MARIO PEDROSA Atual

MARIO PEDROSA Atual

MARIO PEDROSA ATUAL Ministério da Cidadania, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Lei Municipal de Incentivo à Cultura — Lei do ISS apresentam MARIO PEDROSA ATUAL ORGANIZAÇÃO IZABELA PUCU GLAUCIA VILLAS BÔAS QUITO PEDROSA MARIO PEDROSA ATUAL 4 APRESENTAÇÃO IZABELA PUCU POLÍTIca e arte — TRAJETÓRIA E FORMAÇÃO INTELECTUAL 7 MARIO PEDROsa, UMA CRONOLOGIA QUITO PEDROsa 40 MARIO PEDROsa: UM HOMEM SEM PREÇO AracY AMARAL 49 MARIO PEDROsa E A POLÍTICA DaiNIS KAREPOVS 141 O EXÍLIO DE MARIO PEDROsa NOS ESTADOS UNIDOS (1938-1945) E CÍRCULOS DE INTELECTUAIS O NOVA-IORQUINOS MARCELO RIBEIRO VascONCELOS RI Á M U S MODERNIDADE CRÍTIca — OUTRO PROJETO PARA O BRASIL MODERNO 227 A REINVENÇÃO DA SEMANA DE ARTE MODERNA POR MARIO PEDROsa Tarcila FORMIGA 261 O LUGAR DE MARIO PEDROsa NA HISTÓRIA DO CONCRETISMO CARIOCA GLAUCIA Vilas BOas 289 MARIO PEDROsa: UMA INDISSOCIÁVEL RELAÇÃO ENTRE ARTE E POLÍTICA EM NOME DA REVOLUÇÃO CATHERINE BOMPUIS 324 LEITURA DA OBRA DE ARTE NA CRÍTICA DE MARIO PEDROsa MARTHA D’ÂNGELO 347 MARIO PEDROsa: FECUNDAR O OÁSIS GUILHERME WISNIK IMAGINAÇÃO MUSEAL E PÓS-MODERNIDADE 373 MARIO PEDROsa E as MUsas: REFLEXÕES SOBRE CRÍTICA E PROJETOS MUSEAIS SABRINA ParracHO 414 O MUSEU DA SOLIDARIEDADE COMO EXERCÍCIO EXPERIMENTAL DOS AFETOS CLAUDIA ZalDÍVAR (TRADUÇÃO DE ELILSON NascimENTO) 441 MARIO PEDROsa: IMAGINAÇÃO INSTITUINTE, MUSEUS E PÓS MODERNIDADE IZABELA PUCU 471 ARTE INDÍGENA, ARTE BrasilEIRA E A HISTÓRIA A CONTRAPELO DE MARIO PEDROsa PATRICIA CORRÊA 503 ALEGRIA DE VIVER, ALEGRIA DE CRIAR: A EXPERIÊNCIA DA ARTE COMO MODO DE VIDA POLLYANA QUINTELLA O RI 540 BIOGRAFIAS Á M U S 546 CRÉDITOS APRESEN- TAÇÃO Align-justify A presente publicação é fruto do curso Mario Pedrosa atual, que buscou estabelecer coletivamente um espaço de reflexão, debate e mobilização a partir do estudo crítico da atuação e do pensamento de Mario Pedrosa. Apesar de sua importância, o legado de Pedrosa é pouco conhecido na atualidade, sobre- tudo pelos jovens, e ainda que conceitos centrais no seu pen- samento venham sendo acionados com frequência no presen- te, eles normalmente aparecem descontextualizados, servindo a uma ou outra causa sem se fazer acompanhar de reflexão mais aprofundada. Militante político, crítico de arte, intelectual, escritor, Pedrosa foi fundamental para a constituição e o de- senvolvimento dos campos político, artístico e cultural brasi- leiros, com atuação intensa também no âmbito internacional. ÇÃO A Ao longo de sua trajetória, Pedrosa preocupou-se em desen- ENT volver e instituir um projeto político-cultural para o Brasil e S E afirmou seu compromisso com a construção de uma socieda- APR de democrática e igualitária no país, envolvendo-se ainda na renovação da crítica de arte, na invenção de associações, mu- seus, jornais e partidos políticos. Nascido em 1900, na cidade de Timbaúba, Pernambuco, e falecido em 1981, no Rio de Ja- neiro, atravessou o século XX como protagonista dos debates e movimentos mais importantes de seu tempo. Desdobramento do curso-laboratório homônimo, realizado em agosto de 2018 no Museu de Arte Moderna, com curadoria de Izabela Pucu e Glaucia Villas Bôas, o curso Mario Pedrosa atual, realizado no Museu de Arte do Rio, entre 14 de março e 6 de junho, contou com a colaboração de Quito Pedrosa na sua organização. Significou um gesto importante no sentido Align-justify de dar a ver o corpus de reflexões tecidas a partir da obra do autor, contribuições que atualizam seu legado no confronto com urgências e concepções do presente. A publicação, integrante da linha editorial da Escola do Olhar iniciada com a edição de cinco volumes em 2019, assume formato digital (e-book), o que permite seu compartilhamento gratuito e maior acesso possível a quaisquer pessoas. Foi organizada a partir da estrutura do curso e por isso está dividida em três sessões: Política e Arte — trajetória e formação intelectual de Mario Pedrosa, com contribuições de Quito Pedrosa, Aracy Amaral, Dainis Karepovs, Marcelo Ribeiro; Modernidade crítica — outro projeto para o Brasil ÇÃO moderno, com a participação de Tarcila Formiga, Glaucia A Vilas Bôas, Catherine Bompuis, Martha D’Ângelo e Guilherme ENT Wisnik; e Imaginação museal e pós-modernidade, integrada S E por textos de S abrina Parracho, Claudia Zaldívar, Izabela Pucu, APR Patricia Corrêa e Pollyana Quintella. Ao reunir de forma inédita 14 artigos de pesquisadores, pro- fessores, curadores e críticos que vêm trabalhando com o pen- samento de Pedrosa, a presente publicação confirma ainda a vitalidade de seu legado e a vigência de sua aposta na relação estrutural entre arte e política. Concepção que norteou inten- samente toda a sua existência, a relação entre arte e política enquanto estruturante do tecido social desponta hoje, talvez mais do que nunca, como ferramenta fundamental para enfren- tamento dos impasses mais urgentes da contemporaneidade. Salve Mario Pedrosa! Align-justify POLÍTI- CA E ARTE – TRAJE- TÓRIA E FORMA- ÇÃO INTE- LECTUAL Align-justify Mario Pedrosa, UMa CRONOLOGIA QUITO PEDROsa TE AR E ICA ÍT L PO 7/550 Align-justify MARIO PEDROsa, UMA CRONOLOGIA Quito Pedrosa As lembranças que se tem de um avô normalmente se mis- turam às próprias lembranças de infância e às histórias de fa- mília que, contadas e muitas vezes repetidas, logo se tornam mantras. Às vezes essas lembranças são ilustradas por foto- grafias em álbuns antigos e outras vezes contadas com even- tuais inclusões de detalhes novos, como se recoloríssemos fotos antigas em preto e branco tentando torná-las mais reais, contudo invariavelmente obtendo o resultado inverso. Assim, as histórias repetidas vão se transformando à base de peque- nos detalhes, como na brincadeira do telefone sem fio. Além das lembranças infantis, marcadas pela afetividade e TE pela admiração que meu avô causava à sua volta, ao longo AR dos tempos, tive contato com artistas, intelectuais, militantes E ou amigos profundamente afetados por sua influência. Meu avô, Mario Pedrosa, era admirado por sua inteligência, por ICA ÍT seu conhecimento, por sua curiosidade e pela capacidade L de debater com franqueza e respeito pelos interlocutores. PO Sua casa sempre foi o centro de encontros memoráveis e frequentes, uma verdadeira escola para os que tiveram a sorte de frequentá-la. No seu jeito de ser havia uma forma peculiar de humor, en- tranhada, por sua vez, de afetividade e resquícios de infância. Uma propensão a se divertir com o absurdo, com o que rom- pe com os padrões e com a insolência dos indomáveis, se ma- nifestava nas histórias que gostava de contar. Assim, fui encontrar em um comentário feito por ele sobre seus pais alguns traços que podem ser associados à sua 8/550 Align-justify MARIO PEDROsa, UMA CRONOLOGIA Quito Pedrosa personalidade. Dizia ele sobre o pai: “Guardou, no entanto, ao fim e ao cabo, uma pureza nativa, a capacidade de entusiasmos frequentemente ingênuos (que herdamos todos) e uma tolerância instintiva, tribal, para os transviados, como eu”. E sobre a mãe: “Todos nós, seus filhos, nos sentíamos protegidos por seu amor. As ideias, a inteligência, a encantavam muito mais que os sinais de riqueza e admirava os que as tinham. Era seu adorno predileto, que preferia ver nas pessoas e nos filhos. Gostava das carreiras públicas, que considerava em si, ingenuamente, como dedicadas ao bem comum, trazendo do berço sem dúvida certo desprezo feudal pelos negócios. (…) Dizia-se eu ser seu predileto, mas também TE sempre fora eu o mais distante, o que menos convivia em AR casa. E certamente, segundo seu juízo, o que mais sofria E pelas ideias, pela vida”. ICA ÍT Esses trechos são do texto “A pisada é esta”, que Mario escre- L veu em 1974 durante o último exílio na França. Percebe-se um PO tom algo melancólico que reflete um pouco do momento que vivia, com a saúde enfraquecida, com dificuldades financei- ras e após a dura experiência vivida no Chile com o golpe do Pinochet. O texto era o começo de um projeto de autobiogra- fia que foi interrompido quando voltou ao Brasil e retomou as atividades culturais e políticas de seus últimos anos de vida. No ano anterior à sua morte, minha avó Mary (pronuncia-se Meiri, à moda do sul dos Estados Unidos) escreveu uma breve cronologia que consta do catálogo de uma exposição feita em homenagem aos 80 anos de seu marido. Foi partir des- sa cronologia que muitos anos depois eu me dedicaria a um 9/550 Align-justify MARIO PEDROsa, UMA CRONOLOGIA Quito Pedrosa levantamento dos aspectos conhecidos da biografia de meu avô, para ser publicado no livro Primary Documents pelo Mu- seu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Minha tarefa era a de recolher os principais dados da vida e da obra de Mario Pedrosa e confirmar datas e lugares da sua trajetória. Outras pessoas tinham feito anteriormente o mesmo esforço, sem- pre a partir do texto original de minha avó. Nesta cronologia procuro consolidar as informações levantadas acrescentando material de entrevistas de Mario Pedrosa e de dissertações e teses publicadas sobre ele ao longo dos últimos anos. TE AR 1900-1916 — Nascimento no engenho. E Mudança para a Paraíba. Viagem à Europa. ICA ÍT Mario nasceu em abril de 1900, no Engenho Jussaral, em L Timbaúba, Pernambuco. Seu pai, paraibano, Pedro da Cunha PO Pedrosa, o décimo oitavo de uma família de 19 filhos, nascera na pobreza em uma nesga de terra rodeada de latifúndios de amigos e parentes. O avô paterno de Mario, originalmente um pequeno lavrador, havia tentado a sorte no comércio, o que o levou à pobreza e de volta à vida rural. Esse avô tinha um irmão padre a quem confiou a educação de Pedro, pai de Mario. Pedro da Cunha Pedrosa formou-se em direito e aliou-se a Venâncio Neiva, cacique político da região e leal a Deodoro da Fonseca.

View Full Text

Details

  • File Type
    pdf
  • Upload Time
    -
  • Content Languages
    English
  • Upload User
    Anonymous/Not logged-in
  • File Pages
    554 Page
  • File Size
    -

Download

Channel Download Status
Express Download Enable

Copyright

We respect the copyrights and intellectual property rights of all users. All uploaded documents are either original works of the uploader or authorized works of the rightful owners.

  • Not to be reproduced or distributed without explicit permission.
  • Not used for commercial purposes outside of approved use cases.
  • Not used to infringe on the rights of the original creators.
  • If you believe any content infringes your copyright, please contact us immediately.

Support

For help with questions, suggestions, or problems, please contact us