1 Versão Oficial Carmen Miranda EF82 E S T Ú D I O F - programa número 82 Á U D I O T E X T O Música-tema entra e fica em BG; Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F, Momentos Musicais da Funarte Apresentação de Paulo César Soares Paulo César : - Alô, amigos! No programa de hoje, uma portuguesa criada na Lapa que se tornou um dos maiores símbolos do Brasil no exterior. Mulher à frente de seu tempo, essa artista conquistou o mundo com seu canto e seus trejeitos pra lá de originais. Falar dela é voltar a uma época de ouro na música brasileira. Conhecer sua história é recordar antigos carnavais, a Rádio Mayrink Veiga, o Cassino da Urca e o glamour de Hollywood, onde ela brilhou em Technicolor. Entra “Tico-tico no Fubá”, fica brevemente e cai em BG. Paulo César: - Com todos os balangandãs a que tem direito, Carmem Miranda é a estrela do Estúdio F – Série Intérpretes. Sobe som e rola inteira 1 2 Paulo César: - Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu na Várzea da Ovelha em Portugal no dia 9 de fevereiro de 1909. Com dez meses e oito dias veio com a família para o Brasil morar no Rio de Janeiro. Desde a adolescência, demonstrava inclinação artística e era repreendida por cantar nas lojas de chapéus e de artigos masculinos, nas quais trabalhou como vendedora. Apenas na pensão de sua mãe podia se expressar livremente e os fregueses eram seus fãs. Um deles, o baiano Aníbal Duarte Teixeira apresentou a futura artista ao compositor Josué de Barros que, impressionado com a personalidade de Carmen, levou-a a gravadora Brunswick, onde ela estreou em disco com o samba “Não Vá Simbora” e o choro “Se o Samba é Moda”. Era 1929. Nesse mesmo ano, transferiu-se para a Victor onde gravou a canção- toada “Triste Jandaia” e o samba “Dona Balbina”. Entra “Doan Balbina” e rola inteira. Paulo César: - Todas as quatro composições que Carmen havia gravado até então eram de autoria de Josué de Barros. O segundo compositor que apareceu em sua vida foi Joubert de Carvalho e o encontro entre os dois se deu de forma curiosa. Segundo Joubert, ao ouvir o disco de Carmen, ele teve a sensação de estar vendo a cantora. Por intermédio do gerente da loja de discos “A Melodia”, freqüentada por Carmen, ele conseguiu ser apresentado a artista que ficou encantada com o interesse do rapaz em compor para ela. A primeira música que ele lhe apresentou foi a marchinha “Pra você Gostar de Mim”, mais conhecida como “Taí”. Entra “Taí – Pra Você Gostar de Mim” e rola inteira. 2 3 Paulo César: - “Taí” tornou-se o primeiro grande sucesso de Carmen Miranda. A marchinha vendeu 36 mil cópias, batendo todos os recordes de venda da época. Nascia assim uma estrela que iria brilhar não apenas nos discos, mas também nos palcos, nas rádios e no cinema. A sua estréia na telona aconteceu no filme “O Carnaval Cantado de 1932”, documentário produzido pelo exibidor Vitor Ramos de Castro com o apoio da Cinédia. Carmen aparece cantando “Bamboleô”, de André Filho. Entra “Bamboleô” e rola inteira. Paulo César: - Em 19334, Carmen assinou contrato de 2 anos com a Rádio Mayrink Veiga, para ganhar 2 contos de réis mensais. Era a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando todos recebiam cachê. Até então, a artista era chamada de “Cantora do It”, mas o diretor artístico da emissora, o speaker César Ladeira, batizou-a de “Ditadora Risonha do Samba”. Dois anos depois, ele mesmo deu a ela o título de “Pequena Notável” que a consagraria para sempre. Entra “Tic Tac do Meu coração” e rola inteira. Paulo César: - No próximo bloco, Carmen grava grandes compositores, faz história no Cassino da Urca e cria sua baiana estilizada. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. I N T E R V A L O • Insert Chamada Funarte 3 4 Bloco 2 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra “Tic Tac do Meu Coração”, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. Paulo César: - Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva, autores de “Tic Tac do Meu coração”, estão entre os grandes compositores gravados por Carmen. Somam-se a lista nomes como Ary Barroso, Lamartine Babo, Noel Rosa, Custódio Mesquita, André Filho, Synval Silva, Braguinha e Assis Valente com quem, aliás, a cantora teve uma empatia imediata. Ele era apenas um protético iniciando a carreira artística quando lhe apresentou o samba “ETC” e a marchinha “Good-Bye”. Nenhum principiante havia oferecido a ela até aquele momento um material daquela categoria. Definitivamente conquistada, Carmen gravou outros clássicos de Assis como “Camisa Listrada” e “...E o Mundo Não se Acabou”. Entra “...E o Mundo Não se Acabou” e rola inteira. Paulo César: - Em 1936, Carmen foi a estrela principal da reinauguração do Cassino da Urca, cujo proprietário estava disposto a investir em grandes atrações para competir de igual para igual com os cassinos Copacabana e Atlântico. A artista assinou um contrato de exclusivamente e ajudou a consagrar o local. Foi lá também que ela fez apresentações inesquecíveis ao lado de sua irmã Aurora. Aliás, vale lembrar que, além de cantar com Aurora Miranda, Carmen, ao longo da carreira, formou duplas com os mairoes nomes de sua geração como Francisco Alves, Sylvio Caldas, Carlos Galhardo, Almirante e Mário Reis, com quem divide os vocais na marchinha junina “Isto é Lá Com Santo Antônio”, de Lamrtine Babo. Entra “Isto É Lá Com Santo Antônio” e rola inteira. 4 5 Paulo César: - Entre as várias canções marcantes do repertório de Carmen, destacam-se algumas com um olhar indiscutivelmente turístico sobre a Bahia. Essa temática baiana casava tão bem com a interpretação da pequena notável que vários compositores, baianos ou não, constantemente apresentavam à cantora composições desse tipo. Entretanto, a artista sabia filtrar muito bem o material e só gravou o que havia de melhor. De Ary Barroso, lançou três obras primas do gênero: “No Tabuleiro da Baiana”, “Quando eu Penso na Bahia” e o clássio “Na Baixa do Sapateiro”. Entra “Na Baixa do Sapateiro” e rola inteira. Paulo César: - Ao lado de “Boneca de Pixe”, também de Ary Barroso, “Na Baixa do Sapateiro” era um dos números musicais previstos para Carmen apresentar no filme “Banana da Terra”, produção com ares hollywoodianos roteirizada por Braguinha e Mário Lago. Mas a produção não entrou em acordo financeiro com Ary. A solução encontrada foi usar canções que se encaixassem nos cenários e figurinos já prontos. “Boneca de Pixe” foi substituída pela marchinha “Pirolito”, de Braguinha e Alberto Ribeiro. Já no lugar de “Na Baixa do Sapateiro” entrou a música de um jovem de 24 anos chamado Dorival Caymmi. E Carmen revelou ao mundo o que é que a baiana tem. Entra “O Que é Que a Baiana Tem? e rola inteira. Paulo César: - No próximo bloco, Carmen conquista a América, é criticada no Cassino da Urca e torna-se um mito. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. I N T E R V A L O • Insert Chamada Funarte 5 6 Bloco 3 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra “O Que é Que a Baiana Tem?”, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. Paulo César: - Foi no filme “Banana da Terra” que Carmen apareceu pela primeira vez com o traje de baiana estilizada que virou a marca registrada de seu visual. E, enquanto ela filmava o número de “O Que é Que a Baiana Tem?”, do outro lado da câmera, Caymmi orinetava a artista, fazendo gestos com as mãos que indicavam como ela deveria apontar para cada parte da roupa que a música mencionava. Carmen incorporou esses dengos, aprendeu como revirar os olhinhos e encantou o galã Tyrone Power que foi assisti-la no Cassino da Urca. O astro foi o primeiro a dizer que ela tinha chances de vencer em Hollywood. Mas, foi no carnaval de 1939, também no Cassino, que o magnata americano dos teatros, Lee Schubert , viu Carmen pela primeira vez. Convencido por todos que o acompanhavam que estava diante de uma estrela, Schubert decidiu contratar a pequena notável para uma série de apresentações na América. Após muita negociação, pois a cantora não abria mão de ser acompanhada pelo “Bando da Lua”, Carmen disse sim! Entra “Mamãe Eu Quero” e rola inteira. 6 7 Paulo César: -Fazer uma carreira nos Estados Unidos era uma aposta arriscada, ainda mais para uma artista que não falava inglês e era totalmente desconhecida do público americano. Mas o carisma e o talento de Carmen falaram mais alto. Em pouco tempo, ela fez participações em programas de grande audiência, cantando músicas como “Mamãe Eu Quero”, de Jararaca e Vicente Paiva, e “Tico-Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu, Erwin Drake e Aloysio de Oliveira. Bastou isso para ela se tornar um fenômeno internacional, chegando a ser a estrela mais bem paga de Hollywood, onde ficou conhecida como a Brazilian Bombshell. Entra “South American Way” e rola inteira. Paulo César: - No total, Carmen participou de dez filmes em Hollywood, entre eles destacam-se musicais de sucesso como “Uma Noite no Rio” e “Entre a Loira e a Morena”. E, ao lado de astros como Don Amiche e Alice Faye, mostrou todo seu tica tica bum. Entra “Chica Chica Bom Chic” e rola inteira. Paulo César: - Em 1940, ela retornou rapidamente ao Brasil, onde a população a recebeu com euforia e o público do Cassino da Urca a tratou com frieza.
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