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Dália Maria de Sousa Gonçalves da Costa A INTERVENÇÃO EM PARCERIA NA VIOLÊNCIA CONJUGAL CONTRA AS MULHERES: UM MODELO INOVADOR? TESE DE DOUTORAMENTO EM SOCIOLOGIA UNIVERSIDADE ABERTA 2010 Dália Maria de Sousa Gonçalves da Costa A INTERVENÇÃO EM PARCERIA NA VIOLÊNCIA CONJUGAL CONTRA AS MULHERES: UM MODELO INOVADOR? TESE DE DOUTORAMENTO EM SOCIOLOGIA Especialidade de Sociologia da Família Tese orientada pelo Professor Doutor Hermano Carmo e pela Professora Doutora Luísa Ferreira da Silva UNIVERSIDADE ABERTA 2010 i Agradecimentos O meu reconhecimento é devido às pessoas entrevistadas por me darem o privilégio de reflectir com elas. Ao CONCIGO (Conselho Consultivo para a Igualdade de Género e Oportunidades) por me permitir viver a experiência de passar à acção a intervenção em parceria. À FCT e ao ISCSP por viabilizarem a realização da pesquisa contribuindo, respectivamente, com recursos financeiros e tempo. Ao CAPP pelo suporte financeiro viabilizando a participação em seminários e outros lugares de discussão de ideias com repercussões sobre o número de páginas reescritas e de ideias incrementadas. Aos orientadores científicos pela sua presença como referências, das quais fui eu que me perdi várias vezes, apenas por não olhar para eles enquanto andava à deriva. Aos meus amigos (Professores, Colegas e aqueles cujo laço é apenas a amizade). ii RESUMO A intervenção em parceria na violência conjugal contra as mulheres: um modelo inovador? Na modernidade, em que se valoriza a individualização, o afecto como base da família e a racionalização dos processos de garantia de direitos sociais, gera-se uma tensão entre família e Estado na definição dos limites da intervenção (pública) sobre a violência na família, entendida como reduto de privacidade. A interpretação da violência conjugal contra as mulheres como questão de género sustenta a intolerância em relação ao domínio masculino, definindo que compete aos Estados e não às famílias resolver este problema social. A parceria tem vindo a ser discursivamente apresentada como boa prática, representando empenho colectivo em lidar com o fenómeno, não obstante, são poucos os estudos sociológicos sobre a intervenção feita em parceria. Este estudo consiste em compreender se a intervenção em parceria traduz inovação, e em que dimensões, ou se corresponde a uma expectativa, presente nos discursos dos decisores políticos e dos actores sociais que pretendem mudar o sistema de apoio a mulheres vitimas de violência conjugal. Através de um estudo de caso (das cinco parcerias existentes em Portugal até Abril de 2008 e dedicadas à intervenção com mulheres vitimas de violência conjugal) percebemos que estes actores sociais inovaram na reorganização dos serviços e na melhoria das práticas de intervenção, investindo mais na dimensão tecnocrática do que na dimensão sociopolítica da intervenção. A racionalidade no agir, a participação social no âmbito local e a definição da violência conjugal como questão de género, traduzem uma faceta de modernidade mas a acção reflexiva e a valorização do conhecimento assente nas práticas de intervenção, não permitem em definitivo identificar estes actores sociais com o agir crítico nem afirmar a intervenção por eles realizada em parceria como inovação. Este estudo evidencia o desfasamento entre intenções e práticas das parcerias e entre acção e conhecimento do fenómeno da violência conjugal. Palavras-chave: Intervenção Social; Mulheres vítimas de violência conjugal; Parceria iii ABSTRACT Partnership tackling conjugal violence against women: an innovation model? In modernity, which values individualism, family formation and sustainability based on affection and the guarantee of social rights, there is one tendency to occur a tension between family and State in defining the limits of (public) intervention on violence in the family, understood as a bastion of privacy. The definition of violence against women as a gender issue is based on social intolerance towards male domination, defining the States and not the families, as responsible in solving this social problem. Partnership has been discursively presented as good practice, representing collective commitment to deal with the phenomenon, however there are few sociological studies addressing the intervention done in partnership. This study aim is to understand whether the intervention in partnership translates innovation, identifying its dimensions, or whether it corresponds only to an expectation of policy makers and social actors, willing to change the support system to women victims of conjugal violence. By developing this research, based on a case study (including the five partnerships organised in Portugal until April 2008 and dedicated to intervention with women victims of conjugal violence), we realize that these social actors are innovating in the reorganization of services and improvement of the intervention practices, but they are doing it by investing more in technocratic than on socio-political dimension of intervention. There are elements reflecting a facet of modernity, such as rationality in action, social participation at the local level addressing the issue and the definition of violence towards women as a gender issue. In spite of this, there is a lack of reflexive action and of knowledge development based on the practices of intervention. These elements do not allow us to identify these social actors as doing critical intervention and promoting innovation through partnership. This study highlights the gap between intentions and practices of partnerships and between action and knowledge of the phenomenon of marital violence. Key-words: Social Intervention; Women victims of conjugal violence; Partnership iv RÉSUMÉ Partenariat dans l'intervention sur la violence conjugale contre les femmes: un model innovateur? Dans la modernité, qui valorise l'individualisation, la constitution de la famille basée sur l'affection et la rationalisation dans la garantie des droits sociaux, il se génère une tension entre la famille et de l'État dans la définition des limites d'intervention (public) sur la violence dans la famille, comprise comme un bastion de la vie privée. L'interprétation de la violence contre les femmes comme une question de genre est sustentée sur l'intolérance de la domination masculine, définissant la résolution de ce problème social comme compétence des Etats, et non des familles. Le partenariat a été présenté discursivement comme une bonne pratique, qui représente l'engagement collectif pour faire face à ce phénomène, cependant, il y a peu d'études sociologiques sur l'intervention réalisée en partenariat. Cette étude a comme but comprendre si l'intervention en partenariat se traduit par l'innovation, et dans quelles dimensions, ou si elle correspond à une attente présente dans le discours des décideurs et des acteurs sociaux qui veulent s’engager dans le changement du système d’aide a les femmes victimes de violence conjugale. Basée dans une étude de cas (avec les cinq partenariats existants au Portugal jusqu'en avril 2008 et consacré a l'intervention auprès des femmes victimes de violence conjugale) nous nous rendons compte que ces acteurs sociaux ont innové dans la réorganisation des services et dans l'amélioration des pratiques d'intervention, mais ils ont investi leur davantage plus dans la dimension technocratique que dans la dimension sociopolitique de l'intervention. La rationalité de l'action, la participation sociale à l'échelle locale et la définition de la violence conjugale comme une question de genre, reflètent la modernité, mais ça ne se maintient dans la action réflexive ni dans le développement des connaissances basées sur les pratiques d'intervention. Ce pour ça qui ont ne peut pas identifier ces acteurs sociaux comme acteurs avec une intervention critique développée en partenariat capable d'innovation. Cette étude met en évidence l'écart entre les intentions et les pratiques dans les partenariats et entre l'action et la connaissance du phénomène de la violence conjugale. Mots-clés: Intervention sociale; Femmes victimes de violence conjugale; Partenariat v ÍNDICE GERAL Capítulo Página 11 INTRODUÇÃO PARTE I VIOLÊNCIA CONJUGAL CONTRA AS MULHERES Capítulo 1 A família na modernidade 26 1 Individualização e conjugalidade 27 2 A violência conjugal nos estudos sobre a família 34 Síntese 40 Capítulo 2 A violência conjugal contra as mulheres: do problema social ao fenómeno sociológico 41 1 De problema individual a problema social 42 2 A definição de violência conjugal 46 3 A teorização da violência conjugal 54 3.1 Contributos da perspectiva feminista 61 3.2 Contributos dos estudos de prevalência do fenómeno 65 3.3 Contributos da perspectiva individual 68 3.3.1 Porque é que elas ficam na relação? 73 3.3.2 Quando é que elas pedem ajuda? 77 3.3.3 Paradigma Criminal 82 4 A construção da violência conjugal num enquadramento de género: Perspectiva Cultural 85 4.1 O poder como variável na análise das relações de género 85 4.2 A perspectiva de género na conceptualização da violência conjugal 93 4.3 As propostas do feminismo para lidar com a violência conjugal 96 Síntese 101 vi Capítulo 3 Política Social da Violência Conjugal 102 1 Influências do quadro internacional dos direitos humanos 103 1.1 A filosofia de empoderamento da mulher 105 1.2 A acção no empoderamento da mulher 108 2 Influências do quadro da ‘nova’ política social 115 3 Modelos de intervenção 124 3.1 O modelo de parceria 132 3.2 Experiências de intervenção em parceria na violência conjugal 139 4 O processo de intervenção social

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