UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS - ICHL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIEDADE E CULTURA NA AMAZÔNIA – PPGSCA TERRITÓRIO DOS “FLUTUANTES”: RESISTÊNCIA, TERRA INDÍGENA MURA E MINERAÇÃO DE POTÁSSIO EM AUTAZES (AM) RENILDO VIANA AZEVEDO MANAUS, AM 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS - ICHL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIEDADE E CULTURA NA AMAZÔNIA – PPGSCA RENILDO VIANA AZEVEDO TERRITÓRIO DOS “FLUTUANTES”: RESISTÊNCIA, TERRA INDÍGENA MURA E MINERAÇÃO DE POTÁSSIO EM AUTAZES (AM) Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como requisito para obtenção do título de Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia. Orientador: Prof. Dr. Alfredo Wagner Berno de Almeida MANAUS, AM 2019 RENILDO VIANA AZEVEDO TERRITÓRIO DOS “FLUTUANTES”: RESISTÊNCIA, TERRA INDÍGENA MURA E MINERAÇÃO DE POTÁSSIO EM AUTAZES (AM) Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como requisito para obtenção do título de Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr: ALFREDO WAGNER BERNO DE ALMEIDA Profª Drª: MARILENE CORRÊA DA SILVA FREITAS Profª Drª: ANA CARLA DOS SANTOS BRUNO Prof. Dr: DAVI AVELINO LEAL Prof. Dr: RAIMUNDO PEREIRA PONTES FILHO Dedico à Jane, minha companheira de vida, e à Maria Luísa, razão de muitas alegrias. à minha mãe, meu pai , irmãos e irmãs e a todos(as) os(as) companheiros(as) de luta. AGRADECIMENTOS Este trabalho não ocorreria sem o apoio de muitas pessoas, a quem agradeço profundamente. Ao professor Alfredo Wagner Berno de Almeida, por ter aceitado ser meu orientador além de ter aberto a estrutura do Projeto da Nova Cartografia Social da Amazônia(PNCSA) para o desenvolvimento deste trabalho. Suas orientações, além de contribuírem para a realização deste trabalho, foram significativas para minha formação enquanto pesquisador; Ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), especialmente à Edina, Rosha, Fred, por terem gentilmente cedido para este trabalho dados produzidos a partir do seu trabalho junto aos Mura, e também por ter colaborado na minha aproximação com lideranças Mura; Ao Marco Antônio e a Nívea, da CPRM, pela ajuda nos temas técnicos relacionados a atividade de mineração no Brasil; À Estefânia, do INCRA, pelo apoio nos dados cartográficos da questão fundiária no Lago do Soares e na vila de Urucurituba; Ao Josimar, da FUNAI, pelo apoio ao acesso aos dados do processo de licenciamento ambiental do empreendimento junto a esse órgão; Ao Ministério Público Federal (MPF) pela disponibilização para este trabalho de documentos que fazem parte do processo da Ação Civil Pública que trata da mineração de potássio nas terras dos Mura; A Justiça Federal do Amazonas pelo acesso e cópia dos documentos que fazem parte da Ação Civil Pública; Ao Luís, do Projeto da Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), pelo apoio na confecção dos mapas que compõem esta tese, bem como pelos debates sobre os temas comuns aos nossos trabalhos de doutorado; À Mônica (PNCSA) por ter gentilmente cedido os dados da sua pesquisa para serem utilizados nesta tese; À Joelma, à Rosi, à Murana, enfim, a todos os colegas do PNCSA, pelo apoio no período enquanto estive desenvolvendo este trabalho; Ao Instituto Federal do Amazonas, por ter concedido a minha liberação integral durante 17 meses para concluir este trabalho; Ao tuxaua Sérgio Freitas e família pelo apoio à realização deste trabalho, sobretudo pelos dados que forneceu e que foram fundamentais para esta tese, bem como a todos(as) que aceitaram ser entrevistados(as), cujas falas foram significativas para análise realizada neste trabalho; Aos meus companheiros e companheiras do “Instituto Alternativo”, que levaram a direção dessa entidade enquanto eu realizava este trabalho; Aos meus pais que, apesar das condições econômicas desfavoráveis, sempre incentivaram os seus filhos para o estudo e há anos colhem o resultado desse esforço; À minha companheira Jane Coelho e à minha filha, Maria Luísa (Malu), pela paciência e apoio para a realização deste trabalho. RESUMO Os Mura habitam a região do rio Madeira desde pelo menos o século XVII, quando os colonizadores portugueses registraram a sua presença nessa região. Apesar de resistirem à invasão de seus territórios, desde então os Mura foram perseguidos até quase serem exterminados. Nas últimas décadas esse povo reergueu-se, mas as condições sociais que os levaram à beira do extermínio mantém-se na atualidade sob outras formas. Os processos de repressão social contra os Mura levaram a fragmentação de seu território, que está distribuído em onze municípios no Estado do Amazonas. Na atualidade, os Mura estão diante uma nova ameaça aos seus territórios proporcionada pela mineração de potássio no município de Autazes. A previsão de instalação de uma mina de potássio, de uma estrada e de um porto nas terras do povo Mura do lago do Soares e da vila de Urucurituba representa um novo risco para os territórios e para a vida do povo Mura dessas localidades. Diante dessa ameaça, os Mura resistem à mineração de potássio em suas terras e exigem que o governo brasileiro e a mineradora Potássio do Brasil respeitem o seu direito à consulta livre, prévia e informada como prevê a Convenção 169 da OIT. Exigem, ainda, que a consulta ocorra segundo as regras estabelecidas no seu Protocolo de Consulta. A atividade de mineração na Amazônia é uma das principais causas de conflitos sociais e de agressão a territórios indígenas e comunidades tradicionais. No caso de Autazes, os riscos e efeitos negativos que a mineração de potássio (K) poderá trazer são as causas do conflito social entre os Mura e a mineradora Potássio do Brasil, que desenvolve tanto no plano político quanto no plano judicial. Os Mura desenvolvem a sua territorialidade de diversas forma, com destaque para os “flutuantes”, tipo de casas que flutuam sobre as águas , e que nas últimas décadas deste século tem servido para promover a mobilidade no território dos Mura do lago do Soares. Palavras-chave: Mura, mineração, conflito social, resistência, território. ABSTRACT The Mura have inhabited the Madeira River region since at least the 17th century, When the Portuguese colonizers registered their presence in this region. Despite resisting the invasion of their territories, since then, the Mura have been persecuted until almost exterminated. In recent decades, these people have risen, but the social conditions that have brought them to the brink of extermination are still in other forms noWadays. The social repression processes against the Mura led to their territory fragmentation, Which is distributed in eleven municipalities in the State of Amazonas. Currently, the Mura are facing a neW threat to their territories posed by potassium mining in the municipality of Autazes. The installation prospect of a potash mine, a road and a port in the lands of the Mura people in Soares Lake and Urucurituba village represents a neW risk to the territories and life of the Mura people of these localities. Faced with this threat, the Mura resist potash mining on their lands and demand that the Brazilian government and the Brazilian mining company Potassium respect their right to free, prior and informed inquiry as provided for in ILO Convention 169. They also require consultation to take place in accordance With the rules set out in their Consultation Protocol. Mining activity in the Amazon is a major cause of social conflict and aggression against indigenous territories and traditional communities. In the case of Autazes, the risks and negative effects that potassium (K) mining may bring are the causes of the social conflict betWeen the Mura and the Brazilian potassium mining company, Which develops both politically and judicially. The Mura develop their territoriality in various Ways, especially the "floating", type of houses that float on the Water, and Which in the last decades of this century has served to promote mobility in the territory of the Mura in Soares Lake. KeyWords: Mura, territory, mining, social conflict, resistance. LISTA DE FIGURAS Figura 1-Localização da bacia sedimentar do rio Amazonas e a área projetada de reservas minerárias de potássio...............................................................................................................12 Figura 2-Processos minerários da Potássio do Brasil na bacia do rio Amazonas.....................13 Figura 3-Área da jazida de potássio em Autazes......................................................................14 Figura 4-Processos minerários sob o domínio da mineradora e que incidem nas terras indígenas em Autazes................................................................................................................15 Figura 5-Ciclo da coleta de frutos e extrativismo na várzea e na terra firme realizada pelos Mura do Lago do Soares...........................................................................................................38 Figura 6- (1) e (2) Uma casa de farinha; (3) e (4) a roça combina mais de um tipo de plantação; (5) e (6) terreno preparado para a roça; (7) e (9) duas roças de mandioca quase pronta para a colheita; (8) para chegar aos locais da roças os Mura precisam normalmente enfrentar matas fechadas...........................................................................................................40 Figura 7-Atividades de plantação que dos Mura do Lago do Soares........................................41
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