Paulo Sérgio Bessa Linhares O Profeta E O Chocolate

Paulo Sérgio Bessa Linhares O Profeta E O Chocolate

1 PAULO SÉRGIO BESSA LINHARES O PROFETA E O CHOCOLATE DISPOSIÇÕES SOCIAIS E APETENCIAS NA TRAJETÓRIA DE JOSÉ DE ALENCAR Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA PAULO SÉRGIO BESSA LINHARES O PROFETA E O CHOCOLATE DISPOSIÇÕES SOCIAIS E APETENCIAS NA TRAJETÓRIA DE JOSÉ DE ALENCAR ORIENTADORA: PROF.ª DRA.ª IRLYS ALENCAR FIRMO BARREIRA Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Sociologia. FORTALEZA 2010 3 Paulo Sérgio Bessa Linhares O PROFETA E O CHOCOLATE DISPOSIÇÕES SOCIAIS E APETENCIAS NA TRAJETÓRIA DE JOSÉ DE ALENCAR Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Ciências Sociais do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará como requisito para obtenção do título de Doutor em Sociologia. Data da aprovação: _______/_______/2010. Banca Examinadora: _______________________________________________________________ Profª Drª Irlys Alencar Firmo Barreira (Orientadora) ______________________________________________________ Profª Drª Linda Gondim ______________________________________________________ Profª Mariza Veloso Motta Santos _______________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Henrique Martins _______________________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Crístian Saraiva Paiva 4 À Carla, Gabriel e Clarisse, que me mantém vivo. Porque a felicidade é uma arma quente. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço ao estimulo da professora Irlys Barreira, minha orientadora. De sua parte nunca faltara rigor e atenção. Agradeço a professora Linda Gondim, que discutiu comigo, pacientemente, detalhes que eu costumo esquecer. Agradeço, também, ao professor Jawdat Abu-El-Haj, que compartilhou comigo a atração pelos enigmas da Família Alencar. Agradeço aos grandes amigos Elcio Batista e Beth Jaguaribe, com quem dividi as incertezas neste percurso. Aos meus pais, Edgar e Ivolete, que me protegeram com suas orações. À Lauro Escóssia e Silvia, sempre atentos e amorosos. Ao amigo distante, mas sempre presente, Mário Magalhães, que me possibilitou estabelecer uma dialética em Mariguella e José de Alencar. A finalização deste trabalho só foi possível graças a amizade e dedicação da minha amiga Nathalia. 6 RESUMO Este trabalho analisa o momento formativo da literatura brasileira, a partir do estudo da trajetória política, literária e social de uma dos seus personagens fundadores, o escritor José de Alencar. Procura-se realizar uma aplicação empírica da teoria dos campos de Pierre Bourdieu, a partir de uma revisão crítica da mesma, mitigando os aspectos remanescentes Por meio da reconstituição do quadro de disposições e dos contextos de socialização a que elas foram submetidas, no caso de José de Alencar, procura-se entender o papel do escritor cearense na criação do que de Antonio Cândido chamou de sistema literário do Brasili Inicialmente, apresenta-se um pequeno histórico da família de José de Alencar, que lança luz sobre a trajetória do escritor no espaço social do Segundo Império, com suas posições e deslocamentos. Discute-se a carreira do romancista no nascente campo literário: seus contratos com o editor Garnier, as vendas dos direitos dos seus livros, a formação de um público leitor, as relações com a crítica e com as instâncias de prestígio.Trata-se de entender como este campo se formou, estruturando-se em estreita dependência do campo político – o que se evidencia na dupla vida de Alencar, simultaneamente literato e político. São analisadas as disposições, apetências e competências decorrentes da herança familiar do romancista: sua posição de membro da elite imperial; sua formação pela Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez amizades que seriam fundamentais para a sua carreira de jornalista; o peso do duplo estigma de “filho de padre” e tuberculoso; o físico debilitado, aliado a um temperamento irritadiço, que o tornavam alvo fácil da chacota dos adversários; e a verdadeira erupção que foi a emergência do movimento Realista, que tornaria os românticos como Alencar precocemente envelhecidos.no curso de sua trajetória social. Este quadro é confrontado com a autobiografia e as setes biografias produzidas sobre Alencar. Dessa construção (auto)biográfica surge a ilusão de que o escritor cearense seria um gênio romântico. Como alternativa a essa explicação, criticada por Bourdieu, a pesquisa propõe utilizar o conceito de “profeta”, elaborado por Max Weber no âmbito da teoria da religião, para se entender Alencar como criador de um campo de novas crenças, relativas à estética e ao papel do artista. Finalmente compara-se a estratégia adotada por Alencar com a posição assumida por Machado de Assis, que viria a ser, efetivamente, o criador do campo literário brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: JOSÉ DE ALENCAR, SOCIOLOGIA DA CULTURA, ROMANTISMO BRASILEIRO, SISTEMA LITERÁRIO, HABITUS, TEORIA DOS CAMPOS. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................11 CAPÍTULO 1 – JANUS E AS PORTAS DA INCERTEZA..........37 A família Alencar e a trajetória de José de Alencar no espaço social: posições, colocações e deslocamentos................................39 O Segundo Império: um mecenato tropical.......................................45 Um literato da elite imperial e o restrito mercado de bens simbólicos.............................................................................................51 CAPITULO 2 – AÇÃO E DETERMINISMO ESTRUTURAL NA SOCIOLOGIA DA CULTURA ...............................................................66 Bourdieu: a sociologia dos campos e o conceito de habitus..........70 Morin e a epistemologia da complexidade.........................................74 Crítica à trivialização da máquina social............................................80 A configuração no processo civilizador.............................................81 A sociologia da arte e o gênio criador................................................87 CAPÍTULO 3 – A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO ROMÃNTICO DE GÊNIO....................................................................................................89 O mundo dos Lamartines.....................................................................89 Mozart e Alencar em paralelo: os limites da invenção do gênio individual...............................................................................................90 O aparecimento no padrão biográfico do conceito de gênio da literatura brasileira...............................................................................95 Alencar, genial construtor da nação e da literatura brasileira.........98 8 CAPÍTULO 4 – COMO E PORQUE SOU ROMANCISTA: ALENCAR E A CONSTRUÇÃO DA ILUSÃO (AUTO)BIOGRÁFICA ......................104 Percurso de Alencar na escola..........................................................105 Alencar ledor.......................................................................................107 Alencar e as mulheres........................................................................110 A vida acadêmica................................................................................121 O Alencar jornalista............................................................................127 Alencar e o nascente mercado editorial...........................................135 CAPITULO 5 – A CONSTRUÇÃO BIOGRÁFICA...............................141 Os abridores de lata e as salsichas da realidade............................141 Gestão da Herança Simbólica e Introdução de Alencar no mundo da classe dirigente...................................................................................150 Os biógrafos de Alencar e a sombra da mula sem cabeça............157 A mão descarnada..............................................................................162 A rejeição da elite Imperial e o tardio casamento burguês............164 O curto ciclo nacional de um romantismo tardio............................167 CAPÍTULO 6 – DISPOSIÇÕES MÚLTIPLAS, APETÊNCIAS E COMPETÊNCIAS.................................................................................170 O liberalismo do senador: Instabilidade e habilidade política no universo familiar.................................................................................172 Uma trajetória escolar ascética.........................................................174 A educação sentimental de Alencar.................................................177 O Romantismo ascético como padrão de socialização..................179 Ascensão e queda de um político impaciente.................................185 9 A dupla queda de um político impaciente .......................................193 CAPITULO 7 – ALENCAR: PROFETA DE UM NOVO CAMPO........200 CAPITULO 8 – JOSÉ DE ALENCAR E MACHADO DE ASSIS: O BRASIL DOS REVOLTADOS E O BRASIL TRANSFIGURADO........209 A construção do campo literário no Brasil e o Meridiano de Greenwich...........................................................................................209 Alencar e a estratégia de criação da nacionalidade........................214 A decadência do velho chefe.............................................................215 O Brasil transfigurado de Machado de Assis..................................219 Alencar e a mimesis tropical.............................................................224 O herdeiro típico-ideal: Brás Cubas..................................................227

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