Hugo Fernando Parracho Gomes TEMA: O Vidro Pré-Romano no Norte de Portugal UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA Porto 2012 Hugo Fernando Parracho Gomes TEMA: O Vidro Pré-Romano no Norte de Portugal UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA Porto 2012 Hugo Fernando Parracho Gomes TEMA: O Vidro Pré-Romano no Norte de Portugal Trabalho apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Arqueologia Sumário O presente trabalho tem como objectivo principal contribuir para o estudo e conhecimento das sociedades do Noroeste Peninsular português, integradas na área de influência da chamada “Cultura Castreja”, ao longo do I Milénio a.C., até aos inícios do domínio romano, utilizando como ponto de partida e objecto de estudo os artefactos em vidro que foram até à data encontrados. Concretamente, procuraremos compreender de que forma o espólio vítreo se enquadra no conjunto de estímulos exógenos que terão sido sentidos pelas populações desta região no decurso deste período e que terão determinado o curso evolutivo das sociedades locais e contribuído para a singularidade da chamada “Cultura dos Castros”. Do ponto de vista geográfico, o estudo abrangerá a tradicional área de influência da “Cultura Castreja”, excluindo o território espanhol a Norte do Rio Minho, apresentando os seguintes limites: o rio Vouga, a Sul; o rio Minho, a Norte; o Oceano Atlântico a Oeste; os rios Tua e Rabaçal a Este. O vidro deste período encontrado em Portugal não foi ainda alvo de qualquer tipo de estudo ou abordagem sistemática pelo que se tratou de um trabalho pioneiro que implicou a realização de um inventário exaustivo dos materiais encontrados e o seu estudo morfo-tipológico. Do trabalho realizado resultou um aumento significativo do número de sítios com objectos de vidro pré-romanos face aos levantamentos anteriormente realizados, para além de ter permitido comprovar a presença de artefactos vítreos, designadamente contas, nos momentos de mais marcada transição/transformação das sociedades do Noroeste Peninsular. ABSTRACT The present study aims at contributing to the study and knowledge of the societies which lived in the portuguese Northwest of the Iberian Peninsula, integrated in the area of influence of the "Castro Culture" along the I millennium BC until the beginning of Roman rule, using as a point of departure and subject of study glass objects that have been found to date. Specifically, we will seek to understand how the vitreous objects found, historically and archeologically articulated with the set of exogenous stimuli that have been felt by the people of this region during this period, which determined the evolutionary course of local societies and contributed to the uniqueness of the "Castro Culture". From a geographic perspective, the study will cover the traditional area of influence of the "Castro Culture," excluding the Spanish territory North of the Rio Minho, with the following limits: the Vouga river, to the South; the Minho River to the North; the Atlantic Ocean to the West and the rivers Tua and Rabaçal to the East. The glass of this period found in Portugal has not yet been subject to any kind of study or systematic approach so this was a pioneering work that led to the completion of an exhaustive list of found materials and their morpho-typological study. The labor resulted in a significant increase in the number of sites with pre-roman glass opposing to the results of surveys previously conducted. It also allowed us to prove the presence of glass artifacts, particularly beads, in the more significant transition / transformation periods of the societies from the Northwest of the Iberian Peninsula. DEDICATÓRIAS Finda mais uma etapa do meu percurso académico é imperativo absoluto que dedique este trabalho àqueles que me são mais próximos e sem os quais não teria chegado até aqui. À minha Mulher, Ariana, pelo seu amor, dedicação, paciência, pelos seus conselhos, por estar sempre presente a meu lado e, sobretudo, pela crença inabalável que mantém em mim e nas minhas qualidades e capacidades, nos momentos em que vacilo. Ao meu Filho, Rafael, pela alegria e felicidade, por dar razão e sentido a tudo o que está para trás e motivação adicional para continuar e melhorar. Aos meus Pais, Fernando e Maria Eduarda, por todo o amor, incentivo e apoio que sempre deram aos meus “devaneios” arqueológicos. Ao meu Pai, devo muitas idas a museus e exposições que, desde criança, estimularam a minha curiosidade pelo saber e pelo Passado. Às minhas Avós, Laurinda e Felicita, por terem sido, para mim, aquilo que deveriam ser: as minhas segundas mães. Por último, dedico este trabalho ao meu Irmão, João Paulo, por ter sido sempre e ser, o melhor. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, mestre e amigo Doutor Francisco Manuel Veleda Reimão Queiroga; ao Professor Julian Henderson, pelo apoio científico e disponibilidade; ao meu amigo, Manuel António Vitorino por todo o apoio dado a nível gráfico e pela disponibilidade; ao meu amigo e colega Francisco Faure pelo apoio e conselhos. A nível institucional: Museu da Sociedade de Martins Sarmento, Guimarães: António Amaro das Neves, presidente da direcção e Patrícia Aguiar; Museu Municipal de Penafiel: Maria José Santos, directora e Helena Bernardo; Estação Arqueológica do Monte Mozinho, Penafiel: Teresa Pires de Carvalho; Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa, Braga: Isabel Silva, directora e Maria Clara Lobo; Núcleo Museológico da Casa dos Nichos (Viana do Castelo): Jorge Correia; Câmara Municipal de Viana do Castelo: Miguel Costa; Museu de Aveiro: Ana Margarida Ferreira, directora e Sandra Drummond; Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga: Carlos Maia; Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Esposende: Ana Paula Almeida; Museu Municipal da Póvoa de Varzim: José Flores, director; Gabinete de Arqueologia da C. M. de Vila do Conde: Paulo Costa Pinto; Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira): Armando Coelho Ferreira da Silva, director; Câmara Municipal de Ponte de Lima: Sandra Rodrigues; Museu dos Terceiros (Ponte de Lima): José Dantas, director; Câmara Municipal do Porto: António Manuel Silva; Solar dos Condes de Resende (C. M. de Vila Nova de Gaia): Gonçalves Guimarães; Câmara Municipal de Matosinhos: José Varela; Museu de Espinho: Jorge Salvador; Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão: Felisbela Leite; Museu dos Lóios: Ana José Oliveira, directora; Museu Municipal Abade Pedrosa: Álvaro Moreira, director; Museu de Baião: Carla Stockler, directora; Direcção Regional de Cultura do Norte: Paulo Amaral; Faculdade de Letras da Universidade do Porto: Carlos Alberto Brochado de Almeida, Maria de Jesus Sanches; Universidade do Minho: Ana Bettencourt, Manuela Martins, Francisco Sande Lemos; Universidade Portucalense: Maria de Fátima Matos Silva; Museu da Olaria (Barcelos): Cláudio Brochado; Marcelo Mendes Pinto; Ivone Pedro; João Inês Vaz; Huet Bacelar; António Pereira Dinis; Ana Abrunhosa; Gertrudes Branco; João Tiago Tavares e Javier Larrazabal. O Vidro Pré-Romano no Norte de Portugal I - INTRODUÇÃO – ESTADO DA QUESTÃO .......................................................... 5 I.1 - Razões da escolha ................................................................................................. 5 I.2 - Introdução/Objectivos ........................................................................................... 6 I.3 - Estado da questão: O estudo do vidro em Portugal e a nível europeu .................. 8 I.4 - Dificuldades Sentidas ......................................................................................... 14 I.5 - Metodologia ........................................................................................................ 17 II - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ............................................... 23 II.1 - Caracterização Geomorfológica ........................................................................ 23 II.2 - Enquadramento Histórico-Arqueológico ........................................................... 24 II.3 - A economia e a sociedade ................................................................................. 30 III - O VIDRO ANTIGO ............................................................................................. 33 III.1 - Breve História do Vidro ................................................................................... 33 III.1.i - Da origem ao vidro soprado ....................................................................... 33 III.2 - O estatuto dos artesãos vidreiros e a importância do vidro na antiguidade ..... 41 III.3 - O vidro como material...................................................................................... 43 III.3.i - Composição físico-química ........................................................................ 44 1 O Vidro Pré-Romano no Norte de Portugal III.3.ii - Agentes colorantes .................................................................................... 45 III.4 - Técnicas de fabrico / produção......................................................................... 48 III.4.i - Técnicas de Fabrico ................................................................................... 50 III.4.ii - Técnicas decorativas ................................................................................. 53 IV - A CIRCULAÇÃO DO VIDRO NO MUNDO ANTIGO ................................... 57 IV.1 - Os Centros Produtores ..................................................................................... 57 IV.1.i - Os principais
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