MICROBACIAS II – ACESSO AO MERCADO ANEXO 1 INFORMAÇÕES GERAIS DA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1. INTRODUÇÃO O Estado de São Paulo é a força econômica do Brasil e da América do Sul. Tem a maior população do país (41 milhões), sendo responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que totaliza US$ 550 bilhões. Os setores que mais contribuem para o PIB estadual são serviços e indústria. Apesar do seu sucesso econômico global, nem todos têm acesso às oportunidades econômicas, sendo que o Estado ainda tem cerca de 5 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza, o que representa 12% da população. Existe uma grande disparidade de renda, sendo que os 20% mais pobres da população recebem apenas 5% da renda total do Estado, com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Municipal variando de 0,640 (nível médio de estados do nordeste do Brasil) a 0,919 (nível médio da Alemanha). Embora com menor participação no PIB, a agricultura é vital para a economia do Estado, pois desde sua urbanização, no início da década de 1950, os agricultores fornecem produtos agrícolas para os consumidores e indústrias alimentícias locais e de outros estados brasileiros, bem como para exportação. O Estado de São Paulo é o maior mercado consumidor do país. A agricultura é responsável por mais da metade de toda a atividade econômica em 60% dos 645 municípios, sendo significativa em termos de emprego total do Estado (11%). De um total de 324.601 unidades agrícolas, que ocupam 20.504.107 ha, 262.519 (81%) são pequenas propriedades rurais1.Contribui com quase um quarto da produção agrícola nacional, é o principal produtor de laranja (73%), amendoim (70%), cana-de-açúcar (53%) e frutas (45%). Além destas explorações, também tem importância no cenário nacional, com a produção de aves (38%), batata (27%), tomate (22%), milho (12%), carne bovina (7%) e café (7%). O agronegócio é responsável por aproximadamente 17% do PIB do Estado, sendo mundial em alguns produtos, como por exemplo, laranja, açúcar e álcool.2 2. ANTECEDENTES A história do setor rural do Estado de São Paulo foi marcada pelo intenso e acelerado desmatamento a partir do início do século passado e uma sucessão de ciclos agrícolas baseados em monoculturas voltadas para exportação e fornecimento de matéria-prima para indústrias: primeiro café, seguido de grãos, algodão, pecuária, e mais recentemente, citrus, cana-de-açúcar e eucalipto. Desde a década de 1950, o Estado também experimentou uma rápida urbanização e êxodo rural, que em muitos casos, contribuíram para o aumento da pobreza e violência urbana. A cafeicultura foi a grande alavanca do desenvolvimento do Estado, responsável pela chegada, nas diferentes regiões, do transporte ferroviário, comércio, cooperativas, criação de municípios, escolas, hospitais e teatros. Entretanto, a expansão da cafeicultura em São Paulo enfrentou avanços, estagnações e retrocessos, devido a problemas de mercado e preços (superprodução, má qualidade do produto e oscilação de preços), climáticos (geadas) e também pelo plantio de variedades inadequadas para algumas regiões. Em algumas regiões onde a cafeicultura foi substituída por culturas anuais como o algodão, milho, feijão e amendoim, ocorreram processos erosivos, devido à intensificação da mecanização e 1 Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária – LUPA, CATI/IEA – SAA, 2007/2008. 2 TSUNECHIRO, A. ; MARTINS, V. A. Valor da produção agropecuária do Brasil em 2003, por Unidade da Federação. Informações Econômicas, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 54-71, fev. 2006. 1 mobilização do solo, que contribuíram para a degradação do solo e o empobrecimento regional. A queda na atividade econômica teve como conseqüência a redução drástica da população em quase todos os municípios paulistas, especialmente no oeste, contribuindo assim para o êxodo rural. No final da década de 90 algumas regiões descobrem novas vocações na fruticultura e pecuária leiteira, exploradas em pequenas propriedades, que deram novo alento à economia regional. A retomada do desenvolvimento nessas regiões foi apoiada pela implementação do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas (PEMH), cujas ações desenvolvidas fortaleceram as diversas formas de organização de pequenos produtores rurais. As comunidades organizadas nas microbacias tiveram melhoria significativa no sistema de gestão de suas propriedades e puderam solucionar problemas estruturais, tais como a falta de água e de equipamentos para uso na atividade produtiva, que possibilitaram novas alternativas de explorações agropecuárias. A formação e a consolidação das associações de produtores viabilizaram novos investimentos nas comunidades e nos municípios, assim como a melhoria da trafegabilidade das estradas rurais, a agregação de valor aos produtos agropecuários e a geração de novos empregos. De um total de 324.601 unidades de produção agropecuária (UPAs), 262.519 (81%) são pequenas unidades familiares, que ocupam apenas 20% do total da área agrícola do Estado, de acordo com o LUPA, 2007/2008. As grandes empresas agrícolas, que representam menos de 2% do total de unidades, ocupam 35% da área agrícola total e especializaram-se em commodities para exportação, enquanto os pequenos agricultores geralmente obtêm sua renda na pecuária leiteira, avicultura, suinocultura, fruticultura, olericultura e cafeicultura. O cultivo de arroz, feijão e milho também é comum nas pequenas propriedades. A competitividade no setor agrícola é muito alta, e somente uma pequena parcela dos agricultores familiares, integrados às cadeias produtivas, tornam-se competitivos. Um número significativo de agricultores familiares não obtém renda superior a dois salários mínimos por mês, sendo que muitos deles buscam renda adicional através da prestação de serviços para propriedades vizinhas ou da aposentadoria rural. Nessas propriedades são comuns os cultivos de subsistência, tais como arroz, feijão, milho, mandioca e pequenas criações. 3. DESAFIOS Apesar do impressionante desempenho geral, o setor rural do Estado de São Paulo enfrenta dois desafios principais relacionados à agricultura familiar. O primeiro é a baixa competitividade, devido a fatores complexos, que incluem: baixa escala de produção, não padronização ou diferenciação dos produtos, fraca organização e capacidade gerencial dos produtores, falta de conhecimento sobre a demanda do mercado, baixo poder de negociação com grandes empresas de agronegócios, acesso limitado a crédito, baixo nível de escolaridade, falta de infra-estrutura (transporte, armazenamento, etc.), acesso a comunicação, baixa prioridade das municipalidades para áreas rurais. Muitos desses fatores contribuem para a dificuldade de inserção das pequenas propriedades nas cadeias produtivas. O segundo desafio é o nível avançado de degradação ambiental das áreas rurais devido a maior parte dos solos do Estado de São Paulo ser suscetíveis à erosão. Os sucessivos ciclos agrícolas e a intensificação da agricultura, sem a devida preocupação com a conservação do solo e da água, contribuíram para a aceleração do processo de erosão, levando à sedimentação de reservatórios, córregos e nascentes, assim como perda da fertilidade em muitas áreas. Os agricultores familiares de baixa renda são prejudicados de forma desproporcional, devido à impossibilidade de arcarem com os custos de produção mais elevados, decorrentes dos investimentos necessários para a recuperação do solo. O processo de degradação ambiental agrava as barreiras socioeconômicas enfrentadas pelo pequeno agricultor. 2 4. ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL Nesse contexto, o Governo do Estado de São Paulo reconhece a importância da agricultura familiar em termos de geração de emprego e renda, e desde o final da década de 90, busca promover o desenvolvimento rural sustentável. Para isso, empreende esforços especiais para que as explorações agropecuárias da agricultura familiar sejam potencialmente mais rentáveis e, portanto mais atraentes, de forma que garantam renda consistente para o produtor rural. O aumento da competitividade da agricultura familiar é um componente fundamental dessa estratégia, especialmente porque eleva a renda e a torna mais consistente. Através dessa abordagem, o Estado de São Paulo procura atingir maior eqüidade na competitividade agrícola, especialmente para a agricultura familiar de menor renda. A implantação de um processo de “Desenvolvimento Rural Sustentável” passa pela revisão das estratégias de atuação do Estado para evitar que o processo de reajustamento da agricultura se faça sem uma orientação planejada e racional. Para tanto, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) têm apoiado diversas iniciativas para promover o desenvolvimento rural sustentável, destacando-se o Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas e o Projeto de Recuperação de Mata Ciliar ambos com apoio do Banco Mundial. O Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas trabalhou na construção de bases para a implantação de uma política de desenvolvimento rural sustentável no Estado de São Paulo. O Programa fortaleceu os municípios com a implantação de uma estratégia para o desenvolvimento sustentável, baseada em microbacias hidrográficas, que priorizou as áreas dos municípios com maiores problemas relacionados à degradação ambiental e com maior presença de agricultores familiares. As ações de extensão rural, capacitação e assistência técnica fortaleceram a organização dos produtores rurais com a formação e a consolidação das associações de produtores
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