UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA MESTRADO PROFISSIONAL EM SUSTENTABILIDADE JUNTO A POVOS E TERRAS TRADICIONAIS ADÃO FERNANDES DA CUNHA O CALENDÁRIO AGRÍCOLA NA COMUNIDADE KALUNGA VÃO DE ALMAS: UMA PROPOSIÇÃO A PARTIR DAS PRÁTICAS DE MANEJO DA MANDIOCA Brasília Julho de 2018 ADÃO FERNANDES DA CUNHA O CALENDÁRIO AGRÍCOLA NA COMUNIDADE KALUNGA VÃO DE ALMAS: UMA PROPOSIÇÃO A PARTIR DAS PRÁTICAS DE MANEJO DA MANDIOCA Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação Profissional em Desenvolvimento Sustentável (PPG-PDS), Área de Concentração em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais. Orientadora: Dra. Maria da Gloria Moura Brasília Julho de 2018 2 FICHA CATALOGRÁFICA CUNHA, Adão Fernandes da. O Calendário Agrícola na Comunidade Kalunga Vão de Almas: uma proposição a partir das práticas de manejo da mandioca. Adão Fernandes da Cunha. Brasília-DF, 2018, 157 p. Dissertação de Mestrado - Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília. Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT) Orientadora: Dra. Maria da Gloria Moura. 1. [Quilombo Kalunga] 2. [Comunidade Vão de Almas] 3. [Calendário Agrícola] 4. [Proposição] 5. [Educação Escolar Quilombola] 6. [Educação Informal] 7. [Manejo da Mandioca] I. [Cunha], [Adão Fernandes da]. II. Título. É concedida à Universidade de Brasília permissão para reprodução de cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias, somente para propósitos acadêmicos e científicos. O (a) autor (a) reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do (a) autor (a). 3 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MESTRADO PROFISSIONAL EM SUSTENTABILIDADE JUNTO A POVOS E TERRAS TRADICIONAIS ADÃO FERNANDES DA CUNHA O Calendário Agrícola na Comunidade Kalunga Vão de Almas: uma proposição a partir das práticas de manejo da mandioca Dissertação submetida a exame como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Programa de Pós-Graduação Profissional em Desenvolvimento Sustentável (PPG-PDS), Área de Concentração em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais. Brasília – DF, 31 de julho de 2018 _____________________________ Prof.ª Dra. Maria da Gloria Moura/UNB Orientadora (Presidenta da Banca) _____________________________ Prof.ª. Dra. Bárbara Oliveira Souza Examinadora Externa _______________________________ Prof.ª Dra. Cristiane de Assis Portela Examinadora Interna _________________________________ Prof.ª Dra. Ana Tereza Reis Examinadora Interna (Suplente) __________________________________ Profª Dra. Roberta Rocha Ribeiro e Prof° Dr. Gilberto Paulino de Araújo Examinadores Convidados de honra _____________________________ 4 Agradecimentos Gratidão: palavra de fé, de reconhecimento, de justiça e de acolhimento. A gratidão abre as portas para a minha presença, Minha presença abre as portas para a minha aparência, Minha aparência abre as portas para a minha existência, Minha existência abre as portas para a minha permanência, E minha permanência garante as portas abertas para que outros entrem. (Adão Fernandes) 5 Caro leitor! “Quando eu era criança” Quando eu era criança... lembro minúcias da minha infância, A vida era difícil, ainda me restam lembranças. O trabalho era pesado, a educação precária, o sentimento de repressão muito me castigava. Não tinha escola, na época isso pouco me importava, estudava embaixo das árvores, numa esquisitice danada. Caro leitor! Quando eu era criança, não tinha esperança de vida, o mundo para mim era fechado, os caminhos não tinham saídas. Caro leitor! Eu hoje sou um jovem, fruto das lutas sofridas, que busco no meu passado as minhas experiências vividas. Caro leitor! Os passos que os negros dão, deixam pegadas vívidas, mas a pegada maior que nós temos é a gratidão pela vida. Sou grato porque recebi como maior presente na vida o amor, e aprendi a amar para presentear com gratidão às pessoas de “grandes valores”. (Adão Fernandes) Várias pessoas estiveram comprometidas junto comigo na elaboração desta proposta, algumas me forneceram experiências que de outro modo talvez seria impossível chegar aonde cheguei. Foi a partir deste contato mais profundo de línguas, como disse Couto (2007), que pude descobrir o significado verdadeiro, o bem-estar e o bem viver. E, por esta descoberta quero a essas pessoas profundamente agradecer. Em seguida faço uma prévia de modo a fazer jus a cada partilha que fizemos nestes contatos, e dos saberes vividos nessa discussão. Meu primeiro agradecimento é a Deus, por tudo que Ele tem proporcionado na minha vida, o amor, a saúde, a paz e a oportunidade de estar lutando em prol de um bem comum. Agradecer por poder ter acrescentado às minhas lutas o amor pela educação inclusiva e libertária. Agradecer a Ele simplesmente pela minha vida e pela vida de cada um de nós. Obrigado Deus. Que esta semente que aqui semeio, possa florescer e gerar frutos para alimentar a alma e o espírito de luta em busca de melhoria para todas as gerações. Um agradecimento todo especial vai direcionado aos meus pais, Josecílio da Cunha Fernandes e Percília dos Santos Rosa. A família é o maior presente que se pode ter na vida e eu tive a sorte de receber de presente esta família tão querida. Mãe, pai, saibam que minha gratidão por vocês é infinita. Obrigado por não ter me deixado me perder na vida e nem na estrada seguida. Agradecendo os meus pais, agradeço também aos meus irmãos: Zelmira, Eva, Salvador e Gerson, pela família que somos e pelo apoio quando preciso. Quero também agradecer de maneira muito especial e carinhosa a minha namorada, amiga, companheira e esposa apaixonada, Esther Aline Bispo dos Santos, por tudo que me proporcionastes. Apoio, amizade, carinho, alegria, força, estima, esperanças e muitas outras coisas boas. Minha gratidão a você é imensa! Agradecendo a ela quero 6 elevar os meus agradecimentos a toda a sua família também. A todos/as o meu maior obrigado! Quero agradecer também lucidamente e carinhosamente a minha grande orientadora Glória Moura e a minha Coorientadora Cristiane Portela. Vocês foram o sustentáculo nesse meu caminhar, minha gratidão profunda a vocês que me escolheram. Acolheram, plantaram sementes, permitindo que elas nascessem e trouxessem de presente para nós este fruto que servirá de alimento para muita gente nossa. Sei que minha gratidão não paga o trabalho que tiveram comigo, mas talvez a nossa união, a construção de mais essa família a qual somos agora, traduza essa minha gratidão em longa vida para nós. Vidas longas e livres de quaisquer dores é o que a minha gratidão expressa para vocês, porque vida é o que vocês me deram, e vida é parte do que apresento aqui. Os meus agradecimentos cuidadosos a toda família escolar da unidade Santo Antônio. Aos professores(as) Eva da Cunha Fernandes, Irene Moreira Dias, Iberacy de Sousa Cunha, Sivaldo Marques Rosa e Sulene Francisco Pereira. Obrigado pelo apoio e contribuições pertinentes para com este trabalho. Agradeço também a todos os estudantes da unidade educacional, em especial aos que participaram diretamente do processo da pesquisa, as turmas de 6º e 9º anos de 2017, que hoje são estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio. Agradecer lucidamente aos pais desses estudantes que, por serem bibliotecas ambulantes e carregarem um banco de saberes, foram de certa forma representantes das interfaces entre os diálogos apresentados na formação do calendário agrícola da comunidade Vão de Almas. Outro agradecimento carinhoso. Faço jus aos auxiliares da escola, merendeiras, auxiliar de serviços gerais José dos Reis em especial e ao motorista do ônibus escolar, Matildes, pelo apoio e disposição para nos acompanhar nas atividades etnográficas realizadas. Com votos de admiração ao trabalho da direção da escola e de toda a sua equipe gestora estendo os meus agradecimentos à Secretaria Regional de Campos Belos-GO, que atende as escolas Calungas. Deixo um agradecimento, um carinho imenso também pelos (as) diretores/as que estiveram na direção das escolas Kalungas anteriormente e que por vezes discutimos desde as gestões passadas um calendário escolar diferenciado que respeite e valorize a cultura e a tradição da comunidade Vão de Almas. Na certeza de que nos meus agradecimentos, não deixarei a desejar, elevo os meus votos de gratidão à comunidade Vão de Almas por inteiro, ao programa de Mestrado Profissional Junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT), aos colegas do programa e aos outros colegas professores de programas de outras universidades federais que concederam votos de estima e energias positivas nesse meu caminhar. Meus agradecimentos carinhosos e profundos. OBRIGADO A TODOS! 7 SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................... 10 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 2. O SER KALUNGUEIRO: EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA SÃO SINÔNIMOS DE SOBREVIVÊNCIA ............................................................................................... 16 2.1 Comunidades quilombolas e singularidades do Kalunga ........................................ 16 2.2 Uma história kalungueira ........................................................................................ 21 2.3 A memória e a história oral propiciando a recriação da identidade de contrastes....24 2.4 Terra, nossa mãe, nossa história,
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