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Carteira Safra Top 10 Março 2021 Panorama Macroeconômico O cenário internacional foi bastante influenciado pelo avanço dos preços das commodities e expectativa de novos estímulos fiscais nos EUA, que combinados ao avanço da vacinação, levaram o mercado a precificar um cenário de reflação global, com as taxas dos títulos públicos americanos mais longos avançando, apesar da sinalização do Federal Reserve de que deverá manter a política monetária afrouxada por um período prolongado. Em nossa opinião, acreditamos que pressões inflacionárias relevantes nos EUA devem ocorrer apenas a partir de 2022. No Brasil, o cenário político, após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado que elegeram candidatos alinhados com o governo, a discussão foi dominada pela pressão para novos pagamentos de auxílio emergencial em um cenário de grave deterioração da pandemia e dificuldade de avanço do programa de vacinação. O ministro da economia, Paulo Guedes, sinalizou que os gastos resultantes desse novo programa seriam realizados “extra” teto de gastos em um estado de calamidade que deve eximir o governo do cumprimento das metas fiscais. Ao mesmo tempo, o ministro sinalizou a intenção de aprovar a criação de um regime fiscal extraordinário que seria estabelecido futuramente caso fosse necessário acionar novos estados de calamidade e se os gastos públicos obrigatórios ultrapassassem determinado patamar, acionando gatilhos de congelariam salários de servidores. Entretanto, o Congresso ainda discute o texto da emenda constitucional que precisa ser aprovada para tornar essa expectativa realidade. Ao mesmo tempo, o senso de urgência deve fazer com que o pagamento do novo benefício aconteça já nas próximas semanas. Por fim, a decisão de trocar o comando da Petrobras por parte do presidente Bolsonaro provocou temores de que o governo pudesse se afastar da orientação liberal na política econômica. Ainda assim, não acreditamos em uma guinada populista do governo. A necessidade de mandar um sinal mínimo de compromisso com a recuperação da trajetória de dívida pública deverá sempre permear as decisões de política econômica. Entretanto, reconhecemos que o mercado seguirá sensível a possíveis ações que contradizem essa expectativa, piorando a percepção de risco e levando ao aperto das condições financeiras. Com relação à atividade econômica, estimamos que o PIB brasileiro, a ser divulgado essa semana, tenha crescido 3,2% no 4T20 frente ao trimestre imediatamente anterior após ajuste sazonal. Desta forma o PIB de 2020 terá contraído 4,1% em relação a 2019, mas a atividade econômica estaria apenas 1,1% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado é um carrego estatístico de 3,6% para 2021. No entanto, a evolução do PIB em 2021 continua cada vez mais incerta, em face à demora da vacinação e a anúncios recentes por parte do governo que podem impactar negativamente as condições financeiras da economia brasileira. Por ora, mantemos nossa projeção para o crescimento do PIB esse ano em 4,0%, à espera do resultado a ser divulgado essa semana, mas reconhecemos o viés de baixa nessa expectativa. O real perdeu valor ao longo de janeiro, refletindo a incerteza do cenário político e fiscal local. O Banco Central elevou o estoque de swaps para US$ 71,09 bilhões (de US$ 69,09 bilhões anteriormente). Além disso, fez leilões de spot que totalizaram US$ 3,08 bilhões. Como resultado, a moeda encerrou o mês a R$ 5,53/US$, ante R$ 5,48/US$ no final de janeiro, depreciação de 1,03%. Embora o cenário base ainda considera que a taxa de câmbio encerre o ano a R$ 5,00/US$, a taxa média de câmbio deve ficar mais pressionada, com implicações para a precificação de ativos e para a inflação. Sobre a inflação, o IPCA-15 de fevereiro registrou variação de 0,48%, muito próximo da nossa projeção e no ano, acumula alta de 1,26% e, nos últimos 12 meses, a taxa subiu para 4,57% (de 4,30% até janeiro). Apesar de pouca diferença no headline, destacamos por um lado, os desvios altistas em alimentação no domicílio e bens industriais e, na direção oposta, destacamos inflação abaixo do estimado no grupo de serviços (refletindo ainda o cenário de pandemia). Assim, parte dos riscos altistas que estávamos monitorando, em particular decorrente da aceleração da inflação dos bens industriais e das consequências da piora nas condições sanitárias dos suínos na China sobre os preços da cadeia proteica, se materializaram. Ademais, tivemos alta relevante de preço dos combustíveis que não deve ser revertida totalmente ao longo do ano. Pressão de câmbio e preços de commodities explicam esse movimento. Dessa forma, revisamos nossa projeção de inflação para o ano para 3,9%, de 3,4% Com relação à política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve iniciar a normalização da política monetária na próxima reunião em 17 de março. Há motivos importantes para Copom aumentar os juros já em março, apesar da incerteza a respeito de vários fatores importantes para a decisão, com destaque para os efeitos da pandemia sobre a atividade. Entre os fatores contribuindo para um aumento da Selic estão os juros reais negativos, o provável aumento de gasto fiscal por conta do auxílio emergencial sem contrapartidas que compensem essa elevação, e a possível aceleração da economia americana com implicações para as taxas de juros de longo e curto prazo naquele país, da mensagem dovish emitida pelo Fed. Ademais, os eventos políticos recentes também elevaram a preocupação com a piora estrutural da economia, com deterioração das condições financeiras que resultam em piora da percepção de risco, taxa de câmbio mais depreciada e pressão na inflação. Assim, esperamos que o Banco Central eleve a taxa Selic em 50 pontos-base na próxima reunião, conduzindo a taxa de juros à 2,50%. Por fim, o ciclo de aperto monetário deve levar a Selic a 4,0% no 3T21. Priscila Deliberalli Economista Carteira Safra Top 10 Ações Para o mês de março, fizemos alguns ajustes na Carteira Recomendada, reduzindo o número de papéis. As alterações que fizemos passaram pelos setores de Serviços financeiros, Siderurgia, Shoppings e Utilidades Básicas.. Em Serviços financeiros, retiramos as ações do Itaú Unibanco, pois enxergamos mais oportunidades de retorno em outros nomes do setor bancário no curto prazo. Em Siderurgia, incluímos as ações da Gerdau, pois acreditamos que a companhia continuará a se beneficiar da demanda favorável e da reposição de estoques na cadeia, que ainda estão baixos. Além disso, os aumentos de preços feitos ao longo do ano passado devem continuar a se refletir positivamente nos resultados. Em Shoppings, retiramos as ações do Iguatemi, tendo em vista a possibilidade de impactos sobre as suas operações dados os efeitos do distanciamento social fruto da segunda onda de contágio do Covid-19. E Em Utilidades Básicas, retiramos as ações da Energisa seguindo um movimento de redução de ativos da carteira, apesar de acreditarmos nos bons fundamentos de médio de longo prazo da empresa. Adicionalmente, fizemos o aumento de exposição a Vale, B3, Bradesco, Pão de Açúcar e CCR. Luis F. Azevedo Cauê Pinheiro Sílvio Dória Estrategista Estrategista Estrategista Participação Setorial jan-21 fev-21 mar-21 Construção Civil 0% > 0% > 0% Consumo/Varejo 5% > 12% > 13% Utilidades Públicas 5% > 5% > 0% Serviços Financeiros 35% > 37% > 36% Bens de Capital 0% > 0% > 0% Mineração 14% > 12% > 14% Papel e Celulose 0% > 0% > 0% Petróleo 14% > 14% > 14% Siderurgia 0% > 0% > 7% Transportes 9% > 7% > 8% Saúde 9% > 8% > 8% Educação 0% > 0% > 0% Shoppings 5% > 5% > 0% Telecomunicações 4% > 0% > 0% Recomendação para Março Cot. Fech. Preço-alvo Potencial Código Companhia Setor 26/02/2021 P/L 2021E Peso Anterior Peso Atual (R$/ação) valorização (R$/ação) BBDC4 Bradesco Financeiro 23,1 35,0 52% 8,4x 12% 14% BBAS3 Banco do Brasil Financeiro 28,1 56,0 100% 4,8x 10% 10% B3SA3 B3 Financeiro 55,2 69,0 25% 25,5x 9% 12% VVAR3 Via Varejo Consumo / Varejo 11,9 27,0 127% 66,8x 5% 5% PETR4 Petrobras Óleo e Gás 22,2 29,5 33% 11,3x 14% 14% VALE3 Vale Mineração 94,4 98,0 4% 7,9x 12% 14% GGBR4 Gerdau Siderurgia 25,7 - n.a. 11,3x 0% 7% FLRY3 Fleury Saúde 26,7 38,0 42% 21,7x 8% 8% PCAR3 Grupo Pão de Açúcar Consumo / Varejo 83,8 102,0 22% 13,8x 7% 8% CCRO3 CCR Transportes 11,3 18,7 65% 16,6x 7% 8% Fonte: Estimativas Safra & Bloomberg Exclusão Energisa (ENGI11) Utilidades Básicas Excluímos Energisa da nossa carteira recomendada seguindo um movimento de redução de ativos na carteira. Apesar da empresa apresentar fundamentos sólidos e boa performance operacional, acreditamos que outros papéis podem oferecer retornos mais atrativos no curto prazo. A Energisa segue como um case interessante para investidores de longo prazo e baseamos nossa tese em (i) crescimento sólido do EBITDA esperado no médio prazo resultante do processo de recuperação da Ceron e Eletroacre; (ii) gestão familiar de excelência com histórico centenário de atuação no segmento de distribuição de energia e sucesso em processos de recuperação de empresas; e (iii) iniciativas em braços de negócios alternativos como linhas de transmissão, geração solar e distribuída (Alsol), e a iniciativas no segmento de financeiro (Voltz). Itaú Unibanco (ITUB4) Serviços Financeiros Estamos retirando Itau Unibanco da carteira recomendada deste mês por questões de alocação tática. Enxergamos mais oportunidades de retorno em outros nomes do setor bancário no curto prazo, o que fez com que optássemos por excluir Itau. Porém, lembramos que ainda gostamos de Itau como um case de investimento. No último mês, o banco divulgou seu guidance para 2021, com bons números, especialmente em PDD, que deve cair de R$30,2 bilhões para uma faixa entre R$21,3 bilhões e R$24,3 bilhões, abaixo de nossas expectativas (de R$26,2 bilhões).

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