MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA RENATA CONCEIÇÃO NÓBREGA SANTOS AÇO E SUOR PELO AÇÚCAR E EM NOME DO PROGRESSO: 1ª SEÇÃO DA RECIFE SÃO FRANCISCO RAILWAY (Pernambuco, 1852-1859). RECIFE/PE 2017 RENATA CONCEIÇÃO NÓBREGA SANTOS AÇO E SUOR PELO AÇÚCAR E EM NOME DO PROGRESSO: 1ª SEÇÃO DA RECIFE SÃO FRANCISCO RAILWAY (Pernambuco, 1852-1859). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco como um dos requisitos para a obtenção do grau de Mestra.. Orientadora: Prof. Dr.ª Vicentina Maria Ramires Borba RECIFE/PE 2017 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE Nome da Biblioteca, Recife-PE, Brasil S237a Santos, Renata Conceição Nóbrega Aço e suor pelo açúcar e em nome do progresso: 1ª Seção da Recife São Francisco Railway (Pernambuco, 1852-1859) / Renata Conceição Nóbrega Santos. – 2017. 205 f. : il. Orientador: Vicentina Maria Ramires Borba. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em História, Recife, BR-PE, 2017. Inclui referências e anexo(s). 1. Escravidão 2. Ferrovia 3. Progresso 4. Trabalho I. Borba, Vicentina Maria Ramires, orient. II. Título CDD 981.34 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL DA CULTURA REGIONAL BANCA EXAMINADORA Profª Drª Vicentina Maria Ramires Borba Orientadora- Programa de Pós-Graduação em História – UFRPE Profª Drª Christine Paulette Yves Rufino Dabat Examinadora externa - Programa de Pós-Graduação em História – UFPE Prof Dr Humberto da Silva Miranda Examinador interno – Programa de Pós-Graduação em História – UFRPE RESUMO: Através do Decreto n. 1.030, de 07 d agosto de 1852, uma concessão imperial autorizou a construção de uma estrada de ferro na Província de Pernambuco, que seria empreendida pela Recife and São Francisco Railway Company. A norma fixou política de garantia de juros; permitiu a aquisição de bens livres de incidências tributárias; previu a desapropriação de terras; vedou a utilização de trabalhadores escravos; isentou do recrutamento e concedeu dispensa do serviço militar àqueles que trabalhassem na ferrovia. Sob o manto do discurso do progresso e da Nação, destacaram-se as ações do homem sobre a natureza e sobre o próprio homem, alterando condições políticas, sociais e a própria cartografia da região à época, mesmo diante da perpetuação da escravidão e dos elementos constitutivos da plantation açucareira – latifúndio, trabalho forçado e monocultura voltada à exportação. Políticos, investidores, engenheiros e trabalhadores integraram essas dinâmicas público-privadas, analisadas desde os debates parlamentares de autorização normativa, passando pela construção e funcionamento da 1ª seção da estrada de ferro. Construídos 31,5 km, a 1ª seção foi inaugurada e abreviou a trajetória entre Cinco Pontas (Recife) e vila do Cabo. Verificou-se diversidade e precariedade dos estatutos formais dos trabalhadores, dentre eles recrutas e desertores, que abriram caminhos, bateram dormentes e firmaram trilhos daquela ferrovia. O Imperador Dom Pedro II, após experimentar a estrada, em 01 de dezembro de 1859, apontou em seu diário as impressões da paisagem, do engenheiro em chefe, dos trabalhadores e das oficinas. Foi a partir dessas várias alterações e artefatos deixados em registros históricos que esta dissertação analisou as dinâmicas estatais e privadas de construção da ferrovia. Verificou-se o papel do Estado na lógica produtiva de desoneração do capital e estudou- se trajetórias de engenheiros e analisou-se um plexo de trabalhadores de condições variadas no intervalo aberto que se desenhara entre o trabalho não livre e o tecnicamente livre, compondo-se uma amostra da história do trabalho e dos seus padrões de exploração. Palavras chave : escravidão, ferrovia, progresso, trabalho. ABSTRACT: With the Decree n. 1,030, dated August 7, 1852, an imperial concession authorized the construction of a railroad in the province of Pernambuco, to be undertaken by Recife and São Francisco Railway Company. The norm established an interest guarantee policy; allowed the acquisition of goods free of tax incidents; predicted the expropriation of lands; prohibited the use of slave labor; exempted from recruitment and granted exemption from military service to those working on the railroad. Under the cover of the discourse of progress and of the Nation, the actions of man on nature and on man himself were highlighted, changing social political conditions and the cartography of the region at the time, even in the face of the perpetuation of slavery and the elements constitutive of sugar plantations – big lands (latifundio), forced labor and monoculture aimed at exports. Politicians, investors, engineers and workers have integrated these public-private dynamics, analyzed from the parliamentary debates of normative authorization, to the construction and operation of the 1st section of the railway. Built 31.5 km, the first section was inaugurated and shortened the trajectory between Cinco Pontas (Recife) and Cabo village. There was diversity and precariousness of the formal statutes of the workers, among them recruits and deserters, who opened paths, beating sleepers and fixing rails of that road. Emperor Dom Pedro II, after experiencing the road, on December 1, 1859, pointed out in his diary the impressions of the landscape, the engineer in chief, the workers and the workshops. It was from these various alterations and artifacts left in historical records that this dissertation analyzed the state and private dynamics of railroad construction. The role of the state in the productive logic of capital relief was examined and the trajectories of engineers were studied, and a plexus of workers of varying conditions was analyzed in the open interval that had been drawn between not free and technically free work, a sample of the work history and its patterns of exploitation. Keywords : slavery, railroad, railway, progress, work. 5 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 7 Capítulo 1. ................................................................................................................................... 22 PAISAGENS VISTAS DAS JANELAS DO TREM: “LABORING LANDSCAPES” - DIÁLOGO COM THOMAS D. ROGERS. ............................................................................ 22 1.1 Desenhando o cenário: topografia, sociedade e política. ....................................... 33 1.2 Conectando os locais de produção aos centros de consumo: Wallerstein e o sistema-mundo. ..................................................................................................................... 38 1.3 Açúcar e escravidão: um passado contínuo, a seguir sobre trilhos ...................... 45 1.4 Antes dos planos de viação imperiais, a RSF e “O Futuro das Estradas de Ferro no Brasil”: uma leitura de Cristiano Ottoni. ..................................................................... 53 1.5 Viajante na “Laboring Landscapes”: Charles Blachford Mansfield, um químico vitoriano nos canaviais da província de Pernambuco . ...................................................... 58 Capítulo 2. ................................................................................................................................... 64 A CONCESSÃO DA FERROVIA NAS GARGANTAS DO SENADO. .............................. 64 2.1 Os senadores, Senhores do açúcar, e as falas do Senado do Império: escravocratas optando pelo trabalho dito livre e disputando ferrovias. ......................................................... 67 2.2 Obras públicas, empreendimentos privados: a promiscuidade de interesses do affaire público-privado. ....................................................................................................... 87 2.3 E o que enunciava a legislação? .................................................................................... 92 2.3.1 Lei de Terras e Código Comercial. ............................................................................ 93 2.3.2 A aquisição de bens sem ônus aduaneiro: trilhos, máquinas e carvão. A aquisição de dinheiro mediante garantia: juros imperiais e provinciais. ........................................ 95 2.3.3 Trabalhadores: dispensa do recrutamento, isenção do serviço militar e vedação ao uso de escravos nas obras da ferrovia. ............................................................................... 97 Capítulo 3. ................................................................................................................................... 99 O SUOR NAS PICADAS E NOS TRILHOS: LABORING LANDSCAPES E FERROVIAS DO AÇÚCAR. 99 3.1 Ser e fazer-se trabalhador: a teoria a partir da prática. O ‘tino do mato’ e o engenheiro de ‘formação’. ................................................................................................................................ 101 3.2 Distinção e dominação: a academia para perpetuar o ‘defeito mecânico’. ..................... 105 3.3 Arte, engenharia e trabalho: distinguir, ordenar e dominar a produção. ........................ 107 3.4 Alguma engenharia: ciência, economia e política. ............................................................ 110 3.4.1 O engenheiro em chefe
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