UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS ÁREA: ESTUDOS DE LITERATURA ESPECIALIDADE: LITERATURAS BRASILEIRA, PORTUGUESA E LUSO-AFRICANAS LINHA DE PESQUISA: LITERATURA, IMAGINÁRIO E HISTÓRIA A REPRESENTAÇÃO DO IMIGRANTE ALEMÃO NO ROMANCE SUL-RIO-GRANDENSE: A DIVINA PASTORA, FRIDA MEYER, UM RIO IMITA O RENO, O TEMPO E O VENTO E A FERRO E FOGO IVÂNIA CAMPIGOTTO AQUINO ORIENTADOR: PROF. DR. LUÍS AUGUSTO FISCHER Tese de Doutorado em Literaturas Brasileira, Portuguesa e Luso-Africanas, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. PORTO ALEGRE 2007 2 Ao Henrique, à Pietra e à Júlia, meus filhos, pelo amor genuíno correspondido e pela ternura que me ofertaram nesta etapa de meus estudos. Ao Moacyr, que, compreensivo, com amor, renova o sentido de tudo. Aos meus pais e irmãos, pelos bons exemplos, pelo interesse, pela torcida. 3 AGRADECIMENTOS No tempo em que me dediquei ao doutorado, foi fundamental o apoio das instituições a que estive ligada e das pessoas que me permaneceram próximas. Meu agradecimento à Universidade de Passo Fundo e a seu curso de Letras, meu local de trabalho, que, além de criarem as condições práticas para prosseguir nos estudos, me motivaram com a expectativa que alimentam em relação à formação de seus professores; à Prefeitura Municipal de Passo Fundo e à sua Secretaria Municipal de Educação, meu outro local de trabalho, por preverem uma organização de horários que me possibilitou freqüentar as aulas; à Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a seu Programa de Pós-Graduação em Letras, pela qualidade do curso. Aos professores do programa com quem tive aulas expresso um muito obrigada especial, pois foram excelentes socializadores do conhecimento que detêm e sérios mediadores da minha construção de novos conhecimentos. Ao Luís Augusto Fischer, meu professor e meu bom orientador, que me orientou e se fez presença constante em todos os momentos da escrita da tese, com a exigência devida, a idéia certa e a compreensão de que eu precisava, dizer obrigada é pouco. Pelo seu empenho como professor atualizado teoricamente, cujos procedimentos metodológicos facilitam a aprendizagem do aluno, e pela vivacidade contagiante ao tratar de assuntos literários, manteve-me segura e motivada no desenvolvimento deste importante trabalho acadêmico. Sou muito grata a três pessoas especiais que leram este meu trabalho e me ajudaram a torná-lo melhor com os conhecimentos que possuem. Uma delas é a Maria Emilse, que fez a revisão gramatical, outra é o Luciano, que me ajudou a fazer os mapas literários, e a outra é o Cristiano, que se dispôs a descrever vários espaços de Porto Alegre citados nos romances. Foi uma bela manifestação de carinho. 4 Obrigada aos professores que constituíram a banca examinadora desta tese: Dr. Antonio Marcos Sanseverino (UFRGS), Dr. René Ernaini Gertz (PUCRS), Dr. Homero José Vizeu Araújo (UFRGS) e Dr. Márcia Helena Saldanha Barbosa (UPF). Agradeço aos meus pais, Vitalino e Therezinha, e aos meus irmãos, Elcinira, Claudionei e Jeane, pelas palavras de incentivo e pela confiança que têm em mim. Foram todos sempre ternos e carinhosos. Aos meus três filhos e ao meu esposo, minha profunda e amorosa gratidão. Durante o tempo em que cursei o doutorado, todos souberam esperar, silenciar e, também, me distrair na hora certa. Esta minha busca de novos conhecimentos e esta minha vontade de realizar mais uma etapa de formação profissional só se completam em significado e importância porque eles existem em minha vida. 5 RESUMO Este é um estudo da representação do imigrante alemão no romance sul-rio-grandense. Analisa cinco romances que tratam do tema: A divina pastora, de Caldre e Fião (1847), Frida Meyer, de Vivaldo Coaracy (1924), Um rio imita o Reno, de Clodomir Vianna Moog (1939), O tempo e o vento (sete volumes/trilogia), de Erico Verissimo (1949-1962), e A ferro e fogo (dois volumes), de Josué Guimarães (1972 - 1975). A análise das obras foi orientada pelas categorias Família, Trabalho, Religião, Espaço e deslocamento e Contatos. Para cada uma das categorias é feito um levantamento minucioso das informações correspondentes encontradas nas narrativas. Por meio desse processo investigativo são explicitadas as visões sobre a imigração alemã construídas por escritores diferentes em épocas diferentes, formulando-se compreensões sobre assimilação e preservação da identidade étnica e participação dos imigrantes na formação do estado do Rio Grande do Sul. Palavras-chave: romance – imigração alemã – etnia – assimilação – identidade étnica 6 ABSTRACT This is a study of the portrayal of German immigrants in romance written in Rio Grande do Sul. An analysis of five literary works addressing the theme is provided. The works are A divina pastora, by Caldre e Fião (1847), Frida Meyer, by Vivaldo Coaracy (1924), Um rio imita o Reno, by Clodomir Vianna Moog (1939), O tempo e o vento (seven volumes/trilogy), by Erico Verissimo (1949-1962), and A ferro e fogo (two volumes), by Josué Guimarães (1972-1975). The analysis was directed by the following categories: Family, Work, Religion, Space and dislocations and Contacts. A thorough assessment of the corresponding information found in the narratives was made for each category. The views on German immigration as constructed by different writers at different times are made explicit through such investigative process, which has raised understanding about the assimilation and preservation of ethnical identity and the participation of immigrants in the formation of the state of Rio Grande do Sul. Key-words: romance – German immigration – ethnicity – assimilation – ethnical identity. 7 SUMÁRIO 1 - QUESTÕES INTRODUTÓRIA 09 1.1 – Apresentação do tema da pesquisa: a questão do romance 09 1.2 - Estudos anteriores sobre os romances 13 1.3 - Características dos romances estudados 17 1.4 - O que busco nos romances 25 1.5 - Estrutura da tese 29 2 - DADOS HISTÓRICOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO RIO GRANDE DO SUL 32 2.1 - Os primeiros grupos de imigrantes alemães no Rio Grande do Sul 42 2.2 - A colonização provincial 55 2.3 – Alemães nas colônias do Rio Grande do Sul 59 2.4 – Alemães na capital do Rio Grande do Sul 66 2.5 - Os brummers 68 3 – OS IMIGRANTES ALEMÃES NO ROMANCE SUL-RIO-GRANDENSE 70 3.1 – A divina pastora 70 3.1.1 – Família 73 3.1.2 – Trabalho 76 3.1.3 – Religião 77 3.1.4 - Espaço e deslocamento 79 3.1.5 – Contatos 80 3.2 – Frida Meyer 3.2.1 – Família 3.2.2 – Trabalho 3.2.3 - Espaço e deslocamento 3.2.4 – Contatos 8 3.3 – Um rio imita o Reno 3.3.1 – Família 3.3.2 – Trabalho 3.3.3 – Religião 3.3.4 - Espaço e deslocamento 3.3.5 – Contatos 3.4 – O tempo e o vento 3.4.1 –Família 3.4.2 – Trabalho 3.4.3 – Religião 3.4.4 - Espaço e deslocamento 3.4.5 – Contatos 3.5 - A ferro e fogo 3.4.1 – Família 3.5.2 – Trabalho 3.5.3 – Religião 3.5.4 - Espaço e deslocamento 3.5.5 – Contatos 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 – Contextualização dos romances 4.2 - Mapas literários 4.3 - Idéias conclusivas 4.4 – Questões que persistem REFERÊNCIAS 9 1 - QUESTÕES INTRODUTÓRIAS 1.1 - Apresentação do tema da pesquisa: a questão do romance De um tempo para cá, tem me interessado e me entusiasmado estudar o romance, sem prejuízo, é claro, de meu gosto pelos demais gêneros literários. Acontece que a natureza do romance é a de ser uma leitura totalizante da realidade. O romance é a forma da totalidade, na versão de Lukács, e isso me estimula na medida em que, pela leitura, vou tomando posse do mundo construído no discurso. Também a verdade que mora na história narrada num romance me fascina, por me levar a experimentar um outro mundo, bem estruturado, com as dimensões de um todo, um mundo que se deixa comparar com aquele que chamamos de “real” e que serve de contraponto a este real. É o romance, dentre as outras formas literárias, que consegue expressar melhor o embate entre o homem e o mundo real a que pertence, bem como entre indivíduo e sociedade, e entre o ser e o existir, explica Georg Lukács em sua obra A teoria do romance, de 1916. Nesse sentido, a experiência do homem como sujeito da história é o que alimenta o romance. Na minha dissertação de mestrado, realizei um estudo sobre romances e livros de história, evidenciando, pela análise das técnicas discursivas utilizadas pelos escritores e historiadores, a proximidade existente entre as narrativas de ficção e de história. Logo após, na universidade onde sou professora e pesquisadora, passei a desenvolver o projeto de pesquisa “Narrativa: a relação literatura e história”, por meio do qual analisei romances que representam histórias envolvendo os principais movimentos messiânicos brasileiros: Mucker no Rio Grande do Sul, Canudos na 10 Bahia e Contestado em Santa Catarina. Assim, nesta tese de doutoramento, não foi outro meu interesse senão construir mais conhecimentos sobre o romance. O gênero literário romance é bem recente, se pensarmos que se faz literatura desde Homero e de Safo. Contudo, foi somente no final do século XVIII que o termo se consagrou, segundo Ian Watt em A ascensão do romance (1990). Desde que o romance surgiu, afirma o autor, trouxe como característica essencial o realismo, o qual se revela na maneira como representa determinada experiência humana, e não no tipo de experiência representada. Amplamente, no gênero romance está implícita a premissa de que “constitui um relato completo e autêntico da experiência humana e, portanto, tem a obrigação de fornecer ao leitor detalhes da história como a individualidade dos agentes envolvidos, os particulares das épocas e locais de suas ações – detalhes que são apresentados através de um emprego da linguagem muito mais referencial do que é comum em outras formas literárias” (WATT, 1990, p.
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