Geologia: Recursos, Riscos E Património Manual Do Projeto Agrupamento De Escolas De Oliveira Do Bairro

Geologia: Recursos, Riscos E Património Manual Do Projeto Agrupamento De Escolas De Oliveira Do Bairro

Geologia: Recursos, Riscos e Património Manual do projeto Agrupamento de Escolas de Oliveira do Bairro Este Manual foi preparado no âmbito do projeto Geologia: Recursos, Riscos e Património, financiado pela Agência Ciência Viva e com o apoio do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro. Autores: Pedro Dinis, Clara Sena e Mafalda Costa Data de execução: Março de 2013 Índice Índice ....................................................................................................... 1 1. Organização do projeto .................................................................. 1 1.1. As cinco sessões de atividades ............................................... 1 1.2. Relatório ................................................................................. 2 2. A Pateira de Fermentelos ............................................................... 6 2.1. Geologia Regional .................................................................. 6 2.2. Geologia local ......................................................................... 7 2.3. Evolução geológica recente da Pateira de Fermentelos ........ 9 2.4. Hidrogeologia da Pateira de Fermentelos ........................... 11 3. Área de estudo .............................................................................. 11 4. Bibliografia .................................................................................... 15 5. Materiais auxiliares ....................................................................... 17 5.1. Tabela Cronoestratigráfica ou Tabela do Tempo Geológico 17 5.2. Mapa geológico de Portugal ................................................ 18 5.3. Tabelas para análise morfoscópica e granulométrica de sedimentos ........................................................................................ 19 6. Material necessário para a saída de campo ................................. 22 7. Fichas de colheita de rochas ......................................................... 23 8. Fichas de pontos de água ............................................................. 26 9. Notas ............................................................................................. 30 Geologia: Recursos, Riscos e Património 1. Organização do projeto 1.1. As cinco sessões de atividades O projeto Geologia: Recursos, Riscos e Património, irá desenvolver-se em cinco etapas caracterizadas por atividades distintas, que estão esquematizadas no fluxograma apresentado em seguida. Figura 1 – Fluxograma das atividades a realizar no âmbito do projeto Geologia: Recurso, Riscos e Património com os alunos e professores do ensino secundário. As Sessões 1 e 2 são realizadas em conjunto, servindo a Sessão 1 para a apresentação do projeto aos alunos e professores, e a Sessão 2 para a preparação da saída de campo (Sessão 3), onde os alunos aprendem a manusear os diversos equipamentos que vão ser usados no campo. Na Sessão 3 vamos visualizar e interpretar aspetos importantes para o estudo da geologia, como sejam a paisagem, o relevo, afloramentos de diferentes tipos de rochas, textura e cor dos solos, coberto vegetal, ocupação do solo. Vamos prestar especial atenção aos indícios de utilização de recursos geológicos, às características geomorfológicas 1 que nos permitem identificar riscos naturais e aos locais com interesse geológico. No final da Sessão 3 os alunos vão responder a uma ficha de questões sobre o trabalho feito no campo. Na Sessão 4 vamos mostrar aos alunos e professores do ensino secundário os equipamentos e instalações do Departamento de Geociências, que os professores universitários e cientistas têm ao seu dispor para as aulas do ensino superior e para fazerem trabalhos de investigação científica. No âmbito do projeto Geologia: Recursos, Riscos e Património, os alunos do ensino secundário vão realizar técnicas de laboratório para (i) analisarem amostras de rochas (colhidas no campo pelos alunos e também previamente colhidas e catalogadas no Departamento de Geociências) a olho nu e com lupa binocular; (ii) analisarem amostras de água colhidas em campo e (iii) manipularem um modelo com dois aquíferos. No final da Sessão 4 os alunos vão responder a uma ficha de questões sobre o trabalho feito nos laboratórios do Departamento de Geociências. Também vai ser distribuído um questionário aos alunos e professores do ensino secundário, para que a equipa que organiza este projeto possa ter uma apreciação do seu trabalho. Após a Sessão 4, os alunos fazem um relatório onde apresentam, enquadrado na área de estudo, uma proposta de: um recurso geológico; um risco natural; um local com interesse geológico, Geo-Sítio. A Sessão 5 serve para a apresentação dos resultados finais do projeto, incluindo uma apresentação dos resultados alcançados pelos alunos no relatório. 1.2. Relatório O relatório que será feito pelos alunos após a Sessão 4 e antes da Sessão 5 tem como objetivo principal a identificação de um recurso geológico, um risco natural e um Geo-Sítio da área de estudo. O relatório deve ter no máximo quatro páginas A4 e uma capa: 2 Geologia: Recursos, Riscos e Património A capa do relatório deve ter uma ilustração (fotografia ou desenho) feita pelos alunos, alusiva à área de estudo e/ou ao tema deste projeto (Geologia: Recursos, Riscos e Património). Na capa devem constar os nomes dos alunos, o nº da turma e o ano de escolaridade. Deve também constar o mês e ano de realização do relatório Uma página para cada um dos itens a abordar: o Recurso geológico o Risco natural o Geo-Sítio Uma página com as referências bibliográficas e as páginas da internet consultadas durante a execução do relatório De modo a apoiar os alunos na execução deste relatório, descrevem-se em seguida os conceitos de recurso geológico, risco natural e Geo-Sítio. O que é um recurso geológico? Os recursos geológicos são materiais que podem ser extraídos da Terra e que são utilizados em benefício do Homem; podem ser renováveis ou não renováveis. Os recursos renováveis são gerados na Natureza a uma taxa igual ou superior àquela a que são consumidos pelo Homem. Os recursos não renováveis são gerados na Natureza a um ritmo muito mais lento do que aquele a que são consumidos pelo Homem. São, por isso, recursos limitados que acabarão por se esgotar. Os recursos geológicos, como os jazigos de metais e reservatórios de petróleo, não são renováveis, com excepção da água e do calor interno da Terra (Netxplica, 2013). O que é um risco natural? Um risco natural é a ameaça de ocorrência natural de um evento que terá consequências negativas para o Homem e o meio ambiente. Exemplos de riscos naturais são os movimentos de massa de vertente, os sismos, tsunamis, cheias, secas, entre outros (Wikipedia, 2013). 3 O que é um Geo-Sítio? Um Geo-Sítio corresponde a um local com importância geológica e que se destaca pela sua singularidade do ponto de vista científico, didáctico ou mesmo turístico. Pelas suas características singulares, um Geo-Sítio é um elemento do património natural. O projeto Geo-Sítios - Inventário dos Sítios com Interesse Geológico, foi iniciado em Maio de 2003, no âmbito das atividades e competências do Instituto Geológico e Mineiro, que está atualmente integrado no LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG, 2012). O objetivo deste projeto consiste na criação de uma base de dados dos Geo-Sítios do território nacional, acessível através da Internet. Existem hoje-em-dia uma centena de Geo-Sítios, ou geótopos, no território continental português. Para mais informações, podem visitar a seguinte página: http://geoportal.lneg.pt/index.php?option=com_content&id=57 Na imagem seguinte (Figura 2) podem ver o exemplo de uma ficha de um dos Geo-Sítios catalogados pelo LNEG 4 Geologia: Recursos, Riscos e Património Figura 2 - Exemplo de uma ficha de um dos Geo-Sítios catalogados pelo LNEG (LNEG, 2013) 5 2. A Pateira de Fermentelos A Pateira de Fermentelos é uma lagoa natural que faz parte de uma zona húmida localizada entre Aveiro e Águeda. Corresponde à parte terminal do rio Cértima, imediatamente a montante da confluência deste com o rio Águeda. O rio Águeda, por sua vez, é afluente de margem esquerda do rio Vouga. A origem da Pateira de Fermentelos deve-se por um lado à configuração da zona terminal do rio Cértima, com uma extensa planície aluvial cercada por elevações que estrangulam a passagem do rio Cértima antes de este desaguar no rio Águeda e por outro lado, deve-se à acção do Homem, que ao longo dos tempos permitiu a expansão da superfície de água livre, conduzindo à configuração atual desta lagoa. A área ocupada pelo espelho de água da Pateira de Fermentelos varia entre cerca de 3 km2 na época seca e cerca de 9 km2 na época húmida, em situações de cheia (Sena, 2007). 2.1. Geologia Regional Em termos da geologia regional, a Pateira de Fermentelos localiza-se no extremo norte da Bacia sedimentar Lusitaniana, próximo do contacto entre as formações mesocenozóicas desta bacia sedimentar e os xistos paleozóicos e pré-câmbricos do soco (Figura 3). A Bacia Lusitaniana corresponde a um fosso alongado segundo a direcção NNE-SSW originado em regime distensivo durante o Mesozóico, onde se depositaram sedimentos detríticos e carbonatados (Kullberg et al., 2000). Os sedimentos detríticos, que predominam no setor norte da bacia, foram alimentados de oriente e ocidente (Horst das Berlengas) pelo Maciço Hespérico. Estes sedimentos detríticos registam uma evolução paleoambiental condicionada por importantes oscilações do nível médio do mar e por alterações nos volumes de detritos transportados para

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