A Circulação De Pessoas Na Região De Dracena-Sp

A Circulação De Pessoas Na Região De Dracena-Sp

A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS E A CENTRALIDADE NA REGIÃO DE GOVERNO DE DRACENA-SP. Carla de Souza Leão [email protected] Mestranda do Programa de Pós-graduação em Geografia. PPGG/FCT /UNESP – Campus de Presidente Prudente. INTRODUÇÃO A compreensão da circulação é essencial para a compreensão da diferenciação e hierarquização das cidades na rede urbana. Neste sentido o objetivo do presente trabalho é entender a centralidade das cidades, utilizando uma de suas bases que é a circulação. A análise é feita a partir do número de linhas de transporte de passageiros intermunicipal de e de empresas de transporte que atuam nas cidades da região de Governo de Dracena - SP, que é formada por Dracena, Junqueirópolis, Monte Castelo, Nova Guataporanga, Ouro Verde, Panorama, Paulicéia, Santa Mercedes, São João do Pau d’Alho e Tupi Paulista. De acordo com o estudo divulgado pelo IBGE (2008) – REGIC – Região de Influência das Cidades 2007, a cidade de Dracena se classifica como Centro de Zona A, e está um nível acima na hierarquia urbana em relação as demais cidades que classificam como Centros Locais. A circulação na rede urbana De acordo com Corrêa (1989), a rede urbana é o conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados e para a existência da rede urbana são necessárias três condições: [...] uma economia de mercado com uma produção que é negociada por outra que não é produzida local ou regionalmente. [...] a existência de pontos fixos no território onde os negócios acima referidos são realizados, ainda que com certa periodicidade e não de modo contínuo. [...] existência de um mínimo de articulação entre os núcleos anteriormente referidos, articulação que se verifica no âmbito da circulação, [...] (CORRÊA, 1989, p. 7). Para a formação da hierarquia urbana, a circulação da produção excedente é fundamental e podemos entender que a circulação de pessoas também é um reflexo desta hierarquização. De acordo com Vallaux (1914, p.311) apud Arroyo (2006, p.73) “a circulação não anula a diferenciação: unicamente se modifica, se estende, se suaviza e se desenha num novo plano”. No processo de urbanização, há, então uma tendência crescente à diferenciação e à especialização, acompanhada de uma maior divisão interurbana do trabalho, e atrelada diretamente às possibilidades de articulação que a dinâmica da circulação promove. (ARROYO, 2006, p.76) A circulação de pessoas na Região de Dracena. No caso das cidades da Região de Governo de Dracena, a presença da Rodovia Estadual Comandante João Ribeiro de Barros – SP294, favoreceu o desenvolvimento de algumas cidades pelo fato de ser elemento facilitador da circulação. Lembrando sempre do efeito de polarizador que as infra-estruturas de transporte adequadas podem execer sobre as cidades que estão em seu entrocamento. Podemos considerar a existência de quatro tipos básicos de circulação: de pessoas, de capital, de mercadorias e de idéias. Nos dados que apresentamos a seguir nos focamos na circulação intra-regional de pessoas. A Expresso Adamantina é a principal empresa de transporte suburbano nas cidades da região. Surgida em 1953 na cidade de Adamantina, quando o senhor Tamotu Matuoka comprou Ônibus Jardineira que faziam o transporte de pessoas nos trechos entre Adamantina, Dracena, Tupi Paulista e Lucélia; hoje a empresa está sediada em Dracena e suas linhas suburbanas interligam mais de 20 municípios do Estado de São Paulo. As empresas Jandaia, Expresso Prata, Viação São Luiz e Reunidas são responsáveis pelo transporte intermunicipal e interestadual. Quadro 1: Empresas de transporte de passageiros intermunicipal e interestadual que atuam na região de Governo de Dracena. Empresa Tipo de transporte Linha Nº.de ônibus/dia intermunicipal Dracena - São Paulo 4 Expresso Prata Dracena – Bauru 2 Jandaia Intermunicipal/suburbano Dracena - Presidente Prudente 4 Viação São Luiz Interestadual Araçatuba - Campo Grande 2 intermunicipal Presidente Epitácio - Andradina 1 Reunidas Dracena – São Paulo 1 Dracena - Andradina 1 Fonte: Pesquisa de Campo, 2010 Org.: Carla de Souza Leão. Através do quadro 1 observamos a maioria das linhas de transporte intermunicipal e interestadual tem início em Dracena com destino a capital do Estado ou a cidades médias mais próximas, ou ainda ligam a região até a capital do Estado do Mato Grosso do Sul. Tabela 1: Número de linhas do transporte coletivo suburbanas da empresa Expresso Adamantina com destino a Dracena, Junqueirópolis, Monte Castelo, Nova Guataporanga e Ouro Verde. Partida/Destino Dracena Junqueirópolis Monte Castelo Nova Guataporanga Ouro Verde Dracena --- 5 2 2 5 Junqueirópolis 8 --- 0 0 0 Monte Castelo 2 0 --- 2 0 Nova Guataporanga 2 0 2 --- 0 Ouro Verde 5 0 0 0 --- Panorama 7 0 0 0 1 Paulicéia 6 0 0 0 0 Santa Mercedes 6 0 0 0 0 S. João do Pau D’Alho 2 0 2 0 0 Tupi Paulista 9 1 2 0 0 Total 47 6 8 4 6 Fonte: Astor: Rede de Consulta e Venda de Passagens online, 2010. Org.: Carla de Souza Leão. Tabela 2 Número de linhas do transporte coletivo suburbanas da empresa Expresso Adamantina com destino a Panorama, Paulicéia, Santa Mercedes, São João do Pau D’Alho e Tupi Paulista. Partida/Destino Panorama Paulicéia Santa Mercedes S. João do Pau D’Alho Tupi Pta. Dracena 8 7 7 2 10 Junqueirópolis 0 0 0 0 0 Monte Castelo 0 0 0 2 2 Nova Guataporanga 0 0 0 0 0 Ouro Verde 1 0 0 0 0 Panorama --- 6 6 0 6 Paulicéia 7 --- 6 0 6 Santa Mercedes 7 6 --- 0 6 S. João do Pau D’Alho 0 0 0 --- 2 Tupi Paulista 7 7 7 2 --- Total 30 26 26 6 32 Fonte: Astor: Rede de Consulta e Venda de Passagens online, 2010. Org.: Carla de Souza Leão. Como podemos verificar nas tabelas 1 e 2, a cidade que melhor está interligada por linhas de transporte suburbano é a cidade de Dracena, da qual parte ônibus para todas as cidades da região e que recebe ônibus de todas elas. O número total de linhas de ônibus que partem de Dracena é de 47 linhas diárias e é destino de 48 linhas diárias, enquanto que, a segunda cidade de onde mais partem linhas, Tupi Paulista, é origem de 32 linhas diárias e recebe 35 linhas diárias, não tendo conexão apenas com Nova Guataporanga e com Ouro Verde através do transporte suburbano. Já a cidade que está menos conectada com as demais é a cidade de Nova Guataporanga que recebe apenas duas linhas diárias de Dracena e duas linhas diárias de Monte Castelo. Para aqueles se deslocam diariamente para trabalhar, as cidades acabam exercendo a função de cidade dormitório. Algumas considerações A análise das motivações dos deslocamentos permitiria entender melhor este processo, mas este infelizmente não é um dado disponível nas empresas. Ao mesmo tempo em que a circulação de pessoas que partem ou retornam da cidade de Dracena é uma conseqüência do papel central desta cidade na região, ela reforça a centralidade que se construiu. Do mesmo modo, as dificuldades de acesso a certos bens e serviços ou, até mesmo um relativo isolamento de algumas cidades, faz com que não haja a construção de uma centralidade nesses locais. BIBLIOGRAFIA ARROYO, María Mónica. Dinâmica territorial, circulação e cidades médias. In: SPOSITO, Eliseu; SPOSITO, Maria Encarnação B.; SORBAZO, Oscar (orgs.). Cidades Médias: produção do espaço urbano e regional. São Paulo: Expressão Popular, 2006. CORRÊA, Roberto Lobato. A rede urbana. São Paulo: Ática, 1989. ______. Globalização e reestruturação da rede urbana – Uma nota sobre as pequenas cidades. Território, Rio de Janeiro, v.4 nº6, jan./jun. 1999. p.41-53. ESTEVA, Gustavo. Desenvolvimento. In: SACHS, Wolfgang. Dicionário do desenvolvimento: Guia para o conhecimento como poder. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 59- 83. ENDLICH, Ângela Maria. Pensando os papéis e significados das pequenas cidades do Noroeste do Paraná. (Tese de Doutorado em Geografia). Presidente Prudente: FCT/ Unesp, 2006. 507 p. IBGE. Região de influência das cidades 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. LEÃO, Carla de Souza. A influência de eixos rodoviários no desenvolvimento de pequenas cidades e em seus papéis dentro da rede urbana. Relatório final de Iniciação Científica - bolsa PIBIC/CNPq, Presidente Prudente: FCT/Unesp, 2007. MATUSHIMA, Marcos Kazuo; SPOSITO, Eliseu Savério. A dinâmica econômica no Estado de São Paulo: do paradigma de área ao paradigma de eixo de desenvolvimento. In: SILVA, João Marcio Palheta da; SILVEIRA, Marcio Rogério. Geografia econômica do Brasil: temas regionais. Presidente Prudente: FCT/Unesp, 2002. p.187-216. Eixo Temático: Geografia Urbana. .

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