UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NÍVEL MESTRADO RAFAEL GARCEZ LIMA O TERROR NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: UMA ABORDAGEM MONADOLÓGICA DE TRABALHAR CANSA E MANGUE NEGRO SÃO LEOPOLDO 2019 RAFAEL GARCEZ LIMA O TERROR NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: UMA ABORDAGEM MONADOLÓGICA DE TRABALHAR CANSA E MANGUE NEGRO Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Comunicação, pelo Programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação Da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientadora: Profª. Drª. Sonia Montaño São Leopoldo 2019 2 L732t Lima, Rafael Garcez. O terror no cinema brasileiro contemporâneo : uma abordagem monadológica de Trabalhar cansa e Mangue negro / por Rafael Garcez Lima. – 2019. 150 f. : il. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) — Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, São Leopoldo, RS, 2019. “Orientadora: Drª. Sonia Montaño”. 1. Terror. 2. Cinema. 3. Contemporâneo. 4. Imagens técnicas. 5. Construção de sentidos de terror. 6. Cinema brasileiro. 7. Audiovisualidades. I. Título. CDU: 791.221.9 Catalogação na Publicação (CIP): Bibliotecário Alessandro Dietrich - CRB 10/2338 RAFAEL GARCEZ LIMA O TERROR NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: UMA ABORDAGEM MONADOLÓGICA DE TRABALHAR CANSA E MANGUE NEGRO Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Aprovado em 24/04/2019 BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. Sonia Estela Montaño La Cruz- Universidade do Vale do Rio dos Sinos Componente da Banca Examinadora – Instituição a que pertence Prof. Tiago Ricciardi Correa Lopes- Universidade do Vale do Rio dos Sinos Componente da Banca Examinadora – Instituição a que pertence Profª. Cristiane Freitas Gutfriend- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Componente da Banca Examinadora – Instituição a que pertence LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Profundidade de campo no cemitério ......................................................... 26 Figura 2 – Profundidade de campo do cemitério em À meia noite levarei a sua alma .. 27 Figura 3 – A história da cunhada de Helena em Trabalhar cansa ............................. 88 Figura 4 – Cena do suco em As filhas do fogo .......................................................... 91 Figura 5 – Sequência do mercado em Trabalhar cansa ............................................ 99 Figura 6 – Imagens técnicas de terror nos cartazes de Trabalhar cansa (2011), Noite de pânico (1982) e A epidemia (2010) ................................................... 101 Figura 7 – A sequência da marreta em Trabalhar cansa ........................................ 104 Figura 8 – Plano de abertura de Mangue negro . ..................................................... 111 Figura 9 – André Lobo como Dona Benedita em Mangue negro ............................ 119 Figura 10 – Trecho inicial da cena da casa de Raquel em Mangue negro .............. 123 Figura 11 – Ataque do Zumbi Antonio em Mangue negro ....................................... 126 Figura 12 – Segundo ataque de zumbis da cena da casa de Raquel em Mangue negro .................................................................................................... 128 RESUMO Esta dissertação aborda o terror em filmes brasileiros contemporâneos, particularmente na obra de Marco Dutra e Rodrigo Aragão. O terror aqui é pensado como um virtual (BERGSON, 2006; DELEUZE, 2008) que se atualiza no cinema, mas não apenas nele. Estas atualizações carregam sentidos de terror e medo da época em que estes filmes emergem. Para compreender os modos em que o terror se atualiza nos filmes dos cineastas escolhidos, pensamos suas obras em forma de Mônadas (BENJAMIN, 2006) que tornam um filme contemporâneo (AGAMBEN 2009) de muitos outros. Entre as considerações finais, percebemos que os medos de não garantir um futuro e o medo de não garantir a integridade física, são os construtos contemporâneos que mais se atualizam nos filmes em questão, e na época em que eles emergem . Palavras-chave: Terror. Cinema. Contemporâneo. Imagens Técnicas. Construção de Sentidos de Terror. Cinema brasileiro. Audiovisualidades. ABSTRACT This dissertation approaches the terror in contemporary Brazilian films, particularly in the work of Marco Dutra and Rodrigo Aragão. Terror here is thought of as a virtual (BERGSON, 2006; DELEUZE, 2008) that is updated in the cinema, but not only. These updates carry meanings of terror and fear of the time when these films emerge. In order to understand the ways in which terror is updated in the chosen filmmakers, we think of their works in the form of Monads (BENJAMIN, 2006) that make a contemporary film (AGAMBEN 2009) of many others. Among the final considerations, we perceive that fears not guaranteeing a future and the fear of not guaranteeing physical integrity are the contemporary constructs that are most updated in the films in question and at the time they emerge. Keywords: Terror. Cinema. Contemporary. Technical Images. Construction of Senses of Terror. Brazilian Cinema. Audiovisuals. SUMÁRIO 1 DOS FILMES DE GÊNERO AO TERROR COMO UM CONSTRUTO: UMA INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 2 PENSANDO AS IMAGÉNS CINEMATOGRÁFICAS DE TERROR DE FORMA CONTEMPORÁNEA .............................................................................................. 12 2.1 O estado da arte ................................................................................................ 17 2.2 O terror como uma imagem técnica e um processo audiovisual ................. 19 2.3 Problema, metodologia e corpus de pesquisa ............................................... 31 3 O TERROR, O HORROR E O CINEMA ................................................................ 41 3.1 O terror: entre medo, horror e outras montagens .......................................... 45 3.2. O terror no cinema ........................................................................................... 50 3.3 A construção tecnocultural do medo no cinema ........................................... 53 4 A FILMOGRAFIA DE TERROR BRASILEIRA ...................................................... 62 5 CONSTRUTOS DE TERROR NO CINEMA CONTEMPORÂNEO ........................ 84 5.1 Marco Dutra e o terror “comum” .................................................................... 85 5.1.1 Trabalhar cansa ................................................................................................ 87 5.2 Rodrigo Aragão e a brasilidade no terror ...................................................... 108 5.2.1 Mangue negro ................................................................................................ 110 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 131 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 138 FILMOGRAFIA CITADA ......................................................................................... 142 7 1 DOS FILMES DE GÊNERO AO TERROR COMO UM CONSTRUTO: UMA INTRODUÇÃO Muitas mídias dividem as suas obras internamente por gêneros. Percebemos essa divisão em músicas, na literatura, e claro, nos filmes. Eu sempre gostei de cinema, sendo especialmente atraído por obras de terror. Reuni ao longo dos anos um grande repertório fílmico de terror, sempre pensando no terror como um gênero, embora reconhecesse a sua existência como um sentido em outros gêneros. Durante a graduação em Realização Audiovisual, explorei o terror como um gênero, buscando compreender como as sensações e emoções provenientes dele afetavam o público através das imagens, personagens, e narrativas, e como o próprio gênero se construía. Durante este período, foquei-me nas questões simbólicas e semióticas de signos do terror, assim como em suas narrativas, tendo pesquisado em minha monografia o uso recorrente para fins dramáticos e narrativos do objeto do telefone em filmes de terror. Porém, o que mais me fascinava no terror cinematográfico, era o fato de ele girar em torno do medo, um afeto essencialmente sensorial. Meu interesse pelo terror não diminuiu desde então, mas hoje o enxergo de forma diferente, não mais somente como um gênero; e por isso, tentei abordá-lo por outros caminhos. Após a graduação, passei a observar com mais atenção os filmes de terror nacionais. Inquietava-me a sensação de que mais filmes do gênero estavam sendo produzidos no Brasil, com diretores como Marco Dutra, Juliana Rojas, Rodrigo Aragão, e Paulo Biscaia Filho, construindo filmografias voltadas para o terror, em um país onde tal gênero era atrelado quase exclusivamente a figura do personagem Zé do Caixão. A tese de Laura Cánepa (2008), Medo de que? Uma história de horror no cinema brasileiro apontava que o gênero possuía obras espalhadas ao longo da filmografia brasileira, com o terror sendo construído de maneira particular em diferentes períodos, o que me levou a questionar como o terror estava se construindo nessa nova leva de filmes contemporâneos. Meu projeto de ingresso chamado, “Panorama do cinema de horror nacional da década de 2010”, não só possuía um título que dizia pouco sobre o problema de pesquisa, como apresentava um falso problema nos termos de Bergson, lido por Deleuze (1983). Este
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