TESE Mizael Inácio Do Nascimento.Pdf

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MIZAEL INÁCIO DO NASCIMENTO GESTOS DE AUTORIA NA PRODUÇÃO ESCRITA EM ESPANHOL DE ALUNOS INTERCAMBISTAS: efeitos da subjetivação na/pela língua do outro Recife 2020 MIZAEL INÁCIO DO NASCIMENTO GESTOS DE AUTORIA NA PRODUÇÃO ESCRITA EM ESPANHOL DE ALUNOS INTERCAMBISTAS: efeitos da subjetivação na/pela língua do outro Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial à obtenção do Título de Doutor em Letras. Área de concentração: Linguística Orientadora: Profª. Drª. Fabiele Stockmans De Nardi Recife 2020 Catalogação na fonte Bibliotecária Jéssica Pereira de Oliveira, CRB-4/2223 N244g Nascimento, Mizael Inácio do Gestos de autoria na produção escrita em espanhol de alunos intercambistas: efeitos da subjetivação na/pela língua do outro / Mizael Inácio do Nascimento. – Recife, 2020. 262f.: il. Orientadora: Fabiele Stockmans De Nardi. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Letras, 2020. Inclui referências e anexos. 1. Gestos de autoria. 2. Escrit(ur)a. 3. Espanhol/Língua estrangeira. 4. Análise do Discurso. I. De Nardi, Fabiele Stockmans (Orientadora). II. Título. 410 CDD (22. ed.) UFPE (CAC 2020-88) MIZAEL INÁCIO DO NASCIMENTO GESTOS DE AUTORIA NA PRODUÇÃO ESCRITA EM ESPANHOL DE ALUNOS INTERCAMBISTAS: efeitos da subjetivação na/pela língua do outro Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial à obtenção do Título de Doutor em Letras. Aprovada em: 13/03/2020. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Profª Drª Fabiele Stockmans De Nardi (Orientadora) Universidade Federal de Pernambuco ________________________________________________________ Drª Evandra Grigoletto (Examinadora interna) Universidade Federal de Pernambuco ________________________________________________________ Profª Drª Maria Cristina Leandro Ferreira (Examinadora externa) Universidade Federal do Rio Grande do Sul ________________________________________________________ Profª Drª Solange Maria Leda Gallo (Examinadora externa) Universidade do Sul de Santa Catarina ________________________________________________________ Profª Drª Ângela Derlise Stübe (Examinadora externa) Universidade Federal da Fronteira Sul À minha mãe, Dona Severina (mãe Biu, era assim que todos a chamavam), empregada doméstica, que, felizmente, nunca visitou a Disney. Isso fez com que o seu filho não precisasse brincar com os bonecos do Mickey e da Minnie durante os longos períodos que ela passava fora, trabalhando na cozinha dos “brancos”, e se divertisse jogando pião, bola de gude, espeto e pulando amarelinha ou rodando bambolê (o que era proibido para um menino na época). Mas eram essas brincadeiras que conseguiam minimizar aquela falta angustiante que habitava o seu peito e de que dela só se via livre a cada 15 dias, quando ela tinha autorização para voltar pra casa. Naqueles domingos, ele tinha a oportunidade de ficar sentado em seu colo, escutando histórias e ouvindo-a cantarolar “sodade, meu bem, sodade, sodade do meu amor!”, música que não lhe sai da cabeça mesmo depois de longos e dolorosos anos. O menino foi crescendo e se tornou um adolescente cheio de conflitos porque se sentia culpado por não saber se amava mais a mãe ou a irmã mais velha, Niedja, que dele cuidava enquanto a mãe trabalhava. Esse amor-dividido resultava das inúmeras madrugadas que sua irmã passava com ele no hospital, pois o menino sofria com problemas respiratórios. Era essa irmã quem o ajudava a respirar, a suprir a falta de ar e a falta da mãe. Talvez ela não tenha se dado conta de que a sua presença na vida dele e o seu amor foram responsáveis pelo fortalecimento e preparação daquela criança para enfrentar os desafios que ainda viriam. O menino cresceu e as exigências também. Não por parte da sua mãe, claro, mas dos outros que, insistentemente, diziam-lhe coisas do tipo: “Bota esse menino pra trabalhar!”, “Esse menino já está um homem e precisa trabalhar para ajudar em casa!”. Ela, serena e firmemente, respondia sempre da mesma forma: “Enquanto eu tiver forças para trabalhar, meu filho só estuda!”. O menino, negro, nascido em um dos bairros mais pobres da periferia do Recife, estudou, formou-se com louvor e se tornou professor. Enquanto ele recebia a láurea, ela o observava, orgulhosamente, com os olhos marejados e um sorriso no canto boca, como se lhe dissesse: “nós conseguimos!”. Era, portanto, chegada a hora de o menino, agora homem, recompensar todos aqueles esforços que ela havia feito. Toda aquela dedicação que a ele ela havia dispensado. E ele o fez! Trabalhou duro, dando aulas em 25 turmas em escolas e cursinhos privados, de segunda a sábado, para livrá-la da casa dos “brancos”. E ele conseguiu! Resolveu sair de casa para morar num bairro um pouco mais tranquilo e próximo do trabalho. Ela, tímida e tristonhamente, só lhe perguntou uma coisa: “Mas você vem me visitar sempre, né?” E ele, com o coração como que lhe escapasse pela boca, contestou: “Não vai ser necessário porque a senhora vem morar comigo”. As lágrimas inundaram os rostos dos dois, que foram muito felizes até que o tempo, implacavelmente, resolveu separá-los. Ela partiu subitamente e ele, agora já homem, voltou a se sentir como aquele mesmo menino de antes: frágil, saudoso, cheio de medos e inseguranças e com apenas uma certeza: ela não voltará mais a cada 15 dias. As dores o seu peito dilaceravam, a angústia insistia em fazer dele a sua morada, a “sodade” o rasgava e ele adoeceu por não suportar tanto sofrimento. Agora, era ele quem, dia e noite, cantarolava: “perdoe a cara amarrada, perdoe a falta de espaço, perdoe a falta de abraços, os dias eram assim”, enquanto relembrava, nitidamente, a imagem dela chegando do trabalho, com seu conjunto de saia e blusa vermelhas, camisa branca com gola rolê por dentro, cabelo preso com um coque impecável e um sapato alto. Sim, ela não descia do salto! Mas Deus sempre foi tão generoso com ele que, para minimizar seu sofrimento, colocou em sua vida três bebês de quatro patas (Paco, Pepa e Paquito), que lhe devolveram parte da alegria e aliviaram parte daquela dor que insistia em marcar presença. E o homem conseguiu continuar na caminhada! A bondade de Deus é infinita e fez com que, na continuidade dessa caminhada, cruzasse sua vida outra mulher, tão forte quanto mãe Biu: Fabiele De Nardi, a querida Fabi. Era uma tarde de calor em Sergipe, último dia de um congresso, e o cansaço já parecia evidente nas caras de todos. De repente, entra para compor a mesa aquela mulher “flaquita”, com sotaque gaúcho, quando falava em português, e rio-platense, quando falava em espanhol. Começou a falar sobre uma obra do escritor mexicano Juan Rulfo. A profundidade de sua fala espantava, pouco a pouco, o cansaço estampado na cara dos participantes. Foi paixão à primeira vista! Anos depois, os dois voltaram a se encontrar e resolveram abraçar uma ideia que, mais tarde, seria materializada numa tese. Generosa como é, ela tentava o tempo todo tamponar as deficiências teóricas que ele ainda apresentava, ajudava-o a compreender as áridas formulações de Pêcheux. Foi ela quem, didaticamente, explicou-lhe o significado de “todo complexo com dominante” na AD. Com seus olhos de lince, ela também o fazia ver outras possiblidades de sentido e modos de dizer nos textos que ele produzia. De Nardi, você é a grande responsável pelos grandes desarranjos, rearranjos e deslocamentos produzidos na vida dele, dos bons ensinamentos de vida, das boas energias, do encorajamento, das maravilhosas interlocuções durante a edificação desta tese, na qual sua voz se faz presente do começo ao fim. Como recompensa maior, aquele menino, hoje um jovem senhor mais emocionalmente equilibrado, foi brindado com dois filhos lindos, Jhonatas e Júnior, e com uma relação de nunca acabar e sempre durar! Mas o maior legado que você deixou para ele, Dra. Fabiele, foi a generosidade com a qual devemos tratar nossos irmãos, devendo ser firmes algumas vezes, “pero sin perder la ternura jamás!” Agora já adulto, ele aprendeu com Carme Schons que escrever significa rascunhar a própria vida e do rascunho da vida dele (já tantas vezes rascunhada) a certeza que fica é que hoje o menino-jovem senhor se sente “como uma haste fina que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta!” Minha Mãe, Niedja e Fabiele, esta tese é para vocês, minhas senhoras! AGRADECIMENTOS Abraçar e agradecer! Pois bem, este é o momento de abraçar e agradecer a todos aqueles que Deus, gentilmente, permitiu que cruzassem meu caminho e me mostrarem que nunca estamos sozinhos. Comecemos, então, pelos agradecimentos. Ao meu Deus de infinita bondade que tem tomado a minha mão e me guiado pelos tortuosos trajetos de minha jornada, aliviando-os e lançando sobre eles sementes de alegria, prazer, sabedoria e resistência. A Maria, minha mãe, padroeira do Morro da Conceição, lugar de onde venho e para onde sempre volto, a quem sempre recorri/recorro nos momentos felizes e tristes. Obrigado pela vossa proteção! À minha família, especialmente às minhas irmãs Niedja, Nadja, Nadege e Nadilza, e meu cunhado, Heleno, pelo cuidado, zelo, apoio, confiança na minha capacidade e, sobretudo, por não permitir que nunca largássemos um a mão do outro. Aos meus dois filhos, Jhonatas e Júnior, que chegaram de mansinho e invadiram minha casa e meu coração de alegria, amor e esperança. Obrigado por me chamarem de pai e me permitirem chamá-los de meus filhos! A Fabiele De Nardi, minha notável orientadora, por acreditar neste sonho e torná-lo realidade; pelas interlocuções e lições de generosidade, paciência e amor; pelos ensinamentos acadêmicos e de vida e pelas preciosíssimas orientações. ¡Muchísimas gracias! A Evandra Grigoletto, minha primeira referência em AD, pelos ensinamentos acadêmicos, pelo incentivo e, principalmente, por ter visto potencial naquele frágil projeto apresentado na seleção.

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