Terra De Charneca Erma E De Saudade: a Construção Simbólica Do Alentejo

Terra De Charneca Erma E De Saudade: a Construção Simbólica Do Alentejo

Terra de charneca erma e de saudade: a construção simbólica do Alentejo português na obra de Florbela Espanca (1916 – 1930). PRISCILLA FREITAS DE FARIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA E ESPAÇOS LINHA DE PESQUISA II: CULTURA, PODER E REPRESENTAÇOES ESPACIAIS TERRA DE CHARNECA ERMA E DE SAUDADE: a construção simbólica do Alentejo português na obra de Florbela Espanca (1916 – 1930). PRISCILLA FREITAS DE FARIAS NATAL/RN 2014 PRISCILLA FREITAS DE FARIAS TERRA DE CHARNECA ERMA E DE SAUDADE: A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA DO ALENTEJO PORTUGUÊS NA OBRA DE FLORBELA ESPANCA (1916 – 1930). Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre no Curso de Pós- graduação em História, Área de Concentração em História e Espaços, Linha de pesquisa II, Cultura, Poder e Representações Espaciais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a orientação do Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior. NATAL/RN 2014 PRISCILLA FREITAS DE FARIAS TERRA DE CHARNECA ERMA E DE SAUDADE: A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA DO ALENTEJO PORTUGUÊS NA OBRA DE FLORBELA ESPANCA (1916 – 1930). Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau de Mestre no Curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela comissão formada pelos professores: _________________________________________ Durval Muniz de Albuquerque Júnior __________________________________________ Fábio Henrique Lopes ________________________________________ Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior ____________________________________________ Raimundo Nonato Araújo da Rocha Natal, 31 de Agosto de 2015. Com toda minha manifestação de amor, de admiração e de gratidão, dedico este trabalho aos meus pais (Silvana e Luiz Eduardo) e aos meus irmãos (Ana Paula, Pablo e Pedro), presenças marcantes na minha vida. AGRADECIMENTOS Dedico este pequeno trabalho, aos meus queridos pais, Luiz Eduardo Bezerra de Farias e Silvana Freitas de Farias. Agradeço-lhes todos os ensinamentos de respeito pela vida e pelo próximo; Agradeço-lhes toda a paciência e a compreensão, mas, sobretudo, por oportunizarem meus estudos e acreditarem nos meus sonhos. À meu querido pai, o mais extrovertido e humilde, simplesmente o homem que melhor representa a figura do que é ter respeito pela vida humana. À minha querida mãe, meu maior exemplo de força e perseverança; meu espelho de mulher, de amor e de atitude; minha melhor amiga, com quem compartilho todos os meus momentos cotidianos, sejam tristes, sejam felizes! Agradeço especialmente à Elmano Marques que, para além de um amigo e conselheiro, considero-o um pai afetuoso... Que me apoia e acredita no meu potencial...! Obrigada pelo carinho, tio Elmano! E, finalmente, aos meus queridos irmãos, Ana Paula, Pablo e Pedro, que sempre estarão ao meu lado incondicionalmente. Agradeço o carinho de todos os funcionários da UFRN que sempre alegraram meu dia com um belo “bom dia” e um sorriso estampado no rosto. Agradeço os muitos amigos que conheci na UFRN, que contribuíram e me enriqueceram não só como intelectual, mas, principalmente, como pessoa. Gostaria de agradecer especialmente a Vera, bibliotecária do Real Gabinete Português de Leitura, quem me acolheu por mais de um mês, possibilitando todas as ferramentas necessárias para o sucesso de minha pesquisa no Rio de Janeiro. Assim como, gostaria de agradecer a senhora Aurea, quem facilitou e disponibilizou toda a documentação rara na Biblioteca Municipal de Matosinhos. Agradeço enormemente aos colegas de mestrado da Turma 2013, pessoas com quem compartilhei angustias e felicidades ao longe de mais uma etapa acadêmica. Em especial gostaria de agradecer à Sabrina, Leo, Sandra e Cristiano, amigos que admiro; com quem compartilhei incontáveis descobertas e experiências maravilhosas. Agradeço à Nilton Marques, Laís Luz e Vinícius Alecrim, queridos e grandes amigos de longas datas, meus cumplices e confidentes, que acreditam em mim e sempre me apoiarão incondicionalmente. A vida sem nossos encontros e boas gargalhadas seria muito monótona! Definitivamente, vocês não só fazem parte a minha vida cotidiana, mas do meu coração! Não posso, nunca, jamais de deixar de agradecer a minha principal referência de historiador, professor Durval, aquele que me acolheu desde meu primeiro momento no departamento, deu-me a oportunidade de trabalhar e crescer com ele, fazendo-me perceber a importância da responsabilidade, do comprometimento, da dedicação e da força de vontade para tudo que quisermos alcançar, mas, sobretudo, ensinou-me o quanto é belo o ofício do historiador. À quem respeito e admiro não só como historiador, professor e, sobretudo, como um ser maravilhoso, simples e que radia charme e alegria em todo lugar que esteja! Agradeço as inúmeras conversas, críticas e sugestões, mas, sobretudo, por conspirar tamanha beleza e intensidade a cada encontro inspirador, pelas palavras envolventes e incisivas não só para minha vida pessoal, mas para o meu crescimento intelectual. Sinto-me imensamente lisonjeada em poder compartilhar todos esses anos de pesquisa, dramas e sorrisos. Da mesma forma não posso deixar de agradecer ao professor Raimundo Arrais e Santiago das Chagas que foram importantíssimos para a construção da dissertação. Obrigada pela troca de conhecimento e pela dedicação, mas, sobretudo, pelo olhar sincero, pelas observações crítica e construtivas. Aos meus pais e aos meus irmãos. Dedico cada linha desse texto, recheado de amor, comprometimento e respeito, que os meus entes queridos continuam me ensinando todos os dias da minha vida! Obrigada. Apresento-lhe a charneca ao entardecer, a minha triste charneca donde nasceu minha triste alma. Selvagem e rude, patética e trágica, tem a suprema graça, cheia de amargura, dos infinitamentes tristes, a quem foi negada a doçura das lágrimas. É enorme e é simples; fala e escuta. O que lhe tenho ouvido! O que lhe tenho dito! Toda morena do sol, que a queima em verões sem fim, é como eu uma revoltada, sem gestos e sem gritos. Nesta hora do entardecer, toda ela palpita em misteriosas vibrações, toda ela é cor, vida, chama e alvoroço, contido e encandeado por uma secreta maldição! Mas como ela é bonita, a minha charneca! Florbela Espanca RESUMO Nesse trabalho, investigamos a construção simbólica de uma dada espacialidade, partindo do pressuposto teórico de que os espaços são construções subjetivas que se dão no interior de diferentes culturas, articulando sentimentos e racionalidades, mas, sobretudo, os espaços são construções humanas conduzidas pelas relações sociais, fruto do investimento material e simbólico que traduz as necessidades de uma determinada sociedade em um dado momento do devir histórico. Nesse sentido, analisaremos a construção simbólica e imagética da região central de Portugal, o Alentejo, a partir da produção literária (1916 – 1930) da poeta portuguesa Florbela D’Alma Conceição Espanca. Propomos analisar a obra florbeliana não só a partir de suas relações internas, mas também externas, enfatizando a ligação entre história, espaço e literatura. Dessa forma, propomos indagar acerca da dimensão simbólica – dos significados, das imagens e das representações – que incitou uma das mais controversas poetas portuguesa do início do século XX à se debruçar na construção poética do espaço alentejano, questionando não só os sentidos agenciados pelo discurso literário de Florbela Espanca para inventar o seu Alentejo, adornado pela memória, pela dor e pela saudade, mas investigar como o meio sociocultural em que viveu influenciou na sua obra, na sua vida e nas formas de sentir e viver o Alentejo. Para melhor compreendermos como a poeta significou a espacialidade alentejana, ao longo desse trabalho problematizaremos três categorias de espaço na obra de Florbela Espanca: a região, o campo e a paisagem. Dessa forma, essa pesquisa se insere no campo da história cultural na medida em que vamos trabalhar com toda a produção literária de Florbela Espanca, cartas, diários, fotos e biográficas e críticas literárias, delimitando um recorte temporal de 1916 – início da atividade intelectual de Florbela Espanca – à 1930 – publicação de Charneca em Flor (póstumo) e o suicídio da poeta. Portanto, num constante exercício simbólico das palavras atravessado pelos sentimentos mais subjetivos do sujeito, a todo o momento nosso trabalho será guiado pelo questionamento do que seria o Alentejo para a poeta, que sentidos e significados atravessou essa espacialidade que marcou tão soberanamente as memórias mais felizes e tristes da vida de Florbela Espanca. PALAVRAS-CHAVE: Florbela Espanca; Literatura; Alentejo; Construção poética dos espaços. ABSTRACT In this work, we investigate the symbolic construction of a particular spatiality, starting from the theoretical assumption that spaces are subjective constructions guided by different cultures, feelings and rationales, but mostly spaces are human constructs driven by social relations, as a result of the material investment and symbol that reflects the needs of a particular society at a given time of historical development. Accordingly, we analyze the construction and symbolic imagery of the central region of Portugal, the Alentejo, from the literary production (1916 – 1930) the English poet Florbela Espanca D'Alma Conception Espanca. Thus, we propose to analyze the florbelian work not only from its internal relations, but also external, emphasizing

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