HOEVELER, Rejane Carolina

HOEVELER, Rejane Carolina

Rejane Carolina Hoeveler (Neo)liberalismo, democracia e “diplomacia empresarial”: a história do Council of the Americas (1965-2019) Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense para a obtenção do título de Doutora em História Orientadora: Profa. Dra. Virgínia Fontes Niterói 2020 Rejane Carolina Hoeveler (Neo)liberalismo, democracia e “diplomacia empresarial”: a história do Council of the Americas (1965-2019) Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense para a obtenção do título de Doutora em História Orientadora: Profa. Dra. Virgínia Fontes Niterói 2020 Ficha catalográfica automática - SDC/BCG H693( Hoeveler, Rejane Carolina (Neo)liberalismo, democracia e ?diplomacia empresarial? : a história do Council of the Americas (1965- 2019) / Rejane Carolina Hoeveler ; Virgínia Fontes Fontes, orientador. Niterói, 2020. 646 f. Tese (doutorado)-Universidade Federal Fluminense, Nite- rói, 2020. DO I:http ://dx .do i.org /10.22 40 9/PP GH .202 0.d.22 841 6188 03 1. Imperialismo. 2. Neliberalismo. 3. Conselho das Américas. 4. Diplomacia empresarial. 5. Produção intelec- tual. I. Fontes, Virgínia Fontes, orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de História.III.Título. Gerada com informações fornecidasCDD pelo - au- tor Bibliotecário responsável: Sandra Lopes Coelho - CRB7/3389 Rejane Carolina Hoeveler (Neo)liberalismo, democracia e “diplomacia empresarial”: a história do Council of the Ameri- cas (1965-2019) O presente trabalho em nível de doutorado foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvi- mento Científico e Tecnológico – Brasil, e foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguin- tes membros: Prof. Dr. Renato Luís do Couto Neto e Lemos (UFRJ) Prof. Dr. Rolando Álvarez (USACH) Profa. Dra. Ana Saggioro Garcia (UFRRJ) Prof. Dr. Gilberto Calil (UNIOESTE) Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutora em História Social, em banca examinadora realizada no dia 22 de julho de 2020, de maneira virtual. Coordenação do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFF Profa. Dra. Virgínia Fontes (PPGH-UFF), Orientadora A meu pai, Enio Remi Hoeveler (1949-2019), in memoriam. AGRADECIMENTOS Agradeço à minha orientadora, Virgínia Fontes, que muito além da orientação deste trabalho (e também de minha dissertação de mestrado), representa uma referência intelectual e política e fonte inesgotável de inspiração. Agradeço aos professores que gentilmente aceitaram participar das Bancas de Qualificação e Defesa: Martina Spohr, Gilberto Calil, Renato Lemos, Ana Saggioro Garcia, Rolando Álvarez, Sebastião Velasco e Cruz. Agradeço ao CNPq pelo apoio prestado em forma de uma bolsa de estudos, sem a qual esta pesquisa teria sido realizada em condições bastante mais desfavoráveis. Com votos de que esta agência científica resista à crescente onda de ataques obscurantistas. Agradeço aos gentis e atenciosos funcionários do Rockefeller Archive’s Center (RAC), especialmente Tom Rosenbaum. Agradeço enormemente meus colegas do Grupo de Trabalhos e Orientação (GTO), coordenado por Virgínia Fontes, do qual tenho o prazer de participar há sete anos: Ana Carolina Reginatto, Anderson Tavares, Diego Martins Dória Paulo, João Paulo Moreira, Thiago Ribeiro, Lísia Cariello, Ingrid Linhares, Camila Pinheiro, Carla Luciana Silva, Claudia Trindade, Danilo Caruso, Danilo George, Vicente Ribeiro, André Guiot, Carlos Tautz, André Vieira, Daniela Albrecht, Hugo Belluco, Victor Neves, entre outros brilhantes pesquisadores. Agradeço a Elaine Bortone e Tatiana Poggi, que acompanharam toda a trajetória desta pesquisa, desde o início, e me prestaram inúmeras formas de apoio ao longo desses quatro anos. Agradeço também especialmente a Pedro Cassiano e Gabriel Lecznieski Kanaan, que gentilmente se disponibilizaram para revisões, correções e comentários que se mostraram fundamentais sobre este material no tenso momento final de sua elaboração. Agradeço especialmente a Demian Bezerra de Melo, meu mais longevo parceiro e também um dos melhores historiadores brasileiros de minha geração. Agradeço os colegas de outros grupos de pesquisa e investigação que se mostraram parceiros valiosos, entre eles, Pedro Campos, Leonardo Britto, Rafael Brandão, Jussaramar da Silva, entre outros membros do Grupo de Estudos sobre Empresariado e Ditadura; ao NIEP-Marx (UFF); e a pesquisadores e professores com os quais tive a sorte de trocar valiosas referências, parcerias e reflexões, como Tiago Francisco Monteiro, Vicente Gil da Silva, Diego Ferrari, Danilo Martuscelli, Hernán Ramírez, João Márcio Mendes Pereira, Sílvia Miskulin, Marcelo Badaró Mattos, Henrique Carneiro, Carlos Zacarias, Lucas Duarte, Valério Arcary, Álvaro Bianchi, Daniela Mussi, Ary Minella, Julián Castro-Rea, Hugo J. Castro Valdebenito, Matías Manriquez, Christian Gatica, Melanie Grob, Marcelo Mansilla, Pablo Rubio Apiazzola, Alejando Jasinski, Victoria Basualdo, Luciana Lombardo, Eduardo Perondi, Pedro Doto, Rodolfo Machado, Elisabeth Cancelli, Felipe Amorim, Rafael Vieira, Elidio Borges, Felipe Demier, Sara Granneman, Juliana Fiúza Cislaghi. À Joana Salém Vasconcellos, linda amizade e parceria. Às queridas amigas Mirna Aragão de Medeiros e Fernanda Moura. A Kathy Swart e Marcos Arruda, pelas sempre frutíferas parcerias. Agradeço a Fernando Fórton González pelo incansável apoio em momentos difíceis. Finalmente, agradeço à minha mãe, Regina Iara da Luz Hoeveler, e a minha irmã, Érica Lais Hoeveler, por todo o apoio ao longo do período em que esta tese foi escrita. RESUMO Esta tese trata da história do Council of the Americas (COA) desde sua fundação, em 1965, sob a iniciativa de David Rockefeller (e inicialmente sob o nome de Council for Latin America - CLA), até os dias atuais. O Conselho das Américas é, desde sua criação, a principal entidade privada que organiza a ação política empresarial do capital estadunidense na América Latina. Busca-se identificar os principais atores, empresariais, políticos e intelectuais, que estiveram no centro da atuação deste aparelho ao longo dessas mais de cinco décadas de existência. Procuramos compreender continuidades e rupturas ideológicas que pautaram as modalidades de ação do Conselho, e a partir de matriz teórica marxiana e gramsciana, demonstrar a inserção deste aparelho privado de hegemonia tanto na sociedade civil como na sociedade política (Estado ampliado), e tanto nos Estados Unidos como nos mais diversos cenários nacionais latino-americanos – portanto, em âmbito transnacional (hemisférico). Inquirimos como, da colaboração com as ditaduras militares latino-americanas dos anos 1960 e 1970 – com destaque para a participação do Conselho na campanha que levou ao golpe de 1973 no Chile e as íntimas ligações com o regime instalado no Brasil após 1964 – à defesa de democracias restritas sob a batuta neoliberal, o discurso do Conselho sempre envolveu uma mistificação ideológica sobre uma suposta identidade de interesses comuns “hemisféricos”. Entendemos que, como propulsor do “livre comércio” interamericano e impulsionador de outros aparelhos empresariais, o Conselho faz uso de um conjunto de modalidades de ação que vai da propaganda para o grande público à estreita colaboração com agências de inteligência, constituindo-se como co-elaborador e co-operador privado central na política externa estadunidense para a América Latina. Analisamos, por fim, que além da propaganda positiva da “livre empresa” ou do “empreendedorismo” (associada a ferrenho anti- comunismo, e contrária a tudo que fosse considerado como lesivo ao capital imperialismo, desde expropriações à direitos sociais universais); e mais que precursora da chamada “responsabilidade social corporativa”, o Conselho das Américas atua como um intelectual coletivo que busca “educar” as classes dominantes latino-americanas. Palavras-chave: Conselho das Américas. Neoliberalismo. Democracia. Capital-imperialismo. VIII ABSTRACT This thesis deals with the history of the Council of the Americas (COA) since its foundation in 1965, under the initiative of David Rockefeller (and initially under the name of Council for Latin America - CLA), until the present day. The Council of the Americas has been, since its creation, the main private entity that organizes the corporate political action of th American capital in Latin America. It seeks to identify the main players, businesses, politicians and intellectuals who have been at the center of the performance of this apparatus throughout these more than five decades of existence. We seek to understand ideological continuities and ruptures that guided the Council's modalities of action, and, based on a Marxian and Gramscian theoretical framework, demonstrate the insertion of this private apparatus of hegemony both in civil and political society (enlarged state), not only in the United States, but also in the various Latin American national scenarios, therefore, at the transnational (hemispheric) level. We seek to explain how, from the collaboration with the Latin American military dictatorships of the 1960s and 1970s - with emphasis on the participation of the Council in the campaign that led to the 1973 coup in Chile and the close links with the regime installed in Brazil after 1964 - to the defense of restricted democracies under the neoliberal baton, the Council's speech has always involved an ideological mystification of a supposed identity of common “hemispheric”

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