FABIO FONSECA O BESTIÁRIO MEDIEVAL NA GRAVURA DE GILVAN SAMICO Brasília/2011 1 FABIO FONSECA O BESTIÁRIO MEDIEVAL NA GRAVURA DE GILVAN SAMICO Texto apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Linha de Pesquisa de Teoria e História da Arte. Orientadora professora Dra. Maria Eurydice de Barros Ribeiro Brasília/2011 2 Fabio Fonseca O bestiário medieval na gravura de Gilvan Samico Dissertação apresentada ao Instituto de Artes da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Artes Visuais. Linha de Pesquisa: Teoria e História da Arte. Orientadora professora Dra. Maria Eurydice de Barros Ribeiro. Profª. Dra. Maria Eurydice de Barros Ribeiro – UnB/IdA Presidente Profª. Dra. Maria Filomena Coelho – UnB/HIS Examinadora Prof. Dr. Pedro Andrade Alvim – UnB/IdA Examinador Brasília/2011 3 Agradecimentos Agradeço às instituições que apoiaram a realização do mestrado. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado que possibilitou seu desenvolvimento. A Fundação Universidade de Brasília (FUB) pelo apoio concedido, por meio de editais disponibilizados pelo Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação, para apresentação de trabalho em evento científico e pelo financiamento da entrevista feita com o artista. A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) pelo apoio concedido por meio de edital para apresentação de trabalho em evento científico. Agradeço à professora Dra. Elisa de Souza Martinez e à professora Dra. Sara Amélia Almarza, pelas leituras e discussões em suas disciplinas e pelas considerações precisas feitas na banca de qualificação, que contribuíram de modo fundamental com o desenvolvimento dessa pesquisa. Agradeço às colegas de pesquisa, professora Cintia Falkenbach, professora Geórgia de Castro, Isabel Candolo e professora Lisa Minari, e à colega da teoria literária, professora Zuleica Souza Porto, pelo apoio e pelas discussões. Agradeço principalmente à minha orientadora, professora Dra. Maria Eurydice de Barros Ribeiro, por todas as considerações que contribuíram com o direcionamento desse trabalho, pelo apoio, pela paciência e por acreditar nessa pesquisa. 4 O sol... há de brilhar mais uma vez a luz... há de chegar aos corações do mal... será queimada a semente e o amor... será eterno novamente é o juízo final, a história do bem e do mal quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer Nelson Cavaquinho – Juízo final 5 Resumo O objetivo desse texto é investigar a continuidade de temas medievais nas gravuras do artista Gilvan Samico, por meio da memória coletiva, segundo o conceito de Maurice Halbwachs. Estuda-se a obra de Samico nos processos sociais pelos quais o artista passou, de modo a inserir suas gravuras em um contexto antropológico, espacial e temporal. Os entendimentos referentes à cultura popular e erudita e os trânsitos do artista entre ambas são meios para a compreensão dos processos de hibridação geradores de sua obra. Na perspectiva de entender as gravuras de Samico voltadas para a formulação de uma identidade, é observada a manifestação de uma identidade regional alinhada com as idéias de deslocamento identitário da pós-modernidade. A abordagem de suas gravuras por uma investigação sobre a sobrevivência das imagens, segundo Warburg, releva as questões de repetição e transformação das formas. Os deslocamentos temporais são pontos que contribuem com o entendimento das incorporações das imagens e dos conteúdos pelo artista. A obra de Samico permite estabelecer um diálogo, encontrado na contemporaneidade, entre arte e religião, e a condução desses pontos por meio da memória coletiva. Procura-se demonstrar como os processos de memorização desenvolvidos na Antiguidade e na Idade Média contribuíram com a construção de formas e conteúdos. Como a memória coletiva atuou em um sentido de transmissão de imagens e temas que são manifestos na obra do artista. Temas sagrados e profanos presentes em suas gravuras tiveram como elemento condutor a literatura bíblica e oral. Investiga-se a transmissão de temas hagiográficos e épicos considerando as questões de continuidade e mobilidade sobre esses temas. Palavras-chave: História da arte, Gilvan Samico, xilogravura, memória coletiva, sobrevivências. 6 Résumé L‟objectif de ce texte est d'étudier la continuité des thèmes médiévaux dans les gravures de l'artiste Gilvan Samico, au travers de la mémoire collective, selon Maurice Halbwachs. Cette étude présente le travail de Samico afin d‟intégrer ses gravures dans un contexte anthropologique, spatial et temporelle, processus sociaux traversés par lui. La compréhension de la culture populaire et érudite et les allées-venues de l‟artiste entre elles sont des moyens pour comprendre les processus d'hybridation générateurs de son travail. Dans la perspective de comprendre les gravures de Samico visant à formuler une identité, on observe la manifestation d'une identité régionale résultant du glissement d'identité du à la postmodernité. L'approche de ses gravures par une investigation des survivances, selon Warburg, des images met en évidence les questions relatives à la répétition et la transformation des formes. Les glissements temporels sont des abordages qui contribuent à la compréhension de l'incorporation des images et des contenus par l'artiste. La gravure de Samico permet d'établir un dialogue, dans la contemporanéité, entre l‟art et religion, et la survivance de ces aspects dans la mémoire collective. La recherche démontre comment les processus de mémorisation développée dans l'Antiquité et le Moyen Age ont contribué à la construction de formes et de contenus. la transmission d'images et de thèmes dans l'œuvre de l'artiste est étudié sous le regard de la mémoire collective. Les thèmes sacrés et profanes présents dans ses gravures ont comme élément conducteur la littérature biblique et orale. La transmission des thèmes épiques et hagiographiques sont analysés par le biais de la continuité et de la mobilité de ceux-ci. Mots-clés: Histoire de l'art, Gilvan Samico, xilogravure, mémoire collective, survivances. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fig. 01– Gilvan Samico – Cena campestre, 1957. Xilogravura, 54,8 x 33 cm.....................................................................................20 Fig. 02 – Lívio Abramo – Espanha – Castilla Vieja, 1953. Xilogravura, 25 x 12,8 cm.....................................................................................21 Fig. 03 – Gilvan Samico – Juvenal e o dragão – 1, 1962. Xilogravura, 33,7 x 39,4 cm..................................................................................28/29 Fig. 04 – Gilvan Samico – Juvenal e o dragão, 1962. Xilogravura, 45 x 51,5 cm.....................................................................................29/62/126/129 Fig. 05 – Gilvan Samico – A espada e o dragão, 2000. Xilogravura, 93 x 48,7 cm.....................................................................................33/62/67 Fig. 06 – Gilvan Samico – A espada e o dragão, 2000. Detalhe...................................................................................................................34 Fig. 07 – Gilvan Samico – A espada e o dragão, 2000. Detalhe...................................................................................................................36 Fig. 08 – Gilvan Samico – Apocalipse, 1964. Detalhe...................................................................................................................54 Fig. 09 – Gilvan Samico – A espada e o dragão, 2000. Detalhe...................................................................................................................54 Fig. 10 – Gilvan Samico – Tentação de Santo Antônio, 1962. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 11 – Gilvan Samico – Apocalipse, 1964. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 12 – Gilvan Samico – O pecado, 1964. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 13 – Gilvan Samico – A luta dos anjos, 1968. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 14 – Gilvan Samico – A luta dos homens, 1977. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 15 – Gilvan Samico – A espada e o dragão, 2000. Detalhe...................................................................................................................59 Fig. 16 – Gilvan Samico – O triunfo da virtude sobre o demônio, 1964. Detalhe...................................................................................................................60 8 Fig. 17 – Gilvan Samico – O pecado, 1964. Detalhe...................................................................................................................60 Fig. 18 – Gilvan Samico – Apocalipse, 1964. Xilogravura, 36 x 50,8 cm.....................................................................................62/116 Fig. 19 – Gilvan Samico – A luta dos homens, 1977. Xilogravura, 84,5 x 46 cm.....................................................................................64/67 Fig. 20 – Gilvan Samico – A luta dos homens, 1977. Detalhe...................................................................................................................65
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