betar #29 | março | 2012 Artes &LetrAs Pessoa Plural Como o Universo, uma exposição que pretende mostar toda a diversidade da obra do nosso grande poeta almada negreiros almada EntrEvista arq. Um guia cultural, para que não perca o que interessa ver e ouvir. josé forjaz No mês em que se celebra o Dia Mundial do Teatro a Betar convida-o (27 de Março), para homenagear a arte da a visitar o seu website representação, elegemos as peças “Histórias do Bosque de Viena”, encenada por Tónan Quito, reformulado e “Dança de roda”, a partir de textos de Arthur Schnitzler, para que possa apreciar esta tão nobre forma de expressão artística. Clientes Mas se as suas preferências vão para a música, saiba GOA Projetos que James Morrison vem ao Coliseu dos Recreios; O que fazemos Quem Somos Ana Moura, Deolinda, Clã, Luísa Sobral, António Zambujo, Anaquim e Cuca Roseta cantam, no Campo Bem-vindo ao Grupo Betar Editorial Desde 1973, a BETAR tem Pequeno, para ajudar dezenas de crianças apoiadas desenvolvido estudos e projectos no âmbito da Engenharia Civil, em particular de edifícios e pela Associação Novo Futuro; e ao CCB regressa o pontes, promovendo a inovação e desenvolvimento de soluções criativas, em resposta aos crescentes jazz, com Dose Dupla. desafios de mercado, mantendo o mesmo empenho em alcançar as expectativas Ao nível das artes, não pode perder a exposição dos seus Clientes. A aposta na inovação e criatividade, fomentada pelo “Fernando Pessoa, plural como o universo”, na dinamismo empresarial e pela formação contínua dos seus quadros, enquadrados no Sistema de Qualidade, Gulbenkian, onde se apresenta a multiplicidade da abraçado em 2007, tem vindo a consolidar a posição cimeira da BETAR no panorama da Contactos obra do poeta português; ou a mostra “A Magia da Engenharia Civil Portuguesa. Privacidade Oportunidades Betar Artes & Letras Publicações Polaroid”, na Casa da Cerca, constituída por uma Consulte-nos ® BETAR, Todos os direitos reservados surpreendente coleção de sessenta modelos de máquinas fotográficas, de 1948 até 2010. www.betar.pt Fora de portas, há a feira de arte moderna e contemporânea, rebatizada este ano de “Art Paris Art Fair”, na capital francesa; e uma impressionante FiCha téCniCa mostra, em Londres, com obras de Picasso, para ProPrietário e editor: Grupo BETAR apresentar a influência do pintor na arte britânica. Sede: Av. Elias Garcia n.º53, 2.º Esq. 1000-148 Lisboa adminiStração: José Tiago de Pina Patrício de Mendonça Quanto à entrevista, fomos virtualmente até direção: José Jaime Simões de Mendonça redatora: Cátia Teixeira Moçambique para falar com o arquiteto José Forjaz, Maria do Carmo Vieira deSign: Jonas Reker ContaCto: [email protected] que nos relata uma história de vida admirável. entrevista ‘Sou internacionalista. Só assim se pode ser coerente com uma sociedade que se quer integrada entre si. Sinto-me arquiteto. Acho que a nossa pátria é onde trabalhamos.’ Palavras do Obras no Salão de Banquetes da Presidência da Edifício Epsilon 24, na Av. 24 de Julho em Maputo Arq. José Forjaz. República de Moçambique, em Maputo Por Cátia Teixeira Estudou em Lourenço Marques, Porto e fazer a chamada cultura da auto-estima, como Lisboa. Maputo tem um orçamento de cerca de nova iorque e trabalhou na suazilândia e se precisassem de partir da auto-estima para quatro dólares por habitante, para gerir a cidade, Botswana, antes de se instalar de vez em conseguir valores, em vez do contrário. E ainda enquanto Lisboa terá mais de mil. Moçambique. o que é que este percurso lhe há a questão da negritude, dos complexos. Por- deu e quais as principais diferenças entre tugal não vive esses complexos, não precisa de o seu percurso é indissociável do exercício Portugal e África? se auto-estimar e já se sabe autocriticar. África de uma cidadania interveniente. Como foi Quando estava em Nova Iorque a tirar o mas- há-de lá chegar. trabalhar para o Governo de Moçambique? ter, o meu amigo Pancho Guedes entusiasmou- Ao viver num regime colonial fascista, desde -me a ficar com um escritório na Suazilândia. Moçambique tem muita arquitetura muito jovem que senti que as coisas não esta- Então fui de Nova Iorque para Mbabane, uma portuguesa mas, desde a independência, os vam bem e as minhas associações emocionais cidade que tinha menos gente que o quarteirão edifícios têm sido pouco recuperados. sabe e políticas eram, quase inevitavelmente, onde eu morava. Mas isso só me deu a noção de porquê? de esquerda. Havia três possibilidades: ser que o mundo é todo igual, as pessoas são muito Sei, não há dinheiro. Não é que as pessoas não fascista, comunista ou católico progressista. parecidas e as necessidades e os problemas são tenham vontade disso mas não há dinheiro para Eu era, e sou, ateu portanto não me pareceu os mesmos. Não há diferença entre trabalhar ter água ou eletricidade, logo, a classe média que fosse encontrar as respostas aí. A opção em Mbabane ou em Nova Iorque a não ser para moçambicana não tem condições económicas da esquerda era quase imposta porque era a quem quer fazer uma carreira pública. Entre que lhe permitam recuperar essas estruturas. única que lutava contra um regime injusto Portugal e África as diferenças são basicamen- Não há dinheiro para tapar os buracos das e totalitário. Por razões várias, fiz algum te o momento histórico-cultural. Portugal é ruas, nem para pôr os elevadores a funcionar, trabalho que foi apreciado em África e a certa um país perfeitamente integrado na cultura para as pessoas não terem de subir 15 andares altura juntei-me ao movimento de libertação universal. Não precisa de se afirmar, tem a sua de escadas para ir trabalhar, quanto mais para de Moçambique. Já depois do 25 de Abril, fui identidade bem definida, joga nas esferas cul- reparar uma janela. O país é um dos mais pobres convidado a voltar para Moçambique para turais, políticas, sociais e tecnológicas. África do mundo. O orçamento per capita de Moçam- ajudar a construir o país. Era um convite ainda não chegou lá. As pessoas precisam de bique é incomparavelmente menor que o de irrecusável porque havia ligações emocionais 27 de Março é o Dia Mundial do Teatro. Por todo entrevista TEATRO o lado se homenageia a arte da representação. Faça também um tributo a esta forma de expressão tão singular e assista a uma peça muito fortes e acabou por ser um trabalho de espantosa compensação que continua a deixar-me dormir bem todas as noites. o que tem a dizer acerca do convite de Kofi annan para realizar o projeto da sua casa em accra, no Gana? Não há muito a dizer. Quando ele veio a Moçam- Salão de Banquetes da Presidência da República bique, pela primeira vez, ficou alojado numa de Moçambique, em Maputo casa que eu tinha desenhado. O Governo tinha- -me pedido que desenhasse umas casas para alojar os presidentes dos países visitantes que aspetos circunstanciais. Sinto-me reconforta- se reuniam cá de vez em quando. Eu desenhei do com tudo o que me têm feito em Portugal. Histórias do Dança e foram construídas quatro casas para esse E espero não ser tomado como um heroizinho Bosque de viena de roda efeito. O Kofi Annan ficou numa e, como gostou da moda, que é um mal que afeta a arquite- muito, quando pensou em fazer uma casa para tura mundial. É um culto perigoso porque os “Histórias do Bosque de Viena” é uma das Em “Dança de roda”, Arthur Schnitzler quis ele mandou dizer que queria aquele arquiteto arquitetos mais jovens só querem ser conhe- obras mais famosas do autor austro-hún- levar a palco a roda-viva das relações instá- para a projetar. Foi assim que aconteceu. Tive cidos. Pensa-se que se é muito conhecido é garo Ödön von Horváth. A peça subverte veis e permissivas entre homens e mulhe- hipóteses de estar com ele várias vezes, é uma porque é bom arquiteto, mas eu desconfio que o género (normalmente inofensivo), para res, numa frenética dança de casais, com pa- pessoa de grandes qualidades humanas e por se é muito conhecido deve ser mau arquiteto. formular uma crítica mordaz à comunida- res que se formam e desfazem de cena para isso foi um prazer trabalhar para ele. de burguesa intolerante, egoísta e mesqui- cena, abordando de forma surpreendente as sente-se mais português ou moçambicano? nha, num tempo de profunda crise econó- teorizações de Freud acerca dos impulsos josé Mendonça escreveu na artes&Letras, Eu não sou patriota, sou cada vez mais mica e desemprego generalizado. Tendo sexuais e dos jogos de poder. Em 1920, a como pano de fundo o som das valsas de a propósito da sua exposição “ideias internacionalista. Acho que só assim se pode publicação da peça, com tal abordagem das Strauss, o autor conta a história de Maria- e Projetos”, que o arq. josé forjaz “é ser coerente com uma sociedade que se quer relações sentimentais, chocou a sociedade na, uma jovem rapariga ingénua, filha do considerado, por muitos, um marco integrada entre si e que tem de eliminar as vienense, causando grande controvérsia, tal dono da loja de brinquedos, que quebra o da arquitetura portuguesa”. sente-se barreiras de ordem política, económica e como a sua primeira representação, levando noivado com o talhante Óscar, depois de reconhecido em Portugal? social. Os ecossistemas não respeitam estas se ter apaixonado por Alfredo, um jogador a que, no ano seguinte, um tribunal de Acho que sim. Tenho sido convidado para fronteiras portanto não há razão para separar e parasita sem vontade própria, que tem Berlim a considerasse ofensiva da moral pú- fazer exposições e conferências; este mês os homens.
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