Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-graduação em Comunicação Social Maria Gislene Carvalho Fonseca Novelo de verso: fios de memória, tradição e performance tecendo a poesia de cordel Belo Horizonte Março de 2019 Maria Gislene Carvalho Fonseca Novelo de verso: fios de memória, tradição e performance tecendo a poesia de cordel Trabalho de tese apresentado ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (Doutorado). Linha de Pesquisa: Textualidades Mediáticas Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto de Carvalho Belo Horizonte Março de 2019 Ao meu Avô e à minha Mãe. Acho que os anos irão se passar Com aquela certeza Que teremos no olho Novamente a ideia De sairmos do poço Da garganta do fosso Na voz de um cantador! (Zé Ramalho) Agradecimentos Esse texto é um enorme esforço de síntese. Porque cada passo dado até aqui tem um agradecimento a alguém que esteve ao meu lado, segurando a minha mão e não deixando que eu desistisse. Agradeço a Deus em suas diversas representações pelo que foi construído, vivido e sentido até este momento. Agradeço a minha família: a minha mãe em primeiro lugar. Pela força dessa criação, pela resiliência e resistência. Pelo feminismo estrutural e orgânico cotidianamente ensinado a mim como um método de sonhos e de trabalho. A ela, pelo apoio incondicional, pela compreensão e, principalmente, pelo exemplo. Ao meu avô, a quem tive de deixar pela segunda vez na busca de uma realização, e que esteve de braços abertos em todas as minhas voltas. À tia Claudia pelas orações e pela presença, pela maternidade reivindicada, pelo cuidado constante. Às minhas coirmãs Ana Ewellyn e Yohanna, a quem eu tento inspirar e ser exemplo. À tia Aninha, pelas horas de conversa, pelos conselhos, pelo apoio estrutural que ajuda a viver fora de casa, pela inspiração de força e de trabalho. À minha família construída em BH: agradeço à Lívia pelo cotidiano, pela parceria. Por me ensinar todo dia o sentido da partilha. Por todas as refeições que fizemos juntas, por estar ao meu lado em qualquer que fosse a circunstância. Por compartilhar a guarda do Bakhtin e da Amora, a quem também agradeço por me ensinarem sobre afeto e cuidado. À Janine e ao Armando pela amizade, pelos churrascos, pelas risadas. Ao Neguinho (Filipe) pelo abrigo, pelos áudios bêbado nas madrugadas, pelos abusos e pelo cuidado. Ao Jonatha, que se ocupou em trazer-nos as cervejas mais geladas. Ao Gáudio por estar sempre disposto a compartilhar as alegrias. À Rozane, que chegou no último ano com Guto e Camila, sendo mais um foco de proteção e de luta. Em BH teve outras pessoas que ajudaram a tornar o caminho mais suave: as amizades encontradas no Tramas: Bárbara, Vanessa, Juliana e Verônica, a Carol, o Tarcísio. As professoras e os professores que foram sala de aula e abraços para além da academia: Vera França, Paulo B, Elton Antunes, Carlos Mendonça, Joana Ziller, Bruno Martins, Bruno Leal, Carlos D’Andrea, Geane Alzamora, Angela Marques, Ricardo Fabrino, Paula Simões. As minhas orientandas Lívia Laudares e Lorena Campos e ao Matheus, a quem não orientei oficialmente, mas me ajudou a descobrir o que vim fazer aqui. Há um agradecimento especial aos processos terapêuticos que contribuíram para busca do equilíbrio entre o corpo e a mente nesse processo, por vezes tão duro. A leveza encontrada nas danças do Affetto com a Carol Quintino, Mari Razzi, Thalita Menezes, Lara Couto, Elisa Nunes, Raul Martins e Leandro Brito. A María Rial, que conduziu os floreios na Galícia. À minha terapeuta Marcela Normand, à psiquiatra Luciana Cypriano, ao neurologista (in memorian) Tarciano Carvalho, aos acupunturistas Iva Fraga e Jorge Montenegro. A possibilidade do doutorado sanduíche na Galícia foi mais um momento fundamental de desenvolvimento pessoal e deste trabalho. Agradeço a Ria Lemaire pela indicação, pela orientação cuidadosa e nômade, pela leitura afetuosa e pelos vinhos à beira do Mar de Vigo. Ao professor Bieito, por ter aceitado me receber. Aos professores Baltrush Burghard e Carlos Nogueira pelos trabalhos e parcerias na Cátedra Internacional José Saramago. Às poetas Silvia Penas, María Lado, Lucia Aldao, Yolanda Castaño, Iolanda Zuñiga, que me ajudaram a entender um pouco da voz poética feminina galega, pela qual me apaixonei. Agradeço demais à torcida que ficou em Fortaleza, fazendo coro às minhas alegrias e celebrando junto as conquistas: Jean, Renan, Damien, Rafael Bruno, Caio, Duda, Angela, Emanuele, Andrea, Luis Paulo, Janna, Rômulo, Sabrina, Belle, Deivide, Willy. À Juliana Bulhões, com quem compartilho memes, abusos, histórias, viagens e planos todos os dias. Aos meus grandes amigos Damien Maia e Rafael Salvador, presentes em toda a minha vida acadêmica na revisão e nas artes gráficas. Com muito amor, agradeço ao Vitor, meu companheiro de amor e de guerrilha. Que foi paciente em todos os instantes, que desde o primeiro ano me escuta reclamar, que lamenta, mas que também comemora comigo cada capítulo encerrado, cada artigo aceito; que tenta minimizar os danos causados pela cadeira, pela autoestima que às vezes se acaba, pela ansiedade; que me ensina todo dia a dividir a vida, que me abraça e diz que está comigo todas as vezes em que a energia se esgota e eu preciso de comidas gostosas para recarregar. Com toda a minha admiração, agradeço ao Carlos Alberto, meu orientador e meu amigo. Companheiro político, a quem eu não largo desde muito antes do nosso elegantérrimo encontro em Coimbra. Carlos foi mais que um professor. Foi minha referência, meu ponto de apoio, que entrou comigo nas brigas, com quem eu me orgulho muito de trabalhar. Segurou minhas angústias, me ajudou a transformá-las em questões de pesquisa e me ensinou que a academia é séria, mas que a gente ainda dá umas boas risadas da cara dela. Agradeço ao Kleyton Canuto pela indicação e pelos dados com os quais contribuiu sobre Campina Grande; ao Renan Lutiane, que me fez companhia na feira e no final ainda me ajudou com a parte gráfica; e à professora Joseilda Diniz por ter me abrigado, me acompanhado e me apresentado aos poetas de Campina Grande. Agradeço ao Luís Paulo e ao Rômulo pela casa no Rio de Janeiro e pela companhia na Feira de São Cristóvão. À Lívia, mais uma vez, que foi comigo à minha primeira atividade de campo. Ao Gustavo e à Rachel, pelo abrigo e companhia em São Paulo durante o pré-teste. À Júnia e ao Júnior pela acolhida em João Pessoa. Agradeço aos poetas que me concederam entrevista (Rafael Brito, Rouxinol do Rinaré, Josy Maria, Salete Maria, Jarid Arraes, Iponax Vilanova, Miguel Bezerra, Edinaldo Santos, Izidro Dias, Gabriel, Francisco Sales, Dona Tereza, Jose Mariano, Ascendino Araújo, José Antônio Fernandes, Dona Benedita) e aos que não quiseram falar comigo. Todos eles me ajudaram a delinear uma compreensão sobre o cordel brasileiro. Agradeço, por fim, a quem tornou essa pesquisa uma materialidade: ao Presidente Lula, à Presidenta Dilma Roussef, ao Ministro Fernando Haddad e à Capes, cuja bolsa foi resultado do incansável trabalho dos governos do PT. Agradeço mais uma vez à Jarid e à Salete, por serem esperança em meio ao caos. Resumo Este trabalho é sobre a poesia de cordel. Trato aqui das declamações improvisadas que são realizadas nas feiras de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e na Central de Campina Grande. Abordo aspectos comunicacionais da poesia a partir da textualidade das performances que integram poetas, públicos, cenários e tempos articulados em narrativas, atravessadas por memórias e tradições. Para isso, convoco conceitos como performance, oralidade, narrativa, memória e tradições em um diálogo entre Paul Ricoeur e Paul Zumthor; e de performance arena e word-power, de Foley. Para falar sobre o cordel, tomo o embasamento proposto por Carvalho, Lemaire e Santos. E realizo uma revisão bibliográfica elencando uma trajetória dos conceitos que me serviram de ponto de partida para propor outro olhar em direção ao fenômeno. Mais aberto, em vez de fechar uma definição fragmentada, permite ao conceito incorporar outras manifestações culturais que possam ser compreendidas como parte de um universo simbólico que o cordel constitui. Para isso, realizei atividades de campo e acompanhei declamações nas duas feiras, de forma anônima, para observar as relações que emergem nos espaços. Desta observação, foram definidos os conceitos trabalhados no referencial teórico. Em seguida, voltei às feiras para refletir analiticamente a partir desses conceitos sobre o fenômeno encontrado. O que as performances apresentaram aqui foram questões relacionadas à presença ausente e à memória forjada; à definição do cordel, que se mostrou indisciplinado e fugidio; e ao fluxo constitutivo de performances, memórias e tradições entre si, e definindo o que caberá ser chamado de cordel. Palavras-Chave: Poesia de Cordel; Performance; Memória; Tradição; Feira de São Cristóvão; Feira Central de Campina Grande Abstract This dissertation is about cordel’s poetry. I deal here with the improvised declamations that are made in the fairs of São Cristóvão, in Rio de Janeiro, and in the Central of Campina Grande. The poetic communication aspects of the performances’ textuality are approached observing the integration among poets, audience and scenarios, merged by the narratives and crossed by memories and traditions. For this, concepts such as performance, orality, narrative, memory and traditions are convened in a dialogue between Paul Ricoeur and Paul Zumthor; and Foley's performance arena and word-power. To talk about cordel, the foundation proposed by Carvalho, Lemaire and Santos is implemented. The accomplishment of a bibliographical revision listed a trajectory of the concepts that served as a starting point to produce another view towards the phenomenon. More open, instead of closing a fragmented definition, this view allows the concept to incorporate other cultural manifestations that can be understood as part of a symbolic universe that the cordel constitutes.
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