UFPE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CFCH – CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA PAULA MANUELLA SILVA DE SANTANA MARCAS DO GROTESCO NO TEXTO LITERÁRIO DE WASHINGTON CUCURTO, ONDJAKI E MARCELINO FREIRE: Alegorias de uma Modernidade Periférica Recife 2015 PAULA MANUELLA SILVA DE SANTANA MARCAS DO GROTESCO NO TEXTO LITERÁRIO DE WASHINGTON CUCURTO, ONDJAKI E MARCELINO FREIRE: Alegorias de uma Modernidade Periférica Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Sociologia. Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcondes Ferreira Soares Recife 2015 AGRADECIMENTOS Durante a elaboração desta tese sonhei um bocado. Em um desses devaneios noturnos, eu era a gota chuvosa de Cortázar. Aquela gota perseverante que não quer cair e se agarra com unhas de gota ao topo da janela. Já acordada, fiquei matutando sobre esse sonho. Se escorregar seria inevitável, para que tanto desespero? Percebi que sentia medo do ponto final. Zup. Plaf. Como a gota cortaziana, que se joga enquanto vibra escorregadia no vidro da janela até se espatifar, eu deveria desapegar. Mais do que isso: desprender. Soltar e gritar. Este ciclo finda para que outros se aprocheguem. Serenamente, como as gotinhas que se despedem, é preciso seguir. Mas eu não vou só, pois nunca caminhei sozinha. Estes agradecimentos são para todos aqueles que me acompanham, sem soltar a mão, mesmo ante a angústia da gota que se acaba. a minha mãe e ao meu irmão, que me ensinaram sobre afeto, lealdade e bom-humor; ao meu pai, que me deu livros, uma passagem de ida e a tranquilidade de saber que eu poderia voltar sempre, sem condicionalidades; a vovó Diva, que me é, sempre; a Caio, vento solar e estrela do mar, que me que me acalanta leve, como leve pluma; a minha cunhada e minha sobrinha, por estarem sempre por perto; a Acayne e Marcela, as minhas garotas, parceiras da minha existência mais insana e as quais sempre quero mais perto - não só do lado de dentro; ao meu Recife, que menos do que uma cidade são meus amigos divididos entre a escola, o CFCH, a PCR e a vida; a Nicole e CJ, que me ajudaram (ajudam) a dar o passo adiante no sertão, me acolhendo em um lar sem paredes; a Breno e Márcio, que foram os meus jacarés nas ondas de Enseada dos Golfinhos, a pizza de domingo, as gargalhadas, o desespero, o alento e os mais fiéis e divertidos despachantes quando do meu exílio; a Tony Apolinário, que deveria ter chegado antes, mas que trouxe de volta Hermeto Pascoal e Rage Against the Machine no momento certo. Amigo de incursões acadêmicas, de sonhos e que tem sido sempre uma inspiração, em vários aspectos; a Patrícia, pelas conversas e pelo carinho dividido no aconchego de nossas casas; aos amigos que visitaram nossa casa nova, no sertão, enchendo cada recanto de cor e vontade de estar perto; ao nossos amigos-vizinhos Kleyton e Angelita, por me presentearem com suas comidinhas cheirosas quando menos espero; a Izidro, por lembrar o quão valorosos e peraltas são esses bichinhos verdinhos; a Cucurto, gracias por la charla de la noche, por el corazón abierto y por enseñarme acerca de la belleza de ser humano; a Ondjaki, por partilhar poesia e crítica nesses anos todos; a Marcelino, por me mostrar que é preciso seguir sorrindo, mesmo sem saber para onde; a Rosa e Adelaide, por cruzarem o meu caminho além-mar com tanta generosidade e amor, fazendo Luanda ser possível; a Marcela Vergara Arias, por ter me ajudado com tanto carinho e presteza com as revisões e transcrições das entrevistas em espanhol; ao amigos da UFRPE-UAST, pela paciência e pelo amparo diligente a esta doutoranda à beira de um ataque de nervos; ao povo Pankararu, por me acolher nessa reta final e renovar o meu fôlego; a professora Inocência Matta, pela leitura zelosa do projeto desta pesquisa, quando da defesa e pela alegria, carinho e lembranças de sempre; aos Professores e Corredores do PPGS-UFPE, que deram asas às minhas ideias; a Vinícius e aos novos funcionários da pós-graduação, por abrirem caminhos iluminados por um sorriso; ao CNPQ, pela bolsa sem a qual eu não teria realizado as cartografias; a Eliane, Zuleide, Remo e Alexandre, membros que compõem a banca de exame dessa tese, pelos deslocamentos – físicos, cognitivos e afetivos – que delicadamente se propuseram a realizar, e, sobretudo, à Paulo Marcondes, o amigo que tem a gargalhada mais gostosa, e que desde a minha meninice foi sempre a voz que me acompanha durante as minhas leituras, os meus escritos e os livros em branco. Gratidão. "Ante todo, para vagar hay que estar por completo despojado de prejuicios y luego ser un poquitín escéptico, escéptico como esos perros que tienen la mirada de hambre y que cuando los llaman menean la cola, pero en vez de acercarse, se alejan, poniendo entre su cuerpo y la humanidad, una respetable distancia. Claro está que nuestra ciudad no es de las más apropiadas para el atorrantismo sentimental, pero ¡qué se le va a hacer!" (Roberto Arlt) RESUMO Por meio da inspiração encontrada na hermenêutica do distanciamento (Ricouer, 2008) e no processo de construção de cartografias (Deleuze & Guattari, 1994), busco, nesta pesquisa de tese de doutorado, pensar aproximações entre a sociologia e a literatura através de uma elaboração em torno da noção de grotesco (Bakhtin, 2010; Kayser, 2003) e da construção de alegorias (Benjamin, 2011) dentro do universo diegético das novelas Cosa de negros (2003), doescritor argentino Washington Cucurto; Quantas madrugadas tem a noite (2004), do escritor angolano Ondjaki e da compilação de contos Rasif: mar que arrebenta (2008), do escritor brasileiro Marcelino Freire. Travo um esforço para articular categorias tanto dos contextos sociais, quanto das sociedades internas de suas prosas, uma vez que pensar tais tensões significa dar conta das mudanças que se deram em ambas as esferas, numa via de mão dupla, abrindo caminho para a reflexão acerca de uma realidade social contra-hegemônica, repleta de particularidades e linhas fronteiriças. Palavras-chave: Sociologia da literatura; Cartografias; Alegorias; Grotesco; Atlântico Sul ABSTRACT Through the inspiration found in the hermeneutics of distanciation (Ricouer, 2008) and in the process of constructing cartographies (Deleuze & Guattari, 1994), I look to, in this doctoral thesis research, think of approaches between sociology and literature through an elaboration around the notion of grotesque (Bakhtin, 2010; Kayser, 2003) and allegories (Benjamin, 2011) inside the diegetic universe from the novels Cosa de negros (2003), by Argentinian writer Washington Cucurto; Quantas madrugadas tem a noite (2004), by Angolan writer Ondjaki and from the compilation of short stories Rasif: mar que arrebenta (2008), by Brazilian writer Marcelino Freire. I make an effort to articulate categories both from the social contexts and from the internal societies in their proses, since imagining such tensions means handling the changes that took place in both spheres, going in both directions, making way for the reflection around a counter-hegemonic social reality, full of particularities and borderlines. Keywords: Sociology of literature; Cartographies; Allegories; Grotesque; South Atlantic RESUMEN Por medio de la inspiración encontrada en la hermenéutica del distanciamiento (Ricouer, 2008) y en el proceso de construcción de cartografía (Deleuze & Guattari, 1994), la búsqueda en esta investigación de tesis doctoral es pensar aproximaciones entre la sociología y la literatura, a través de una elaboración alrededor de lo grotesco (Bakhtin, 2010; Kayser, 2003) y de alegorías (Benjamin, 2011) dentro del universo diegético de las novelas Cosa de negros (2003), del escritor argentino Washington Cucurto; Quantas madrugadas tem a noite (2004), del escritor angoleño Ondjaki y de la compilación de cuentos Rasif: mar que arrebenta (2008), del escritor brasileño Marcelino Freire. Hago un esfuerzo para articular categorías tanto de los contextos sociales cuanto de las sociedades internas de sus prosas, una vez que pensar tales tensiones significa dar cuenta de los cambios que se sucedieron en ambas las esferas, en una calle de doble sentido, abriendo los caminos para reflexionar acerca de una realidad social contra-hegemónica, llena de particularidades y líneas fronterizas. Palabras-clave: Sociología de la literatura; Cartografía; Alegorías; Grotesco; Atlántico Sur LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 ........................................................................................................................ 168 FIGURA 2 ........................................................................................................................ 169 FIGURA 3 ........................................................................................................................ 170 FIGURA 4 ........................................................................................................................ 171 FIGURA 5 ........................................................................................................................ 171 FIGURA 6 ........................................................................................................................ 172 FIGURA 7 ........................................................................................................................ 173 FIGURA 8 ........................................................................................................................ 174 SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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