Discussão Dos Resultados

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Levantamento Geoquímico do Estado do Rio de Janeiro 6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 6.1 Aplicações no Mapeamento Geológico Pereira & Santos (1994) relataram a possibilida- de da ocorrência de ouro no rio Paraíba do Sul, no Os resultados analíticos das amostras de sedi- trecho entre a desembocadura do rio Pomba e a ci- mentos e de água mostraram algumas feições geo- dade de São Fidélis, como ainda, na área do rio lógicas que ficaram claramente delineadas nos Preto, em Manoel Duarte. mapas geoquímicos elaborados, porém, por ve- Também, Fonseca (1998) relatou a existência de zes, é difícil determinar o significado de algumas alguns garimpos no estado do Rio de Janeiro, que anomalias geoquímicas, devido, talvez, à escala e foram trabalhados, em geral, com balsas, na déca- resolução dos mapas, que não permitiram mostrar da de 80, nos rios Itabapoana, Muriaé, Paraíba do detalhes geológicos. Sul (Cambuci e Itaocara) e Pomba. Utilizou-se, como referência da geologia, o Mapa Lamego (1946, apud Fonseca, 1998) citou várias explo- Geológico do Estado do Rio de Janeiro (Fonseca, rações de ouro em aluviões, em Itaperuna, Natividade, Por- 1998). No quadro 2, apresenta-se um resumo com ciúncula, Varre-Sai, Ouro Fino e Comendador Venâncio. algumas informações geológicas que puderam ser Segundo Mansur (1988), foram registradas, em identificadas através da amostragem geoquímica. 1986, atividades de garimpagem nos rios Muriaé, Pomba, Carangola, Itabapoana e Paraíba do Sul, e em 1987, na região entre Pureza e São Fidélis, onde 6.2 Aplicações na Prospecção Mineral foi utilizado mercúrio. Também instalaram-se ga- rimpos nos rios Paraibuna, Preto (Valença) e Paraí- Segundo Castro & Beisl (1993) e Castro & Rosá- ba do Sul (Vassouras e Itaocara). rio (1994), a região do vale do rio Paraíba do Sul exi- Os teores de ouro encontrados neste projeto va- be, em diversas localidades, ocorrências esparsas riaram entre 0,01 a 0,5ppm (ver figura 2). de ouro, que foram explotadas por garimpeiros, No mapa de distribuição do ouro em sedimentos sem muito sucesso. Porém, na região de Cantaga- de corrente, verifica-se que as maiores concentra- lo, nas proximidades de São Sebastião do Paraíba, ções desse elemento estão localizadas, na maioria em Porto Tuta, na divisa RJ/MG, foram encontra- das vezes, nos rios e municípios relatados na litera- dos, pelos pesquisadores, diversos grãos de ouro. tura retromencionada. –15– Programa Informações para Gestão Territorial Quadro 2 – Informações geológicas segundo as observações deste estudo. Tipos de Rochas Observações Gnaisses e migmatitos Os gnaisses ricos em minerais máficos (biotita, hornblenda e piroxênio), mig- matitos com paleossomas com biotita e anfibólio, os corpos anfibolíticos, cor- (Complexos Juiz de Fora, Pa- pos ultramáficos e máficos e suítes charnokíticas estão claramente indicados raíba do Sul, Rio Negro, São Fi- pela abundância de Cu e Cr. As rochas dos complexos Paraíba do Sul, Rio Ne- délis, Região dos Lagos) gro e Região dos Lagos mostram-se enriquecidas em Ca. Na Serra dos Órgãos, nos granitos de Parati, Angra dos Reis e Mangaratiba, e nos granitóides do Município do Rio de Janeiro observa-se depleção de Se, As, Pb e Cd. O granito Sana é enriquecido em Ca. Os complexos granitóides Rochas graníticas da serra dos Órgãos e os granitos de Parati, Angra dos Reis e de Mangaratiba são enriquecidos em Li e W, sendo que esses últimos são, também, ricos em flúor. Os corpos alcalinos de Nova Iguaçu (serra de Tinguá), São Gonçalo, Rio Boni- to, Tanguá, Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Itatiaia, Resende e serra do Mendanha são delineados pelos teores de flúor e fósforo, tanto nas amostras Rochas alcalinas de água, quanto nas dos sedimentos, enquanto o corpo alcalino Morro de São João, quase na foz do rio São João, mostrou somente anomalia de flúor em água. Titânio: Confirmando as informações de Fonseca (1998), ocorrem anomalias de titânio nas regiões dos complexos Paraíba do Sul e Juiz de Fora. Como ain- da, se destacam os corpos do granito Sana e das rochas dos complexos São Fidélis e Região dos Lagos. Observam-se, também, anomalias nos granitos de Angra dos Reis e Mangaratiba. Bário: As anomalias de bário evidenciam os depósitos e ocorrências de barita, principalmente na Região dos Lagos e nos municípios de São Gonçalo, Duque de Caxias, Rio Bonito, Itaguaí, Cachoeiras de Macacu e Rio de Janeiro.Cálcio e estrôncio: Anomalias de cálcio e estrôn- Outras ocorrências cio confirmam a presença de rochas carbonáticas na região de Cantagalo, Italva, Barra do Piraí, Valença, Barra Mansa, Miguel Pereira, Três Rios e Paraí- ba do Sul, como também, na Região dos Lagos, onde ocorre grande quantida- de de conchas calcárias. Também mapeam os corpos magmáticos pós- e sin- tectônicos (Fonseca, 1998). Cálcio, estrôncio e bário: Anomalias desses ele- mentos evidenciam os granitóides dos complexos Juiz de Fora, Paraíba do Sul e São Fidélis, como ainda dos granitóides da região de Angra dos Reis, Parati e Mangaratiba. Porém, observa-se que alguns corpos magmáti- Segundo Fletcher (1997), a presença de teo- cos sintectônicos (Fonseca, 1998) podem ser a fon- res de ouro em sedimentos de corrente é devida te do ouro que ocorre, em geral, nos sedimentos de ao selecionamento dos grãos durante o trans- corrente, nas regiões de Mangaratiba, Vassouras e porte. A eliminação seletiva dos grãos leves enri- Barra do Piraí, como ainda nas amostras coletadas quece, localmente, os sedimentos em minerais nos rios Capivari (região de Silva Jardim), Tanguá, pesados. Caceribu (região de Itaboraí/Tanguá) e Negro (re- As amostras coletadas nos rios São João de Me- gião de Duas Barras). Outra hipótese sobre a ori- riti e Pavuna apresentaram, respectivamente, gem dos teores de ouro nos sedimentos, nessas re- 0,28ppm e 0,06ppm de Au e 0,25ppm e 0,80ppm giões, segundo Hélio Canejo (comunicação verbal, de Ag, o que, provavelmente, representa contribui- 1999), seria os veios de quartzo, que ocorrem cor- ção antrópica, visto que essa região mostra alta tando os corpos magmáticos. densidade demográfica e industrial. –16– Levantamento Geoquímico do Estado do Rio de Janeiro Figura 2 – Distribuição de ouro em sedimentos. 6.3 Aplicações Ambientais Entretanto, áreas com baixas concentrações de um determinado elemento também podem sinalizar Alguns elementos químicos são necessários a ocorrência de algum tipo específico de rocha, ca- à saúde dos seres vivos, fazendo parte de com- racterizada pela depleção desse elemento, ou plexos sistemas enzimáticos, como por exem- mostrar áreas agrícolas carentes em nutrientes, o plo cobre, zinco, ferro e selênio; porém, são que atrapalha a sua produtividade, ou até mesmo, considerados tóxicos quando presentes no a ocorrência de alguma doença endêmica. meio ambiente em altas concentrações. Outros Sendo assim, esses mapas poderão ser bastan- elementos, tais como mercúrio, cádmio, arsê- tes úteis para outras instituições, quer sejam gover- nio e chumbo, não são essenciais aos seres vi- namentais ou não, nas áreas de saúde pública, sa- vos do ponto de vista biológico e são considera- neamento básico, planejamento urbano, agricultu- dos muito tóxicos, quando estão presentes no ra e monitoramento ambiental. meio ambiente, mesmo em baixas concentra- Para os estudos ambientais, no Projeto Rio de Ja- ções, porque são acumulativos no organismo neiro, procurou-se, inicialmente, observar o compor- dos animais. tamento dos elementos considerados tóxicos para o Através de mapas geoquímicos, é possível indi- ser humano e os animais (arsênio, chumbo, cádmio car áreas com deficiência ou potencialmente tóxi- e flúor) nas amostras de água, e, como complemen- cas, para futuras investigações. to, o comportamento desses elementos nas amos- Áreas com altas concentrações de um determi- tras dos sedimentos. Estudou-se, também, o com- nado elemento podem ajudar na delimitação de de- portamento de outros elementos químicos conside- pósitos minerais, de áreas com rejeito industrial rados essenciais aos seres vivos, mas que podem e/ou urbano, com aplicação de pesticidas e/ou fer- ser tóxicos à saúde do homem e dos animais, se es- tilizantes, como ainda, selecionar áreas para estu- tiverem no ambiente em altas concentrações (alumí- dos específicos relacionados à saúde pública. nio e cobre). Estudou-se, ainda, o comportamento –17– Programa Informações para Gestão Territorial daqueles elementos químicos, essenciais ao ser hu- do limiar da CONAMA: 10mg/l. Porém, segundo a mano, mas que podem causar problemas à saúde, Cetesb (1995), concentrações de nitrato em quando ocorrem em muito baixas ou muito altas água, acima de 5mg/l, demonstram condições concentrações no meio ambiente (zinco e selênio). sanitárias inadequadas, pois as principais fontes Procurou-se, sempre, neste trabalho, considerar do nitrato são dejetos humanos e de animais. Os como referência para o estudo das concentrações rios Preto e Piabanha mostraram concentrações dos elementos químicos na água superficial os va- de nitrato variando entre 5 e 10mg/l. Esses rios si- lores máximos permitidos pela Resolução da tuam-se em aglomerados urbanos e em região CONAMA nº 20/86 (tabela 4). agrícola, o que pode evidenciar poluição antrópi- ca, tendo como fontes principais despejos huma- nos e animais, bem como produtos químicos e or- 6.3.1 Elementos químicos estudados gânicos com nitrogênio, provenientes das ativi- dades agrícolas. No quadro 3, procurou-se sintetizar algumas in- formações sobre a influência dos elementos quími- Fosfatos cos estudados, no meio ambiente, tanto em relação à saúde dos seres vivos,

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