Implantação De Farmácias Vivas No Sertão Do Pajeú

Implantação De Farmácias Vivas No Sertão Do Pajeú

Implantação de Farmácias Vivas no Sertão do Pajeú Taciana Márcia de Silva Ramo1, Gleymerson Vieira Lima de Almeida2, Plínio Vitoriano de Lima e Silva2, Lourinalda Luiza Dantas da Silva Selva de Oliveira3 Introdução A. Local Acredita-se que nos países em desenvolvimento o uso de plantas medicinais seja muito maior e, se O Sertão do Pajeú está localizado no Sertão 2 estudos químicos fossem associados aos Pernambucano, compreendendo uma área de 10.828 km , o farmacológicos, esta seria uma alternativa econômica que corresponde a 9% do território estadual. É formado por para estes países que apresentam grandes números de 17 municípios: Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, doenças relacionados, principalmente, a falta de Triunfo, Tabira, Ingazeira, Carnaíba, Calumbí, Flores, saneamento básico e políticas voltadas para a melhoria Iguaracy, São José do Egito, Itapetim, Tuparetama, Santa da saúde pública, além de que, quase sempre, esses Terezinha, Solidão, Quixaba, Brejinho e Santa Cruz da países detêm uma maior biodiversidade de plantas [1]. Baixa Verde. O clima que predomina na região é o semi- Se considerarmos que apenas cerca de 5% das plantas árido, possui uma vegetação xerófila, temperaturas terrestres têm estudos químicos e uma percentagem elevadas, chuvas escassas e mal distribuídas [4]. menor ainda não foi avaliada quanto à ação farmacológica, deduz-se que muitas substâncias novas com propriedades medicinais podem ainda ser isoladas B. Levantamento [2]. O estudo foi realizado através de entrevistas, baseadas O Projeto Farmácias-Vivas foi criado pelo em questionário pré-estabelecido, na forma de diálogo, farmacêutico e Professor Abreu Matos em 1984 tendo contendo oito perguntas com alternativas, executado nos como base o Horto de Plantas Medicinais da UFC, domicílios das comunidades. As entrevistas foram agregado ao Laboratório de Produtos Naturais. Com as realizadas no período de maio a agosto de 2009. Foram características de um programa de medicina social tem entrevistados 20 domicílios em cada município. As pessoas entre seus objetivos: oferecer assistência farmacêutica que participaram da pesquisa foram indicadas por deterem, fitoterápica de base científica às entidades públicas e sob o seu domínio, o maior conhecimento e/ou cultivo de privadas e comunidades interessadas no emprego plantas medicinais em suas casas e procurando sempre, terapêutico de plantas da região sem fins lucrativos; entre as pessoas residentes, aquelas que possuíam mais estudar cientificamente as plantas medicinais, desde a idade para que fosse descrito e apresentado o conhecimento fase de cultivo das espécies até a produção; e distribuir mais primitivo sem a intervenção de informações atuais que medicamentos fabricados a partir das espécies [3]. Dos poderiam interferir nos resultados da pesquisa. primeiros hortos de plantas medicinais em Fortaleza, o Projeto Farmácias Vivas se expandiu como modelo C. Retorno as comunidades para todo o Ceará e outros estados. O trabalho está em fase de execução nas comunidades O objetivo deste trabalho é a implantação de rurais, do Sertão do Pajeú. Após a identificação das plantas hortas de plantas medicinais visando oferecer as mais usadas pelas comunidades, foram feitas palestras e comunidades dos municípios do Sertão do Pajeú, uma oficinas onde toda a comunidade mostrou seu sugestão de cultivo de plantas medicinais que irá conhecimento a respeito das plantas medicinais. Cada prevenir e auxiliar no tratamento de aproximadamente família da comunidade ficou responsável por trazer 80% das enfermidades mais comuns nas populações de diferentes plantas da Caatinga, onde eles mesmos baixa renda; além de treinar e capacitar os agricultores prepararam suas próprias exsicatas, identificando o seu na produção destes medicamentos, tornando o Sertão nome popular, sua indicação, forma de uso, se fresca ou do Pajeú referencia no Estado na produção de mudas seca, e o modo de preparo. Ao fim dessa etapa cada família destas plantas e fitoterápicos. apresentou à comunidade as plantas mais utilizadas, permitindo assim, uma troca de conhecimentos entre eles. Resultados Material e métodos ________________ 1. Estudante de graduação em Licenciatura Plena em Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco- Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Faz.Saco, S/N , Serra Talhada, PE, CEP 56900.000; E-mail: [email protected] 2. Estudante de graduação do curso de agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Faz. Saco, S/N, Serra Talhada, PE, CEP 56900-000 3. Professor Adjunto da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Faz. Saco, S/N, Serra Talhada, PE, CEP 56900-000. Apoio financeiro: FACEPE e Bolsa de extensão da PRAE No total foram citadas 266 etnoespécies, entre estas, [1] GARCIA-BARRIGA, H. 1975. Flora medicinal de Colombia. 245 (91,7%) são utilizadas como medicinais, para Botanica Medica. Talleres Editoriales de la Imprenta Nacional.Bogota,. saúde e prevenção de doenças e 22 (8,3%) foram ditas [2] PETROVICK, P.R.; MENTEZ, L.A.; MELLO, J.C.P.; como plantas tóxicas. Além destas 22 plantas citadas GOSMANN, G.; SCHENKEL, E.P. E SIMÕES, C.M.O. 2001 como tóxicas, outras 32 que estão inseridas no Farmacognosia da planta ao medicamento, UFSC. tratamento de doenças, também foram citadas como [3] BARATA, G.; 2003. Farmácias vivas, medicina popular obtém reconhecimento científico.Cienc. Cult. vol.55 no.1 São sendo plantas tóxicas. Paulo Jan./Mar. Como o projeto está em fase de execução o retorno [4] GOVERNO DO ESTADO DE PERNABUCO – Secretaria de às comunidades foi realizado apenas na cidade de Desenvolvimento Econômico; Agência de Desenvolvimento de Pernambuco – AD DIPER; Regiões de Desenvolvimento de Triunfo. Nesta cidade o levantamento foi realizado na Pernambuco; 2008 [Online]. RD - Sertão do Pajeú; comunidade do Carro Quebrado onde foram levantadas Homepage: http://www.addiper.pe.gov.br/rd-sertaoPajeu.php 88 etnoespécies, sendo 77 (87,5%) utilizadas na [5] LORENZI, H. ; MATOS, F.J.A. 2008, Plantas Medicinais do prevenção e no tratamento de doenças e 11 (12,5%) Brasil Nativas e Exóticas 2.ed. Nova Odessa, São Paulo, Instituto Plantarum, 544 p. citadas como tóxicas. Na realização de palestras e oficinas, foram trazidas 18 plantas mais utilizadas pela comunidade, das quais, sete eram nativas (Tabela 1) e 11 exóticas (Tabela 2). As plantas mais utilizadas foram a romã (Punica granatum L.), indicada para tosse e rouquidão; e o mororó (Bauhinia cheilanth)(Bong) Steud.), indicado para “afinar o sangue”. Quando comparado com a literatura, a romã mostrou eficientes atividades antiinflamatórias e o mororó como um excelente redutor de açúcares no sangue e para controle da diabetes [5]. Em relação à indicação terapêutica foram citadas 19 indicações, em que, problemas do trato respiratório e digestivo foram os mais citados. No preparo dos medicamentos a base de plantas, o material fresco e a infusão foram os mais mencionados. A parte da planta mais utilizada foi às folhas. Em relação ao conhecimento adquirido sobre o uso das plantas medicinais, foi constatado que a maioria dos entrevistados adquiram estas informações com seus pais e avós. Discussão A grande utilização de plantas nativas, indica que uma boa parte dos entrevistados tem um elevado grau de interação com o ambiente que as cercam, contribuindo assim com a conservação e perpetuação destas espécies. Durante o trabalho percebeu-se a grande participação da comunidade, tendo em vista que este trabalho ainda esta em execução nas comunidades do Sertão do Pajeú, pois se deve dar uma atenção especial a cada comunidade sendo necessário muito tempo para realização do mesmo, entretanto percebemos o interesse de cada uma em mostrar seu conhecimento, nas oficinas e na participação em nossas palestras. Agradecimentos A todas as comunidades rurais da Microrregião do Sertão do Pajeú que vem contribuindo com a realização do trabalho. Referências Tabela 1. Plantas nativas trazidas durante as oficinas na comunidade de Carro Quebrado/Triunfo-PE. Plantas Nativas Nome popular Nome Científico Principais Usos Como Usar Gastrite, tosse, gripe, catarro, aroeira Myracodruon urundeuva Allemão. cicatrizante Lambedor, chá. Senna spectabilis var. excelsa (Scharad.) H.S. Irwin & acácia Barneby Problemas Respiratórios Lambedor quixabeira Syderoxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn. Inflamação, Pancada Usar a àgua mororó (Bauhinia cheilanth)(Bong) Steud.) Afinar o Sangue infusão feijão-bravo Capparis flexuosa L. Sinusite Inalação alfavaca Ocimum sp. Gripe , Sinusite Banho, Inalação malva-santa Plectranthus barbatus Andrews Tosse infusão Tabela 2. Plantas exóticas trazidas durante as oficinas na comunidade de Carro Quebrado/Triunfo-PE. Plantas Exóticas Nome popular Nome Científico Principais Usos Como Usar manjericão Ocimum basilicum L. Calmante, Controla a Pressão, Dor de Cabeça infusão louro Laurus nobilis L. Calmante infusão capim-santo Cymbopogon citratus Staupf Dor de Barriga infusão pitanga Eugenia uniflora L. Gastrite infusão pimenta-de-macaco Piper aduncum L. Dor, Gasses infusão cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Disgestivo infusão erva-doce Foeniculum vulgare Mill. Calmante infusão romã Punica granatum L. Tosse, Roquidão Molho infusão canela Nectandra lanceolata Nees Tempero tempero hortelã Mentha piperita L. Calmante infusão boldo-do-chile Peumus boldus Mol. Crise de Figado infusão.

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