UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS OS PORTUGUESES NA REGIÃO MERIDIONAL DE MARROCOS 1505-1541 MOHAMED EL ATTAR Tese orientada pelo Prof. Doutor António Dias Farinha e pela Prof.ª Doutora Maria Leonor García da Cruz, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em História, Especialidade História dos Descobrimentos e da Expansão. 2016 Agradecimentos Ao concluir esta dissertação, queremos aqui deixar vinculado o nosso apreço e reconhecimento a todos aqueles de quem, de alguma forma, recebemos apoio e incentivo durante o nosso percurso. Em primeiro lugar, a nossa gratidão vai para os meus orientadores, o Excelentíssimo Professor Doutor António Dias Farinha, pela disponibilidade, interesse e encorajamento, e também para a Excelentíssima Professora Doutora Maria Leonor García da Cruz, pelas preciosas sugestões bibliográficas e correcções, sem as quais este trabalho não teria sido possível. Em segundo lugar, queremos manifestar o nosso apreço ao Professor Doutor Francisco Contente Domingues, ao Professor Doutor José Horta, ao Professor Doutor João Cosme por terem contribuído para o nosso conhecimento sobre diferentes áreas de interesse, ao fomentarem a reflexão e o debate em torno de questões tão distintas quanto interessantes nos seminários de mestrado que frequentei. O nosso agradecimento vai também para os funcionários da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do Arquivo Histórico Ultramarino, da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, da Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Biblioteca Nacional de Portugal, da Biblioteca Municipal do Palácio das Galveias, da Biblioteca Municipal de Belém, da Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, da Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da Biblioteca da Universidade Mohammed V de Rabat, da Biblioteca Nacional de Marrocos. As nossas últimas palavras de reconhecimento são dirigidas aos meus amigos e familiares mais próximos, principalmente à minha mãe Ijja , ao meu pai Belkacem, aos minhas irmãs Fátima e Sofia, aos meus irmaos Abd Ellah e Al-Houssine, pelo apoio e encorajamento que sempre revelaram e que foram determinantes para o resultado final deste trabalho. Resumo: O presente estudo consiste numa análise do desenvolvimento do reino de Portugal, um reino em contínuos conflitos com Castela que passou a ser soberano e sob os desígnios dos Descobrimentos e da Expansão ultramarina a partir do primeiro quartel do século XV. No contexto do projecto expansionista português na zona meridional de Marrocos, foram vários os intervenientes que contribuíram, de forma directa ou indirecta, no sucesso das campanhas africanas. Durante os séculos XV e XVI foi mediante a força das armas, alianças e acordos de paz e de vassalagem que o reino conseguiu ver a sua soberania estender-se aos territórios ultramarinos do Norte de África, nomeadamente, às praças da região meridional de Marrocos. Em virtude de diversas vicissitudes, incluindo abusos também de representantes da Coroa portuguesa, reforça-se um movimento de resistência liderado pelos Xarifes do Suz e de Marraquexe, o qual levará após um prolongado período de guerra e paz à reconquista da maioria das praças portuguesas da zona meridional de Marrocos em 1541. Palavras-Chave: Espansão portuguesa, Mouros de pazes, Santa Cruz do Cabo de Guer, Safim, Xarifes do Suz e de Marraquexe, Oatácidas de Fez. Resumé Le présent travail d´étude consiste sur l´analyse de développement du royaume du Portugal, une royaume qui c´est tourné un payé souverain La présente étude consiste à analyse de l'évolution du royaume du Portugal, un royaume en conflit permanent avec le royaume de Castille qui est devenu souverain et sur la vois des Découvertes et de l´expansion outre-mer à partir du premier quart du XVe siècle. Dans le cadre du projet d'expansion portugaise dans les régions du sud du Maroc, un certain nombre d´intervenants ont contribué directement ou indirectement au succès des campagnes africaines. Au cours des XVe et XVIe siècles c´était à travers la force des armes, des alliances et des accords de paix et de vassalité que le royaume est arrivé a étendre sa souveraineté aux territoires d'outre-mer de l'Afrique du Nord, en particulier, les places de la région du sud du Maroc. En vertus de circonstance divers, y compris l'abus aussi des représentants de la couronne portugaise, se renforce le mouvement de résistance dirigé par chérifs de Souss et de Marrakech, qui arrivera après une longue période de guerre et de la paix à la reconquête de la plupart des places portugais qui se trouve au long da la côte sud du Maroc en 1541. Mots clés : Expansion portugaise, Maures de paix, Santa Cruz du Cap Guer, Safim, Chérifs de Souss et de Marrakech, Wattassides de Fès. Índice Geral INTRODUÇÃO: 3 CAPÍTULO I 12 HANSA E PORTUGAL E EXPANSÃO PORTUGUESA EM MARROCOS: 12 1. A Liga Hanseática, o Império e as relações entre o Oriente e o Ocidente Europeu 12 2. Orla Marítima e técnicas de navegação 18 3. A Liga Hanseática e o seu papael de intermediação comercial 22 4. Evolução nos contactos com o reino de Portugal: 24 5. Hanseáticos e Expansão portuguesa no Norte de África 33 CAPÍTULO II 38 MARINHA E NAVEGAÇÃO PORTUGUESA NA COSTA ATLÂNTICA MAGREBINA 38 1. A marinha magrebina e a sua decadência 38 2. O desenvolvimento e expansão da marinha portuguesa 45 3. Navegação portuguesa para a zona meridional de Marrocos 53 4. Azamor e Safim 70 CAPÍTULO III 75 CONDICIONALISMOS REGIONAIS E LOCAIS: O SUFÍSMO E A PRESENÇA PORTUGUESA EM MARROCOS 75 1. O Sufísmo em Marrocos: das origens aos inícios do século XV e no século XVI 77 2. Os xeques sufís e a presença portuguesa na Zona Meridional de Marrocos 85 3. Os xarifes e a bênção dos xeques sufís 89 4. Xeque Al-Gazwani: entre o Norte e o Sul 91 CAPÍTULO IV 98 PORTUGAL E MARROCOS MERIDIONAL: TENSÕES E REAVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES 98 1. Presença portuguesa na zona meridional de Marrocos 98 2. Relações portuguesas na zona de Safim 123 3. Os portugueses no Suz: 133 4. Os Xarifes e a presença portuguesa no Suz, Haha e a Duquela 139 5. Santa Cruz do Cabo de Guer e a retirada portuguesa de Safim e Azamor 156 CONCLUSÕES: 168 FONTES E BIBLIOGRAFIA: 172 Fontes: 172 Estudos: 176 2 Introdução: A presente dissertação, intitulada “Os Portugueses na Região Meridional de Marrocos 1505-1541”, tem como objetivo a análise quer da presença portuguesa nos anos referidos, quer as origens do aparecimento dos Xarifes como novos líderes político- religiosos naquela zona meridional e a consequente reação ao domínio português e aos seus aliados, os mouros de pazes. Durante o período de tempo considerado, foi possível a permanência efectiva dos portugueses naquela parte do território marroquino, devido a diversos factores dos quais destacamos cinco fundamentais. O primeiro, foi o factor tecnológico, fruto do desenvolvimento das ciências ligadas à cartografia, à construção naval, o qual remonta, como adiante se dirá, ao período de D. Diniz; e ao desenvolvimento dos ofícios ligados ao fabrico do material bélico, aportado pelos colonos da Liga Hanseática em Portugal. O segundo, foi o factor económico - a permanência de mercadores Hanseáticos e italianos no reino permitiu que os monarcas portugueses beneficiassem das suas experiências acumuladas no espaço europeu, a nível do comércio externo, com a proliferação de feitorias nos domínios de soberania portuguesa. O terceiro, a organização administrativa assente na adopção das ordenações régias (Afonsinas e Manuelinas) como lei geral que regia todas as instituições do vasto império, sem esquecer a eficiente arrecadação dos direitos reais, através dos oficiais da Fazenda real. O quarto, o factor político, nomeadamente, a fragmentação interna império Merínida e o reforço em Portugal do poder político régio. O quinto, foi o factor militar, em que podemos destacar o auxílio dos mouros de pazes aos portugueses, durante a instalação e a permanência destes nas praças meridionais de Marrocos. Com a tomada de Ceuta, em 1415, os portugueses prosseguiram as suas conquistas, na direcção do Poente. D. Afonso V, cognominado o Africano pelas guerras com os mouros do Norte de África, conquistou a praça de Arzila, em 1471, e tomou a praça de Tânger1. O seu esforço foi recompensado com a assinatura de um acordo de Paz 1 Em 1463 e 1464, três tentativas revelaram-se infrutíferas para a conquista de Tânger. A praça-forte apenas foi ocupada depois da conquista de Arzila, devido ao seu abandono pela população local, em 29 de Agosto de 1471 – Les Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Première Série - Dynastie Sa’dienne, Archives et 3 e tréguas, no qual lhe foi reconhecida a soberania sobre os territórios conquistados pelo futuro rei de Fez, Mulei Xeque2. Durante o reinado de D. João II, as relações iriam tomar outro rumo, o do fomento do comércio em toda a zona meridional de Marrocos. O Príncipe Perfeito não iria tardar em recolher os frutos da sua benévola política, com a prestação de vassalagem dos habitantes de Azamor3 e a ratificação da de Safim, que se submetera a D. João II4, numa aceitação da suserania da casa real portuguesa que se estende a Meça, com D. Manuel I5. A fluidez dos contactos pacíficos com os mouros da costa meridional de Marrocos e os avultados lucros no trato com os mesmos, levou os castelhanos a competir com os portugueses nas suas próprias zonas de influência. Conspiravam com os dignatários locais com vista à tomada das praças, cuja vassalagem era reconhecida a Portugal (como no caso de Safim), ou usavam a força de armas, através do adelantado das Canárias para a conquista efectiva do território sob suserania portuguesa (como se verifica com a tentativa falhada da conquista de Santa Cruz do Cabo de Guer).
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