r , , 'JUSTINIA JOSE ·:._ l DA RO A r F ' -,..,_ ·~ ~ edição Ilustrada ,.t: , JUSTINIANO JOSE DA ROCHA BRASILIANA Volu~ J18 Direç4o: AJty DA MATI'A ELMANO CARDIM • • JU~rINIAN~ rn~í DA R~[HA ediçao ilustrada "' . COMPANHIA EDITORA NACIONAL SÃO PAULO -t Ur I i: :- ;) .,., , ,, , D- n O . '> I L (,l J I ,~ t ._: B () 1 tJ ,., 1: LI t · ~ . i.: , ü.l ..-e - 1- a:: S !:: Ç A O fl IZ G I S ·i ii O OI- iiJ~ ~>01' ANO ,4 9 6 f/ N ° _{/ (/J .Exemplar 0353 y,:., - ,\~-..t • ~-.:', [1 (l~ .~ (.,(.,:.! t -t~Ç\,>, ! 8rJ F~ Direitos reservados COMPANHIA EDITORA NACIONAL Rua dos Gusmõea, 689 - São Paulo 2, SP 1964 Impresso nos Estados Unidos do Brasil Printed m tAe Unifed Statu of Bradl "Foi o primeiro dos jornalistas brasileiros do seu tempo" Rio BRANCO, Efemérides fndice lntroduçt'Io . • . • • • . • . • • . • . • . • l Traços biogrdficos .. , •. , . • • • . • . • . • • • . • . • . • IS O jornalista . • . • . • . • • . • . • . l!I Inprensa livre, imprensa oficial e imprensa oficiosa . • . • . 29 Polltica do Rio da Prata . • . !17 O Parlamentar . • • . !19 O professor . .. , .. ..... ...........••. ............ , . ISl O escritor .............. .... ...... .. ..... , . 59 Justiniano e a p0lltica de conciliação . 65 Ação; re.ação; tramação . • . 77 Glória e ocaso de uma vida . • . 8!S Anexo: Nota I . .. .. • . • . 97 Nota II 101 Nota III 117 Nota IV ........•...... ... ...... , . .. •.. 1!11 Bibliografia de Justiniano José da Rocha . ....... .. : •.... 1!17 Obras consultadas . •.. ...• •.•.. .. ........ .. ..•.... 1!19 Jornais fundados por Justiniano José da Rocha . ·..... , .. 141 lndice onom~tico Ilustrações Introdução ORIGINA-SE tsTE TRABALHO de uma conferência feita no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em comemoração ao centenário da morte de Justiniano José da Rocha. Estudando a figura do grande jornalista do Segundo Rei­ na.do, na ação por êle desenvolvida na imprensa, nas letras e na vida pública, revivendo o homem através da sua corres­ pondência íntima e dos comentários sôbre êle feitos pelos con­ temporâneos, verificou o conferencista que Justiniano José da Rocha merecia ser melhor conhecido, para que sôbre a sua personalidade se viesse a formar um conceito justo, desfeitas muitas das dúvidas existentes sôbre a sua vida, retificadas algu­ mas inexatidões, revela.dos fatos e dados que pudesse11:1 contri­ buir para um melhor juízo de sua atuação na sociedade bra­ sileira e do seu papel de jornalista, que o foi por vocação, mar­ cando pelo seu valor uma época na imprensa brasileira. Passando assim de conferência a livro, esta biografia de Justiniano José da Rocha não podia deixar de ressentir-se, nessa mutação, das falhas que apresentam em geral as obras que não foram planificadas com a sistemática que lhes é pró• pria. Tôda biografia, observou André Maurois, toca à História, pela reconstituição do momento em que se situa a vida da figura evocada. E, também, toca à Moral, pela revelação do caráter do biografado, das suas fraquezas e das suas virtudes, com a análise dos aspectos humanos que o caracterizam e mar­ cam a sua projeção nos acontecimentos em que foi parte ou em tômo dêle se processaram. A vida de um jornalista como Justiniano não pode ser decifrada e explicada somente pelo que publicou nas colunas dos seus jornais. Intérprete de um partido, sem nunca haver 2 JUSTINIANO JOSÉ DA ROCftA abandonado as suas fileiras, ora estava com o govêrno, ot-a estava em oposição. Não podia de1xar de ser contraditório consigo mesmo e se forem esmiuçadas as suas opiniões certo ficará rompida a linha ideal de coerência de quem por tanto tempo doutrinou a vida pública do país. Compreende-se beta essa ondulação na esteira rígida dos princípios se se levar em conta a identidade de idéias com que nos seus programê\s os dois únicos partidos do Império traçavam a linha politi~a da nação brasileira. Por isso mesmo, não foi raro que membr()s dêsses dois partidos pudessem servir a um ou ao outro, tnl.t­ dando de legenda conforme as circunstâncias os atraíssem pat'a o govêmo ou os impelissem para a oposição. O que, em regra, predominava no espírito dêsses políti• cos;· entre os quais alguns foram grandes estadistas, era o emp~­ nho em servir ao país, com sentimento de ver.dadeiro patri()_ tismo, que se positivava no alto nível a que se elevou, no longo período da monarquia, a vida pública brasileira. :t certo que para isso concorria decisivamente a figut-a central de Pedro II, com sua austeridade, sua devoção à causa públic~ seu amor ao estudo e ao trabalho. Tudo no Brasil girava então em tôrno do monarca, exemplo de probidade, de modéstia, de brasilidade. A "ditadura da moralidade" que pra­ ticou pode ter sido, em alguns poucos casos, exagerada, moti­ vando por isso possíveis injustiças. Mas o bem que fêz à naçãcr, como modêlo de conduta superior, com o rigor de vigilância inflexível sôbre os que serviam ao país com a ponderação e o bom senso que o norteavam no desempenho da sua missão imperial, todo o conjunto de qualidades pessoais que possuía êsse êmulo de Marco Aurélio se refletiu na vida pública nos cinqüenta anos de reinado que tanto dignificaram o Brasil. Justiniano José da Rocha teve, no período em que escre­ veu os seus jornais, uma indiscutível influência nos aconteci­ mentos políticos que se desenrolaram no país. Com sua inteli­ gência e sua cultura, servindo à causa de um partido, muito contribuiu para que na consciência nacional se consolidassem os princípios e postulados que haviam de assegurar à dem0-· êracia brasileira uma continuidade que não sofreu com a mu­ dança do regime em 1889, nem se alterou com as crises tantas INTRODUÇÃO vbes surgidas depois na vida republicana. Formou êle na plêiade dos grandes jornalistas brasileiros, que por sua doutri­ nação, a bravura com que defenderam sempre suas opiniões e a noção exata que tivet>am do ângulo em que se situ.tva o inte­ rêsse pátrio, constituíram fatôres valiosos na formação da nacionalidade, · Foi o nosso biografado um exemplo de fidelidade à sua vocação de jornalista. Nunca desertou da profissão que, como "túnica de Nesso", segundo êle mesmo disse, se lhe grudou às carnes para, na luta sem tréguas com dificuldades e necessidades, levá-lo afinal a um fim inglório, após vinte e cinco anos de atuação no cenário em que representou e ao qual imprimiu a marca indelével do seu grande talento e da sua bela cultura. Estêve presente, com a sua brilhante pena de jornalista, nas principais fases da luta da liberdade corp a autoridade, por êle analisadas no seu famoso ensaio Ação; reação; transação, pois estreou na imprensa em 1836 e seguiu a evolução política do Império até 1861, ano em que suspendeu a publicação do seu último jornal, para morrer no ano seguinte. Foi assim uma testemunha, e, mais do que isso, ativo participante dos acon­ tecimentos pela colaboração ou pela crítica da suà pena, quer como jornalista, quer como escritor político. A democracia brasileira muito deve ao seu pensamento, à sua fé e ao seu patriotismo. Foi aplaudido e foi combatido e, no balanço do julgamento público, mais vítima de injustiças do que alvo de compensações. Em vida, quando ferviam as paixões e se jogavam os inte­ rêsses partidários, era natural que assim fôsse. Hoje, um século decorrido da sua morte, uma refletida e imparcial reconstituição dessa vida quase esquecida pode procurar a verdade, que ~ sempre o objetivo da História, para com ela e através dela se retratar a figura de Justiniano José da Rocha, com serenidade, compreensão e justiça. :1 Traços biográficos " "UM DOS TALENTOS MAIS BRILHANTES que adornaram as letras e o jornalismo da nossa terra, o Dr. Justiniano José da Rocha, escrevendo a vida do ilustre Marquês de Baependi, enun­ ciou um conceito que não pode ser contestado em sua generali­ dade, quando acusou de ingrato e esquecedor o povo brasileiro. Com efeito, é uma triste realidade. Nem o passado nem o futuro do país atrai entre nós a atenção pública, que des­ cuidosa se deixa absorver na contemplação dos sucessos e dos homens do presente. Para os acontecimentos do passado - dêsse passado ainda tão recente, mas tão fértil em grandes exemplos e lições proveitosas -, só há esquecimento e indife­ rença da parte de quase todos, e até escámeo e ridículo da parte de muitos." Essas palavras são do Barão do Rio Branco, ao escrever, ainda aluno da Faculdade de Direito de São Paulo, a biografia do General José de Abreu, Barão do Cerro Largo, herói esque­ cido das campanhas do Sul, nas duas primeiras décadas do século pa~ado. O conceito do biógrafo de Manuel Jacinto Nogueira da Gama, Marquês de Baependi, e que tanto calou no espírito de Rio Branco, pode aplicar-se ao próprio Justiniano José da Rocha, grande jornalista do Segundo Império, cujo centenário de falecimento foi comemorado em 10 de julho de 1962. Na lembrança dos nomes do passado, dos que foram grandes nos campos da vida pública por êles escolhidos, Justiniano é dos mais esquecidos e injusto o desconhecimento da sua ação, como imperdoável o olvido em que jaz na galeria dos mais no­ táveis jornalistas brasileiros. Sua pena estêve sempre a serviço do Partido Conservador, que defendeu e amparou com calor e inteligência, jamais de- 6 JUSTINIANO JOSÉ DA ROCHA sertando das suas fileiras, mesmo quando em desac6rdo com os seus correligionários. Poucas, muito poucas compensações teve, no entanto, em face de tal dedicàção, o devotado jorna­ lista, que morreu esquecido, sem honrarias, a braços com a miséria. ·· Rio Branco, nas Efemérides, diz ter sido Justiniano "o pri­ meiro dos jornalistas brasileiros do seu tempo", em contrário à opinião de Joaquim Nabuco, que dá essa primazia a Fran­ cisco Otaviano, a seu ver detentor da "pena de ouro da im­ prensa".
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