Faculdade de Ciências da Comunicação Programa de Doutorado do Departamento Mitjans, Comunicació i Cultura TESE DOUTORAL A família homoparental na ficção televisiva: AS PRÁTICAS NARRATIVAS DO BRASIL E DA ESPANHA COMO RELATOS DAS NOVAS REPRESENTAÇÕES AFETIVO-AMOROSAS Apresentada por Aline Martins Mesquita Dirigida por Dra. Carme Ferré Pavia JULHO, 2012 Bellaterra - Barcelona Espanha Faculdade de Ciências da Comunicação Programa de Doutorado do Departamento Mitjans, Comunicació i Cultura Tese doutoral A família homoparental na ficção televisiva: As práticas narrativas do Brasil e da Espanha como relatos das novas representações afetivo- amorosas Apresentada por Dirigida por Aline Martins Mesquita Dra. Carme Ferré Pavia JULHO, 2012 Bellaterra - Barcelona Espanha “A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é, E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, E quanto isso me basta. Basta existir para se ser completo.” (Fernando Pessoa/Alberto Caeiro. O guardador de rebanhos, 1925) À mãe mais generosa, ao pai mais dedicado: Graça e Nilton, meus amores; À família Pellejero Costa, pelo apoio incondicional; E a certas luzes espirituais... Vó Angelina e Rui Cipelli, in memoriam, por todas as lições. AGRADECIMENTOS “E o amor sempre nessa toada: briga perdoa perdoa briga, não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor volta pra brigar, para perdoar, amor cachorro bandido trem. Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha?” (Carlos Drummond de Andrade)1 Agradeço a Deus, a quem prefiro chamar de Fé, e a todas as pessoas que também são a minha maior representação de amor. Em todas as suas formas. Amor que é cúmplice de tudo isto. À tutora Dra. Carme Ferré, pela competência, pela aposta, pela ética e, principalmente, pela amizade; À Carmen Llorens, fã valenciana de Hospital Central, pela gravação dos capítulos; Ao Grupo Gay da Bahia (Brasil) e à Associació de Famílies Lesbianes I Gais de Catalunya - FLG (Espanha), pela participação na pesquisa e pela confiança nela; À família do Brasil, gente incentivadora: Nilton e Graça, Breno, Bruno, Patrícia, Tia- mãe Lúcia, André, Marcos, Alice, Cauã, Elvira, Tereza, Luciana, Mac-Dawison, Betânia, João Paulo, Regina, Flavinha, Amèlie, Alain, Anamelea. À família de Barcelona, gente acolhedora: Esther, Roman, Josep e família Pellejero, família LaBandSambant, Mariana, Cécile, Luciane, Anacy, Txell, Carlo, Isa, Madalena, Àngels, Óscar, Lluís, Marta, Elena e Toni. Aos/Às amigos/as, que mesmo distantes, nunca me deixaram esquecer quem sou: Eduarda, Fabíola, Ana Cely, Patrícia, Liza Myrella, Ludmylla, Valdemir, Henrique, Christiano, Rosana, Rosa, Rosa Ferro, Carlos, Amanda e Naéliton. Muito obrigada a todos/as vocês que têm sido inspiração para o que sou hoje, e que com seus amores e dedicação, me ensinaram a respeitar e a investigar a diversidade da vida. 1 “Toada de Amor” apud Alguma Poesia, São Paulo: Ed. Record, 2001. ÍNDICE Apresentação 17 Introdução - Sobre prazer e risco 19 PARTE I – O OBJETO DE ESTUDO 1. Definição do objeto de estudo 1.1 O enfoque 27 1.2 Hipóteses da investigação 32 1.3 Os objetivos principais 33 1.4 Os objetivos específicos 33 1.5 Formulação da investigação sobre a família homoparental na ficção televisiva 34 1.6 A contribuição esperada da investigação 37 PARTE II - MARCO TEÓRICO-CONCEITUAL 2. Família e sociedade 2.1 A família ocidental contemporânea na Europa: degenerações 43 2.2 A família ocidental contemporânea na América Latina: democracia? 52 2.3 A família espanhola: relações recicladas 59 2.4 A família brasileira: a cara oculta 70 2.5 A família homoparental na Espanha: do malditismo ao mito 77 2.6 A família homoparental no Brasil: um modelo emergente 88 2.7 As atuais relações afetivo-amorosas: desejo e tradição 99 3.Televisão, sociedade e valores 3.1 A ficção da vida real na Espanha: o contexto europeu 110 3.2 A ficção da vida real no Brasil: o contexto latino-americano 123 3.3 A televisão e sua representação na sociedade espanhola 129 3.4 A televisão e sua representação na sociedade brasileira 136 4. As produções de ficção 4.1 A classificação dos gêneros televisivos 143 4.2 Estrutura narrativa dos formatos da investigação 150 4.2.1 O recorrente subgênero hospitalar: mera coincidência? 163 4.3 Tipologia das séries e das novelas 167 4.4 A regulação televisiva de conteúdo na Espanha 172 4.5 A regulação televisiva de conteúdo no Brasil 178 5. Ficção e homossexualidade 5.1 Homossexualidade e ficção televisiva: a musa norte-americana 185 5.2 A ficção televisiva espanhola e a temática homossexual 205 5.3 A ficção televisiva brasileira e a temática homossexual 211 5.4 A família homoparental na televisão da Espanha 216 5.5 A família homoparental na televisão do Brasil 220 PARTE III – MARCO METODOLÓGICO DA ANÁLISE EMPÍRICA 6. O caminho da investigação 6.1 Metodologia de análise 229 6.2 Perguntas de referência 232 6.3 Unidades de análise e categorização 233 6.4 Ficha referencial de análise empírica 234 6.5 Composição das amostras 240 6.6 Desenho da análise virtual-comparativa 251 6.7 Entrevistas com autores 256 6.8 A série Hospital Central 6.8.1 Temática e personagens 258 6.8.2 Hospital Central em números 260 6.8.3 O emissor: canal Telecinco 262 6.8.4 Os personagens Maca e Esther 264 6.9 A novela Páginas da Vida 6.9.1 Temática e personagens 266 6.9.2 Páginas da Vida em números 269 6.9.3 O emissor: Rede Globo de Televisão 270 6.9.4 Os personagens Rubinho e Marcelo 273 PARTE IV – ANÁLISE, CONCLUSÕES E SUGESTÕES 7. Os resultados 7.1 As análises textuais 7.1.1 O casal Macarena e Esther: amor protagonista 277 7.1.2 Relações paterno-filiais (Maca e Esther) 287 7.1.3 O casal Rubinho e Marcelo: namoro ou amizade? 293 7.1.4 Relações paterno-filiais (Rubinho e Marcelo) 300 7.1.5 Considerações das análises 305 7.2 A análise virtual-comparativa 7.2.1 Grupo na Espanha 308 7.2.2 Grupo no Brasil 312 7.2.3 Considerações dos grupos 316 7.3 As entrevistas com autores 7.3.1 Roteirista da Espanha 321 7.3.2 Autor do Brasil 323 7.3.3 Considerações das entrevistas 326 8. Conclusões da pesquisa 330 8.1 Os valores que vimos 331 8.2 Propostas para um novo discurso: os valores que queremos ver 351 8.3 A normalização de conteúdo da TV brasileira 354 9. Bibliografia 365 10. Anexos 10.1 Sequências de interesse de Hospital Central 381 10.2 Sequências de interesse de Páginas da Vida 413 10.3 Obras de ficção citadas 429 10.4 Entrevista com o roteirista Antonio J. Cuevas, de Hospital Central 433 10.5 Entrevista com o autor Manoel Carlos, de Páginas da Vida 434 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: Tipos de lares familiares da Espanha 65 Quadro 2: Etapas evolutivas dos direitos homossexuais na Espanha 82 Quadro 3: Lares e famílias na Espanha (2000-2008) 86 Quadro 4: Etapas evolutivas dos direitos homossexuais no Brasil 95 Quadro 5: Tipologia dos gêneros televisivos – 1994/2007 147 Quadro 6: Ficha referencial de análise 239 Quadro 7: Percepção da amostra analisada 241 Quadro 8: Composição da amostra própria – Hospital Central (Temporada 9) 242 Quadro 9: Composição da amostra própria – Hospital Central (Temporada 10) 243 Quadro 10: Composição da amostra complementar – Hospital Central 244 Quadro 11: Composição da amostra própria – Páginas da Vida 246 Quadro 12: Programas mais vistos em 2005 261 Quadro 13: Análise do casal Maca e Esther (Temporada 9) 278 Quadro 14: Análise do casal Maca e Esther (Temporada 10) 283 Quadro 15: Síntese da análise complementar sobre as relações paterno-filiais (Casal Homossexual 1) 290 Quadro 16: Análise do casal Rubinho e Marcelo 294 Quadro 17: Síntese da análise sobre as relações paterno-filiais (Casal Homossexual 2) 301 Quadro 18: Perfil participantes – Questionário Espanha 310 Quadro 19: Perfil participantes – Questionário Brasil 314 Quadro 20: Universo participante 318 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Censo da população espanhola – 2001 64 Gráfico 2: Distribuição percentual dos arranjos familiares no Brasil (1999-2009) 74 Gráfico 3: Número de casamentos na Espanha – 2007 85 Gráfico 4: Resultados – Questionário Espanha 312 Gráfico 5: Resultados – Questionário Brasil 316 Gráfico 6: Comparação dos tópicos afins – Espanha e Brasil 320 Apresentação “… A cor não pousa nem a densidade habita nessa que antes de ser já deixou de ser e não será mas é: forma, festa, fonte, flama, filme; e não encontrar-te é nenhum desgosto pois abarrotas o largo armazém do factível onde a realidade é maior do que a realidade”. (Carlos Drummond de Andrade)2 Quando escreveu “Isso é aquilo”, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade possivelmente explorava a então nova tendência concreto-formalista nos poemas. Essa preocupação aparente com os objetos, com as coisas, gerando a composição que valoriza aspectos visuais e sonoros, foi uma característica forte de um poeta que observava o cotidiano como ninguém. Por esta razão, recorremos à Drummond para falar da poesia que a televisão trouxe - e traz - à trajetória pessoal e profissional desta investigadora. Televisão que sempre foi notadamente “forma, festa, fonte, flama, filme”, no nosso ponto de vista. Talvez Drummond não se referisse, especificamente, à televisão quando deu vida a este poema, mas poderia ser a metáfora do que este aparelho tem-nos significado: uma realidade tão maior quanto a própria realidade. De instrumento lúdico na infância, com seus desenhos animados, passou a ter caráter didático ao apresentar referenciais de força, da supremacia do bem, o poder e a vitória obtida com a persistência. A vida, então, começou a ser mais do que vivida, senão questionada.
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