Redalyc.RIQUEZA DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES EM

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Mastozoología Neotropical ISSN: 0327-9383 [email protected] Sociedad Argentina para el Estudio de los Mamíferos Argentina Balieiro, Pedro; Behs, Daniela; Graipel, Maurício E.; Dornelles, Sidnei S.; Tiepolo, Liliani M.; Cremer, Marta J. RIQUEZA DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES EM FLORESTAS DE RESTINGA DO SUL DO BRASIL Mastozoología Neotropical, vol. 22, núm. 2, 2015, pp. 367-373 Sociedad Argentina para el Estudio de los Mamíferos Tucumán, Argentina Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=45743273014 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Mastozoología Neotropical, 22(2):367-373, Mendoza, 2015 Copyright ©SAREM, 2015 Versión impresa ISSN 0327-9383 http://www.sarem.org.ar Versión on-line ISSN 1666-0536 Nota RIQUEZA DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES EM FLORESTAS DE RESTINGA DO SUL DO BRASIL Pedro Balieiro1, Daniela Behs2, Maurício E. Graipel3, Sidnei S. Dornelles1, Liliani M. Tiepolo4 e Marta J. Cremer1 1 Laboratório de Ecossistemas Costeiros, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade da Região de Joinville. Rodovia Duque de Caxias, s/n Km 7 poste 128, Cep: 89240-000, São Francisco do Sul-SC, Brasil. [Correspondência: Pedro Balieiro <[email protected]>] 2 Laboratório de Ecologia de Vertebrados, Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília. L2 Norte, 602 Bloco E, Cep: 70910-900, Brasília-DF, Brasil. 3 Departamento de Ecologia e Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal Santa Catarina. Campus Universitário, Trindade, Cep: 88040-970, Florianópolis-SC, Brasil. 4 Pós-graduação em Zoologia, UFPR, Universidade Federal do Paraná - Setor Litoral. Rua Jaguariaíva, 512, Caiobá, Cep: 83260-000, Matinhos-PR, Brasil. RESUMO. Este estudo objetivou a caracterização da assembleia de pequenos mamíferos não voadores em termos de riqueza, abundância e sazonalidade na restinga do Parque Estadual Acaraí, localizado no nordeste de Santa Catarina. O sucesso total de captura foi de 2.78%, sendo 5.93% no inverno e 0.64% no verão. A espécie mais abundante e amplamente distribuída foi o roedor Akodon montensis (n = 71), com 56.35% dos indivíduos, seguido do roedor Nectomys squamipes (n = 42), com 33.33%, e do marsupial Marmosa paraguayana (n = 6), com 4.76%. O parque apresentou uma reduzida riqueza de espécies, ao ser comparado com outras áreas de restinga próximas. ABSTRACT. Diversity of non-volant small mammals in Atlantic Coast restingas in the northeast of Santa Catarina, Brazil. This study aimed to characterize the community of non-volant small mammals in terms of richness, abundance, and seasonality in the restinga in the Parque Estadual Acaraí, state of Santa Catarina. The overall success of catch was 2.78% (5.93% in the winter and 0.64% in the summer). The most abundant and widely distributed species was Akodon montensis (n = 71), with 56.35% of the individuals, followed by Nectomys squamipes (n = 24), with 24.75%, and the marsupial Marmosa paraguayana (n = 6), with 4.76%. The park had reduced species richness compared with other nearby areas of restinga. Palavras chave: Cricetidae. Didelphidae. Mata Atlântica. Key words: Atlantic forest. Cricetidae. Didelphidae. O bioma Mata Atlântica é um complexo con- (Tabarelli et al., 2005; SOS Mata Atlântica e junto de ecossistemas composto por inúmeras INPE, 2011). Os altos níveis de riqueza e en- formações vegetacionais, que abriga uma parce- demismo o colocam como um dos 34 hotspots la significativa da diversidade biológica do Bra- de biodiversidade (Mittermeier et al., 2004). sil, reconhecida nacional e internacionalmente Desde a época da colonização europeia, as Recibido 23 febrero 2015. Aceptado 22 junio 2015. Editor asociado: T. Lacher 368 Mastozoología Neotropical, 22(2):367-373, Mendoza, 2015 P Balieiro et al. http://www.sarem.org.ar interferências geradas pelos sucessivos ciclos de e inverno ameno (média >18 ºC) (Alvares et exploração econômica e das expansões urbana al., 2013; Knie, 2002). e agroindustrial fizeram com que a vegetação As áreas amostradas foram classificadas natural da Mata Atlântica fosse reduzida de for- através da observação em campo das unidades ma alarmante (Dean, 2004). Ao mesmo tempo, amostrais levando em consideração as descri- a Mata Atlântica abriga uma extensa fauna de ções de Araújo e Lacerda (1987) e Assis et al. mamíferos, com cerca de 300 espécies, apre- (2011) e o mapa geológico do parque (FATMA, sentando um alto grau de endemismo (Paglia 2014). Portanto, as Florestas de Restinga foram et al., 2012). A preservação desta diversidade divididas em: Floresta de Alta Restinga Seca requer um amplo conhecimento no que diz (ARS) (Fig. 2A), Floresta de Alta Restinga respeito aos habitats e aos impactos que os Hidromórfica (ARH) Fig.( 2B), Floresta de atingem, pois as alterações no ambiente natural Baixa Restinga (BR) (Fig. 2C), Floresta de Alta podem desestruturar as comunidades da biota Restinga Seca Degradada (ARSD) (Fig. 2D), local (Kelt, 1996). Floresta de Alta Restinga Hidromórfica De- A importância das florestas úmidas para gradada (ARHD) (Fig. 2E e F) e a Zona de os pequenos mamíferos é indiscutível, pois Transição, definida como a área de ecótono concentram grande diversidade de espécies, entre a BR e ARH. desde marsupiais até pequenos roedores. Esses Foram realizadas duas campanhas de campo organismos podem ser considerados como em 2014, sendo uma no verão (fevereiro) e chave nestes ambientes, pois estão inseri- outra no inverno (julho-agosto), em cada uma dos nas mais diversas categorias ecológicas, das parcelas (10 permanentes e 4 ripárias) podendo ser utilizados como indicadores seguindo o protocolo RAPELD (RA, do inglês da qualidade do ambiente (Bonvicino et al., rapid assessments (aceso rápido), e PELD, do 2002). A complexidade do habitat influencia português Pesquisas Ecológicas de Longa Dura- diretamente as espécies que o compõe, pois as ção) (Magnusson et al., 2005). Em cada parcela características deste ambiente, como estrutura foram estabelecidas 25 estações de captura, da vegetação, recursos alimentares, sítios de distanciadas 10 metros entre si, compostas por nidificação, entre outros, possibilitam a pre- uma ou duas armadilhas no solo, e uma em sença ou ausência destas (Alho, 1982; Cáceres, árvores do sub-bosque, a cerca de 1.5 metros 2003; Cerqueira et al., 2003; Prevedello, et al., de altura, instaladas conforme as indicações 2008). O norte do estado de Santa Catarina de Graipel et al. (2003). Cada parcela recebeu apresenta diversas fitofisionomias da Mata 25 armadilhas do tipo Sherman (10 x 11 x 25 Atlântica e, entre elas, se destaca a floresta cm) e 25 do tipo Tomahawk (30 x 10 x 11 cm), de restinga (Araújo e Lacerda, 1987). Esse alterando os modelos entre o sub-bosque e o ecossistema é extremamente ameaçado devido solo. No intervalo de cinco estações (uma a cada ao intenso impacto causado principalmente 50 m) também foi instalada uma armadilha pela exploração imobiliária, resultado de sua tipo Tomahawk maior (45 x 16 x 16 cm) no localização na região litorânea, próximo ao solo, totalizando 55 armadilhas por parcela. As nível do mar (FATMA, 2014). Este estudo armadilhas permaneceram abertas por cinco teve como objetivo caracterizar a riqueza de noites consecutivas em cada campanha. As pequenos mamíferos não voadores em dife- iscas foram compostas por uma mistura de rentes ambientes das florestas de restinga do amendoim triturado ou creme de amendoim, Parque Estadual Acaraí, que se localiza na banana e farinha de milho, além de pedaços de planície litorânea da ilha de São Francisco do bacon. Nas armadilhas tipo Tomahawk a isca Sul, no nordeste de Santa Catarina, região sul foi colocada sobre uma rodela de milho verde. do Brasil (Fig. 1). O Parque possui área de Os indivíduos foram identificados e marca- 6667 ha, incluindo o Arquipélago de Tambo- dos com anilhas (11 x 2.5 mm, National Band retes. O clima da região é caracterizado como and Tag Company, modelo 1005-1) e soltos no subtropical úmido (Cfa), sem estação seca mesmo local de captura. Os espécimes que não definida, com verão quente (média <25 ºC) puderam ser identificados em campo, ou que PEQUENOS MAMÍFEROS EM RESTINGAS DO SUL DO BRASIL 369 Fig. 1. Área de estudo demonstrando a delimitação do Parque Estadual Acaraí e do módulo PPBio Mata Atlântica. foram encontrados mortos, foram coletados e um tem sua própria particularidade e, além tombados no Acervo Biológico Iperoba (ABI) disso, torna possível a comparação com um da Universidade da Região de Joinville, Uni- número maior de estudos (Magurran, 2004). Os dade São Francisco do Sul, Santa Catarina. A cálculos e gráficos foram feitos com o auxílio identificação foi realizada utilizando literatura dos programas EstimateS 9.1.0 (Colwell, 2015) específica (Bonvicino et al., 2008; Paglia et al., e Statistica 8.0 (StatSoft, Inc., 2007). 2012), além da identificação prévia a partir O esforço amostral total foi de 7700 ar- de um inventário já realizado no parque, que madilhas-noite, sendo 3850 em cada estação. demostrou por meio de análises citogenéticas Devido ao grande número de interferências a ocorrência somente de Akodon montensis e ocorridas nas armadilhas no inverno, causadas Oligoryzomys nigripes (Balieiro et al., no pre- por mamíferos de médio porte, principalmen- lo). Os procedimentos de coleta, marcação e te o mão-pelada (Procyon cancrivorus) e o captura foram autorizados pela licença SISBio cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), optamos Nº 38976-1, Parecer Técnico FATMA/PAEAC por não computar as armadilhas que sofreram Nº 07/2011 e aprovado pelo comitê de ética esta influência. Sendo assim, o esforço efeti- da Universidade da Região de Joinville Parecer vo no inverno foi de 2612 armadilhas-noite, do Nº 003/2012. totalizando 6462 armadilhas/noite. O sucesso Para estimar a riqueza de espécies do PA- total de captura foi de 2.78%, sendo 5.93% EAC foi utilizado o método de Bootstrap, no inverno e 0.64% no verão.

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