FUTEBOL PARANAENSE 127 Santos Dumont 131 Olavo Bilac 136 O FIM? 141 REFERÊNCIAS 144 V RESUMO Este trabalho analisa - no contexto curitibano do início do século XX - os primordios do futebol paranaense, com ênfase na participação de dois clubes: o Internacional Football Club e o América Football Club. Utilizando o modelo micro-histórico e a teoria do processo civilizador de Norbert Elias, a investigação buscou as origens sociais e étnicas dos componentes dos clubes de futebol que participaram da sua introdução no estado. Utilizando fontes variadas como documentos de época, periódicos, fotografias, entre outras, buscou-se um confronto com as idéias estabelecidas pelos memorialistas que escreveram sobre a mesma temática. Também foi aberto um quadro comparativo entre o panorama do futebol paranaense e a prática deste esporte em outros grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre; já que, tal atividade, não poderia ser entendida isoladamente, pois o ciclo de influências partia, no primeiro momento dos grandes centros, estendendo- se, posteriormente, dentro da própria sociedade local. Além disso, foi explicitado a relação que o football mantinha, nos primeiros anos da sua prática nos clubes sociais, com uma gama variada de atividades, sejam elas de caráter esportivo, lúdico, cultural, cívico ou, até mesmo, um modismo europeu e/ou norte-americano de cunho civilizatório. É da junção destes variados elementos, que a prática futebolística vai tomando os gostos populares, tornando-se, passo-a-passo, um dos elementos culturais que mais caracterizam a brasilidade. Palavras-chave: história do futebol paranaense; micro-história; Internacional Football Club\ América Football Club. vi RESUMO Este trabalho analisa - no contexto curitibano do início do século XX - os primordios do futebol paranaense, com ênfase na participação de dois clubes: o Internacional Football Club e o América Football Club. Utilizando o modelo micro-histórico e a teoria do processo civilizador de Norbert Elias, a investigação buscou as origens sociais e étnicas dos componentes dos clubes de futebol que participaram da sua introdução no estado. Utilizando fontes variadas como documentos de época, periódicos, fotografias, entre outras, buscou-se um confronto com as idéias estabelecidas pelos memorialistas que escreveram sobre a mesma temática. Também foi aberto um quadro comparativo entre o panorama do futebol paranaense e a prática deste esporte em outros grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre; já que, tal atividade, não poderia ser entendida isoladamente, pois o ciclo de influências partia, no primeiro momento dos grandes centros, estendendo- se, posteriormente, dentro da própria sociedade local. Além disso, foi explicitado a relação que o football mantinha, nos primeiros anos da sua prática nos clubes sociais, com uma gama variada de atividades, sejam elas de caráter esportivo, lúdico, cultural, cívico ou, até mesmo, um modismo europeu e/ou norte-americano de cunho civilizatório. E da junção destes variados elementos, que a prática futebolística vai tomando os gostos populares, tornando-se, passo-a-passo, um dos elementos culturais que mais caracterizam a brasilidade. Palavras-chave: história do futebol paranaense; micro-história; Internacional Football Club; América Football Club. INTRODUÇÃO - Considerações teórico-metodológicas e historiográficas Ao contrário do que se poderia imaginar a especialização da prática da história tem exigido dos pesquisadores um domínio cada vez maior de áreas de conhecimento, até mais recentemente, distantes do historiador. Para darmos apenas um exemplo. Há não mais de duas décadas, os historiadores estavam envolvidos basicamente com teorias econômicas e sociológicas, muitas delas derivadas do marxismo. A grande maioria da produção historiográfica brasileira era fortemente marcada por estes viézes teóricos. Hoje em dia, a pesquisa histórica ampliou significativamente o leque de sua inter disciplinar idade, abrindo um diálogo muito mais alargado com outras áreas do conhecimento. Entretanto, ô que distingue, de fato, um historiador é a dimensão de sua cultura histórica, sua capacidade de transitar entre os vários modelos de elaboração histórica e acima de tudo, seu interesse pelo processo de estabelecimento das fontes da história. Ainda que o domínio de campos teóricos seja imprescindível para o estabelecimento de hipóteses inovadoras da pesquisa, o momento mais criativo da prática histórica é quando ela transforma os materiais sociais e naturais em fontes a serem trabalhadas na pesquisa. Edgard S. De Decca, historiador I Na historiografia, o estudo da dimensão do lazer - ao qual incluímos, a princípio, o futebol - tem se acentuado nas últimas décadas; movido por historiadores, antropólogos, sociólogos e pesquisadores sociais contemporâneos afins que, pregando a existência de interligações entre todas as atividades humanas, validam através das suas teorias, temas que eram anteriormente considerados sem importância. Revelada a importância que a função social do futebol tem nas sociedades modernas, abre-se uma vasta gama

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