PAULO ANDRADE MAGALHÃES FILHO JOGO DE DISCURSOS: A DISPUTA POR HEGEMONIA NA TRADIÇÃO DA CAPOEIRA ANGOLA BAIANA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais. Orientadora: Profª Drª Paula Cristina da Silva Barreto Salvador 2011 Magalhães Filho, Paulo Andrade M188 Jogo de discursos: a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana / Paulo Andrade Magalhães Filho. – Salvador, 2011. 197 f.: il. Orientadora: Profª. Drª. Paula Cristina da Silva Barreto Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2011. 1. Capoeira - Angola. 2. Hegemonia. 3. Fronteiras. 4. Identidade. 5. Tradição. I. Barreto, Paula Cristina da Silva. II. Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. CDD – 796.81 AGRADECIMENTOS À família e aos ancestrais; Aos mestres que me conduziram nessa caminhada, e aos que gentilmente concederam entrevistas para este estudo; Às instituições que propiciaram esta pesquisa; Aos professores que me ensinaram e orientaram; A tod@s amig@s e camaradas que compartilham vibrações positivas... Êa! SUMÁRIO RESUMO …............................................................................................................................ 08 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS …......................................................................... 12 INTRODUÇÃO ….................................................................................................................. 13 I IDENTIDADE, MEMÓRIA E TRADIÇÃO Entre ruas e senzalas …........................................................................................................... 19 Luta Regional Baiana ….......................................................................................................... 21 A crítica regional à tradição …................................................................................................ 22 Embranquecimento, Autenticidade e Internacionalização ...................................................... 29 O contraponto angoleiro …...................................................................................................... 36 Cultura Popular, Memória e Tradição ..................................................................................... 39 Identidade …............................................................................................................................ 47 Culturas, Sociedades, Fronteiras, Sentido, Poder e Hegemonia …......................................... 52 Conclusões ….......................................................................................................................... 57 II ANGOLA E REGIONAL: IDENTIDADES EM JOGO A capoeira no ringue …........................................................................................................... 60 Congresso Afro-Brasileiro ….................................................................................................. 64 Mestre Pastinha e o Centro Esportivo de Capoeira Angola …................................................ 67 Tradição e renovação: a escola de Mestre Pastinha …............................................................ 70 Ensinamentos do Mestre …..................................................................................................... 73 Duelo de ideias ….................................................................................................................... 74 Polêmicas Pastinha e Aberrê …............................................................................................... 78 Turismo e Folclorização …...................................................................................................... 82 Canjiquinha, Caiçara e o Belvedere da Sé ….......................................................................... 89 Esportivização e Graduações ….............................................................................................. 93 Folclore, Esporte, Turismo e Tradição – a batalha nos jornais …........................................... 98 Conclusões …........................................................................................................................ 103 III TRADIÇÃO ANGOLEIRA – UMA DISPUTA EM MOVIMENTO Reafricanização na Bahia ….................................................................................................. 105 A passagem de Pastinha ….................................................................................................... 106 A Reascensão Angoleira …................................................................................................... 107 Forte Santo Antônio e a ocupação angoleira ….................................................................... 110 A capoeira quebrou? As Oficinas do GCAP …..................................................................... 114 No jogo com o Rei Midas …................................................................................................. 116 Fronteiras de Angola …......................................................................................................... 120 A contra hegemonia angoleira ….......................................................................................... 126 Fundação da ABCA ….......................................................................................................... 132 Capoeira Santa ….................................................................................................................. 139 Calçados e Uniformes …....................................................................................................... 141 Códigos corporais e rituais …................................................................................................ 145 Os Anjos de Angola ….......................................................................................................... 149 Por um conceito nativo de tradição …................................................................................... 158 Considerações Finais ............................................................................................................. 169 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ….............................................................................. 173 Revistas ….............................................…............................................................................ 182 Fontes Audiovisuais …..........................…............................................................................ 182 Notícias de Jornal …..............................…............................................................................ 184 APÊNDICES Entrevistas Realizadas …....................................................................................................... 189 Perfil dos Entrevistados ….................................................................................................... 191 Árvore Genealógica - Linhagem de Aberrê …..…................................................................ 196 Árvore Genealógica - Linhagem de Pastinha …..…............................................................. 197 RESUMO Através deste trabalho, pretendemos debater as identidades angoleiras, ligadas a diferentes linhagens da capoeira angola. A identidade angoleira se constrói através de discursos sobre a tradição, que tende a reificá-la como um legado ancestral que se perpetua de modo fixo e imutável. Há, entretanto, intensas disputas dentro do campo angoleiro pelo poder de nomeação, pela definição de quem ou o quê é mais tradicional, puro e legítimo. Essas disputas frequentemente se materializam em sinais identitários, fronteiras que simbolizam o pertencimento a determinada linhagem, sejam elas uniformes, graduações, modelo de ritual e/ou códigos corporais. Essas fronteiras, entretanto, embora pretendam materializar uma ligação direta com o passado, se deslocam e transformam constantemente. O uso de cordões de graduação pelos angoleiros baianos é um bom exemplo disto, bem como as polêmicas em torno da fundação da ABCA (Associação Brasileira de Capoeira Angola). Pretendemos enfocar alguns momentos históricos em que houve fortes disputas pela definição da capoeira angola, seus sentidos e fronteiras, identificando alguns dos grupos protagonistas do processo de revitalização e organização política da capoeira angola na década de 1980. Por fim, caminharemos para a construção de um conceito nativo de tradição e de suas transformações, a partir da visão dos mestres angoleiros. Palavras-chave: Capoeira Angola – Hegemonia – Fronteiras – Identidade – Tradição ABSTRACT Through this work, we intend to discuss the angoleiros identities, linked to different lineages of Capoeira Angola. Angoleiro identity is constructed through discourses of tradition, which tends to reify it as an ancestral legacy that perpetuates itself so fixed and immutable. There are, however, intense disputes within the angoleiro field by the power of appointment, by the definition of who or what is more traditional, pure and legitimate. These disputes often materialize itself through signs of identity, boundaries that symbolize belonging to a particular lineage, whether uniforms, ranks, ritual model and / or code body. These boundaries, however, wish to materialize although a direct link with the past, but are moving and constantly changing
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