Relatório Final Inquérito Prevalência Esquistossomose 2016

Relatório Final Inquérito Prevalência Esquistossomose 2016

RELATÓRIO FINAL INQUÉRITO NACIONAL DE PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI E GEO-HELMINTOSES (INPEG) BELO HORIZONTE 2016 Coordenador Naftale Katz Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz/MG Coordenador Adjunto Paulo Marcos Zech Coelho Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz/MG Índice 1. Introdução........................................................................................................................................................ 3 2. Marco teórico .................................................................................................................................................. 5 2.1 Epidemiologia ................................................................................................................................................ 5 2.2 Inquéritos de prevalência da esquistossomose mansoni e geo-helmintoses .................................................. 8 3. Hipóteses de trabalho a serem respondidas .................................................................................................... 11 4. Justificativa ................................................................................................................................................... 11 5. Objetivos ........................................................................................................................................................ 12 5.1 Objetivo Geral .............................................................................................................................................. 12 5.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................................... 12 6. Métodos .......................................................................................................................................................... 13 6.1 Tipo de estudo .............................................................................................................................................. 13 6. 2 População de referência ............................................................................................................................. 13 6.3 População de fonte ...................................................................................................................................... 13 6.4 Amostras dos escolares ................................................................................................................................ 13 6.5 Procedimentos técnicos e parâmetros do estudo ......................................................................................... 14 7. Abordagem analítica ...................................................................................................................................... 15 7.1 Procedimento de coleta e transporte das amostras ...................................................................................... 15 7.2 Análise de dados ......................................................................................................................................... 16 8 . Aspecto ético ................................................................................................................................................. 16 9. Equipe que executou o projeto ....................................................................................................................... 17 10. Resultados .................................................................................................................................................... 19 11. Discussão ...................................................................................................................................................... 44 12. Recomendações para a utilização dos resultados do INPEG ....................................................................... 52 13. Referências bibliográficas ............................................................................................................................ 53 ANEXO I - Resumo do plano amostral realizado no Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose mansoni e Geo-helmintoses (INPEG 2010-2015) .............................................................................................. 56 ANEXO II - Quantidades de municípios e de menores entre 07 e 17 anos incluídos nas amostras de cada unidade federada, discriminadas por tipos de áreas caracterizadas por aglomerados de municípios com mais ou menos 500.000 habitantes, existentes em cada unidade da federação .......................................................... 59 ANEXO III - Proporção de Positivos para Esquistossomose, Ascaridíase, Ancilostomíase e Tricuríase em escolares de 7-17 anos nos municípios que participaram do Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose mansoni e Geo-helmintoses (INPEG - 2010/2015) ............................................................... 61 ANEXO IV - Técnicos que participaram do INPEG (2010-2015) nos diferentes estados brasileiros .............. 83 2 1. Introdução A esquistossomose mansoni, no Brasil, é uma doença causada pelo trematódeo digenéico Schistosoma mansoni que tem o homem como seu principal hospedeiro, e como hospedeiro intermediário, os caramujos do gênero Biomphalaria. No país são três espécies de Biomphalaria que já foram encontradas naturalmente infectadas a saber: B. glabrata (Say, 1818), B. straminea (Dunker, 1848) e B. tenagophila (Orbigny, 1835). Estes caramujos estão amplamente disseminados no território brasileiro. A parasitose foi introduzida no Brasil por meio do tráfico dos escravos, oriundos da África. Desde o século XVI até o XVIII este tráfico trouxe mais de 3,5 milhões de escravos, boa parte deles infectados pelo S. mansoni e S. haematobium. Só a primeira estabeleceu-se devido a presença do hospedeiro intermediário susceptível, já que para a segunda, é necessário caramujos de gênero Bulinus encontrado na África, mas não no Continente Americano. É sabido que para a instalação do ciclo evolutivo do S. mansoni é absolutamente necessária a presença de Biomphalaria susceptível que permite a manutenção da transmissão e de outros condicionantes tais como a falta de saneamento básico, condições de higiene precárias, tratamento inadequado de água e esgoto, ausência de educação para a saúde, contato frequente do homem com águas naturais contaminadas, ou seja, fatores que caracterizam as condições de baixo desenvolvimento sócio-econômico. No início do século XX, o médico baiano Manoel Pirajá da Silva descreveu pela primeira vez, no ano de 1908, ovos com espícula lateral encontrado em fezes de pacientes no nosso país, que um ano antes haviam sido descrito como uma nova espécie por Sambon (1907a,b) (Pirajá da Silva, 1908a,b, 1909). Ao descrever esta nova espécie de Schistosoma, Sambon denominou-a de mansoni em homenagem ao médico inglês Sir Patrick Manson, considerado o fundador da Medicina Tropical, por este ter intuído que deveria haver duas espécies que causavam a doença na época chamada de Bilharziose, em homenagem ao descobridor da mesma, Theodor Bilharz, médico alemão, que trabalhava no Egito. Foi Pirajá da Silva que necropsiando vários pacientes na Bahia, fez a descrição completa da morfologia dos vermes, Sambon só havia visto um verme macho incompleto quando publicou o seu trabalho (Falcão, 1953, 1959, Katz, 2008). Coube posteriormente a Robert Leiper (1915a,b) fechar o ciclo evolutivo das duas espécies, seguindo metodologia anterior, descrita por cientistas japoneses, que descreveram o ciclo do S. japonicum (Katsurada, 1904, Miyari & Suzuki, 1914). Um ano mais tarde, Lutz descreve, no Brasil, o ciclo do S. mansoni definindo seus hospedeiros intermediários necessários para a manutenção da espécie (Lutz, 1919). 3 Portanto, desde o início, as contribuições dos médicos e cientistas brasileiros para o conhecimento da esquistossomose foram muito significativas. Os conhecimentos sobre as manifestações clínicas, fisiopatologia da doença, epidemiologia e controle reforçam que contribuições brasileiras foram extremamente relevantes (Katz et al, 1994; Carvalho, Passos & Katz, 2009). Assim sendo, Jansen (1943) tenta pela primeira vez, em Gameleira, Pernambuco, o controle desta parasitose, por meio do tratamento quimioterápico da população infectada associado ao combate aos caramujos, fazendo aplicações de sais de antimônio e de cal virgem. Este trabalho pioneiro vai dar origem a uma série de outros que irão contribuir muito para o controle da esquistossomose e para o conhecimento da sua epidemiologia. Em 1975, foi criado pelo Conselho de Desenvolvimento Social liderado pelo Ministério da Saúde, o Programa Especial Controle da Esquistossomose (PECE) que investiu durante anos grande soma de recursos visando o controle dessa endemia. Foram tratadas milhões de pessoas, inicialmente com oxaminiquina e posteriormente com praziquantel, aplicado moluscicida em larga escala, realizadas atividades de educação para a saúde e em menor escala, melhorias no abastecimento de água, na rede de esgoto e construção de lavanderias públicas (Ministério da Saúde, 1976). Este programa de controle ao longo dos anos sofreu mudanças e adaptações. Após mais de 30 anos de atividades quase contínuas, especialmente nos Estados do Nordeste e em Minas Gerais, a comunidade científica brasileira através da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Sociedade Brasileira de Parasitologia, Programa Integrado de Esquistossomose dos Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (PIDE)

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