Huckleberry Finn

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO VERA LÚCIA RAMOS Será Huckleberry Finn mesmo um romance racista? - Uma análise da obra, de algumas de suas traduções e do discurso racial no século XIX em narrativas sobre escravos sob a luz da Linguística de Corpus. (Versão Corrigida) São Paulo 2018 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO Será Huckleberry Finn mesmo um romance racista? - Uma análise da obra, de algumas de suas traduções e do discurso racial no século XIX em narrativas sobre escravos sob a luz da Linguística de Corpus. Vera Lúcia Ramos Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos da Tradução do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutora em Letras. (Versão Corrigida) De acordo ______________________________ Profa. Dra. Stella Esther Ortweiler Tagnin (orientadora) Data: 04/05/2018 São Paulo 2018 FOLHA DE APROVAÇÃO Vera Lúcia Ramos Será Huckleberry Finn mesmo um romance racista? - Uma análise da obra, de algumas de suas traduções e do discurso racial no século XIX em narrativas sobre escravos sob a luz da Linguística de Corpus. Tese de doutorado, pleo Departamento de Letras Modernas, Áreas de Estudos da Tradução, da Universidade de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Stella Esther Ortweiler Tagnin Aprovada em: 27/03/2018 Banca Examinadora Prof. Dr.: ________________________________________________________________ Instituição: __________________________Assinatura: ___________________________ Prof. Dr.: ________________________________________________________________ Instituição: __________________________Assinatura: ___________________________ Prof. Dr.: ________________________________________________________________ Instituição: __________________________Assinatura: ___________________________ Prof. Dr.: ________________________________________________________________ Instituição: __________________________Assinatura: ___________________________ Para Ana e Otávio que me ensinaram a respeitar as diferenças. AGRADECIMENTOS O percurso que envolveu desde o meu projeto de pesquisa até o momento de escrever estes agradecimentos foi longo, em uma estrada por vezes sinuosa, mas sempre iluminada; por isso os agradecimentos são muitos. À minha professora e orientadora Dra. Stella E. O. Tagnin por toda confiança depositada em mim, pelo incentivo a cada leitura do trabalho, mesmo quando havia apenas esboços, pelas observações minuciosas e valiosas, pela solicitude de sempre. À minha orientadora do mestrado, professora Dra. Lenita Maria Rimoli Esteves, que me possibilitou começar a estudar Huckleberry Finn de forma acadêmica. À professora Dra. Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, pela colaboração nas informações a respeito do uso dos termos ―crioulo‖, ―negro‖ e ―preto‖ nos séculos XVI, XVII e XVIII. Aos meus amigos, Solange Pinheiro e Elton Furlanetto, que sempre estiveram dispostos a conversar sobre Mark Twain, Huckleberry Finn e, ultimamente, a ouvir sobre a Linguística de Corpus. Aos amigos Katarinna Pessoa, Marly Tooge, Cláudia Santana Martins, Sílvia Cobelo, Rossana Carella, Sandro Luis da Silva, Marcelo Moreira, Telma de Lurdes São Bento Ferreira, Giovana Marchese Rampini e Patrícia Gimenez por colaborações inestimáveis. Aos membros dos grupos de pesquisa GTG, GREAT e COMET, pela amizade e incentivo, e ao professor Dr. John Milton mentor do GREAT. Às professoras Dras. Maria Sílvia Betti e Lenita Maria Rimoli Esteves pela orientação preciosa e inestimável no Exame de Qualificação, e ainda à primeira, pelo material enviado para meu aprofundamento em questões ligadas à cultura norte- americana. Aos funcionários do DLM e em especial à secretária Edite Mendez Pi, pela eficiência e prontidão. À minha família, por entender minhas ausências e respeitar minhas escolhas. RESUMO RAMOS, Vera Lúcia. Será Huckleberry Finn mesmo um romance racista? - Uma análise da obra, de algumas de suas traduções e do discurso racial no século XIX em narrativas sobre escravos sob a luz da Linguística de Corpus. 271 f. (Doutorado em Estudos da Tradução) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Adventures of Huckleberry Finn (1884) de Mark Twain (1835-1910) tem estado de modo frequente na berlinda. Em cada época, desde o seu lançamento, a proibição da obra, nas bibliotecas e escolas, foi motivada pelas temáticas tratadas, pelos dialetos criados ou pela reiteração da palavra nigger(s). No Brasil, as traduções da obra fazem parte do nosso Polissistema Literário de Tradução desde 1934 (Monteiro Lobato). Visto que a obra foi lançada há mais de cem anos, muitos têm se dedicado a ela, a fim de discutir suas principais controvérsias. Esta pesquisa visa a apresentar algo diferente na forma de analisar os dados da obra e de quatro de suas traduções. Para tanto, elegeu-se a Linguística de Corpus (LC) como metodologia e principal abordagem, pois a LC oferece a possibilidade de investigar uma grande quantidade de dados por meio eletrônico (WordSmith Tools, Scott, 2006), assegura precisão na apresentação das informações, e também mostra dados não detectados a olho nu pelo analista. Dessa forma, esta pesquisa apresenta um estudo dirigido pelo corpus embasado na lista de palavras-chave que detectou nigger(s) como a palavra mais relevante. A partir desse dado, delineou-se o objetivo geral do estudo que é verificar a importância que o termo nigger(s) assume na caracterização dos negros em Huckleberry Finn por meio do discurso racial, investigando o campo semântico ―racismo/escravidão‖. Para tanto, julgou-se necessário buscar na literatura de língua inglesa obras do século XIX (nove narrativas sobre escravos) que também empregaram o termo nigger(s), a fim de comparar as narrativas e a obra de Twain e verificar (des)semelhanças na construção do discurso racial. Por ser nigger um termo culturalmente marcado e os tradutores brasileiros o traduzirem por um vocábulo ―neutro‖ (―negro‖ ou ―escravo‖), decidiu-se investigar obras brasileiras do século XIX (em número de seis) sobre a escravidão, a fim de entender a (não) existência de um vocábulo que se aproxime da carga semântica de nigger, com o intuito de confrontar os termos usados pelos autores brasileiros com aqueles usados pelos tradutores. Assim sendo, a tese a ser demonstrada é que Huckleberry Finn, embora use nigger(s) reiteradamente, caracteriza os negros de forma positiva, subvertendo o discurso racial, e emprega nigger(s) com o fim de mostrar como a sociedade estadunidense do século XIX tratava os negros de forma negativa. As obras brasileiras analisadas revelaram um termo para representar os negros, ―crioulo‖, cuja prosódia é negativa; porém os tradutores não fazem uso desse termo, possivelmente pelo fato de as normas do nosso Polissistema Literário, ligadas ao grau de aceitabilidade (TOURY, 1995) da tradução, ―imporem‖ uma reescritura consoante com o discurso politicamente correto de nossos dias. Esta tese ainda tem o papel de mostrar a contribuição inestimável da LC para os estudos literários, uma vez que foi possível, por meio das linhas de concordância, apresentar análises impraticáveis de serem realizadas sem tal metodologia, em função da exiguidade do tempo da pesquisa (quatro anos), do número de obras analisadas (vinte) e do recorte escolhido, o campo semântico, difícil de ser investigado a olho nu. Palavras-chave: Huckleberry Finn. Linguística de Corpus (LC). Discurso Racial. Nigger(s). Tradução. Polissistema Literário. ABSTRACT RAMOS, Vera Lúcia. Is Huckleberry Finn really a racist novel? - An analysis of the work, some of its translations and racial discourse in the XIXth century narratives on slaves in the light of Corpus Linguistics. 271 f. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. Adventures of Huckleberry Finn (1884), written by Mark Twain (1835-1910), has been frequently in the spotlight. Since it was published, the prohibition to use the book imposed on libraries and schools has been caused by the issues Twain addressed, the dialects he created and his repeated use of the word nigger(s).The translations of Huckleberry Finn have been part of Brazil‘s Translation Literary Polysystem since 1934, when a Portuguese version was published by Monteiro Lobato. Given that Mark Twain‘s work came out more than one hundred years ago, many people have dedicated themselves to studying it in order to discuss its main controversial topics. The purpose of our research is to propose a different manner of analyzing Huckleberry Finn‘s data and four of its translations into Portuguese. To that end, we have chosen Corpus Linguistics (CL) as our work methodology and main approach, because it offers the possibility of investigating a large amount of data by electronic tools (WordSmith Tools, Scott, 2006) which ensures the accuracy of the information presented by the analyst and shows data not detected with the naked eye. Therefore, this research consists of a corpus-driven study grounded in a list of key words, which revealed that the most relevant word was nigger(s) These data have allowed us to set the overall purpose of the study, namely to find out the importance of the word nigger(s) for Mark Twain‘s depiction of the Black characters

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