O Filme Nas Telas a Distribuição Do Cinema Nacional

O Filme Nas Telas a Distribuição Do Cinema Nacional

O FILME NAS TELAS a distribuição do cinema nacional Filme nas telas.indd 1 13/09/2010 15:14:04 Filme nas telas.indd 2 13/09/2010 11:16:51 Hadija Chalupe da Silva O FILME NAS TELAS a distribuição do cinema nacional Editora Terceiro Nome Instituto Iniciativa Cultural Filme nas telas.indd 3 13/09/2010 11:16:51 Filme nas telas.indd 4 13/09/2010 11:16:51 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 7 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11 1. A CONFIGURAÇÃO DO MERCADO CINEMATOGRÁFICO BRASILEIRO 1. A globalização e o território cinematográfico brasileiro .......................... 23 2. A democratização dos bens culturais ....................................................... 26 3. Embrafilme e Ancine – As instituições cinematográficas brasileiras ........ 32 4. A Empresa Brasileira de Filmes S/A (Embrafilme) .................................... 36 5. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) ................................................. 42 6. As políticas de regulamentação e fomento ............................................... 47 7. O modelo do mercado cinematográfico brasileiro ................................. 58 8. O espaço cinematográfico brasileiro ........................................................ 61 9. As majors e a distribuição de filmes nacionais .......................................... 65 10. Os mecanismos de incentivo à produção de filmes nacionais (leis de incentivo) ......................................................................................... 71 11. O parque exibidor brasileiro .................................................................. 79 2. DISTRIBUIÇÃO: A PONTE ENTRE A IDEIA E O ESPECTADOR 1. Métodos de distribuição desenvolvidos no mercado nacional ................. 85 2. O filme para grande escala – A distribuição de Dois filhos de Francisco .... 89 Filme nas telas.indd 5 13/09/2010 11:16:51 3. O filme de nicho – A distribuição de Cabra-cega .................................... 120 4. O filme médio – A distribuição de Cidade baixa e de Casa de areia ....... 133 5. Filme para exportação – A distribuição de Cinema, aspirinas e urubus ... 150 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 161 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 165 Webgrafia: .................................................................................................. 167 Bibliografia consultada ................................................................................ 168 Entrevistas .................................................................................................. 168 Filme nas telas.indd 6 13/09/2010 11:16:51 APRESENTAÇÃO o panorama recente dos estudos dedicados ao cinema brasileiro, já é possível Nobservar a recorrência de pesquisas voltadas para os fenômenos que transitam no ambiente denominado de mercado, lugar em que interagem os aspectos econômi- cos, políticos, socioculturais e, sobretudo e cada vez mais, tecnológicos. O incremen- to de estudos focados na análise e interpretação de fenômenos da indústria audiovi- sual no Brasil denota renovação e inovação no escopo da produção acadêmica. As reflexões sobre o funcionamento, a complexidade e as dinâmicas estruturais caracte- rísticas da indústria audiovisual brasileira começam a circular e evidenciam contri- buições relevantes, com efeitos na formação de novos pesquisadores e também na qualificação da produção teórica específica na área de cinema e audiovisual. Na me- lhor acepção de Metz, é possível afirmar que ao lado dos estudos voltados para o fato fílmico, há um espaço crescente e igualmente qualificado para os estudos do fato ci- nematográfico. Tão importante quanto entender o significado dos filmes é com- preender o ambiente em que são produzidos e se fazem circular. No século XXI, definitivamente, é na indústria audiovisual que o cinema encontra o seu lugar autorizado de existência enquanto sistema midiático e meio de expressão. O legado paradigmático do cinema permanece e se modifica transversalmente no audiovisual contemporâneo. Ao lado dos padrões de linguagem que possibilitam as derivações do audiovisual, o cinema forneceu, ao mesmo tempo, padrões de produ- ção e circulação do conteúdo audiovisual, cujas dimensões econômicas, políticas, socioculturais e tecnológicas demandam a atenção dos pesquisadores. Para o cinema brasileiro, as duas últimas décadas foram de transformações profundas e intensas. Dramáticas para alguns. Do desmonte institucional promovido pelo pri- Filme nas telas.indd 7 13/09/2010 11:16:52 8 FILME NAS TELAS meiro presidente eleito pelo voto direto, após o regime militar de 1964, passando pela retomada e chegando à criação de uma nova estrutura institucional, o percurso foi de reconstrução e aprendizado permanentes. Paralelamente, mudanças tecnológi- cas e econômicas no âmbito global resultaram em efeitos diretos na configuração de novos cenários para o espaço audiovisual brasileiro, a exemplo de outros países. O hegemônico ficou ainda mais forte e as assimetrias ficaram ainda mais evidentes. As dificuldades de ocupação razoável e regular do mercado de salas pelo filme brasileiro recolocaram no centro das atenções as relações entre produção, distribuição e exibi- ção. O axioma clássico da falta de presença no mercado voltou à lista de preocupa- ções institucionais. Novos mecanismos de financiamento e políticas públicas passa- ram a assegurar a produção contínua, mas revelaram a fragilidade e as assimetrias do mercado com relação ao campo da distribuição. As questões mais urgentes voltam-se para a busca de soluções capazes de assegurar a presença do filme nacional numa faixa de aproximadamente 20% do seu próprio mercado. Entender a fenomenologia que se estabelece nesses novos cenários, em especial para a distribuição do longa-metragem nacional no mercado de salas, é algo urgente e necessário. Portanto, é mais do que oportuna a publicação deste estudo sobre a dis- tribuição no cinema brasileiro, elaborado por Hadija Chalupe da Silva como disser- tação de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universida- de Federal Fluminense, tendo como orientador o emérito professor Tunico Amancio. Um trabalho acadêmico que chega ao público já com a sua relevância reconhecida através da premiação na primeira edição do Prêmio SAV/MinC para pesquisas sobre cinema e audiovisual. A jovem autora apresenta neste estudo uma análise profunda sobre a condição do filme nacional de longa-metragem em seu percurso na direção das salas de exibição para encontrar o público. A proposta é inovadora no sentido de identificar e analisar tipologias existentes no sistema de distribuição do filme nacional contemporâneo. Trabalho elaborado com a devida consistência teórica, adequação metodológica e rigor analítico. O objeto de estudo configura-se na escolha de cinco títulos lançados no ano de 2005 e que correspondem a processos de distribuição com dimensões, procedimentos, características e resultados diferenciados. Os títulos escolhidos denotam o acerto da escolha para os objetivos pretendidos: Dois filhos de Francisco, de Breno Silveira; Cabra-cega, de Toni Venturi; Casa de areia, de Andrucha Waddington; Cidade baixa, de Sérgio Machado, e Cinema, aspirinas e uru- bus, de Marcelo Gomes. Merecem destaque no corpo do estudo a qualidade da elaboração dos gráficos e tabe- las que refletem a profundidade e a seriedade no trato das informações quantitativas disponíveis e suas respectivas interpretações. O mesmo apuro se verifica na utilização Filme nas telas.indd 8 13/09/2010 11:16:52 APRESENTAÇÃO 9 de fontes primárias, com entrevistas e depoimentos importantes e reveladores, ine- rentes a uma pesquisa de campo altamente qualificada. As características do objeto são claramente identificadas e os comparativos adequada- mente estruturados. Permitem visualizar e compreender um novo cenário que se es- tabeleceu de forma irreversível a partir da década de 1990 na ocupação do circuito de salas de exibição no Brasil, pela via das atividades de distribuição, quando o audiovi- sual hegemônico consolidou sua posição, empurrando o filme nacional para zonas periféricas de seu próprio território. Efetivamente, é no período compreendido entre o fim da era da Embrafilme e o início da retomada, entre 1990 e 1995, que asmajors – operadoras dos grandes grupos de distribuição de origem norte-americana – refor- çam a sua condição historicamente hegemônica no espaço audiovisual brasileiro. Salas de cinema, vídeo doméstico, televisão por assinatura etc. Neste sentido, a jovem autora adotou o cuidado característico da pesquisa criteriosa, ao preceder o objeto estudado de uma contextualização que inclui o cenário institu- cional do cinema brasileiro e suas implicações no desenho de uma nova configuração do mercado de salas, no qual incide a mediação direta dos agentes da distribuição. Em “A configuração do mercado cinematográfico brasileiro”, há também espaço para reflexões sobre a globalização e a democratização dos bens culturais. Há um recorte analítico preciso dos marcos que alteraram institucionalmente o cinema brasileiro, compreendendo o período da Embrafilme, a sua desconstrução na Era Collor, e a posterior gestação e implantação da Ancine, que vem consolidar um novo sistema de relações entre Estado e cinema no Brasil. A descrição do modelo do mercado cinema- tográfico brasileiro traz os aspectos

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