O Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa tem a honra de convidar V. Ex.ª a assistir ao Ciclo de Conferências “Evocação do início das Operações de Contra-Insurreição em Angola (1961) ” promovido pela Secção Ciências Militares e pela Secção de Antropologia. 13 de Abril – 17h30 – Prof. Cat. João Pereira Neto “O Factor Antropológico – Uma Perspectiva Sócio-economica” 2 de Maio – 17h30 – General José Sousa Lucena “A Acção Militar nos Dembos – Um Testemunho” Rua das Portas de Santo Antão, 100 1150-269 LISBOA Tel.: 21 3425401/5068 - Fax 21 3464553 [email protected] www.socgeografialisboa.pt O Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa tem a honra de convidar V. Ex.ª a assistir ao Ciclo de Conferências “Evocação do início das Operações de Contra-Insurreição em Angola (1961) ” promovido pela Secção Ciências Militares e pela Secção de Antropologia. 21 de Outubro de 2011 – 17h30 – Major General Heitor Hamilton Almendra “Os Paraquedistas na contra-subversão em Angola” 28 de Outubro de 2011 – 17h30 – General Aleixo Aurélio Corbal “O Poder Aéreo na contra-subversão no Ultramar” Rua das Portas de Santo Antão, 100 1150-269 LISBOA Tel.: 21 3425401/5068 - Fax 21 3464553 [email protected] www.socgeografialisboa.pt O Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa tem a honra de convidar V. Ex.ª a assistir ao Ciclo de Conferências “Evocação do início das Operações de Contra-Insurreição em Angola (1961) ” promovido pela Secção Ciências Militares e pela Secção de Antropologia. 10 de Novembro de 2011 – 17h30 – Sr. Almirante Nuno Vieira Matias “O Poder Marítimo no inicio do conflito em Angola – 1961-1963” Rua das Portas de Santo Antão, 100 1150-269 LISBOA Tel.: 21 3425401/5068 - Fax 21 3464553 [email protected] www.socgeografialisboa.pt 1 A acção militar nos Dembos: um Testemunho Exmo Senhor Prof. Doutor Aires Barros, Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa Exmo Senhor Prof. Doutor Vermelho do Corral, Presidente da Secção de Antropologia. Exmo Senhor Ten.General João Carlos Geraldes, Presidente da Secção de Ciências Militares Exmo Senhor Ten.General António Gonçalves Ribeiro, Director do projecto em que se integra esta minha intervenção Minhas Senhoras e meus Senhores Começo por me manifestar honrado com o convite do Senhor Presidente da Sociedade de Geografia para integrar no ciclo de conferências organizado pela Secção de Ciências Militares o meu testemunho como participante na acção militar numa área dos DEMBOS, no período inicial da guerra em Angola. Haverá decerto outros contributos porventura mais esclarecedores da evolução da situação militar naquela região, no período conturbado em questão, nomeadamente a partir da ocupação de NAMBUANGONGO e da PEDRA VERDE em Agosto de 1961. O meu batalhão – Batalhão de Caçadores 186, auto intitulado “Batalhão do Aço”, nome pelo qual ficou mais conhecido – apenas entrou em quadrícula nos DEMBOS em Junho de 1962. Na então Província Ultramarina de Angola, após os acontecimentos da BAIXA DE CASSANGE em Janeiro de 1961, seguidos dos ataques em LUANDA às cadeias e esquadra da Polícia em Fevereiro, a previsível rebelião liderada por organizações independentistas tinha culminado, a partir de 15 de Março, com os hediondos massacres no norte. 2 Embora as autoridades militares em Angola já viessem a alertar o Governo Central sobre a escassez das forças armadas presentes na Província, tendo em vista a previsão da eclosão e posterior alastramento do conflito, só em 13 de Abril Salazar, investido nas funções de ministro da Defesa, uma vez demitido Botelho Moniz, proclamou a célebre frase: “Para Angola rapidamente e em força”. A barbárie associada à sublevação de 15 de Março contribuíra decisivamente para credibilizar as posições do regime baseadas na força das armas para derrotar os revoltosos. E foi assim que, a partir de então, começou a mobilização em larga escala de unidades metropolitanas para Angola. O Batalhão de Caçadores 186, cujo comando e as suas subunidades tinham origem em Unidades Mobilizadoras diferentes, concentrou-se no Campo de Instrução Militar de Santa Margarida em Junho de 1961, onde se organizou e realizou a instrução de conjunto adequada ao tipo de missões que iria desempenhar. Em 18 de Julho partíamos de Lisboa a bordo do navio “Moçambique”, onde seguiam também o Batalhão de Caçadores 185 e 2 Companhias do Batalhão de Caçadores 184. Dez dias depois desembarcávamos em LUANDA. Tendo este meu testemunho como tema a acção do Batalhão de Caçadores 186 nos DEMBOS, não me alongarei na descrição da sua actividade operacional na área de LUANDA, onde permaneceu nos primeiros 10 meses da comissão. O comandante do Batalhão, Tenente-Coronel Gouveia Pessanha, foi nomeado comandante interino do Sector 5 que englobava a cidade de LUANDA e uma zona de quadrícula periférica. Este Sector pouco depois foi extinto, sendo criado o Comando do Sector L que deixou de ter responsabilidade sobre a zona de quadrícula, e mantendo o comando do Batalhão de Caçadores 186 como Comando do Sector, tendo, como do antecedente, subordinadas unidades da guarnição normal. No entanto, as suas companhias de caçadores 187, 189 e 192, chegaram a ser atribuídas temporariamente como reforços a outros Comandos de sector para a realização de determinadas operações. O Plano de Operações que criou o Comando de Sector D, com sede em QUIBAXE, em Maio de 1962, determinou a transferência, para esse Comando, do Batalhão de Caçadores 186 atribuindo-lhe uma zona de acção a Norte do Rio DANGE, que englobava as áreas de VISTA ALEGRE, CAMBAMBA e MUCONDO e sendo-lhe dada de reforço a Companhia de Cavalaria 149. 3 Após a rendição nas missões de segurança e defesa de LUANDA e feitos os preparativos e os contactos com as unidades a render na nova zona de acção, o Comando do Batalhão e as suas subunidades instalaram-se, entre 17 de Junho e 8 de Julho: o Comando e a Companhia de Comando e Serviços na Roça BOM DESTINO a 3 Km de VISTA ALEGRE, a Companhia de Caçadores 187 em VISTA ALEGRE, a Companhia de Caçadores 192 em CAMBAMBA, a Companhia de Cavalaria 149 em MUCONDO e a Companhia de Caçadores 189 na Roça S. PAULO. Os povos dos DEMBOS, de origem bantu, pertencem ao grupo etno-lingístico Quimbundo. Na nossa zona de acção distinguiam-se 2 sub-grupos: os Macambas e os Mahungos, embora nalgumas zonas se verificasse já alguma fusão. Em toda essa área da responsabilidade do Batalhão, assim como nas áreas contíguas, todas as sanzalas estavam abandonadas e as populações mantinham-se refugiadas nas densas matas desde que, como reacção vingativa à barbárie dos massacres iniciados em 15 de Março do ano anterior, muitas dessas populações tinham sido também alvo de massacres como represália. A este respeito cito Franco Nogueira no seu livro “Salazar, a Resistência”: “De repente está criado um clima de suspeita, de ódio entre raças: os brancos vêem em cada negro um possível terrorista; os negros vêem em cada branco um homem que se quer vingar e que agora mata sem hesitar. Deste modo, e além das atrocidades dos assaltantes, assumem gravidade o ataque preventivo e a retaliação indiscriminada de brancos sobre negros e destes sobre aqueles”. 4 Até ao fim de Junho apenas a Companhia 187 desenvolveu actividade operacional relevante. As Companhias 192 e 149 estavam em sobreposição com as que iam render e a 189 ainda estava fora do Sector. A entrada em acção da Companhia 187 foi efectivamente determinante para a exemplar prestação operacional do Batalhão de Caçadores 186 nos DEMBOS. Em 27 de Junho, 10 dias apenas após a sua chegada à zona de acção, pelas 5 da manhã, aproveitando os indícios dum caminho batido encontrado quando 5 dias antes montou uma emboscada na região do CAMBEGE, e que coincidia com as declarações de um prisioneiro, o Comandante da Companhia decidiu seguir pelo mesmo caminho, procurando atingir um possível refúgio do Inimigo. Esta acção que se desenvolveu até às 10 horas do dia seguinte, conduziu à descoberta e destruição do QUARTEL ESPIRITUAL DO DANGE, o mais importante – como se veio a verificar depois – de toda a área entre os rios LUICA e DANGE e onde nessa altura se encontravam o chefe BOMBOKO FERRAZ MAHINGA o seu “parceiro” SIMÃO LUCAS, que se intitulava “Delegado e Defensor de Angola” e cuja influência político-religiosa sobre os povos refugiados nas matas se verificou ser preponderante. As nossas tropas fizeram algumas mortes, provocaram pânico e capturaram volumosa e importante documentação. Só mais tarde se verificou em toda a sua extensão a importância deste êxito que marcou o início da desorganização e desmoralização dos guerrilheiros desta área: BOMBOKO fugiu para a região de CÓLOA-QUINGUENDA, tudo indicando não mais ter voltado à região do DANGE; SIMÃO LUCAS que propagandeava a sua invulnerabilidade e a do QUARTEL ESPIRITUAL, atribuindo-se predicados sobrenaturais com o que explorava o sentimento supersticioso dos nativos, viu-se obrigado a fugir para junto do DANGE, a Sul de QUIMBUENDE DE QUIPENENE, e posteriormente para Sul daquele rio. O seu prestígio foi rudemente abalado, facto que em muito o deve ter prejudicado quando da sua dissidência da UPA, depois verificada. A UPA, já então transformada em FNLA, continuou, no entanto, a ser conhecida na região pela sua sigla original. No mês seguinte há a assinalar a Operação “VAI AÇO”, efectuada para a ocupação da região da sanzala de ZEMBA, onde as nossas tropas não tinham ainda chegado desde o início dos acontecimentos, e que se revestia de particular importância para o estabelecimento de uma base que permitisse bater uma extensa área até aí inacessível, em virtude do afastamento das bases existentes. 5 A operação, que decorreu da madrugada de 23 de Julho até ao fim da tarde de 24, foi iniciada pela Companhia 192, progredindo por caminhos gentílicos de leste para oeste, enquanto a Companhia 189, seguida da Companhia 149 progrediam em meios auto até à aproximação do objectivo, no sentido de oeste para leste.
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