Inventário Dos Feitos Modernizantes Na Cidade Do Recife (1969-1975)

Inventário Dos Feitos Modernizantes Na Cidade Do Recife (1969-1975)

LUÍS MANUEL DOMINGUES DO NASCIMENTO INVENTÁRIO DOS FEITOS MODERNIZANTES NA CIDADE DO RECIFE (1969-1975) SOBRE AS MEDIAÇÕES HISTÓRICAS E LITERÁRIAS ENTRE A HISTÓRIA RECENTE DO RECIFE E O ROMANCE A RAINHA DOS CÁRCERES DA GRÉCIA, DE OSMAN LINS Tese apresentada ao Curso de Doutorado em História do Programa de Pós- Graduação em História da UFPE, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História. Orientador: Antonio Paulo de Morais Rezende Programa de Pós-Graduação em História da UFPE Recife 2004 TERMO DE APROVAÇÃO LUÍS MANUEL DOMINGUES DO NASCIMENTO INVENTÁRIO DOS FEITOS MODERNIZANTES NA CIDADE DO RECIFE (1969-1975) SOBRE AS MEDIAÇÕES HISTÓRICAS E LITERÁRIAS ENTRE A HISTÓRIA RECENTE DO RECIFE E O ROMANCE A RAINHA DOS CÁRCERES DA GRÉCIA, DE OSMAN LINS Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor no Curso de Doutorado em História do Programa de Pós-Graduação em História da UFPE, pela seguinte banca examinadora: Orientador: Prof. Dr. Antonio Paulo de Morais Rezende Departamento de História, UFPE Prof. Dr. Antonio Jorge Siqueira Departamento de História, UFPE Prof. Dr. Denis Antônio de Mendonça Bernardes Departamento de Serviço Social, UFPE Prof. Dr. Lourival de Holanda Barros Departamento de Letras, UFPE Prof. Dr. Raimundo Pereira Alencar Arrais Departamento de História, UFRN Recife, 30 de agosto de 2004 II A Luís Domingues dos Santos e Maria Celeste. Sujeitos e vidas itinerantes, expectadoras e reféns da história de duas terras. Aos amigos e amigas dos anos 70, quando a incerteza cedeu lugar ao sonho de fazer história. A Julia Nogueira Domingues, na certeza de que ela e outros de sua geração se apropriarão das reminiscências do passado para que elas não se percam nas ruínas da história. III AGRADECIMENTOS A confecção de uma tese de doutorado ou qualquer outra do gênero é, muitas das vezes, um trabalho solitário e, em muitas das outras vezes, requer algumas renúncias. A atividade só é facilitada pelo apoio e persistência dispensada por parentes, amigos, colegas e instituições. Nesta empreitada, juntam-se pessoas como Antonio Paulo de Morais Rezende, orientador e, muito mais e mais, um amigo, que consegue ser metódico e disciplinador nas suas orientações e, ao mesmo tempo, não deixa a bola da solidariedade nas relações interpessoais cair. Outras vão se juntando e dividindo as angústias, as incertezas e os achados, sejam nas horas que nos reunimos para estudar e pesquisar sejam em outras horas para jogar conversa fora, na casa de alguém ou nos bares da vida. Lá sempre estiveram: Lucinha, Silvia, Daniel, Cibele, Flávio, Fabiana, Teca, Susan, Miguel, Jaíson, Gustavo e tantos outros. No exercício de confeccionar uma tese às vezes podemos contar com a presteza e acuidade de gente que sabe descobrir nas entrelinhas de nossas reflexões aquilo que queremos e não conseguimos expor devidamente. É neste caso que entram pessoas como Rafaella Passos de Araújo, passando um pente fino sobre documentos e nos municiando com subsídios que nos dão alicerces para as nossas investidas pela produção do conhecimento histórico, além de nunca abrir mão de ser uma amiga. A ela se juntam Palomas, Alessandros, Analices, Augustos, Joões Pimentas, Jorges Michelles, que direta ou indiretamente, na medida do possível e no tempo devido entre aulas, estudos e comunhões boêmias, nos proporcionam debates e embates que enriquecem a nossa reflexão. E chegam aqueles, como Sumaia Madi, Semada Ribeiro, Silvia Cortez Silva, Lourival Holanda, Inaldo Soares, Kátia Carvalho (A Secretária) e tantos outros que nos vão dando apoio, dicas, informações, esclarecimentos, subsídios e até, vagando pelo Recife e por casa de amigos, como o fez Jorge Ricardo, ao gravar e tomar emprestado discos dos anos 70 e nos fornecer como documentos de uma história, ou então, cedendo seus próprios documentos históricos, como Jomard Muniz de Britto ao nos emprestar cópias de seus filmes. E, mais ainda, a Antonio IV Jorge Siqueira e Denis Bernardes pela avaliação criteriosa e proposições esclarecedoras nas fases que antecederam ao ato final de defesa desta tese. Ainda temos um senhor, como Luís Domingues dos Santos, capaz de nos tirar dúvidas, relembrar histórias de uma cidade, nos dar informações precisas de eventos passados e vividos, como se fosse um acervo ao nosso dispor para esclarecer aquilo que nem as mais apuradas das pesquisas às vezes conseguem desvendar. Tivemos ainda o apoio de Celestes, Rosas e Marcias, que nas horas de nossas aflições souberam compreender a dimensão da empreitada e nos aliviar de alguns pesos e contratempos do cotidiano para que pudéssemos voltar toda a nossa atenção e dispêndio de energia física e mental para o ofício de confeccionar uma tese. A todos estes se somam o importante apoio institucional e logístico da Universidade Católica de Pernambuco, principalmente, através da pessoa de seu Reitor – Padre Theodoro Paulo Severino Peters, SJ, fundamental para nos fornecer condições de produção e podermos aproveitar no limite a capacidade de que dispomos para o nosso exercício de vir a ser um produtor de conhecimento histórico. Agregam-se, também, todos aqueles que fazem o Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, como a professora Socorro Ferraz e as secretárias Marly, Luciane e Betânia, que muitas vezes nos forneceram informes e nos auxiliaram a encaminhar questões e nos alertaram de outras para que não nos perdêssemos nas malhas da burocracia. E ao Programa se junta a Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que apoiou as nossas pesquisas e nossos estudos. Ao apoio da Secretaria de Educação da PCR e, em nossas pesquisas, do pessoal do Arquivo Público Estadual, da Biblioteca do Condepe, da Biblioteca Celso Furtada da Sudene, da Biblioteca da URB e da Biblioteca do IBGE. Por fim, agradecer a Julia Nogueira Domingues, que, como filha, esteve sempre ao lado deste pai e lhe ofertou carinhos, afetos, vida e tanta afeições, convertidas no combustível que manteve de pé um cidadão do Recife e a sua empreitada e presunção de poder contar uma pequena parte da história desta cidade repleta de gentes cheias de derrotas e triunfos. V ... ele não conta uma história, é a história que o conta. Osman Lins, in A rainha dos cárceres da Grécia VI RESUMO A nossa investigação e reflexão histórica têm como ponto de partida o estudo da área central do Recife, o epicentro da Região Metropolitana do Recife, a partir do qual podemos averiguar, entre 1969 e 1975, como a cidade foi modernizada para se integrar de forma cabal aos padrões de uma sociedade de consumo e industrial, que para tanto promoveu um reordenamento urbano no seu centro, uma urbanização viária, a instalação de novos equipamentos urbanos e a remodelação de suas paisagens, arquitetadas através de ações instituídas e constituídas pelos poderes públicos, associados ao capital havido por novas oportunidades de negócios e aliados as classes sociais mais abastadas da cidade com interesses numa mobilidade territorial eficaz num tempo hábil, a partir de uma política assentada num aparelho de Estado de feições autoritárias, tecnocráticas e de uma racionalização instrumental da sociedade, impondo sobre as classes subalternas os custos dessa modernização. Mas, também, como estas reagiram e como Osman Lins, através do romance A rainha dos cárceres da Grécia, desvela, analisa e crítica essa modernização e dá voz e vez aos sonhos, projetos, experiências de vida, história e dramas dessas classes sociais deserdadas pela modernização brasileira. Partindo desta relação entre história/literatura e das mediações sociais e políticas entre as classes sociais, podemos, também, averiguar a produção de formas e modos de vida distintos na sociedade, a agregação de paradigmas à esfera cultural, a redefinição da relação com a memória e a história e a contigüidade com a reserva de consciência critica da sociedade. Palavras-chaves: Recife; História Recente; Literatura; Lins, Osman; Modernização. VII ABSTRACT Our historical investigation and reflection begins with the study of the central area of Recife, the epicentre of the Metropolitan Region of Recife, arising from which we can examine how the city was modernized between 1969 and 1975 so that it came to match up fully to the standards of a consumer and industrial society. In order to achieve this, the following were undertaken: urban re-ordering in the city centre; urbanization of the road network; setting up and using new forms of urban equipment; and the re-modeling of its landscapes. The architectural design for this arose from and was undertaken by the public authorities who linked up with private capital to create new opportunities for business and the highest income-earning groups in the city in whose interest it is to have effective territorial mobility as quickly as possible. The policies for all this were grounded in State machinery of an authoritarian and technocratic stamp which rationalized society in an instrumental way, and thereby imposed the costs of this modernization on the lower-income groups. But, the thesis also sets how to show, how these people reacted and how Osman Lins, through his novel A Rainha dos Cárceres da Grécia (The Queen of the Jails of Greece), unveils, analyzes and criticizes this modernization and gives rhyme and reason to the dreams, projects, life experiences, history and drama of these social groups which Brazilian modernization disinherited. By making use of this relationship between history/literature and the social and political maneuvering between the social classes, we can also determine the production of distinct forms and ways of life in society, the compilation of paradigms in the cultural sphere, the re-definition of the relationship between memory and history, and the contiguity with the reserve of critical awareness of society. Key-words: Recife; Recent History; Literature; Lins, Osman; Modernization. VIII LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fig. 1. Capas de três edições do romance A rainha dos cárceres da Grécia 50 Fig.

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