Amazônia Maranhense: diversidade e conservação Marlúcia Bonifácio Martins Tadeu Gomes de Oliveira Editores GOVERNO DO BRASIL Presidente da República Dilma Roussef Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Aloizio Mercadante MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Diretor Nilson Gabas Júnior Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação Ulisses Galatti Coordenador de Comunicação e Extensão Nelson Sanjad NÚCLEO EDITORIAL - LIVROS Editora Executiva Iraneide Silva Editora Assistente Angela Botelho Editora de Arte Andréa Pinheiro Apoio Técnico Tereza Lobão Instituição afiliada à Museu Paraense Emílio Goeldi Amazônia Maranhense: diversidade e conservação Marlúcia Bonifácio Martins Tadeu Gomes de Oliveira Editores Belém 2011 Produção editorial Iraneide Silva Angela Botelho Projeto gráfico e arte final Andréa Pinheiro Revisão Iraneide Silva Marlúcia Martins Catalogação e distribuição Coordenação de Informação e Documentação (CID/MPEG) Fotografia Leonardo Trevelin, Arquivo ICMbio/Gurupi, Maria das Graças Bichara Zoghbi, Tiago Freitas, arquivos do PPBio, Maria Patrícia L. Brito. Catalogação na Publicação - CID/MPEG Amazônia Maranhense: Diversidade e Conservação / Organizado por Marlúcia Bonifácio Martins; Tadeu Gomes de Oliveira – Belém: MPEG, 2011. 328 p.: il. ISBN: 978-85-61377-52-6 1. Diversidade – Brasil – Amazônia 2. Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) – Diversidade – Maranhão 3. Biodiversidade – Pesquisa – Maranhão 4. Clima – Caracterização 5. Recursos hídricos – Vazão – Maranhão 6. Manguezais – Conservação – Maranhão 7. Vegetação arbórea – Composição florística – Maranhão 8. Plantas medicinais – Maranhão 9. Dipteros – Vetores – Maranhão. I. Martins, Marlúcia Bonifácio, org. II. Oliveira, Tadeu Gomes de, org. CDD. 333.9509811 Copyright por/by Museu Goeldi, 2011. A reprodução total ou parcial desta obra é permitida desde que citada a fonte. Apresentação Bráulio Ferreira de Souza Dias Secretário de Biodiversidade e Florestas - Ministério do Meio Ambiente A Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente tem o prazer de apresentar à sociedade brasileira e, em particular, à comunidade amazônica a primeira edição do livro “Amazônia maranhense: diversidade e conservação”. Este extraordinário livro é resultado do esforço de vários pesquisadores da região, em colaboração com gestores do IBAMA e ICMBio, na organização da informação sobre a diversidade biológica, ameaças e iniciativas de conservação da porção mais oriental da Amazônia Brasileira. Esta região representa a primeira fronteira de desenvolvimento da Amazônia e tem sofrido as maiores pressões. Por sua vez a mesma guarda uma riqueza única em termos da biodiversidade nacional, que corresponde ao centro de Endemismo Belém. Dada à importância biológica das áreas remanescentes da Amazônia Maranhense grandes esforços têm sido feitos por parte do Ministério na sua conservação e este livro representa um marco importante neste empreendimento. Assim a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente sente-se honrada em poder colaborar na divulgação desta importante obra que desvenda a riqueza biológica da Amazônia maranhense, além de agradecer aos autores por tão profícuo trabalho e ao Museu Paraense Emilio Goeldi e ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, através do Programa de Pesquisa em Biodiversidade-PPBio, pela oportunidade desta excelente parceria entre a pesquisa e a gestão da biodiversidade. Apresentação Nilson Gabas Júnior Diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi Os esforços do Brasil na conservação da biodiversidade estão orientados para ações de comando e controle, de pesquisa e desenvolvimento. Avançar no conhecimento da biodiversidade é um passo fundamental para empreender formas de uso sustentável e conservação. As lacunas de conhecimento da diversidade biológica brasileira são grandes e mal distribuídas dentro do território Nacional. Até o presente momento, a Amazônia maranhense, que representa 3% do território amazônico brasileiro (cerca de 113 mil km2) tem sido um imenso vazio de conhecimento. Desde 2004, o Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação, através do Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental tem buscado reverter este quadro. Este livro, assim, representa um marco dentro desta iniciativa, condensando aspectos sobre o inventário da biodiversidade, seu estado de conservação e também trazendo reflexões importantes sobre os principais eixos de ameaça e das potencialidades regionais. Nesse contexto, o livro apresenta-se como um importante instrumento para orientar políticas públicas e atender aos anseios mais gerais da sociedade maranhense e nacional de entenderem o que é a Amazônia no Estado do Maranhão e como a conservação deste bioma pode contribuir para o desenvolvimento do Estado e do país como um todo. Prefácio Marlúcia Bonifácio Martins Tadeu Gomes de Oliveira A Floresta amazônica ocupa aproximadamente 5,4 milhões de Km2 e estende-se por oito países na América do Sul. A porção mais oriental do bioma atinge o Estado do Maranhão no Brasil. A Amazônia Maranhense possui 81.208,40 km2, representando 24,46% do território do Estado (IBGE, 2002), nela estão localizados 62 municípios. O Maranhão é o estado da Amazônia Legal que possui o menor grau de ocupação do espaço com áreas protegidas, apresenta alto grau de desmatamento e fragmentação florestal e um dos menores índices de desenvolvimento humano. Contextualizando este cenário de alto grau de pressão antrópica, o livro “Amazônia Maranhense: Diversidade e Conservação” concentra esforços para retratar a imensa importância biológica desta porção amazônica, discutir o estado de conservação das espécies e habitats e indicar estratégias de ação que possam reduzir a ameaça de extinção de muitas espécies da região que corresponde ao centro de Endemismo Belém, o mais ameaçado de toda Amazônia. Ao longo dos quinze capítulos apresentados no livro, evidencia-se, ainda que com resultados preliminares, a imensa riqueza biológica da área como um todo, com suas diversas fisionomias em habitats aquáticos e terrestres. No livro são tratados grupos de insetos (dípteros e abelhas), invertebrados aquáticos, peixes, répteis, aves e mamíferos e a analisadas tanto a vegetação das florestas de terra firme quanto das áreas de manguezais. Apesar da listagem não estar completa, até o momento já foram identificadas 109 espécies de peixes, 124 espécies pertencentes a 34 famílias de nove ordens de mamíferos e 503 espécies de aves para esta região do Estado, das quais 470 são residentes (não migratórias). Estas incluem desde o imponente gavião-real até a minúscula ‘Maria- caçula’, um dos menores passarinhos do mundo. A Amazônia maranhense é a área mais importante para sobrevivência de duas espécies de primatas, ambas extremamente ameaçadas e endêmicas da Amazônia oriental, o “Cairara Ka’apor”, Cebus kaapori, e o “Cuxiú-preto”, Chiropotes satanas . A quantidade de espécies ameaçadas, raras e endêmicas, nos mais variados grupos de animais e plantas atestam a importância biológica da região não só para o estado do Maranhão, mas para o país como um todo. É notório também o acelerado grau de degradação tanto das áreas florestadas como dos demais ambientes amazônicos do Estado. O livro dá atenção especial a Reserva Biológica do Gurupi (Rebio do Gurupi) – única unidade de conservação de floresta Amazônica de uso indireto do Estado. Já em 1998, esta reserva foi considerada a Unidade de Conservação mais ameaçada de toda a Amazônia, devido à conversão de parte de suas terras em áreas agrícolas e à exploração madeireira. Em seu capitulo final, dedicado a uma análise geral sobre a conservação da Amazônia maranhense propõem-se que a Rebio do Gurupi deva ser o foco central de políticas de conservação da biodiversidade na região, com o objetivo de interromper a perda da diversidade na Amazônia Maranhense. Junto com a recuperação da governança sobre a Rebio, urge uma abordagem de planejamento em escala paisagística para a região do oeste do Maranhão e leste do Pará. Nesta área localizam-se importantes Reservas Indígenas, que, junto com a Rebio, formam um bloco de terras florestadas a leste do rio Tocantins capaz de inibir a extinção de espécies que requerem grandes extensões de florestas primárias perenifólias. O Maranhão abriga povos indígenas de dois troncos linguísticos, o Tupi-Guarani e o Macro-Jê, o primeiro contando com os Guajajaras, Ka’apor e Awá/Guajá, presentes na porção amazônica. As áreas indígenas são únicas ainda não alteradas neste tipo de vegetação no Estado. Infelizmente por este motivo estas matas são alvos preferenciais por parte de madeireiras, o que representa a maior ameaça à existência e manutenção dos povos indígenas da área, notadamente dos Ka’apor e, em especial, dos Awá/Guajá, haja vista os Guajajaras já estarem consideravelmente aculturados. O Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), de abrangência nacional iniciou suas atividades nas regiões da Amazônia e do Semiárido, tendo o compromisso de ser implementado em todas as regiões e biomas brasileiros. Na Amazônia Oriental o programa atua nos estados do Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Em cada um dos estados foi escolhida uma área focal de pesquisa e no Maranhão esta área foi a Rebio do Gurupi. A atuação do programa na Rebio deve fortalecer as ações de gerenciamento da reserva através da oferta de informações sobre a biodiversidade resguardada pela Unidade e seu papel na manutenção da qualidade de vida local. Além disso, o saber sobre a biodiversidade, seus produtos e serviços podem oferecer
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