Aureci de Fátima da Costa Souza O Percurso dos Sentidos Sobre a Beleza Através dos Séculos – Uma Análise Discursiva Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Lingüística, na área de Análise do Discurso (AD). Orientadora: Prof ª Dr. Eni Puccinelli Orlandi UNICAMP Universidade Estadual de Campinas 2004 i FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA IEL – UNICAMP Souza, Aureci de Fátima da Costa. So89p O percurso dos sentidos sobre a beleza através dos séculos: uma análise discursiva/Aureci de Fátima da Costa Souza. – Campinas, SP: [s.n.], 2004. Orientador: Eni P. Orlandi. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Análise de Discurso. 2. Imaginário. 3. Corporeidade. 4. Beleza Física. 5. Gênero. I. Orlandi, Eni P. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. ii BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Profª Drª Eni Puccinelli Orlandi (UNICAMP) (Orientadora) ___________________________________________ Profª Drª Mônica Zoppi-Fontana (UNICAMP) ___________________________________________ Profª Drª Rosângela Morello (UNICAMP) LOCAL E DATA DA DEFESA: Campinas-SP, 11 de maio de 2004 iii AGRADECIMENTOS A Deus, referencial absoluto em minha vida. Meu orientador espiritual. Ao Josias, meu marido. Seus incentivos e exemplo de determinação e capacidade intelectual muito contribuíram nesse percurso. Referencial de sucesso acadêmico. Ao Aurindo e a Hilda, meus pais, que me proporcionaram esse momento, quando, mesmo em meio às dificuldades, priorizaram meu acesso à educação. Aos professores do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP (IEL), pela contribuição em minha formação acadêmica. À professora Suzy Lagazzi, meu respeito e admiração pelas excelentes aulas. Exemplo de dedicação. Ao professor Eduardo Guimarães, pelas contribuições teóricas em aulas e pela amabilidade expressa em cada contato. Às amigas que conheci durante o curso e que ainda hoje permanecem amigas. À Sueli, pela “amizade que fica”. A Ilka, pela troca de informações, pelos contatos dentro e fora do IEL. À Érika, pela amabilidade. Aos colegas com os quais fiz amizades no decorrer do curso e que com palavras e gestos marcaram minha passagem pelo Instituto. Aos funcionários da secretaria de Pós-Graduação. A Rose, pelas precisas orientações. Ao Emerson, pela sempre generosa amabilidade em me atender. Aos funcionários da biblioteca do IEL e do IFCH, pela paciência em me atender nas inúmeras vezes em que por lá estive. Ao tio Marcos, pela leitura e correção do texto, dos quais resultou um texto mais didático, mais preciso. Aos professores que fizeram parte de minha banca. À Mônica Zoppi, pela leitura e pelas preciosas sugestões. Referência de dedicação e envolvimento. Minha admiração v profunda. A Rosângela Morello, por sua atenção, leitura minuciosa, sugestões valiosas, pela simpatia em cada contato. Exemplo de humanidade. Enfim, e especialmente, agradeço a Eni Orlandi, pela orientação. Orientação que começou bem antes de a conhecer pessoalmente, através do seu legado teórico que orientou minha incursão pela Análise do Discurso. Agradeço a correção dos “equívocos”. Pela sempre generosa atenção em todos os contatos. Agradeço a paciência, a competência, o afeto, a amabilidade com que tratou sempre os meus esforços de escrita. Minha admiração sem igual! vi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13 2. DISCUSSÃO PRELIMINAR SOBRE A BELEZA................................................... 27 2.1. A Escolha de um Tema........................................................................................ 27 2.2. Confrontando Formulações.................................................................................. 30 2.3. O Belo como Experiência Estética – O Discurso dos Estetas............................. 38 3. HISTÓRICO–DISCURSIVO.................................................................................... 43 3.1. A Partir da Bíblia.................................................................................................. 43 3.1.1. Discurso Sobre a Beleza Interior....................................................................... 53 3.2. Antigüidade: Grécia e Egito.................................................................................. 57 3.3. Idade Média – Polissemia Contida....................................................................... 66 3.3.1. O Amor Cortês – Mudanças de Sentidos (?).................................................... 76 3.3.2. A Moda e seu Simbolismo................................................................................. 78 3.3.3. Gênero que Perpassa as Condições de Produção........................................... 81 3.4. Renascimento – O Culto da Beleza Feminina..................................................... 86 3.4.1. Uma Questão de Gênero.................................................................................. 93 3.5. Século XVII – Tensão entre o Mesmo e o Diferente............................................ 98 3.6. Século XVIII: A Era Imperial................................................................................. 101 3.7. Século XIX – Romantismo................................................................................... 105 3.7.1. A Palavra Alcança o Corpo............................................................................... 106 3.8. Século XX – Movimento dos Sentidos................................................................. 108 vii 3.9. Especificidades da Beleza Brasileira................................................................... 145 3.9.1. A Partir do Olhar Colonizador - Outros Olhares................................................ 145 3.9.2. A Representação da “Mulher Brasileira” na Mídia............................................ 157 4. SÉCULO XXI – MÍDIA/CONSUMO/CORPO.......................................................... 169 4.1. Funcionamento Discursivo da Mídia.................................................................... 169 4.1.1. Informação ou Visão dos Fatos?....................................................................... 172 4.1.2. Relação Sujeito Leitor-Ouvinte e Mídia............................................................. 174 4.1.3. Reflexão............................................................................................................ 175 4.2. Mídia e Cultura de Consumo................................................................................ 176 4.3. O Sentido Materializado no “Corpo do Século XXI”: Análise dos Recortes Discursivos da Mídia................................................................................................... 181 4.3.1. A Mídia fala pelo “Outro”................................................................................... 183 4.3.2. A Consolidação do Discurso – A Transferência para o Corpo.......................... 187 4.3.3. Idade Biológica versus Idade Cronológica........................................................ 189 4.3.4. A Ordem Midiática............................................................................................. 197 4.3.5. Saúde e Estética – Discursos Convergentes.................................................... 203 4.3.6. Uma Questão de Gênero.................................................................................. 207 5. CONCLUSÃO......................................................................................................... 213 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 217 viii RESUMO Este é um trabalho na área da Análise do Discurso francesa (AD), em que se busca o percurso dos sentidos sobre a beleza através dos séculos. Esse trabalho consiste, então, em pensar os discursos seguindo um caminho, um percurso e descobrir que nessa trajetória eles podem prosseguir, desviar ou mesmo estabilizar. É compreender que o discurso tem uma história e uma memória, e estudá-lo implica na investigação dos processos de sua construção, origem e funcionamento. Considerando que o corpo funciona como materialidade simbólica de significação, propomos compreender de que forma o corpo feminino tem sido significado enquanto um corpo belo. Na busca pelo histórico-discursivo que diz e constrói esse corpo, enveredamos por caminhos e traçados ideológicos materializados em discursos produzidos ao longo de milhares de anos, numa tentativa de resgatar sentidos sobre a beleza feminina e compreender as questões ideológicas que envolvem esses sentidos, e quais os trajetos percorridos por eles, a fim de compreendermos porque eles se apresentam, hoje, visibilizados pela mídia, desta, e não de outra maneira. Para tal investigação, foi fundamental considerar a questão do gênero. Gênero, compreendido aqui, como construção cultural do que a sociedade entende do que é ser homem e do que é ser mulher, pois o modo de agir do homem e da mulher é determinado socialmente e influem na constituição do pensamento, e conseqüentemente da linguagem, constituindo um imaginário de formas de agir de cada sexo. Considerando o corpo como uma superfície sobre o qual se inscreve o social, procuramos compreender, em alguma medida, como o discurso se faz corporeidade; ou seja, como os discursos se fazem prática ao dizer sobre os corpos, numa
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