PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL TESE DE DOUTORADO A representação da ditadura militar nos filmes brasileiros longa metragem de ficção: de 1964 a 2010 HELENA STIGGER Dezembro de 2011 1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL TESE DE DOUTORADO A representação da ditadura militar nos filmes brasileiros longa metragem de ficção: de 1964 a 2010 HELENA STIGGER Bolsista do CNPQ Porto Alegre, dezembro de 2011 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL TESE DE DOUTORADO A representação da ditadura militar nos filmes brasileiros longa metragem de ficção: de 1964 a 2010 Helena Stigger Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind Tese apresentada como pré-requisito parcial para obtenção do título de Doutor (a) em Comunicação Social no Programa de Pós- Graduação em Comunicação Social. Porto Alegre, dezembro de 2011 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S855r Stigger, Helena A representação da ditadura militar nos filmes brasileiros longa metragem de ficção: de 1964 a 2010. / Helena Stigger. – Porto Alegre, 2011. 280 f. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – Faculdade de Comunicação Social, PUCRS. Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind 1. Cinema - Brasil. 2. Ditadura Militar. 3. Tortura. 4. Militante. I. Gutfreind, Cristiane Freitas. II. Título. CDD 791.430981 Ficha elaborada pela bibliotecária Anamaria Ferreira CRB 10/1494 4 A representação da ditadura militar nos filmes brasileiros longa metragem de ficção: de 1964 a 2010 Banca Examinadora: ____________________________________________ Profa. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind Orientadora ____________________________________________ Profa. Dra. Ieda Tucherman Universidade Federal do Rio de Janeiro ____________________________________________ Profa. Dra Christa Berger Unisinos ____________________________________________ Profa. Dra. Miriam Rossini ____________________________________________ Prof. Dr. Carlos Gerbase Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, novembro de 2011 5 AGRADECIMENTO Agradeço à minha mestra, a Dra Cristiane Freitas Gutfreind pelo caminho, desvios e questionamentos; ao Dr. Juremir Machado da Silva pelo incentivo e pela confiança e à minha família pela paciência e compreensão. Esta tese foi realizada com uma bolsa de estudo do CNPQ de tempo integral e uma bolsa de doutoramento no Exterior da Capes. O doutorado sanduíche foi realizado na Universidade René Descartes – Paris V (Sorbonne) 6 Dedico à meu pai, que me fez descobrir o cinema 7 Resumo A presente tese analisa a representação da ditadura militar nos longas-metragens de ficção brasileiros desde o golpe de 1964 até o ano de 2010. Evidenciamos que três elementos representam simbolicamente o governo militar: a tortura, o militar e o militante da esquerda. Partindo dessa premissa, estudamos as variações e as possibilidades de representação da ditadura militar brasileira ao longo dessas quatro décadas ao analisar o modo como esses elementos se constituem na narrativa. Como metodologia, aplicamos a técnica de análise fílmica numa amostra de vinte e quatro filmes realizados entre os anos de 1979 a 2010. No entanto, evidenciamos que a ditadura militar tem sido representada no cinema desde o seu acontecimento, sendo assim, buscamos estudar três obras do Cinema Novo: O desafio, Terra em transe e Os inconfidentes. Desse modo, foi possível traçar um paralelo entre a temática desses filmes com produções posteriores à Lei da Anistia auxiliados pelos estudos sobre cinema de Jean-François Lyotard, da violência de Hannah Arendt e sobre a alegoria de Ismail Xavier. A partir dessas análises, podemos entender que os filmes posteriores a 1979 representam basicamente os anos de chumbo ocorridos no período de 1964-1974, pois em torno de 1973, as organizações da esquerda já haviam sido desestruturadas pelo governo. Daí foi possível identificar que a tortura era uma constância nesses filmes e para retratá-la, as narrativas usaram uma estética mais convencional. Portanto, para o estudo da tortura recorremos às teorias de Giorgio Agamben e Hannah Arendt. Para as análises sobre o torturador (militar) e o torturado (militante) nos baseamos nos estudos de Aarão Reis Filho. E, como suporte teórico nos estudos históricos sobre a ditadura militar, nos baseamos nas análises de Carlos Fico, Elio Gaspari e Marcelo Ridenti. Palavras chaves: tortura, militante, militar, cinema brasileiro e experiência 8 Abstract This thesis analyses the representation of the military dictatorship in the Brazilian fiction feature films from the military coup of 1964 until 2010. We evidence that three elements symbolically represent the military government: the torture, the military and the militant of the armed left wing. As from this premise, we studied the variations and the possibilities of the Brazilian military dictatorship representation during those four decades by analyzing how the cinematographic speech is presented on the narrative. The methodology used was the filmic analysis of a sample composed by twenty- four movies produced between 1979 and 2010. However, we show that the military dictatorship has been represented since its beginning on cinema. Thus, we focused on studying three titles that belong to the Cinema Novo movement: O desafio, Terra em transe and Os inconfidentes. Therefore, it was possible to make a comparison between these films’ themes and the productions posterior to the Amnesty Law, assisted by Jean- François Lyotard’s cinema studies, Hannah Arendt’s violence and Ismail Xavier’s allegory. From this analysis, we could understand that the movies made after 1979 basically represent the military dictatorship years between 1964 and 1974, because around 1973 the left wing organizations had already been dismantled by the government. Then, it was possible to identify that torture was a constant in those films, and to portray it, the narratives used a more conventional esthetic. Keywords: torture, militant, military, Brazilian cinema and experience 9 Sumário Introdução ................................................................................................................................... 12 Capítulo 1 – A representação da ditadura militar no cinema: para que estudá-la? ................... 16 1.Construindo o corpus ........................................................................................................... 16 1.1 O cinema como testemunho ......................................................................................... 16 1.2 O corpus: ditadura militar em vinte e quatro visões..................................................... 35 Capítulo 2 – Cinema Novo: a subjetividade com força de protagonista ..................................... 47 1. Cinema militante ................................................................................................................. 48 1.1 O primeiro Cinema Novo ............................................................................................... 52 2. A ditadura no Cinema Novo – intimismo e alegoria ........................................................... 63 2.1 O desafio: a incompatibilidade entre projetos pessoais e desígnios da revolução ...... 64 2.2 Terra em transe: a estética da fome chega ao cinema ................................................. 80 2.3 Os inconfidentes: revolucionários de formação burguesa sob o comando do medo .. 98 3. Fim do grupo coeso ........................................................................................................... 128 Capítulo 3 – filmografia de 1979 a 2010 ................................................................................... 133 1. Tortura ........................................................................................................................... 133 1.1 Paula e O bom burguês: a repressão da ditadura ....................................................... 139 1.2 Pra frente Brasil: inventário da violência e da tortura num país sem liberdade ........ 142 1.3 Zuzu Angel: os porões da ditadura revelado num filme didático ............................... 166 1.4 Estado de exceção: a tortura como prática institucionalizada ................................... 185 1.5 Estado de exceção e a vida nua: a fundação de um absurdo ..................................... 186 1.6 Vida nua ....................................................................................................................... 191 2. O militar ............................................................................................................................. 207 3.O militante .......................................................................................................................... 215 3.1Subjetividade ................................................................................................................ 223 10 3.1.1 O desafio: o testemunho do inconformismo ........................................................... 228 3.2 O fanático .................................................................................................................... 232 3.2.1 Violência em transe .................................................................................................. 237 3.3 Herói ...........................................................................................................................
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