GUILHERME DE ALMEIDA Dediquem a Ela; Que Não Mintam, Nem Intriguem, Que Ii Tenham Um Objectivo Defi­ Na Pura Fase Parnasiana Nido

GUILHERME DE ALMEIDA Dediquem a Ela; Que Não Mintam, Nem Intriguem, Que Ii Tenham Um Objectivo Defi­ Na Pura Fase Parnasiana Nido

P r e ç o 1 5 0 0 Quinta-feira, 31 de Março de 1955 Ano I — N.» 5 cSemanauo TVT INFORMAÇÃO •• CULTURA • • RECREIO Proprietário, Administrador e Editor REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO -RUA JOSÉ JOAQUIM MARQUES, 48 - A DIRECTOR --------------------------- M O N T I J O --------------------------- v. s. MOTTA PINTO COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO - TIPOGRAFIA «GRAFEX» - MONTIJO RUY DE MEN D ONÇA 6 ADA região é uma pá­ teza do que nascer em Lis­ secular, a cuja sombra amiga O que este amigo havia C tria. Aquele que não boa. Nada nos liga, nada nos haviam descansado muitas compreendido, é, afinal, a ama a região onde une à terra onde nascemos, gerações, às quais ele se razão mais profunda do amar V z é n ie a nasceu, nunca poderá amar pois ela é terra de todos.» sabia, e sentia, ligado por ao lar, à terra e à região. a Pátria. Este amigo, que assim esse laço indestrutível que é Na Vida, o homem é o Assim, tudo o_ que contri­ sentia, havia elegido como a cadeia dos nossos mortos. representante último dos da (iapital buir para ligar o indígena à terra sua a aldeia de seus Na pia baptismal onde sacrifícios, das dores e das região, é sempre contribui­ pais e avós, a «sua aldeia». levara os filhos, haviam-se alegrias, de todos os que (Pelo Redactor ROLLIN DE MACEDO ção em favor da Pátria. Vieram antes dele. Será mal Endereço postal: Apartado 96 - Lisboa) Por isso, bem haja «A Pro­ formado se engeitar tal he víncia», agora aparecida, que rança, muito mais ViVa e se propõe defender a bela e muito mais honrosa do que Abertura rica região montijense. os dobrões luzidios ou as douradas libras do patrimó­ O Mundo de hoje precisa nio material da família a que de homens que acreditem pertence. Mais: se engeitar ser ele um bom mundo e se A unidade das pátrias a primeira herança, que títu­ eslorcem para torná-lo me­ obtem-se pela soma da di­ los pode apresentar para lhor ; homens para quem a versidade das regiões. receber a segunda?! honestidade não seja uma O que distingue uma de política mas o seu modo de outra região, eis a singula­ ser habitual, cujas cons­ ridade. Contribuir para que Lá, tudo lhe falava da fa­ curvado os seus antepassa­ O homem está mais ligado ciências se apeguem à razão essa distinção se afervore e mília. dos a receber a água que à terra do que pensa. e à verdade com segurança. mantenha, é, ou deve ser, a Lá, o pão era mais sabo­ purifica. E junto ao templo, Ajudá-lo a amar a terra, Homens que tenham a cora­ principal e maior tarefa dum roso, a água mais fresca, a quase sob a sua protecção, e a servi-la, é dignificá-lo. gem das suas convicções e se atrevam a proclamá-las, semanário regional. manhã mais clara, o entar­ o cemitério, «a terra da Ver­ Nesse amar, e nesse ser­ decer mais suave, dade», onde jaziam, até ao viço, todo o homem poderá ainda que o céu ameace cair e a Terra se abra em abis­ Lá, arrumado ao cunhal Juizo Final, todos os seus encontrar a razão mais funda mos ; que prefiram a honra Dizia-nos há pouco um de pedra da casa de seus próximos e distantes aVoen- e mais perfeita do seu pa­ à riqueza, a verdade aos amigo: «Não há maior tris­ avós, erguia-se o carvalho gos. triotismo. sofismas, a bondade à cobiça, a modéstia à vanglória, a humildade às grandezas. Homens que encontrem na vida a sua missão e se GUILHERME DE ALMEIDA dediquem a ela; que não mintam, nem intriguem, que ii tenham um objectivo defi­ na pura fase parnasiana nido. Homens que se atre­ vam a pensar por si mesmos Literatura Infantil e a sua evolução para o modernismo e que, mesmo rodeados de importunos, mexeriqueiros, po r ÁLVARO VALENTE fanáticos, patifes, perversos p o r A . ROSADO e imbecis, consigam conser­ Abordo nesta minha segunda dável ambiente, metralha­ var a sua fé em Deus e nos crónica um problema que há doras que matraque]aml Nas letras brasileiras, ainda Olavo Bilac não tinha elevados destinos da raça muito me anda na m ente: a — E a linguagem? literatura infantil. Que vernaculidadeI deixado de brilhar, fulgurantemente, na esteira que deixa­ humana. As tropelias da vida, porém, Assim, ainda a mocidade ram os seus lindíssimos sonetos e poemas, de inspiração sò hoje ma perm itiram fazê-lo, vem a falar a a escrever o bom fácil e harmoniosa, já Guilherme de Almeida surgia com A voz dos colegas embora já saiba que apenas o português... o mesmo sentido do ritmo, fluência de sonoridades e posso tratar pela rama, dada Ora veja m : sabendo escolher a melhor rima para atingir a perfeita Estão chegando às minhas a sua complexidade e latitude. — WonderfulT; Sitting Buli; mãos, jornais de vários pon­ — Não me conformo com o A ryat; Sexton Blake; Cow Boy harmonia nos seus versos. que para ai aparece em livros Verde; Red Joe; Sheriff; Ivate Talvez por muito ler os melhores poetas parnasianos, tos da província e dos quais e escritos destinados às Devan; Jeffers; Sporty; Hale... tanto do Brasil como de Portugal e da França, Guilherme respigo o que julgo de inte­ crianças. Seja-me perdoada e o mais que até a última pá­ de Almeida parece-se com alguns desses artistas na resse, fazendo uma revista esta afirmativa audaz em ra­ gina ou última linha se admira. de imprensa em miniatura. zão das intenções. expressão e sensibilidade. Os seus poemas, de então, — Quando não é todo este «Odemirense», colega de Analisando um pouco â la lindo preparo, lá aparecem os rescendem ao melhor paganismo amoroso, em frases de diable a fancaria literária com príncipes encantados, as fa­ notável fundo musical. Neles não falta o colorido da Odemira, vai iniciar os tra­ que se atrofia e atafulha o das, as harpias, as varinhas de imagem brilhante, os gritos da rima que canta no ouvido, balhos de constituição da intelecto da criança, o que conclão, — essa pleiade miste­ sociedade cooperativa por vemos ? riosa de minhocadas imagi­ deixando, a vibrar, como canção dolente para os sentidos nárias que põe o cérebro das mal despertos, uma onda de beleza que os nossos olhos acções, que será a proprie­ — Os animais voltaram a tária e administrador da- falar, como nos tempos da crianças em ponto de rebu­ retem e os nossos ouvidos recordam para sempre. çado I Maria Castanha. Ainda se quelé jornal. Simpática ini­ — E os titulos? Guilherme de Almeida foi dos poucos poetas que compreendia este regresso nas melhor soube empregar a maleabilidade da forma e da ciativa, que faço votos tenha fábulas de La Fontaine, quase Só os titulos são m ais do que suficientes para aterrar e apa­ expressão. A sua técnica, principalmente no soneto, quase realidade. todas firmadas num fundo «A Voz de Palmeia» vai moral e educativo. Hoje, porém, vorar o pensamento infantil ’ atingiu a perfeição da de Olavo Bilac, quer no desenrolar que se torna premente a pre­ Ora oiçam : da ideia, quer na felicidade do fecho. Amando a natureza, promover um acto de soli­ paração dos ahomens de ama­ «O desfiladeiro da morte»; e dentro dela a mulher, para ambas iam os seus pensa­ dariedade a favor dos des­ nhã» para as lutas que os es­ «Olho por olho, dente por den­ mentos poéticos, exaltando-lhes as graças e a formosura, protegidos : «O folar da peram, nada justifica seme­ te■ ; <tO rancho dos espectros»; Páscoa». lhante fantasia. «A caravana há-de passar»: na mais exacta moldura: «A gruta do Chefe Condor»; «A E não é sò «falar». Cantam, Futebol fazem versos, dançam, repre­ caverna dos diamantes»; «Os Nessa tua janela, solitário, sentam, são filósofos de con­ piratas negros», etc. etc.. ceitos profundos, e até dão — E as gravuras ? entre as grades douradas da gaiola, Nos dias de jogo, as mul­ conselhos á humanidade, — Até eu me horrorizo 7 teu amigo de exílio, teu canário tidões esgotam os campos pobres irracionaisI Ora espreitem: canta, e eu sei que esse canto te consola. de futebol depois de venci­ — Os assuntos giram sempre Barbaçudos arrepiantes, das as mais sérias dificul­ em volta de aventuras mira­ rostos patibulares, m asca­ dades de condução para lá bolantes. Lá aparecem os pi­ rados, figuras exóticas do cé­ E lá na rua, o povo tumultuário, ratas, os peles vermelhas, as lebre Far-West, e sempre pis­ ouvindo o canto que de aqui se evola, chegarem, já sabendo que tribos selvagens, as quadri­ tolas e mais pistolas, á cinta, crê que é o nosso romance extraordinário na volta as cousas serão lhas, os espiões, os bandidos, apontadas, engatilhadas, a que naquela canção se desenrola. ainda mais difíceis. os detectives, e tiros e mais disparar, a matar... Gritam, aplaudem, pro- tiros, pistolas e mais pistolas, e às veze8 para variar o agra­ (Continua na página 7) (Continua na página 8) (Continua na página 9) A PROVINCIA 31-3-955 M ONTIJO DIA A DIA Agenda Montijo agradecido vai no domingo profissional Médicos cumprimenlar o seu Presidente Dr. Ântónio ferreira da Trindade Tudo se conjuga para que abrirá a marcha, seguida nismos, com seus directores sidente do Clube Despor­ Rua Bulhão Pato, 42 a manifestação ao Sr. José da Sociedade Musical de e estandartes, assim como tivo de Montijo, Provedor Telef. 026131 — MONTIJO da Silva Leite, Presidente Sarilhos Grandes. vereadores e funcionalismo da Santa Casa da Miseri­ do Município, a realizar no Seguem-se o Orfanato municipal. córdia, Presidente da Socie­ Dr.

View Full Text

Details

  • File Type
    pdf
  • Upload Time
    -
  • Content Languages
    English
  • Upload User
    Anonymous/Not logged-in
  • File Pages
    10 Page
  • File Size
    -

Download

Channel Download Status
Express Download Enable

Copyright

We respect the copyrights and intellectual property rights of all users. All uploaded documents are either original works of the uploader or authorized works of the rightful owners.

  • Not to be reproduced or distributed without explicit permission.
  • Not used for commercial purposes outside of approved use cases.
  • Not used to infringe on the rights of the original creators.
  • If you believe any content infringes your copyright, please contact us immediately.

Support

For help with questions, suggestions, or problems, please contact us