UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO – CAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA MESTRADO EM LINGÜÍSTICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ALUNO: JOSÉ FERREIRA DA COSTA ORIENTADOR: Profa. Dra. NELLY CARVALHO Linguagem figurada em passagens bíblicas Recife, PE, 2006. 156 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO – CAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA MESTRADO EM LINGÜÍSTICA Linguagem figurada em passagens bíblicas Dissertação produzida pelo aluno José Ferreira da Costa, no Programa de Pós- Graduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Pernambuco, sob a orientação da professora, doutora Nelly Medeiros de Carvalho, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística. Recife, julho de 2006 157 “Com palavras governamos os homens”. Disraeli (1804 – 1881) Contarini Freming. I, 21 (Apud Dicionário de Citações, Paulo Rónai) “Pouco val(em) coração, astúcia, e siso, se lá dos céus não vem celeste aviso”. (Camões, Lusíadas: II – 59) “Também eu... era em minha juventude inexpedito de língua e ativo de mãos; hoje, porém, após a experiência, vejo que, entre os mortais, é a língua, não as obras, que em tudo guia”. Sófocles (497 – 406 a. C) Filoctetes (Tradução do Pe. E. Dias Palmeira). 159 À minha família. À professora que me alfabetizou, de cujo nome e fisionomia não mais me recordo, minha gratidão e minha lembrança. Ao Pe. Nércio J. B. Rodrigues, meu professor de Francês por quatro anos e um grande amigo, enquanto aqui esteve. Minha comovida gratidão. 160 AGRADECIMENTOS A Deus, ao seu Filho e Irmão maior; a Maria de Nazaré, a mãe espiritual da humanidade. À professora Nelly Carvalho, minha professora em duas disciplinas do Mestrado, orientadora em todas as horas e amiga paciente. Ao prof. Marlos Pessoa, pelo incentivo e sugestões. Ao prof. Luís Eduardo Carvalheira de Mendonça, mestre e amigo. Ao prof. Júlio Vilanova, pelas ajudas. Aos funcionários da Secretaria – Diva e Eraldo, pela disponibilidade, presteza e amizade. A todos os meus ex-professores e ex-professoras, em todos os espaços por onde passei. 161 RESUMO Nem tudo que acontece à volta das pessoas é perceptível por elas. Talvez esta afirmação se encaixe no que se refere à questão do poder. Ele permeia as relações sociais, está presente de alguma forma onde seres humanos se encontram para fazer alguma coisa, entretanto, nem todos percebem que alguns têm mais poder que outros. Assim, o poder envolve uma autêntica rede de relações e eventos. E esta constatação nos leva a uma idéia básica: como usar o poder com inteligência, isto é, como usar o poder em benefício próprio, quando este for o caso, e quando o utilizar em benefício da maioria, das grandes causas sociais. O que está em jogo no jogo do poder é: como usar determinadas porções de poder em prol dos que dele necessitam, sem eliminar os opositores, sem transformar o exercício do poder em autoritarismo, sem esmagar os que fazem o contraponto ao poder que, na prática, justifica nossa existência e a validade dos nossos desejos de poder. Mas como exercer o poder, senão discursivamente? Então o poder não existe por si só, ele só existe na sociedade, nas relações sociais. E aqui entra um outro poder que está inseparado das diversas formas de poder: o poder da língua. A língua, não simplesmente como um código, ou como um instrumento de comunicação ou de “transmissão” de idéias. Mas a língua como um constructo social e histórico, como uma entidade produtiva, como dialogia e interação, como o espaço privilegiado do exercício das relações sociais, com todas as implicações daí decorrentes. E o poder e o poder da língua, da linguagem, poderá ter mais ou menos eficácia, a depender dos recursos estilísticos ou retóricos utilizados no discurso. Este trabalho objetiva proceder a uma análise interpretativa de algumas passagens do Antigo e do Novo Testamento, com base em teorias que nos pareceram suficientes, adequadas para analisar o corpus escolhido. O corpus tem por base um dos livros mais interessantes e lidos da humanidade e encontramos nele os dois pilares básicos da nossa dissertação: as relações de poder e as figuras de retórica. Os resultados obtidos pela análise empreendida dão sustentação às hipóteses da pesquisa. Palavras-chaves: poder, língua, retórica. 162 ABSTRACT People are not able to perceive all things that happen around them. Perhaps this statement perfectly fits the concerns related to the issue of power. It permeates social relations and it is somehow found wherever people get together to do something, although not everybody perceive some have more power than others. Thus, power involves an authentic net of relations and events, and this consideration takes us to an essential idea: how to use power with intelligence, that is, for one’s own benefit, when that is the case, or when to use for the benefit of a common cause, that is, for great social demands. In respect to the subject of power, the real point is how to use certain portions of power in favor of those who are in need, without eliminating opponents, without turning the use of power into any form of authoritarianism, without destroying those who are in counterpoint to the power that, in practice, justify our own existence and the validity of our desire for power. But how to exercise power, if not discursively? For it dos not exist in itself, but within society, in social relations. And here we come to a point clearly related to a plenty of other forms of power exercise: the power of language. Language, not simply meant as a code or an instrument for communication or transmission of ideas, but as a social and historical construct, as a productive entity carried out by means of dialogism and interaction, a privileged space for social relations, with all implications derived from that. Thus the power and the power of language may be more or less effective, depending on rhetorical or stylistic resources applied in discourse. This paper aims at proceeding an interpretative analysis of some passages from the Old Testament and the New Testament, based on theories that seem to us properly sufficient to help us to accomplish our goal. Our corpus is taken from the one of the most popular and interesting books of all mankind, where we can find the two basic aspects to be focused on this dissertation: relations of power and figures of rhetoric. The results obtained from the analysis are consistent with the hypothesis of the research. Keywords: power, language, rhetoric. 163 SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO 1 – METODOLOGIA.....................................................................06 1.1 – Hipóteses .............................................................................10 1.2 – Objetivos..............................................................................10 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................13 2.1 – Conceitos de poder ..............................................................13 2.1.1 – O poder da língua.................................................................18 2.1.2 – Características do poder ......................................................23 2.1.3 – O poder e as relações sociais ...............................................24 2.1.4 – O poder e os conflitos de interesse......................................26 2.2 – LINGUAGEM FIGURADA .......................................................28 2.2.1 – Linguagem figurada e persuasão.........................................30 2.2.2 – Linguagem figurada e o estudo de algumas figuras ............31 2.2.3 – Diferentes concepções de metáfora segundo a tradição .....46 2.2.4 – A Teoria Conceptual de Metáfora de Lakoff e Johnson (TCM) .....83 2.2.5 – A Teoria da Fusão Conceptual de Fauconnier (TFC) ............87 2.3 – RETÓRICA ............................................................................92 2.3.1 – Funções retóricas.................................................................94 2.3.2 – Retórica e construção de sentido.........................................98 3 – ANÁLISE DO CORPUS......................................................... 102 3.1 – Visão geral dos dados ........................................................ 102 3.2 – Visão geral do corpus......................................................... 102 3.3 – Análise das diversas figuras e da retórica nas teorias da tradição e com base na teoria retórica de Reboul............. 104 4 – Considerações finais .......................................................... 147 5 – Bibliografia geral................................................................ 148 5.1 – Obras constituintes do corpus ........................................... 148 5.2 – Obras de consultas (Dicionários) ....................................... 148 5.3 – Referências bibliográficas.................................................. 150 164 INTRODUÇÃO O homem inventou a linguagem e a língua porque precisou delas. Sem elas, talvez não tivesse sobrevivido na face da terra. E por que conseguiu? Houve sucesso porque o homem desenvolveu a capacidade de pensar, de memorizar, de acumular conhecimentos, de elaborar, enfim. Da mesma forma, o homem, desde seu surgimento até os dias de hoje, inventou a infinidade de instrumentos que hoje conhecemos. Assim, a humanidade, nas diversas dimensões de seu longo e penoso desenvolvimento (histórico, social, intelectual, espiritual, científico, tecnológico, cultural) construiu para si variadas formas de compreender os fenômenos humanos ou os eventos a eles relacionados.
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