INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA Programa de Pós-Graduação do INPA Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior HETEROGENEIDADE AMBIENTAL E DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA DO TRECHO DE CORREDEIRAS DO RIO MADEIRA, RONDÔNIA, BRASIL GISLENE TORRENTE-VILARA Manaus, Amazonas Julho/2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA Programa de Pós-Graduação do INPA Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior HETEROGENEIDADE AMBIENTAL E DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA DO TRECHO DE CORREDEIRAS DO RIO MADEIRA, RONDÔNIA, BRASIL GISLENE TORRENTE-VILARA Orientador: Jansen Alfredo Sampaio Zuanon Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação do INPA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas, área de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior. Manaus, Amazonas Julho/2009 ______________________________________________________________________ Fontes financiadoras: CAPES; Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Fundação Rio Madeira (RIOMAR); Furnas Centrais Elétricas, Programa BECA (Instituto Internacional de Educação no Brasil). ii FICHA CATALOGRÁFICA TORRENTE-VILARA, Gislene Heterogeneidade ambiental e diversidade ictiofaunística do trecho de corredeiras do rio Madeira, Rondônia, Brasil/Gislene Torrente-Vilara, Manaus: inpa, 2009. XX+XXp Tese (doutorado) – área de concentração: Biologia de Água Doce e Pesca Interior. Orientador: Jansen Alfredo Sampaio Zuanon 1.Peixes 2.corredeiras 3.riqueza 4.estrutura de comunidades 5.zonação CDD Sinopse: Um breve histórico do conhecimento sobre a ictiofauna do rio Madeira é apresentado. Posteriormente, a comunidade de peixes do trecho de corredeiras do rio Madeira é analisada em termos de riqueza e composição de espécies, em função de fatores ambientais regionais, locais e históricos. A riqueza da ictiofauna não foi correlacionada com nenhuma das variáveis representativas dos fatores regionais locais ou históricos investigados ao longo do trecho estudado. No entanto, a composição diferiu em função do tamanho da área de drenagem e da presença das principais cachoeiras do rio Madeira. Um estudo de caso sobre a população de uma espécie rara de Cynodontidae (mas relativamente abundante na área de estudos) é apresentado. Os resultados indicam que medidas de conservação para o trecho de corredeiras do rio Madeira deveriam considerar aspectos da riqueza, composição e dinâmica de populações de peixes. 1.Peixes 2.corredeiras 3.riqueza 4.estrutura de comunidades 5.zonação Palavras-chave: água branca, peixes, riqueza, composição, cachoeiras, zonação. iii AGRADECIMENTOS Aos orientadores: Ao meu orientador, Dr. Jansen Zuanon, pela orientação segura e serena e pelo apoio constante ao trabalho desenvolvido. Obrigada por dividir seu incrível conhecimento sobre peixes comigo, pelo incentivo, pela paciência e dedicação ao longo de todos esses anos para minha formação. Ao Dr. Thierry Oberdorff por aceitar e acolher prontamente, mesmo que informalmente e na última hora, a co-orientação de parte desse trabalho. A recepção recheada de sabedoria, experiência e objetividade foram fundamentais para construir o corpo definitivo dessa tese, mesmo no curto tempo de convivência possível; Às instituições: Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), professores dos cursos BADPI e ECOLOGIA que contribuíram enormemente para que eu desenvolvesse esse trabalho com a qualidade desejável desde o seu início. Agradecimento especial segue para a Dra. Sidinéia Amadio pela enorme contribuição na minha formação profissional; À Universidade Federal de Rondônia (UNIR) pelo corpo docente e alunos, pelo esforço de todos os dias que tornaram os dados dessa tese uma realidade. Ao Dr. Wanderley Bastos pelo empréstimo do equipamento limnológico. Ao Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia (LIP/UNIR), em especial aos alunos Abílio Ikeziri, Alice Leite Lima, Ariana Cella Ribeiro, Camila Afonso dos Santos, Cristhiana Röpke (mais uma no rio Madeira!), Fabíola Vieira, Luiz Jardim de Queiroz e Leandro Sônego e, pelo apoio aos trabalhos de campo, laboratório e diversas atividades realizadas ao longo do doutoramento; iv Ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) pelo apoio na revisão das espécies e morfotipos coletados no rio Madeira realizada no ano de 2006. Aos pesquisadores Dr. Oswaldo Tadeshi, Dr. Heraldo Britski, Dr. Naércio Menezes e Dr. Mário de Pinna pela atenção ao material durante a revisão; Ao Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (NUPELIA), dirigidos à Dra. Carla Pavanelli e Dr. Cláudio Zawadzki, pela ajuda com os morfotipos de Parodontidae e Hypostominae; Ao Muséum National d’Histoire Naturelle (MNHN) por disponibilizar sua equipe, espaço e recursos tecnológicos para refinar parte das análises e pela recepção indescritível que eu tive de toda a instituição durante o período que estive em Paris. Às agências de fomento à pesquisa: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior, CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado; Ao programa BECA pelo financiamento das coletas de dados ambientais no ano de 2007. À empresa: À Furnas Centrais Elétricas pela seriedade na execução do projeto “Diagnóstico da ictiofauna e da pesca comercial na área de corredeiras do rio Madeira”, pelo apoio logístico dado a este trabalho e pela autorização do uso dos dados sem restrição, o que demonstra a busca por medidas de conservação efetivas para o rio Madeira. Aos amigos, muitos deles pesquisadores! v Aos colegas de turma BADPI e ECOLOGIA: a lista é imensa mas cada um tem um lugar especial na minha jornada; À participação especial da minha amiga Akemi Shibuya (INPA) e a sólida amizade que construímos durante o doutorado; Ao meu amigo biólogo, Túlio Raimundo de Araújo (ECOPORÉ), pelo companheirismo de campo e laboratório; Ao pessoal do MZUSP: Flávio Lima, José Birindelli, Fábio di Dario, Cristiano Moreira, Izabel Landim, Janice Muriel Cunha, Ilana Fichberg, Carine Chamon, Leandro Sousa, pela ajuda durante a revisão das espécies e morfotipos e pelo produtivo fim de tarde na padaria; Aos amigos Pablo Tedesco e Fabien Leprieur pelo cuidado, paciência, disponibilidade para ajudar e discutir os resultados das análises. Ao Bernard Hugueny e ao Felipe pela presença constante; À Maison du Brésil por me acolher e oferecer uma estadia confortável em Paris. Especial: À minha grande amiga Dra. Carolina Dória (UNIR) pelo imenso apoio, por acreditar na minha capacidade de superar as dificuldades provenientes de um trabalho dessa natureza; À amiga Helena São-Thiago (FURNAS) pela oportunidade de trabalho no rio Madeira, pela competência de seu trabalho no projeto Madeira e ajuda irrestrita, fatores fundamentais para obter a qualidade desejável dos dados dessa tese; Finalmente, aos meus pais Ginez e Maria Lydia pela minha formação e irmãs Gisele e Geni pelo apoio e incentivo, a base essencial para eu cumprir essa etapa. Ao Marcelo pelo seu amor incondicional e pela sua dedicação na construção do banco de dados biológico. Às minhas filhas Gabriela e Isadora, as principais razões da minha vida. vi Dedico a tese ao naturalista Johann Natterer pela sua coragem e determinação em coletar nas áreas mais inóspitas da Amazônia vii “...fomos à cachoeira chamada laguerites, aonde chegamos véspera de São João e nela vimos sem encarecimento uma figura do Inferno; porque tendo eu visto grandes cachoeiras, como são as horríveis e celebradas do rio dos Tapajós e do rio Tocantins, [...] e as mais que se seguem pelo rio de Araguaia [...] pois nenhuma iguala nem tem paridade a esta do rio da Madeira na sua grandeza e despenhadeiros de pedras e rochedos tão altos que nos pareceu impossível a passagem, como na realidade, pois para a passarmos foi necessário fazer-se caminho cortando uma ponta de terra onde fizemos faxinas [...] e fizemos uma boa grade de madeira por onde se puxaram as galeotas, [...] que com muita fadiga [...] se puxaram as mais e se carregaram outra vez com farinhas e munições, que as fomos comboiar mais de meia légua de caminho por terra. Daqui continuamos nossa jornada passando cachoeiras umas atrás das outras e chegamos à quinta cachoeira, a que chamam Mamiu, que gastamos três dias em passar nela as galeotas à corda [...] fomos seguindo nossa viagem à cachoeira chamada Apama véspera de São Pedro; e fazendo faxinas igualmente soldados e índios, rompemos as matas pela terra a dentro dois quartos de léguas, em que gastamos dois dias em fazer caminho e grade, rompendo a golpe de machado e alavancas grandes pedras e afastando outras aos nossos ombros com bem risco de vida. [...] toda a limitação que temos de farinhas, que é tão limitada a medida em que se dá, que apenas é para dois bocados de boca, e fechada cabe em uma mão toda; logo também o que vamos comendo, são camaleões e uns animais a que chamam capivaras, e alguns por se não atrever a estas poucas carnes comem só os ovos dos ditos lagartos. Peixes de nenhuma casta nem sorte se acha, que das pobres espingardas é que vamos passando a remediar a vida. [...] chegamos à paragem em que o rio estava tapado com uma grande cachoeira e andamos buscando canal com excessivo trabalho. Começamos a passar a 9 de julho e a 12 do dito é que saímos dela, e logo avistamos o apartamento do rio que vai ao Sul, para onde seguíamos a nossa jornada, deixando o famoso rio da Madeira a Oeste, entramos pelo dito a que os espanhóis chamam viii Mamoré, e neste mesmo dia passamos
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