Fábio Macêdo Velame

Fábio Macêdo Velame

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo FÁBIO MACÊDO VELAME ARQUITETURAS DA VENTURA: OS TERREIROS DE CANDOMBLÉ DE CACHOEIRA E SÃO FÉLIX. Volume I SALVADOR-BAHIA 2012 FÁBIO MACÊDO VELAME ARQUITETURAS DA VENTURA: OS TERREIROS DE CANDOMBLÉ DE CACHOEIRA E SÃO FÉLIX Volume I Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia, na área de Concentração em Conservação e Restauro, para obtenção do Título de Doutor. Prof(a). Orientador(a) Dra. Odete Dourado. SALVADOR-BAHIA 2012 A Odete Dourado, filha de Oxóssi, pelo acolhimento e generosidade, pelo seu tempo, um bem tão precioso a mim concedido no ensino da maneira como Oxóssi desbrava as terras virgens do conhecimento, da forma como o rei de Ketu caça o sustento do espírito, da paciência e cautela do caçador de uma única flecha a espreitar de longe o desconhecido, a determinação e obstinação do caçador noturno que habita as sombras a espera do momento certo, das responsabilidades e cuidados do senhor do Ofá com suas missões e desafios, e pela forma de ver o céu da vida sempre em um azul celeste, céu cruzado pela flecha da esperança de Oxóssi Erê! Okê Aro, Oxóssi! Okê Aro, Oxóssi Erê! Okê Aro, Odete Dourado! AGRADECIMENTOS. A Profa. Dra. Odete Dourado, a qual dedico a presente tese, por ter aceitado o desafio desse trabalho, pelas orientações e observações minuciosas e preciosas, pelos questionamentos e críticas pertinentes e instigadoras e, sobretudo, pelo estímulo dado no percurso deste trabalho longo, árduo e difícil. E por sua inestimável contribuição na minha formação acadêmica, notadamente, de reflexão e crítica. A Associação dos Terreiros de Candomblé do Recôncavo Baiano, notadamente, o seu presidente, o Babalorixá Benício, que luta pelos direitos dos membros do povo-de-santo do Recôncavo Baiano, tornando a associação um centro de resistência e ação na busca do direito de exercício da liberdade religiosa, de cadstramento dos templos nas políticas sociais das instituições governamentais, notadamente, na época atual com a pressão dos cultos petencostais. A historiadora Nalva e ao arquiteto João Leal Legal do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da Bahia, pelo acesso aos arquivos dos processos dos tombamentos dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix, cujas informações foram relevantes para o desenvolvimento dos trabalhos. Ao IPAC, notadamente, ao seu diretor o Arq. Frederico Mendonça e Nara de Souza Gomes, dirigente do patrimônio material, pelo acesso dos processo de tombamentos estaduais dos Terreiros de Candomblé do Recôncavo Baiano. Ao Prof. Dr. Júlio Braga pela luta, durante sua gestão a frente do IPAC, de valorização das manifestações culturais afro-brasileiras do recôncavo baiano e, sobretudo, da iniciativa e constância da política de salvaguarda e de tombamento estadual dos Terreiros de Candomblé do Recôncavo Baiano. A Fundação Pedro Calmon, notadamente, ao Prof. Dr. Ubiratan Castro de Araújo, que lutou pela viabilização do iventário dos terreiros de Cachoira e São Félix para balizar as políticas de salvaguarda da Fundação Cultural Palmares e do IPAC, projeto esse iniciado durante sua gestão à frente da Fundação Cultural Palmares, e levado adiante sob a coordenação do Prof. Dr. Vilson Caetano no qual participamos, com o presente trabalho, contribuindo fornecendo mapas, plantas, cadastros, e fotografias das Arquiteturas dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix. A Fundação Cultural Palmares, na figura de Verônica Nairobi Aguiar, pela receptividade e apoio recebido no desdobramento dos trabalhos de pesquisa. Aos professores Nicolau Parés do CEAO/UFBA e ao historiado cachoeirano Luís Cláudio do Nascimento, o Cacau, pela atenção, presteza, generosidade das informações, sugestões, apresentação de fontes e observações fundamentais e importantes ao desenvolvimento do trabalho. E, pela luta que eles empreendem na conservação dos terreiros e lugares sagrados da cidade, notadamente, o Bitedô e a Roça do Ventura, no qual contribuir com mapas, plantas e laudo do estado de conservação da Roça do Ventura no parecer técnico encaminhado a SEPROMI pelo Prof. Dr. Nicolau Parés para a preservação física do referido templo afro-brasileiro. A Equedi Ceci, e a comunidade do Lobanekum Filho, pelo acolhimento, pouso, receptividade e apoio que possibilitou transformar o Lobanekum Filho em uma base de atividades e operações. Agradeço a Ceci o carinho, apreço, generosidade, afago, gentiliza, e amizade. Aos filhos de Ceci, os Ogãs Vavau e Valnei, cuja a participação foi fundamental para a realização desse trabalho, sem os quais seria muito difícil ou até mesmo impossível realizar. Contribuindo para o agendamento junto as comunidades terreiros, das negociações, dos levantamentos de campo e entrevistas e, sobretudo, na ajuda no trabalho árduo de cadastramento arquitetônico que levavam dias a fio. Agradeço, a Bino, que nos levava, sistematicamente, e sob qualquer condição de tempo através de suas conduções pela zona semi-rual e rural de Cachoeira e São Félix, aos povoados e distritos por qual passamos nos trabalhos de campo. Aos líderes religiosos dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix, que nos receberam com afetuosidade, paciência e generosidade: Mãe Filhinha do Ilê Axé Itaylê; Bernacides Santos Rodrigues a Equedi Ceci, e os Ogãs Valnei e Vavau do Lobanekum Filho; Pai Sérgio Barbosa do Viva Deus e sua irmã Dadima Bonfim Barbosa, a Dadi; o Babalaxé Antônio dos Santos da Silva, o Duda, e o Ogã Agenor do Aganju Didê (in memória); Pai Delson do Ilê Axé Ogunjá; Mãe Railda do Ilê Axé Ogunjá; Mãe Nilta do Dendezeiro; Pai Nino do Capivari – Pé da Cajá; Mãe Maria Lúcia do Lobanekum; Mãe Regina do Rumpame Runtoloji; Mãe Mariá e o Pejigan Irineu Ferreira dos Santos (in memória); Ogã Walter do Ilê Axé Obá Curuji; e, os Ogãs Eduardo, o Buda, e Bernadinho (in memória), da Roça do Ventura. As bibliotecárias dos arquivos da SEPLAM-Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia onde adquirimos os exemplares digitais dos PDDUs (Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano), dos municípios de Cachoeira e São Félix; da CONDER, onde adquirimos mapas da região do recôncavo, assim como os Planos Setoriais de Limpeza Urbana de Cachoeira e São Félix contendo mapas com a topografia e bacias hidrográficas; do IPAC e IPHAN, onde adquirimos os processos de tombamento dos terreiros de Candomblé; do Programa Monumenta, que nos cedeu os arquivos digitais das plantas e mapas da cidade de Cachoeira e São Félix; do Arquivo Público Municipal de Cachoeira e o de São Félix. Agradecemos, ainda, as informações sobre a festa da Pedra da Baleia cedidas por Mãe Madalena, Dona Dalva do Samba de Roda, Joselito, Professor Raimundo, Benício, Luis Cláudio do Nascimento. Agradecemos aos professores membros da banca: Profa. Dra. Odete Dourado, Prof. Dr. Pasqualino Romano Magnavita, Prof. Dr. Heliodorio Lima Sampaio, Prof. Dr. Júlio Santana Braga, Prof. Dr. Jocélio Teles dos Santos, e o Prof. Dr. Vilson Caetano de Sousa Junior pelas críticas, análises, sugestões, e contribuições pertinentes ao trabalho. Agradecemos aos familiares que nos apoiaram nessa difícil empreitada, aos meus pais Denilza Macêdo Velame e Ismar Ramos Velame, aos meus irmãos George e Tiago Macêdo Velame e, principalmente, a minha esposa Sheila Tais dos Santos Velame pela compreensão, solidariedade, e apoio nos momentos difíceis, sobretudo, durante o árduo trabalho de campo, cujo encorajamento foi fundamental para o desfecho desse trabalho. E, por fim, agradeço ao povo-de-santo de Cachoeira e São Félix, pela luta continua de conservação dos Candomblés do Recôncavo Baiano, nos legando esse rico patrimônio cultural afro-brasileiro. O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer as pessoas sobre uma verdade absoluta. Pierre Fatumbi Verger RESUMO A presente tese visa defender a hipótese de que as Arquiteturas dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix diferenciam-se por serem compostas por processos contínuos de hibridação que edificam lugares próprios. As arquiteturas dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix são uma criação Afro-brasileira com lugares e dimensões simbólicas próprias. Para defender essa proposição tivemos que, primeiramente, conceituar a arquitetura, que aqui é entendida e definida como edificar lugares. Entendendo o lugar como o espaço vivenciado pelo homem que lhe atribui através de sistemas simbólicos um sentido, significado e valor. E, em seguida, desvelamos esses lugares singulares, particulares, próprias dessas arquiteturas através de três linhas de análise e abordagens metodológicas, nossos ''caminhos interpretativos'' que originaram três capítulos: transformações-permanências que originou o Capítulo I - Arquiteturas em Transe; híbrido-enlace arquitetônico do qual decorre o Capítulo II - Arquiteturas Mundanas; e, território rede-teia de significações que originou o Capítulo III - Arquiteturas Itinerantes. Na introdução trazemos uma revisão bibliográfica sobre os estudos dos Candomblé de Cachoeira e São Félix, sobre a Arquitetura dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix, a problemática e a hipótese proposta, os objetivos do trabalho, o aparato metodológico e uma revisão bibliográfica sobre arquiteturas sem arquitetos e, principalmente, sobre o conceito de ''lugar'' no campo disciplinar da Arquitetura e do Urbanismo. No primeiro capítulo, Arquiteturas em Transe buscamos nos terreiros Lobanekum, Ilê Axé Itaylé

View Full Text

Details

  • File Type
    pdf
  • Upload Time
    -
  • Content Languages
    English
  • Upload User
    Anonymous/Not logged-in
  • File Pages
    239 Page
  • File Size
    -

Download

Channel Download Status
Express Download Enable

Copyright

We respect the copyrights and intellectual property rights of all users. All uploaded documents are either original works of the uploader or authorized works of the rightful owners.

  • Not to be reproduced or distributed without explicit permission.
  • Not used for commercial purposes outside of approved use cases.
  • Not used to infringe on the rights of the original creators.
  • If you believe any content infringes your copyright, please contact us immediately.

Support

For help with questions, suggestions, or problems, please contact us