Contra As Invasões Bárbaras, a Humanidade. a Luta Dos Arara (Karo) E Dos Gavião (Ikólóéhj) Contra Os Projetos Hidrelétricos Do Rio Machado, Em Rondônia

Contra As Invasões Bárbaras, a Humanidade. a Luta Dos Arara (Karo) E Dos Gavião (Ikólóéhj) Contra Os Projetos Hidrelétricos Do Rio Machado, Em Rondônia

Universidade Estadual de Campinas – UICAMP Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH Departamento de Sociologia Renata da Silva Nóbrega Contra as invasões bárbaras, a humanidade. A luta dos Arara (Karo) e dos Gavião (Ikólóéhj) contra os projetos hidrelétricos do Rio Machado, em Rondônia. Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas sob a orientação do Prof. Dr. Fernando Antônio Lourenço e co-orientação do Prof. Dr. Arsênio Oswaldo Sevá Filho. Este exemplar corresponde à redação final da dissertação defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em 24 de abril de 2008. Banca examinadora: Prof. Dr. Fernando Antonio Lourenço (Orientador) Profª. Drª. Andréa Luiza M. Zhouri (titular – UFMG) Prof. Dr. Mauro de Mello Leonel Júnior (titular – USP/EACH) Campinas, SP Agosto, 2008 1 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO IFCH - UICAMP óbrega, Renata da Silva 669c “Contra as ‘invasões bárbaras’ , a humanidade: a luta dos Arara (Karo) e dos Gavião (Ikólóéhj) contra os projetos hidrelétricos do Rio Machado, em Rondônia” / Renata da Silva óbrega. - Campinas, SP: [s. n.], 2008. Orientador: Fernando Antônio Lourenço. Co-Orientador: Arsênio Oswaldo Sevá Filho. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciênci as Humanas. 1. Índios Arara. 2. Índios Gaviões. 3. Movimentos sociais. 4. Rondônia – Conflitos sociais. 5. Ji-Paraná, Rio (RO) – Barragem. I. Lourenço, Fernando Antônio. II. Sevá Filho, Arsênio Oswaldo. III. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. IV.Título. (cn/ifch) Título em inglês: “Against the barbarian invasions, humanity: Arara (Karo) and Gavião (Ikólóéhj) indigenous people against hydroelectric projects of Machado’s River, in Rondônia, Brazil” Palavras chaves em inglês (keywords): Arara Indians Gaviões Indians Social movements Rondônia – Social conflicts Ji-Parana, Rio (RO) - Barrage Área de Concentração: Sociologia, Trabalho, Cultura e Ambiente Titulação: Mestre em Sociologia Banca examinadora: Fernando Antônio Lourenço, Andréa Luisa Moukhaíber Zhouri, Mauro de Mello Leonel Júnior Data da defesa: 24-04-2008 Programa de Pós-Graduação: Sociologia 2 RenatadaSilvaNobrega "Contraasinvasõesbárbaras,a humanidade. A lutadosArara(Karo)e dosGavião(Ikólóéhj)contraosprojetos hidrelétricosdoRioMachado,emRondônia" Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamentode Sociologia do Instituto de Filosofiae CiênciasHumanasda Universidade Estadualde Campinassoba orientaçãodo Prof. Dr. FernandoAntônioLourençoeCo-orientação do Prof.Dr.ArsênioOswaldoSeváFilho. Esteexemplarcorrespondeà redação final. da dissertação defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em 24/ 04/ 2008. BANCA: ProtoDroFernandoAntônioLourenço(Orientador) i Prot.Or.AndréaLuisaMoukhaiberZhouri Prof.Dr.MaurodeMelloLeonelJúnior Suplentes: Q ProtoOr.LaymertGarciadosSantos ;J lÚ Prof.Or.EmíliaPietratesade Godói ::r rt Da o o Abril/2008 ~ Resumo A dissertação trata da luta dos Arara (Karo) e dos Gavião (Ikólóéhj) contra os projetos hidrelétricos do Rio Machado, em Rondônia. Esta mobilização foi iniciada nos anos 80 contra o projeto da Usina Ji-Paraná, suspenso em 1993, e permanece até os dias atuais, com a retomada do projeto da Usina Tabajara. Frente às estratégias da ELETRONORTE para a viabilização destes projetos hidrelétricos, baseadas no mascaramento do seu potencial de destruição e no silenciamento da mobilização popular contrária às barragens, os Arara e os Gavião têm se empenhado em denunciar esta tentativa de expropriação de seu território e de violação de seus direitos. A mobilização indígena tem implicações políticas que extravasam a luta anti-barragem e se configura em uma “política cultural”, tal como proposto por Alvarez, Dagnino e Escobar (2000), na medida em que os Arara e os Gavião contestam as noções dominantes de acerca do “desenvolvimento” e da “natureza” implicadas nos projetos hidrelétricos do Rio Machado e reivindicam para si uma condição de igualdade perante os brancos. Para estes povos indígenas, a luta anti-barragem tem se constituído em um espaço privilegiado de exposição de suas demandas e de questionamento da condição subalterna atribuída a eles pelos brancos, se configurando em luta por reconhecimento e autonomia, na qual o território é parte fundamental. Palavras-chave: Índios Arara (Karo); Índios Gaviões (Ikólóéjh); Rondônia – conflitos sociais; movimentos sociais; Rio Ji-Paraná - barragem. Abstract The dissertation deals with the struggle of Arara (Karo) and the Gavião (Ikólóéhj) indigenous people against hydroelectric projects of Machado’s River, in Rondônia, Brazil. This mobilization was initiated in the 80’s against the project of Usina Ji-Paraná, suspended in 1993, and remains until the present day, with the resumption of the project of Usina Tabajara. Front to ELETRONORTE strategies for enabling these hydroelectric projects, based on the masking of its potential for destruction and the silencing of the popular mobilization against the dams’ projects, the Arara and Gavião has been determined to denounce this attempt to expropriation of its territory in violation of their rights. The mobilization indigenous policies have implications beyond the anti-dam and is configured in a "cultural policy", as proposed by Alvarez, Dagnino and Escobar (2000), to the extent that Arara and Gavião contest the dominant notions of about the "development" and "nature" involved in hydroelectric projects in Machado’s River and claim for itself a condition of equality before the “whites”. For these indigenous people, the anti-dam struggle has been made in a privileged space of exposure of their demands and of questioning the condition subordinate assigned to them by whites, are setting up in fight for recognition and autonomy, in which the territory is a fundamental part. Key-words: Indians Arara (Karo); Indians Gavião (Ikólóéhj); Rondônia – social conflicts; social movements; Ji-Paraná’s River - barrage. 3 Para Sônia e Antônio, meus pais. Para Pedro Agamenon Arara e Heliton Tinhawambá Gavião. Em memória de Carlos Tavares dos Passos, Carlinhos. 5 “Eu quero o Rio Machado continuando do jeito que está aí. Pra eu preservar minha cultura, minha história. Eu não quero outra água não. Eu quero a mesma água. Eu quero achar a mesma pedra. Eu quero desviar da mesma pedra que está no meio do rio. Eu não quero outra água em cima daquela pedra, não.” Catarino Sebirop Gavião 7 Agradecimentos Sou grata: Aos Arara e aos Gavião, pelo voto de confiança na realização desta pesquisa. Agradeço pelo acesso às aldeias e pelas recepções sempre calorosas, regadas à makaloba , e à sua disposição em “se darem a conhecer” durante a pesquisa. A Catarino Sebirop Gavião, pelas fotos e pela colaboração para que a história aqui contada fosse registrada. A Pedro Agamenon Arara, pelo exemplo de resistência e pela acolhida, A Heliton Tinhawambá Gavião, pela amizade e por me guiar durante a pesquisa. A Célio Nakyt Arara, Ernane Nakaxiõp Arara, Heliton Tinhawambá Gavião, Iran Kávsona Gavião, Ronaldo Nakaxaxing Arara, Ruty Arara, Sebastião Kara’yã péw Arara Gavião e Zaquel Yayorõk Arara, pela ajuda com a tradução e transcrição dos textos indígena. A Fernando Antônio Lourenço, orientador, agradeço por aceitar o risco e por fazer o caminho até este texto muito mais tranqüilo. Sua participação foi bem maior do que acredita. A Arsênio Oswaldo Sevá Filho, co-orientador, sou grata por acompanhar esta pesquisa desde o começo, antes mesmo de pensarmos em orientação e pelo “socorro” prestado em Rio Branco, às vésperas do exame de qualificação e depois, com o exemplar de defesa, especialmente pela ajuda com o título. Aos dois, agradeço pela liberdade na condução da pesquisa e pelas contribuições ao texto, especialmente pela solicitude em revisar, corrigir e propor alterações, mesmo com prazos apertados. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de mestrado que permitiu a minha dedicação exclusiva à pesquisa. Ao Departamento de Pós-Graduação em Sociologia da UNICAMP, pelo auxílio financeiro durante a pesquisa de campo. A Christin, da Secretaria de Pós-Graduação da Sociologia, por resolver as burocracias necessárias. A José Jorge de Carvalho e Rita Laura Segato, pelas primeiras orientações e reflexões que resultaram nesta pesquisa e pelo carinho. A Mauro William de Almeida e Laymert Garcia dos Santos, pelas sugestões durante o exame de qualificação, e à Ándrea Zhouri, pela leitura crítica e sugestões apresentadas na defesa. Ao Movimento de Atingidos por Barragem, por me receberem em seu escritório em Brasília e me orientarem em Rondônia; sou especialmente grata a Alexânia Rossato e Wesley Ferreira. A Antonio Possamai, Betty Mindlin, Jair, José Bassegio, Luiz Bassegio, Mari Solange, Mauro Leonel e Ricardo Arnt, pela ajuda em juntar as peças do que acontecia em Rondônia na década de 80. À equipe do Setor de Educação Indígena de Ji-Paraná. Às funcionárias da Diocese de Ji-Paraná, Márcia e Eliane, que me receberam atenciosamente durante a pesquisa nos arquivos desta instituição. Aos colegas da Pastoral Indigenista de Ji-Paraná, pela acolhida fraterna. A Wolmir Bavaresco e Emília Altini, do Conselho Indigenista Missionário de Rondônia, pelo acesso aos arquivos do CIMI-RO. Às irmãs scalabrinianas, Ellen e Tânia, por liberarem a consulta aos arquivos do CEPAMI, em Ji-Paraná. A Juliano Rodrigues e Enrique Balbuna, do IBAMA em Ji-Paraná, pela colaboração e parceria. A Luis Novôa,

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