Gastropoda: Turbinellidae) Nos Recifes Do Cabo Branco (Joao˜ Pessoa, Pb

Gastropoda: Turbinellidae) Nos Recifes Do Cabo Branco (Joao˜ Pessoa, Pb

ASPECTOS POPULACIONAIS E CARACTER´ISTICAS DO HABITAT´ DE TURBINELLA LAEVIGATA ANTON, 1839 (GASTROPODA: TURBINELLIDAE) NOS RECIFES DO CABO BRANCO (JOAO˜ PESSOA, PB) S. R. Oliveira1* T. L. P. Dias1; M. H. Feitosa1; L. C. S. Lopez2 1Universidade Estadual da Para´ıba,Departamento de Biologia, Campus I, Bodocong´o,Campina Grande, PB. 2Universidade Federal da Para´ıba,Departamento de Sistem´aticae Ecologia, Campus I, Jo~aoPessoa, PB. *E - mail: suvinha de [email protected] INTRODUC¸ AO˜ n~aodestrutivo. As esp´eciesdo g^enero Turbinella Lamarck 1799 (fam´ılia Turbinellidae), ocorrem globalmente em ´areas tropicais OBJETIVOS desde a faixa intertidal at´eprofundidades de 60 m (Rios, 1994). Diversas esp´ecies s~ao utilizadas comercialmente Fornecer dados acerca da estrutura populacional de tanto para fins aliment´ıcios quanto para ornamenta¸c~ao tamanho e do h´abitatnatural de Turbinella laevigata nos (Wells, 1988). Outras esp´eciess~aoutilizadas em rituais re- recifes rasos do Cabo Branco, Jo~aoPessoa, PB, Brasil. ligiosos como ´eo caso da Turbinella pyrum e algumas s~ao empregadas na medicina popular (Alves et al., 007). MATERIAL E METODOS´ A fam´ıliaTurbinellidae ´erepresentada no Brasil por cinco esp´eciesdistribu´ıdasem tr^esg^eneros: Vasum, Fugurofusus O estudo foi realizado nos recifes da Ponta do Cabo Branco e Turbinella (Rios, 1994). T. laevigata Anton, 1839 ´e (7008'50"S, 34047'51"W), que est´asituada ao sul da Praia end^emicado Brasil, podendo ser encontrada do Amap´aao do Cabo Branco, Jo~aoPessoa - PB, localizada no ponto Esp´ırito Santo (Rios, 1994). Habita ´areascom fundo de mais oriental das Am´ericas(Feliciano & M´elo,2003). Se- areia com lama desde a faixa intertidal at´eprofundidades gundo Gondim et al., (2008), a Ponta do Cabo Branco pos- de 40m (Matthews - Cascon, 1985). T. laevigata ´euma sui aproximadamente 1,16 km de extens~aoe caracteriza - se esp´ecieque pode ser considerada de grande porte, represen- por apresentar um terra¸code abras~aomarinha margeado tando umas das maiores esp´eciesde gastr´opodes marinhos por uma fal´esia, o qual ´ecomposto por aglomerados de encontradas no Nordeste brasileiro. De acordo com Rios rochas arenito - ferruginosas que se estendem por centenas (1994), a esp´ecieatinge 20 cm de comprimento da concha. de metros mar adentro. Esta forma¸c~aofaz parte dos recifes No nordeste do Brasil esta esp´ecie ´efreq¨uentemente cap- paralelos `alinha de costa, que juntamente com a variada turada para fins ornamentais, sendo vendida em lojas de disposi¸c~aodas rochas e dos sedimentos, formam diversos artesanato e curiosidades marinhas ao longo do litoral e em micro - habitats para a fixa¸c~aode v´ariasesp´ecies(Gondim cidades do interior (Dias et al., 009 - submetido). Na Bahia, et al., 008). T. laevigata ´eutilizada na zooterapia, tratando pacientes A ´areados recifes do Cabo Branco ´ede f´acilacesso, n~ao com \nervo fraco" (afrodis´ıaco)(Costa - Neto, 2006). Emb- sendo necess´ariouso de embarca¸c~ao. E´ comum observar ora seja uma esp´eciede grande porte, relativamente comum a presen¸cade pescadores artesanais, que, al´emde peixes, em ´areascosteiras e que ´eexplorada comercialmente, in- capturam moluscos e crust´aceos para fins de subsist^encia. existem informa¸c~oesacerca da sua biologia e ecologia na As coletas de dados foram realizadas por meio de ob- natureza. Os poucos estudos relacionados a esta esp´ecie serva¸c~oessubaqu´aticasatrav´esde buscas intensivas pelos foram realizados por Matthews - Cascon (1985) e Matthews indiv´ıduosdurante 20 mergulhos livres em per´ıodo diurno. - Cascon et al., (2009), e enfocam aspectos anat^omicose re- Cada sess~aode busca durou cerca de 3 horas. Visando produtivos. Estudos que abordem aspectos populacionais caracterizar o microhabitat, para cada esp´ecimeavistado, em h´abitatnatural s~aoinexistentes. Nesse contexto, o pre- colocava - se um c´ırculode material pl´astico,cujo di^ametro sente estudo visa fornecer dados populacionais e do h´abitat era de 60 cent´ımetros,onde foram obtidos os seguintes da- natural desta esp´ecie com base em um estudo subaqu´atico dos: tamanho da concha (em cm), atividade no momento Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, 13 a 17 de Setembro de 2009, S~aoLouren¸co- MG 1 da avistagem, profundidade (em m), intensidade da luz, O presente estudo fornece os primeiros dados populacionais declividade (em grau), complexidade e rugosidade do ter- acerca desta esp´eciena natureza. Por se tratar de uma reno. Foi analisada tamb´ema aus^enciaou presen¸ca de esp´eciecomercialmente explorada, a ocorr^enciade T. laevi- rocha s´olida,algas calc´arias, algas n~ao- calc´arias, areia, gata em ´aguascosteiras e rasas, a torna vulner´avel `acap- faner´ogamas marinhas, esponjas e corais. Sempre que turas para diversos fins. Estudos mais detalhados acerca de poss´ıvel, os animais avistados foram fotografados para reg- sua biologia e ecologia s~aonecess´ariospara que se possa es- istro de seu habitat e comportamento. tabelecer a¸c~oesde conserva¸c~aodesta esp´eciee de seu habitat Os dados foram organizados em planilhas Excel e analisados natural. no programa Statistica 7.0. A rela¸c~aoentre T. laevigata e as caracter´ısticasdo microhabitat obtidas com seus padr~oes CONCLUSAO˜ de atividade foram ordenadas atrav´esde uma an´alisemul- tivariada utilizando a dist^ancia de Bray - Curtis. Com base neste estudo, podemos concluir que: - Turbinella laevigata habita ´areasrasas, tipicamente na faixa intertidal e pode estar associada a ´areasrecifais; RESULTADOS - A presen¸cade substrato arenoso parece ser um fator im- portante para o microhabitat da esp´ecie; Foram realizadas 33 avistagens de Turbinella laevigata na - A popula¸c~aoavistada foi composta essencialmente por in- ´areaestudada. A maioria dos indiv´ıduosavistados encon- div´ıduosadultos; travam - se em profundidade inferior a 1 m (82% das avista- - T. laevigata, parece exibir baixa atividade em per´ıodo di- gens). Segundo Matthews - Cascon (1985), esta esp´ecie urno, tendo em vista que a maioria dos animais avistados geralmente ´eencontrada entre 2 e 40 m. A ocorr^encia estava sem atividade aparente. de T. laevigata em ´aguaspredominantemente rasas, cor- Agradecimentos robora com as informa¸c~oespresentes na literatura. No en- Somos gratos a Luis Carlos (Pop), pela sua imensa ajuda tanto, neste estudo T. laevigata esteve predominantemente durante o trabalho de campo. na faixa intertidal. O tamanho m´ediodos indiv´ıduosavis- tados neste estudo foi de 13,77 ±1,2 cm (variando de 10,5 a ˆ 16,5 cm). Segundo Rios (1994), T. laevigata pode chegar a REFERENCIAS 20 cm de comprimento total da concha. Neste estudo, os in- Alves, R. R. N. & Rosa, I. L. 2007. Zootherapy goes div´ıduosobservados podem ser considerados como adultos, to town: the use of animal - based remedies in urban areas tendo em vista seu tamanho m´edio.No entanto, indiv´ıduos of NE and N Brazil. Journal of Ethnopharmacology 113: jovens n~aoforam avistados, mesmo sabendo - se que esta 541 - 555. esp´eciedeposita suas c´apsulasov´ıgeras na ´areaestudada Costa Neto, E. M. 2006. Os moluscos na zooterapia: (obs. pessoal). medicina tradicional e import^ancia cl´ınico- farmacol´ogica. Em 49% das avistagens, T. laevigata estava parcialmente Biotemas 19 (3): 71 - 78. enterrada no substrato arenoso. Em apenas 6% das avista- Dias, T. L. P., Neto, N. A. L. & Alves, R. R. N. gens, ela foi vista em deslocamento. T. laevigata foi ob- 2009. Mollusks in the marine curio and souvenir trade in servada em contato com fundo arenoso em 100% das ob- NE Brazil: composition of species and implications for their serva¸c~oes,no entanto, tamb´emfoi poss´ıvel registrar a pre- conservation and management. Biodiversity and Conserva- sen¸cade rocha s´olida,algas calc´ariase algas frondosas em tion (Submetido). seu microhabitat. Feliciano, M. L. M. & M´elo,R. B. 2003. Atlas do De acordo com a an´alise de Bray - Curtis n~ao houve estado da Para´ıba-Informa¸c~oespara a gest~aodo patrim^onio associa¸c~aosignificativa entre os padr~oesde atividade de natural. 1ª Ed. SEPLAN/IDEME, Jo~aoPessoa, p. 58. Turbinella e as vari´aveis ambientais amostradas (Wilk Gondim, A. I., Lacouth, P., Alonso, C. & Manso, Lambda=0,4031, F(30,59)=0,7220, p <0,833). T. laevi- C. L. C. 2008. Echinodermata da Praia do Cabo Branco, gata se relaciona negativamente com a presen¸ca de al- Jo~aoPessoa, Para´ıba,Brasil. Biota Neotropica 8 (2): 151 - gas n~aocalc´arias,algas calc´arias,rochas s´olidas,corais e 159. faner´ogamasmarinhas, estando mais associada a um mi- Matthews - Cascon, H. 1985. A fam´ıliaTurbinellidae crohabitat de fundo arenoso. Segundo Matthews - Cascon no Brasil (Mollusca: Gastropoda). Arquivos de Ci^enciasdo (1985), esta esp´ecie´ecomum enterrada em fundo arenoso Mar 24: 1 - 44. ou lamacento pr´oximoa rochas. Neste estudo, T. laevigata Matthews - Cascon, H., Rocha - Barreira, C. A., n~aomostrou associa¸c~aocom a presen¸cade rochas, estando Meirelles, C., Bigatti, G. & Penchaszadech, P. 2009. predominantemente associada a areia. A baixa atividade Description of the ootecha of Turbinella laevigata (Mol- observada para a esp´eciepode estar relacionada ao hor´ario lusca, Gastropoda). Brazilian Archives of Biology and Tech- de estudo, que foi concentrado em per´ıodo diurno. Embora nology 52 (2): 359 - 364. o per´ıodo de maior atividade de T. laevigata n~aoseja con- Rios, E. 1994. Seashells of Brazil. 2nd Edition, FURG, hecido, acredita - se que esta esp´ecie seja mais ativa `anoite. Rio Grande. 368p. De acordo com Matthews - Cascon (1985), ela preda princi- Wood, E. & Wells, S. 1988. The marine curio trade: palmente bivalves e poliquetas, mas a autora n~aoespecifica conservation issues. A report for the Marine Conservation o per´ıodo de maior atividade alimentar. Society, UK. 120p. Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, 13 a 17 de Setembro de 2009, S~aoLouren¸co - MG 2.

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