Universidade Federal Da Bahia Os Índios Em

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA PEDRO ABELARDO DE SANTANA OS ÍNDIOS EM SERGIPE OITOCENTISTA: CATEQUESE, CIVILIZAÇÃO E ALIENAÇÃO DE TERRAS Salvador - BA 2015 PEDRO ABELARDO DE SANTANA OS ÍNDIOS EM SERGIPE OITOCENTISTA: CATEQUESE, CIVILIZAÇÃO E ALIENAÇÃO DE TERRAS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de doutor em História. Orientadora: Dr.ª Maria Hilda Baqueiro Paraíso Salvador - BA 2015 __________________________________________________________________________ Santana, Pedro Abelardo de S232 Os índios em Sergipe oitocentista: catequese, civilização e alienação de terras / Pedro Abelardo de Santana. – 2015. 250 f.: il. Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Hilda Baqueiro Paraiso Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2015. 1. Índios da América do Sul – Sergipe (BA). 2. Catequese – Igreja católica. 3. Civilização - Índios. 4. Aldeias indígenas. I. Paraiso, Maria Hilda Baqueiro. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. CDD: 980.41 ___________________________________________________________________________ SANTANA, Pedro Abelardo de. Os índios em Sergipe oitocentista: Catequese, civilização e alienação de terras. Salvador: PPGH/UFBA, 2015. (Tese de doutorado). Resumo O objetivo desta tese foi investigar o processo que culminou com a perda das terras dos cinco aldeamentos sergipanos (Geru, Chapada, Água Azeda, Pacatuba e São Pedro do Porto da Folha), identificar a sua destinação e evidenciar os discursos oficiais que respaldaram a alienação das mesmas. A pesquisa centrou-se entre 1840 e 1889, período em que aumentaram os ataques às terras coletivas das aldeias, decorrentes da aprovação do Regulamento das Missões (1845) e da Lei de Terras (1850). A partir da atuação das comissões de medição e legitimação de terras, se acirraram os conflitos entre indígenas, posseiros e proprietários de terras, por fim, consolidou-se a alienação das terras indígenas nas últimas décadas do oitocentos. O desfecho foi respaldado pelo discurso governamental sobre a necessidade de catequizar e civilizar os índios para incorporá-los aos cidadãos do país, como também pela ideia do avanço da mestiçagem física e cultural, transformando os descendentes de índios em civilizados ou incorporados a nação. A partir dos critérios cronológico, temático e geográfico, os capítulos tratam da Diretoria Geral dos Índios, do discurso em defesa da catequese, da atuação de religiosos, diretores gerais e de aldeias, da fala oficial sobre a mestiçagem e, por último, da medição e esbulho das terras. Palavras-chave: terras indígenas, catequese, civilização, Sergipe. SANTANA, Pedro Abelardo de. Os índios em Sergipe oitocentista: Catequese, civilização e alienação de terras. Salvador: PPGH/UFBA, 2015. (Tese de doutorado). Abstract The objective of this thesis was to investigate the process that led to the loss of the land of the five villages Sergipe (Geru, Chapada, Água Azeda, Pacatuba and São Pedro do Porto da Folha), identify the destination and show them the official speeches that endorsed the sale thereof. The research focused between 1840 and 1889, a period when increased attacks on collective lands of the villages, resulting from the adoption of Regulamento das Missões (1845) and Lei de Terras (1850). From the performance of the measurement commissions and land legitimacy if incited conflicts between Indians, squatters and landowners finally consolidated the alienation of indigenous lands in the last decades of the eight hundred. The outcome was backed by government discourse on the need to evangelize and civilize the indians to incorporate them into citizens of the country, as well as the idea of advancing physical and cultural miscegenation, transforming the descendants of indians in civilized or incorporated into the nation. From the chronological, thematic and geographic criteria, the chapters dealing with the Directorate General of Indians, speaking in defense of catechesis, religious activities, general directors and villages, the official talks about miscegenation and, finally, measurement and dispossession of land. Agradecimentos Aos meus familiares. Aos colegas, amigos e ex-alunos: José Vieira da Cruz, Joceneide Cunha dos Santos, Patrícia Santos, Jean Pierre Sena Mendes, Cleberton Santos, José Robson, Eduardo dos Santos e Ricardo Araújo Almeida Santana. A José Hunaldo Lima, pela elaboração do mapa. Aos funcionários: do Arquivo Público do Estado de Sergipe; do Arquivo Judiciário; do Arquivo da UFS e do Banese, pela impressão dos manuscritos; da Biblioteca de Geografia e História da Universidade de Salamanca. Aos professores da UFS: Antonio Lindvaldo Sousa, Suely Amâncio e Francisco José Alves, pelas sugestões; Dilton Oliveira de Araujo (UFBA) e Izaskun Cuartero (Universidad de Salamanca, Espanha), por possibilitarem a pesquisa fora do país. A professora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, pela aceitação do projeto, orientação da tese e das pesquisas nas instituições espanholas. 7 Sumário Introdução ................................................................................................................................... 8 Capítulo I – O contexto mais amplo: o Império e a política centralizadora ............................. 27 A política centralizadora no Segundo Império: a legislação ................................................ 27 O Regulamento das missões e a Diretoria Geral dos Índios de Sergipe............................... 30 O retorno da catequese em todo o Império ........................................................................... 48 Atuação dos padres capuchinhos italianos ........................................................................... 65 Capítulo II – O contexto da Província de Sergipe .................................................................... 76 Aldeias de Geru e Chapada .................................................................................................. 76 Aldeia de Pacatuba ............................................................................................................... 83 Aldeia de São Pedro do Porto da Folha .............................................................................. 101 Recrutamento militar dos indígenas ................................................................................... 108 Capítulo III – Os discursos sobre a mestiçagem e a civilização dos índios ........................... 113 O discurso da mestiçagem .................................................................................................. 113 A Lei de Terras e os índios ................................................................................................. 124 Projetos para colonização de nacionais e estrangeiros ....................................................... 129 Terras devolutas: identificação; comissões para medição e demarcação ........................... 137 Capítulo IV – Alienação de terras, identidade e resistência indígenas ................................... 153 Geru .................................................................................................................................... 155 Chapada ............................................................................................................................. 163 Água Azeda ........................................................................................................................ 190 Pacatuba .............................................................................................................................. 200 São Pedro do Porto da Folha .............................................................................................. 205 Conclusões .............................................................................................................................. 213 Cronologia .............................................................................................................................. 218 Referências ............................................................................................................................. 220 Fontes ..................................................................................................................................... 225 Anexos .................................................................................................................................... 231 8 Introdução Nas duas últimas décadas, inúmeros estudos se dedicaram a pesquisar a situação dos indígenas brasileiros após a independência do Brasil em 1822. Em Sergipe, há carência de investigações aprofundadas e abrangentes, principalmente sobre a destinação das terras das aldeias. Existem dezenas de estudos, mas poucos inovaram ou exploraram fontes coevas, ficando apenas na revisão de literatura.1 Pelos trabalhos existentes somos informados que os índios tiveram sua identidade negada pelas autoridades e perderam o direito de usufruir das terras coletivas. Porém, podemos avançar porque a documentação ainda existente permite contar detalhadamente como esse processo ocorreu. O propósito dessa pesquisa é estabelecer a relação entre o discurso sobre a civilização dos índios, a extinção dos aldeamentos e a espoliação das suas terras na Província de Sergipe. O destino das cinco aldeias sergipanas sobreviventes até

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