SABERES DOS POVOS INDÍGENAS MAYA E YANOMAMI Desafios Epistêmicos No Processo De Descolonização

SABERES DOS POVOS INDÍGENAS MAYA E YANOMAMI Desafios Epistêmicos No Processo De Descolonização

SABERES DOS POVOS INDÍGENAS MAYA E YANOMAMI desafios epistêmicos no processo de descolonização João Paulino da Silva Neto Autor EDUFRR Boa Vista - RR 2020 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – UFRR REITOR EDITORA DA UFRR José Geraldo Ticianeli Diretor da EDUFRR Fábio Almeida de Carvalho VICE-REITOR Silvestre Lopes da Nóbrega CONSELHO EDITORIAL Alcir Gursen de Miranda Anderson dos Santos Paiva Bianca Jorge Sequeira Costa Fabio Luiz de Arruda Herrig Georgia Patrícia Ferko da Silva Guido Nunes Lopes José Ivanildo de Lima José Manuel Flores Lopes Luiza Câmara Beserra Neta Núbia Abrantes Gomes Rafael Assumpção Rocha Rickson Rios Figueira Rileuda de Sena Rebouças Editora da Universidade Federal de Roraima Campus do Paricarana – Av. Cap. Ene Garcez, 2413, Aeroporto – CEP: 69.310-000. Boa Vista – RR – Brasil e-mail: [email protected] / [email protected] Fone: + 55 95 3621 3111 A Editora da UFRR é filiada à: Copyright © 2020 Editora da Universidade Federal de Roraima Todos os direitos reservados ao autor, na forma da Lei. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n. 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Projeto Gráfico e Capa George Brendom Pereira dos Santos Imagem da Capa João Paulino da Silva Neto Carlos Zacquini Diagramação George Brendom Pereira dos Santos Revisão Técnica Edna Paula Marcelino Magalhães Dados Internacionais de Catalogação Na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima S586s Da Silva Neto, João Paulino. Saberes dos povos indígenas Maya e Yanomami : desafios epistêmicos no processo de descolonização / João Paulino da Silva Neto. – Boa Vista : Editora da UFRR, 2020. 158 p. ISBN: 978-65-86062-88-5 Livro eletrônico. 1 – Povos indígenas Maya. 2 – Povos indígenas Yanomami. 3 – Antropo- logia cultural. 4 – Saúde indígena. I – Título. II – Silva Netos, João Paulino da. III – Universidade Federal de Roraima. CDU – 397(=1-82) Ficha Catalográfica elaborada pela: Bibliotecária/Documentalista: Shirdoill Batalha de Souza - CRB-11/573 - AM A exatidão das informações, conceitos e opiniões é de exclusiva responsabilidade dos autores. O texto deste livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc. AGRADECIMENTO Tudo começou há quatro anos, precisamente 08 de novembro de 2016 no Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu, topônimo indígena: Y (água) e guazú (grande), cenário das Cataratas trinacionais, fronteira do Brasil com Ciudad del Este, Paraguai e Puerto Igauzú, Argentina. O cenário de encontro e des- cobrimento foi o Primeiro Congresso de Epistemologia do Sul, tive a gratidão de escutar a palestra magistral do professor-pesquisador mexicano da UNAM, José Guadalupe Gandarilla Salgado, apaixonado pela temática da descolonização epistêmica. Ele firmara seus livros: “La crítica en el margen. Hacia una cartografia conceptual para rediscutir la modernidad” e “Asedios a la totalidade. Poder y político en la modernidade desde un encare de-colonial”. Presságio de um convite provocativo para um futuro encontro, onde me estimulava com a seguinte dedicatória: “Espero que esta leitura motive tuas reflexões de estudo e outras preocupações”. Coadunado com sua fala e livros que ativaram imediatamente minha emoção social pelo giro-decolonial! Emoção social para um reencontro com a minha Casa de Estudos, a Universidade Nacional Autônoma do México, UNAM, onde trabalhei como professor de língua portuguesa para estrangeiros por treze anos e realizei toda minha formação de especialização em linguística, mestrado em pedagogia e doutorado em antropologia social, uma relação tanto acadêmica-profissional como familiar, onde constituí família nestes vinte anos com minha segunda pátria, México. Desta vez, ao Centro de Investigações Interdisciplinares de Ciências e Humanidades, CEIICH, para minha instância de pós-doutorado por dezoito meses (2019-1 a 2020-2). Gratidão, prof. José Gandarilla, que me recebeu gentilmente em sua casa e me disse: “agora vai em sério”. Proporcionou-me uma chave, símbolo para abrir minha descolonização epistêmica e cognitiva, “semilla” para a região norte-amazônica e lavrado do Brasil, a continuar construindo pontes descolonizadoras. Gratidão, porque esta pesquisa não seria possível se não fosse pela colaboração de muitos amigos que ganhei durante o caminhar; e, por isso, expresso minha eterna gratidão ao pessoal da Biblioteca do Centro de Investigações Interdisciplinares de Ciências e Humanidades, CEIICH, pessoal prestativo e atento durante toda minha pesquisa. À licenciada Nicolasa Ramirez Vicente, a Luis Demetrio Cortés Freire, a Gustavo Enríquez Télles e a Karina Pardo Sosa, proporcionando-me apoio na busca de material bibliográfico. Gratidão ao Prof. Dr. Enrique Dussel, por nos incitar ao processo de descolonizar-nos, e aos colegas de AFyL mundial. Gratidão ao Prof. Dr. Maurício Beuchot, por ensinar-me a produdência e a Hermenêutica Analógica no meu caminhar acadêmico e de Vida. Gratidão aos irmãos Maya: Antonio Cutz e toda a comunidade de Kanxoc; e ao povo Yanomami: Davi Kopenawa e Dario Kopenawa, filho do xamã David Kopenawa, que, neste momento, lutam pela sobrevivência contra os vinte mil vírus (Covid-19) e garimpeiros que invadiram e saqueiam suas terras e não os deixam em paz! Gratidão ao Centro de Educação da Universidade Federal de Roraima, minha casa de trabalho; aos meus colegas que me permitiram esta instância, e a aos Programas de Pós-Graduação em Antropologia Social e de Educação que agradeço e espero somar para a descolonização que nosso lavrado amazônico rorai- mense e seus povos originários, ancestrais, especialmente os yanomami, ne- cessitam nestes momentos distópicos. Ao missionário Carlos Zacquini, por sua entrevista e horas de conversas; à professora Edna Brito, por seu tempo e compartilhamento de suas experiências do mundo Yanomami; ao Centro de Documentação Indígena de Boa Vista- Roraima, na pessoa do aluno-amigo Marcos, que amavelmente me recebia para a pesquisa documental; à amiga/profa. Alessandra Peternella, por permitir aproximar-me e conhecer a David Kopenawa, assim como seu filho guerreiro, Dario Kopenawa, e ainda sem conhecê-los, mas o livro nos está aproximando a Bruce Albert; e à professora Alcida Rita Ramos. Aos meus colegas e irmãos mexicanos-brasileiros: Dr. José Luiz Romero Hernández e família; à minha mestre do lavrado-amazônico, Dra. Maria Odileiz Sousa Cruz; à manita Dra. Márcia Maria de Oliveira, por ensinar-me o valor da luta comunitária; aos colegas do Grupo de Pesquisa Fronteiras e Alteridades; ao meu mano León Dinis, por compartilhar as angústias do processo da escrita; e ao Hermano Dr. Omar García Corona, pelos intercâmbios decoloniais. À minha família intercultural mexicana-brasileira: minha amada esposa Nitzia e meu filho Obed João, assim como toda minha família do México- Brasil, especialmente aos meus pais avós: João Paulino da Silva e Terezinha Costa da Silva (in memoria), anciãos que me ensinaram a amar a Mãe Terra, desde uma mirada própria do conviver, tocar, sentir, semear e compartir com o Outro excluído; aos meus irmãos Murillo Costa dos Santos e Michel Costa dos Santos, na esperança que eles encontrem seus anelos juntos com suas famílias; e, especialmente, a mainha Margarida, pela garra de ser mulher em um mundo imposto pelo machismo. Gratidão também a todos os irmãos e irmãs indígenas que lutam para serem escutados e descolonizados no mundo inteiro. In memória de todos os Yanomami, Macuxi e Wapichana que partiram por causa do vírus e que não foram chorados pelos seus parentes, assim por Maria Lugones, outra vítmas: «No se trata precisamente de posibilidades teorizadas, sino de posibilidades vividas. Ésta es la razón de que busquemos la coalición.».1 In memória de Dom Pedro Casadáliga, que nos deixou plantada a semente da Libertação! Explicando o simbolismo da capa do livro é um diálogo inter-científco dos povos Maya e Yanomami com a academia. Tive o privilégio de contar com a leitura de quatro especialistas em Filosofia, Linguística, Pedagogia e Sociologia, os quais me brindaram seus tempos e olhares para comentar este parto descolonial que será entregue com muita alegria. Por isso, que este livro conta com quatro prefácios, a continuação. 1 Investigadora y activista feminista argentina, María Lugones falleció el 14 de julio; fue una de las máximas referentes del pensamiento en torno a la colonialidad del concepto de género y sus implicaciones. SUMÁRIO PREFÁCIO PRIMEIRO. 10 PREFÁCIO SEGUNDO. 14 PREFÁCIO TERCEIRO . .16 PREFÁCIO QUARTO. 18 INÍCIO DE CONVERSA. .22 PARTE I MECANISMOS DE EM-COBRIMENTO DO OUTRO AD INFINITUM: INVADIR, NEGAR E ENCOBRIR O OUTRO PARA SUBSUMIR-SE NELE. 30 SABERES EPISTÊMICOS “OFICIAIS”. .35 SABERES INDÍGENAS DESDE O GIRO DECOLONIAL. .40 SABERES ENCOBERTOS VISTOS DESDE A EXTERIORIDADE DO OUTRO. 47 DO GIRO DECOLONIAL. 52 BARTOLOMÉ DE LAS CASAS. .53 AIMÉ CÉSAIRE. .55 FRANTZ OMAR FANON . .62 ENRIQUE DUSSEL. 66 PARTE II DA ANCESTRALIDADE DO OUTRO. 76 NÚCLEOS MÍTICO-ONTOLÓGICOS MAYA E YANOMAMI COMO SABERES ANCESTRAIS. 76 DO NÚCLEO MÍTICO-ONTOLÓGICO MAYA. 85 Fontes documentais maya. .87 De uma invasão e descolonização madura a uma vaticineo chamado Gonzalo Guerrero. 90 A estética maya como um panamericanismo latino. .91 Do Monte-milpa maya: abraço afetivo à Madre Naturaleza ao dom da vida. .94 DO NÚCLEO MÍTICO-ONTOLÓGICO YANOMAMI. 98 Os Yanomami desde uma exterioridade do Outro. 100 Saberes etnobotânicos. 102 Saberes da saúde indígena yanomami em diálogo inter-científico. 112 Estética Yanomami . 117 O fruto maduro de David Kopenawa

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